Vamos conhecer a História do CHá
Conta a lenda que a árvore do chá foi descoberta, no ano 2737 a.C., por acaso, quando o imperador chinês Shên Nung, mais conhecido como o “Curandeiro divino”, dava um passeio pelas suas propriedades.
O imperador pediu a determinada altura que os seus servidores lhe fervessem um pouco de água enquanto descansava à sombra de uma árvore. Foi precisamente dessa árvore que uma folha se soltou e caiu dentro da taça de água fervida. Sem reparar, o Imperador bebeu, sendo dessa forma que nasceu a primeira chávena de chá. Terá sido este imperador que criou a medicina natural ou ervanária, testando ele próprio uma enorme variedades de bebidas medicinais à base do chá.
É bem provável que essa história nem seja verdadeira, mas dá um ar romântico à origem de uma bebida conhecida mundialmente. Esta lenda é divulgada como a primeira referência à infusão das folhas de chá verde, provenientes da planta Camellia sinensis, originária da China e da Índia. Na verdade, o primeiro registro escrito sobre o uso do chá data do século III a.C. O tratado de Lu Yu, conhecido como o primeiro tratado sobre chá com caráter técnico, escrito no séc. VIII, durante a dinastia Tang, definiu o papel da China como responsável pela introdução do chá no mundo.
Nós e o Chá
![]() O chá é a segunda bebida mais consumida em todo o mundo, sendo bebidas duas mil milhões de chávenas de chá todos os dias. ![]() Pode ser definido pela sua cor (Preto, Verde, Vermelho, Branco...), pelos seus nomes exóticos (Oolong, Darjeeling, Ceilão...), e pelos seus aromas florais (Camélia, Rosa, Jasmim...). |
03/07/2011
Vamos conhecer um pouco da Mitologia Grega
O Minotauro
De acordo com a lenda esta personagem habitava um labirinto na ilha de creta que era governada pelo rei Minos e alimentava-se de 7 rapazes e 7 moças gregas. Nos mitos gregos foram muitos os que tentavam matar o Minotauro mas acabavam sendo mortos por ele ou se perder no labirinto.
Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho, Teseu, que deveria matar o minotauro. Teseu recebeu da filha do rei de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou no labirinto, matou o Minotauro com um golpe de espada e saiu usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido.
A origem do minotauro deveu-se a uma falta de respeito de seu pai para com Poseídon (Posidon) – o Deus dos mares. O seu pai era Minos (Rei de Creta) e a sua mãe a esposa do rei. Depois de Minos tentar iludir Poseídon matando outro touro qualquer e não o touro que havia sido previamente combinado, Poseídon fez com que a mulher de Minos se apaixonasse pelo touro, acabando por ter um filho – o minotauro. Aquando do nascimento do minotauro Minos teve medo e mandou construir um labirinto por baixo do seu palácio em Cnossos (na ilha de Creta) e enviou para lá o minotauro.
Depois de ter vencido uma guerra com Atenas onde Minos perdeu o filho (Androceu) ele decidiu que todos os anos deveriam ser levados 7 rapazes e 7 moças de Atenas para serem devorados pelo Minotauro.
Mas, alguns anos depois, Teseu fez-se voluntario para ir matar o Minotauro. Quanto este chegou a ilha de creta Ariadne (filha de Minos) se apaixonou pelo heróis grego e o ajudou dando-lhe um novelo de lã para que ele não se perdesse e uma espada mágica. Assim Teseu conseguiu salvar os atenienses que ainda se encontravam perdidos no labirinto voltando para traz usando o fio de lã que marcava o caminho de volta.
Fonte: Mitologia Grega
Mitos Gregos
O Minotauro por exemplo é uma figura da mitologia grega. Mas existem muito mais – desde Heróis a Quimeras:
- Herois – filhos de deuses com humanos (Ex: Hércules e Aquiles)
- Quimeras – 1/2 leão e 1/2 cabra soltava fogo.
- Ninfas – moravam nos campos e nos bosques e traziam felididade
- Sátiros – corpo de homem, chifres e patas de bode
- Sereias – corpo metade mulher, metade peixe, atraiam os marinheiros cantando
- Centauros – corpo de homem e cavalo (meio / meio)
- Górgonas – corpo de mulheres/monstro com cabelos feitos de serpentes. (ex: Medusa)
Fonte: Mitologia Grega
Grecia Antiga
Apesar de termos referido 776 a.C como “inicio” da Grécia antiga é importante que você saiba que alguns hisotiradores optam por um período de tempo mais abrangente, considerendo o ano de 1000 a.C e não o de 776.
As cidades-estado (doravante referidas como “Pólis”) são uma das marcas culturais muito importantes na vida de qualquer grego que vivesse naquela altura. As duas mais conhecidas foram Atenas e Esparta. Ambas estas cidades continuam a ser conhecidas hoje em dia e são frequentemente usadas em filmes, livros e outro tipo de produções.
Em termos arquitectónicos os gregos construíram obras imponentes como palácios, acrópoles no topo de montanhas e templos para os seus deuses.
A sociedade da Grécia antiga era muito desenvolvida para a altura. Com uma Economia muito organizada e muito forte nomeadamente na cerâmica, na produção de vinho e no cultivo de oliveiras. Cada pólis (cidade estádo) tinhas regas próprias e deuses protectores.
No que toca a religião os gregos da Grécia antiga acreditavam em muitos deuses que tinham características humanas e de deuses. Existiam também semi-deuses (também conhecidos domo heróis gregos) que eram filhos de deuses com mortais. Os deuses mais importantes eram os Deuses do Olimpo sendo Zeus o deus dos deuses.
Fonte: Mitologia Grega
Mitologia Grega
Características da Mitologia Grega, principais mitos e lendas, deuses gregos, Minotauro, Medusa, Hércules, a influência da religião na vida política, econômica e social dos gregos
Características da Mitologia Grega, principais mitos e lendas, deuses gregos, Minotauro, Medusa, Hércules, a influência da religião na vida política, econômica e social dos gregos

Minotauro: figura da mitologia grega
Introdução
Os gregos criaram vários mitos para poder passar mensagens para as pessoas e também com o objetivo de preservar a memória histórica de seu povo. Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos.
Portanto, para buscar um significado para os fatos políticos, econômicos e sociais, os gregos criaram uma série de histórias, de origem imaginativa, que eram transmitidas, principalmente, através da literatura oral.
Grande parte destas lendas e mitos chegou até os dias de hoje e são importantes fontes de informações para entendermos a história da civilização da Grécia Antiga. São histórias riquíssimas em dados psicológicos, econômicos, materiais, artísticos, políticos e culturais.
Entendendo a Mitologia Grega.
Entendendo a Mitologia Grega.
Os gregos antigos enxergavam vida em quase tudo que os cercavam, e buscavam explicações para tudo. A imaginação fértil deste povo criou personagens e figuras mitológicas das mais diversas. Heróis, deuses, ninfas, titãs e centauros habitavam o mundo material, influenciando em suas vidas. Bastava ler os sinais da natureza, para conseguir atingir seus objetivos. A pitonisa, espécie de sacerdotisa, era uma importante personagem neste contexto. Os gregos a consultavam em seus oráculos para saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também sobre o futuro. Quase sempre, a pitonisa buscava explicações mitológicas para tais acontecimentos. Agradar uma divindade era condição fundamental para atingir bons resultados na vida material. Um trabalhador do comércio, por exemplo, deveria deixar o deus Hermes sempre satisfeito, para conseguir bons resultados em seu trabalho.
Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram :
- Heróis : seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos : Herácles ou Hércules e Aquiles.
- Ninfas : seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade.
- Sátiros : figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.
- Centauros : corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo.
- Sereias : mulheres com metade do corpo de peixe, atraíam os marinheiros com seus cantos atraentes.
- Górgonas : mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes. Exemplo: Medusa
- Quimeras : mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas ventas.
Os principais seres mitológicos da Grécia Antiga eram :
- Heróis : seres mortais, filhos de deuses com seres humanos. Exemplos : Herácles ou Hércules e Aquiles.
- Ninfas : seres femininos que habitavam os campos e bosques, levando alegria e felicidade.
- Sátiros : figura com corpo de homem, chifres e patas de bode.
- Centauros : corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo.
- Sereias : mulheres com metade do corpo de peixe, atraíam os marinheiros com seus cantos atraentes.
- Górgonas : mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes. Exemplo: Medusa
- Quimeras : mistura de leão e cabra, soltavam fogo pelas ventas.

O Minotauro
É um dos mitos mais conhecidos e já foi tema de filmes, desenhos animados, peças de teatro, jogos etc. Esse monstro tinha corpo de homem e cabeça de touro. Forte e feroz, habitava um labirinto na ilha de Creta. Alimentava-se de sete rapazes e sete moças gregas, que deveriam ser enviadas pelo rei Egeu ao Rei Minos, que os enviavam ao labirinto. Muitos gregos tentaram matar o minotauro, porém acabavam se perdendo no labirinto ou mortos pelo monstro.
Certo dia, o rei Egeu resolveu enviar para a ilha de Creta seu filho, Teseu, que deveria matar o minotauro. Teseu recebeu da filha do rei de Creta, Ariadne, um novelo de lã e uma espada. O herói entrou no labirinto, matou o Minotauro com um golpe de espada e saiu usando o fio de lã que havia marcado todo o caminho percorrido.
Deuses gregos
De acordo com o gregos, os deuses habitavam o topo do Monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga. Deste local, comandavam o trabalho e as relações sociais e políticas dos seres humanos. Os deuses gregos eram imortais, porém possuíam características de seres humanos.
Ciúmes, inveja, traição e violência também eram características encontradas no Olimpo. Muitas vezes, apaixonavam-se por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Desta união entre deuses e mortais surgiam os heróis.
Conheça os principais deuses gregos :
Zeus - deus de todos os deuses, senhor do Céu.
Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza.
Poseidon - deus dos mares
Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo.
Hera - deusa dos casamentos e da maternidade.
Apolo - deus da luz e das obras de artes.
Ártemis - deusa da caça e da vida selvagem.
Ares - divindade da guerra..
Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de Atenas
Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo
Hermes - divindade que representava o comércio e as comunicações
Hefesto - divindade do fogo e do trabalho.
Afrodite - deusa do amor, sexo e beleza.
Poseidon - deus dos mares
Hades - deus das almas dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo.
Hera - deusa dos casamentos e da maternidade.
Apolo - deus da luz e das obras de artes.
Ártemis - deusa da caça e da vida selvagem.
Ares - divindade da guerra..
Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. Protetora da cidade de Atenas
Cronos - deus da agricultura que também simbolizava o tempo
Hermes - divindade que representava o comércio e as comunicações
Hefesto - divindade do fogo e do trabalho.
Durante a Antigüidade, a região da Mesopotâmia foi marcada por um grande número de conflitos. Entre essas guerras destacamos a dominação dos persas sobre o Império Babilônico, em 539 a.C.. Sob a liderança do rei Ciro, os exércitos persas empreenderam a formação de um grande Estado centralizado que dominou toda a região mesopotâmica. Depois de unificar a população, os persas inicialmente ampliaram as fronteiras em direção à Lídia e às cidades gregas da Ásia menor.
A estabilidade das conquistas de Ciro foi possível mediante uma política de respeito aos costumes das populações conquistadas. Cambises, filho e sucessor de Ciro, deu continuidade ao processo de ampliação dos territórios persas. Em 525 a.C., conquistou o Egito – na Batalha de Peleusa – e anexou os territórios da Líbia. A prematura morte de Cambises, no ano de 522 a.C., deixou o trono persa sem nenhum herdeiro direto.
Depois de ser realizada uma reunião entre os principais chefes das grandes famílias persas, Dario I foi eleito o novo imperador persa. Em seu governo foram observadas diversas reformas políticas que fortaleceram a autoridade do imperador. Aproveitando da forte cultura militarista do povo persa, Dario I ampliou ainda mais os limites de seu reino ao conquistar as planícies do rio Indo e a Trácia. Essa seqüência de conquistas militares só foi interrompida em 490 a.C., quando os gregos venceram a Batalha de Maratona.
A grande extensão dos domínios persas era um grande entrave para a administração imperial. Dessa forma, o rei Dario I promoveu um processo de descentralização administrativa ao dividir os territórios em unidades menores chamadas de satrapias. Em cada uma delas um sátrapa (uma espécie de governante local) era responsável pela arrecadação de impostos e o desenvolvimento das atividades econômicas. Para fiscalizar os sátrapas o rei contava com o apoio de funcionários públicos que serviam como “olhos e ouvidos” do rei.
Além de contar com essas medidas de cunho político, o Império Persa garantiu sua hegemonia por meio da construção de diversas estradas. Ao mesmo tempo em que a rede de estradas garantia um melhor deslocamento aos exércitos, também servia de apoio no desenvolvimento das atividades comerciais. As trocas comerciais, a partir do governo de Dario I, passou por um breve período de monetarização com a criação de uma nova moeda, o dárico.
A religião persa, no início, era caracterizada pelo seu caráter eminentemente politeísta. No entanto, entre os séculos VII e VI a.C., o profeta Zoroastro empreendeu uma nova concepção religiosa entre os persas. O pensamento religioso de Zoroastro negava as percepções ritualísticas encontradas nas demais crenças dos povos mesopotâmicos. Ao invés disso, acreditava que o posicionamento religioso do indivíduo consistia na escolha entre o bem e o mal.
Esse caráter dualista do zoroastrismo pode ser melhor compreendido no Zend Vesta, o livro sagrado dos seguidores de Zoroastro. Segunda essa obra, Ahura-Mazda era a divindade representativa do bem e da sabedoria. Além dele, havia o deus Arimã, representando o poder das trevas. Sem contar com um grande número de seguidores, o zoroastrismo ainda sobrevive em algumas regiões do Irã e da Índia.
MITOLOGIA GREGA
A mitologia grega apresenta-se como uma transposição da vida em zonas ideais. Superando o tempo, ela ainda se conserva com toda a sua serenidade, equilíbrio e alegria. A religião grega teve uma influência tão duradoura, ampla e incisiva, que vigorou da pré-história ao século IV e muitos dos seus elementos sobreviveram nos Cultos Cristãos e nas tradições locais. Complexo de crenças e práticas que constituíram as relações dos gregos antigos com seus deuses, a religião grega influenciou todo o Mediterrâneo e áreas adjacentes durante mais de um milênio.
Os gregos antigos adotavam o Politeísmo Antropomórfico, ou seja, vários deuses, todos com formas e atributos humanos. Religião muito diversificada, acolhia entre seus fiéis desde os que alimentavam poucas esperanças em uma vida paradisíaca além túmulo, como os heróis de Homero, até os que, como Platão, acreditavam no julgamento após a morte, quando os justos seriam separados dos ímpios. Abarcava assim entre seus fiéis desde a ingênua piedade dos camponeses até as requintadas especulações dos Filósofos, e tanto comportava os excessos orgiásticos do culto de Dioniso como a rigorosa ascese dos que buscavam a purificação.
No período compreendido entre as primeiras incursões dos povos helênicos de origem Indo-européia na Grécia, no início do segundo milênio a. C., até o fechamento das escolas pagãs pelo imperador bizantino Justinianus, no ano 529 da era cristã, transcorreram cerca de 25 séculos de influências e transformações.
Os primeiros dados existentes sobre a religião grega são as Lendas Homéricas, do século VIII a. C., mas é possível rastrear a evolução de crenças antecedentes. Quando os indo-europeus chegaram à Grécia, já traziam suas próprias crenças e deuses, entre eles Zeus, protetor dos clãs guerreiros e senhor dos estados atmosféricos. Também assimilaram cultos dos habitantes originais da península, os Pelasgos, como o oráculo de Dodona, os deuses dos rios e dos ventos e Deméter, a deusa de cabeça de cavalo que encarnava o ciclo da vegetação.
Depois de se fixarem em Micenas, os gregos entraram em contato com a civilização cretense e com outras civilizações mediterrâneas, das quais herdaram principalmente as divindades femininas como Hera, que passou a ser a esposa de Zeus; Atena, sua filha; e Ártemis, irmã gêmea de Apolo. O início da filosofia grega, no século VI a.C., trouxe uma reflexão sobre as crenças e mitos do povo grego.
Alguns pensadores, como Heráclito, os Sofistas e Aristófanes, encontraram na mitologia motivo de ironia e zombaria. Outros, como Platão e Aristóteles, prescindiram dos deuses do Olimpo para desenvolver uma idéia filosoficamente depurada sobre a divindade.
Enquanto isso, o culto público, a religião oficial, alcançava seu momento mais glorioso, em que teve como símbolo o Pártenon ateniense, mandado construir por Péricles.
A religiosidade popular evidenciava-se nos festejos tradicionais, em geral de origem camponesa, ainda que remoçada com novos nomes.
Os camponeses cultuavam Pã, deus dos rebanhos, cuja flauta mágica os pastores tentavam imitar; as ninfas, que protegiam suas casas; e as nereidas, divindades marinhas.
As conquistas de Alexandre o Grande facilitaram o intercâmbio entre as respectivas mitologias, de vencedores e vencidos, ainda que fossem influências de caráter mais cultural que autenticamente religioso. Assim é que foram incorporadas à religião helênica a deusa frígia Cibele e os deuses egípcios Ísis e Serápis.
Pode-se dizer que o sincretismo, ou fusão pacífica das diversas religiões, foi a característica dominante do período Helenístico.
Fonte: Portal São Francisco
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O que é Mitologia Na Antigüidade o Ser Humano não conseguia explicar a Natureza e os fenômenos naturais (e parece-me que ainda hoje não compreende nem consegue explicá-los da mesma forma). Então, dava nomes ao que não podia explicar e passava a considerar os fenômenos como "deuses". O trovão inspirava um deus, a chuva outro. O céu era um deus pai e a terra, uma deusa mãe e os demais seres, seus filhos. Criava, a partir do Inconsciente, histórias e aventuras que explicavam de forma poética e profunda o mundo que o rodeava. Estas "histórias divinas" eram passadas de geração para geração e adquiriam um aspecto religioso, tornando-se mitos ao assumirem um caráter atemporal e eterno, por dizerem respeito aos conflitos e anseios de qualquer Ser Humano de qualquer tempo ou local. Estes núcleos arquitípicos mitológicos recebem o nome de "mitologemas". A um conjunto de mitologemas de mesma origem histórica, dá-se o nome de "mitologia". Aos mitos se uniam ritos que renovavam os chamados "mistérios". O rito torna ato (atualizam) um mito que se faz representar (atuar) em seu simbolismo encarnado nos "mistérios". Ao conjunto de ritos e símbolos que cercam um mitologema dá-se o nome de "ritual". Ao conjunto de rituais e mitos com origem histórica comum dá-se o nome de "religião". À religião sempre se unem preceitos ético-morais chamados "doutrinas religiosas", compostas por proibições a ("tabus") e ídolos ('totens"). Assim nasceram os deuses. Todos os povos da terra, seja em localização no tempo e no espaço estiverem, todos sempre tiveram uma religião, composta de diversos ritos e mitos. Parece que a religião é uma necessidade imperiosa do Ser Humano e, em culturas em que a religião e suas manifestações estão proibidas ou desuso (como no comunismo, por exemplo) observa-se sempre a "eleição" inconsciente de "deuses" extra-oficiais que, num processo idólatra, procuram preencher as lacunas deixadas pela tradição religiosa. Na atualidade, o afastamento de nossa sociedade das tradições religiosas está gerando um duplo fenômeno idólatra: a iconificação de figuras tais como cantores e atores famosos e o fanatismo religioso em seitas e pequenas igrejas. Definitivamente não se pode viver sem ídolo, sem uma religião e sem seus mitos e ritos.
Porque Mitologia Grega Há dois principais motivos que fazem da Mitologia grega a mais estudada das mitologias: sua racionalidade e sua importância histórica como base da Civilização Ocidental. Diz-se que os gregos antigos possuíam um "gênio racional", uma mente lógica por excelência. Esta "mete lógica"adaptou os mitos pré-existentes às necessidades da razão. Assim, absurdos foram corrigidos e coerência foi imprimida à Mitologia. Por exemplo, as religiões persas acreditavam que o Universo era fruto da guerra do Bem contra o Mal, da guerra dos seres da Luz contra os seres das Trevas e que a vitória daquela sobre estas dependia diretamente da execução de determinados rituais. Isso na prática quer dizer que os persas acreditavam que se sacrifícios não fossem feitos, haveria o sério risco do Sol não voltar a nascer pela manhã e de que as Trevas Eternas se abatessem sobre o planeta. Os gregos jamais se permitiriam aceitar tamanha ilogicidade e se viram obrigados a criar uma visão de mundo cujas leis fossem estáveis e confiáveis. Era evidente para o "gênio racional" grego que o Sol nasce a partir de uma força intrínseca a ele e ao Universo e não na dependência das ações humanas. Apareceram então os conceitos de "Ordem do Mundo" (Kosmos) e de "Natureza" (Physis), que os afastou das "trevas" da incerteza e da ignorância. O "Chaos" cedeu lugar ao "Kosmos" e nele reina necessariamente uma natureza lógica, previsível e estável. Apesar de ainda existirem inúmeras religiões, inclusive o Judaísmo e o Cristianismo, que se baseiam nas noções persas de um universo caótico na dependência dos atos humanos, foi dos conceitos de Kosmos e de Physis que surgiu a cultura ocidental, a Filosofia e a Ciência.
A Laicização da Mitologia Grega
Com o passar do tempo, a racionalidade grega foi superando a noção de religião e tornando-se de sacra em laica. Pela primeira vez na História apareceu na Grécia Antiga, na região da Jônia (atual Turquia) um pensamento laico puramente lógico e desvinculado totalmente da idéia do sagrado. Estes primeiros filósofos jônicos (pré-socráticos) nada mais fizeram do que transpor ipsis literi a Mitologia Grega em Filosofia. Mais tarde Aristóteles em Atenas explicaria a gênese do pensamento filosófico da mesma maneira como se explica a gênese do pensamento mitológico: "é através do espanto que os homens começam a filosofar". Os filósofos sempre tentaram explicar a Natureza e seus fenômenos, caindo inevitavelmente em contradições e as de seus companheiros de profissão. A Filosofia expandiu e acabou englobando áreas para muito além da descrição da Natureza e seus fenômenos, incluindo em si o estudo do Ser Humano e todos os fenômenos relacionados a ele e ao seu pensamento. No entanto, as contradições entre os filósofos continuariam a afligir o espírito humano por séculos, quer em relação aos métodos, quer em relação às teorias, quer em relação aos fenômenos. A Filosofia incumbiu-se finalmente de "assassinar" os deuses de onde havia nascido, afirmando que os deuses não passavam de alegorias místicas para as forças da Natureza que requeriam uma explicação lógica e jamais religiosa. Se os deuses existissem, eles seriam, tal qual os mortais, constituídos por átomos e submetidos às implacáveis e imutáveis leis naturais. No Renascimento, Galileu Galilei foi o primeiro a levantar a necessidade de que se provassem as teorias filosóficas através da experimentação. A Filosofia então passaria lentamente a tornar-se obsoleta e cederia seu lugar à Ciência. René Descartes rompe com o passado e inaugura sua visão de mundo em que as tradições filosóficas já não mais queriam dizer nada. O Ser Humano passou a procurar desesperadamente provas concretas e experienciáveis (reprodutíveis) de que suas teorias são de fato. Nasceu o Método Científico e com ele um importante passo em direção à laicização do pensamento foi dado. Atualmente a Ciência é bastante confiável e goza de largo crédito junto ao público especializado e leigo, ao passo que as explicações filosóficas estão, digamos, um tanto "fora de moda". Quando se diz hoje em dia que algo é "científico", a maior parte das pessoas entende de que se trata da mais pura e irrefutável verdade, quando, de fato, deveria entender de que se trata de um resultado obtido através do Método Científico, ou seja: da tentativa e erro e da experimentação. Se já existem "narizes torcidos" para as idéias filosóficas quando confrontadas às idéias científicas, as idéias mitológicas como explicações para os fenômenos naturais estão totalmente fora de cogitação hoje em dia e beiram o absurdo. A laicização do pensamento é tal que há quem diga que os mito formam um conjunto que deveria receber o nome de "MINTOlogia"(!).
O Resgate da Mitologia
Existe uma espécie de preconceito generalizado contra os pensamentos não-científicos, especialmente contra os métodos filosóficos especulativos e o pensamento mítico.Porém, o estudo da Mitologia não pode ser visto com um interesse meramente histórico. A Mitologia Grega é a base do pensamento ocidental e guarda em si a chave para o entendimento de nosso mundo, de nossa mente analítica e de nossa psicologia. Ao se comparar a Mitologia Grega com as demais mitologias (africanas, indígenas, pré-colombianas, orientais, etc) descobre-se que há entre todas elas um denominador comum. Algumas vezes estaremos frente aos exatos mesmos deuses, apenas com nomes diferentes, sem que exista nenhuma relação histórica entre eles. Este material comum a todas as mitologias foi descoberto pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung e foi por ele denominado de "Inconsciente Coletivo". O estudo deste material revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Como foi dito, os mitos são atemporais e eternos e estão presentes na vida de cada Ser Humano, não importa em que tempo ou em que local. O estudo da Mitologia torna-se então essencial a todo aquele que pretende entender profundamente o Ser Humano e sua maneira de ver o mundo. Os deuses tornam-se forças primordiais da natureza psíquica humana e readquirem vida e poder. Nota-se a sua utilização no cotidiano em cada pequeno detalhe. A existência real dos deuses mitológicos antigos em todas as suas roupagens étnicas reafirma em última instância a idéia de divindade em si: através dos deuses encontra-se a "idéia de Deus" e, através dela, Deus em toda sua misteriosa ambigüidade. A Mitologia transfere o conhecimento humano de um plano meramente materialista (científico) para um plano psíquico vivo (Inconsciente Coletivo) e deste, para um derradeiro plano espiritual. O desafio está em realizar a verdadeira "religião" (religação) do mundo externo ao mundo interno, do concreto ao abstrato, do material ao espiritual, do mortal ao imortal e eterno. | |||||||||||||||||||||
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26/06/2011
Vamos conhecer um pouco dos Ciganos?
DE ONDE SURGIU O TERMO CIGANO?
Quem terá, pela primeira vez, chamado um cigano por este nome?
E, no que se inspirou para dar-lhe o nome de cigano no sentido de querer identificar-lhe a raça e a origem?
A palavra cigano não existe no idioma romani. E em definitivo, no Congresso Mundial que reuniu centenas e centenas de ciganos de todas as partes do mundo, acontecido em Roma, em 1971, ficou estabelecido que este povo nômade, de pele morena, deveria ser chamado de Rom, que em romani quer dizer homem. As mulheres, são romís e o plural de rom é romá. Portanto, os romá não querem ser ciganos, mas aceitam ser identificados como ciganos, na maioria dos casos. Mesmo porque aqui no Brasil nunca se teve registro de uma perseguição que se igualasse a dos reis católicos Isabel e Fernando de Espanha, ou de Franco e Hitler. Com todos os problemas brasileiros, aqui os romá tem um território mais livre e são melhores aceitos. Hoje em dia ser rom/romí é poder viver nas estradas ou nos apartamentos e continuar preservando a tradição.
Portanto, os nomes ciganos - gitanos - tsiganes-zíngare são apelidos para os romá ou romanís, dados pelos não ciganos, principalmente no Velho Mundo Euro-asiático. E chamá-los de povo rom, manush ou povo romani é a denominação correta. Ambos os vocábulos são de origem sânscrita e, significam respectivamente homem ou pessoa, sendo que o nome Rom é mais comumente atribuído ao cigano de origem oriental, mais tradicionalista; e o nome Manush é a denominação mais comum aos que estão fixados na França, com hábitos mais ocidentais e também são conhecidos como Sinti. É assim que aceitam ser identificados.
Para os ciganos, todos os estranhos à sua raça são chamados de busné, payo ou gadjé, que em romani quer dizer literalmente aquele que não é cigano. Notamos que a denominação gadjé é a mais utilizada, principalmente nos países da Espanha, França, Itália, Portugal, Brasil e demais países de língua portuguesa.
No entanto, os gadjé, busné ou payos deram aos Ciganos muitos nomes diferentes. A principal delas - Cigano e suas traduções mais conhecidas - teria derivado do nome Atsinnganni , uma palavra grega para designar o praticante de uma seita mística, originária da Ásia Menor. Assim que tais praticantes começaram a aparecer no Império Bizantino, foram chamados de Atsinnganni, que na verdade quer dizer praticante de magia, mago ou bruxo. Diante do modo de vida e das tradições dos ciganos, foi fácil relacioná-los com este outro povo, também devido às práticas místicas pouco comuns, exercidas pelos ciganos e passadas de geração em geração.
Da palavra Atsinnganni, gadjés de vários países europeus, retiraram os diversos nomes que deram aos Ciganos. É claro que, nestes países, os Ciganos tiveram uma presença mais marcante e prolongada que nos demais: Egito, Grécia e Romênia e países dos Balcãs.
O pesquisador Olimpio Nunes, de Portugal, destacou em seu trabalho O Povo Cigano muitos dos nomes que se seguem. Podemos então comprovar a existência do radical do nome Atsinnganni, bem como sílabas transformadas pela acomodação lingüística no primeiro grupo de nomes:
Atsincani - Grécia
Tchinganie/Tchinghiani - Turquia
Tzigani - Bulgária
Zigani - Romênia
Ciganiok/Czygany - Hungria
Zingari - Itália
Cigano - Portugal/Brasil Cigan - Bulgária
Ciganin - Sérvia
Cygan - Polônia
Cykan - Rússia
Czygany - Hungria
Cigano - Lituânia
Zigeuner - Alemanha e Holanda
A ORIGEM DOS CIGANOS
(Rom e Sintos)
Muitos mitos tem sido elaborados sobre a orígem desse misterioso povo presente em todas as nações do ocidente, chamado de maneiras diferentes, comumente conhecidos como gitanos, ciganos, zíngaros, etc., cujo nome verdadeiro é Rom (ou melhor, Rhom) para a maioria dos grupos e Sintos para os demais. Não exporemos aqui as lendas universalmente reconhecidas como tais, a não ser o último mito mais largamente difundido que ainda é considerado como verdade: a presumida origem indo-européia.
O fato de que o povo rom chegou à Europa proveniente de algum lugar da India não significa que tenham vindo de sua terra de origem. Todos viemos de algum lugar onde nossos ancestrais viveram, quiçá tendo chegado eles mesmos de algum outro país. Toda a hipótese que sustenta a origem indo-européia se apóia num único elemento: o idioma romanês. Tal teoria não leva em conta outros fatores culturais muito mais importantes que evidenciam claramente que o povo rom não tem nada em comum com as gentes da India, exceto elementos linguísticos. Se devêssemos levar a sério uma hipótese que se baseia somente no idioma para determinar a origem do povo, chegaríamos à conclusão de que quase todos os norte-africanos vieram da Arábia, que os judeus ashkenazim são uma tribo germânica, que os judeus separaditas são simplesmente espanhóis que praticam outra religião e não que são um povo diferente, etc. Os afro-americanos não sabem sequer que idioma falavam seus ancestrais e portanto deveriam considerar-se ingleses. Definitivamente, o idioma por si mesmo não é suficiente para definir a pertinência étnica, e todos os demais fatores determinantes são contrários à idéia de uma origem indiana do povo rom - incluindo alguns elementos presentes no próprio idioma romani. Os fatores mais importantes que permanecem em todo povo desde a mais remota antiguidade são de consistência espiritual, que se manifestam nos sentimentos mais íntimos, comportamentos típicos, memória coletiva, quer dizer, na herança atávica.
Neste estudo, começarei expondo o mito antes de apresentar as evidências e a consequente hipótese sobre a verdadeira origem do povo rom.
"•Este argumento contrasta definitivamente a teoria que sustenta que os rom provêm "de uma simples conglomeração de tribos dom" (ou de qualquer outro grupo). É útil mencionar aqui que Sampson havia notado que os rom "entraram na Pérsia como um único grupo, falando um idioma comum" ."

Ditado Cigano: “A terra é minha Pátria, o céu é o meu teto e a liberdade é a minha religião”. Os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send. No primeiro milênio d.C., deixaram o país e se dividiram em dois ramos: o Pechen que atingiu a Europa através da Grécia; e o Beni que chegou até a Síria, o Egito e a Palestina. Existem vários clãs ciganos: o Kalom (da Península Ibérica); o Hoharano (da Turquia); o Matchuaiya (da Iugoslávia); o Moldovan (da Rússia) e o Kalderash (da Romênia).
Mas essa é mais uma das hipotéses sobre a origem do Povo Cigano. Segundo a nossa Tradição os ciganos vieram do interior da Terra e esperam que um dia possam regressar ao seu lugar de origem. Nada mais podemos revelar sobre isto, pois trata-se de um dos nossos "segredos" mais bem preservados. Fiquem portanto com a imaginação!
O grande lema do Povo Cigano é: "O Céu é meu teto; a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião", traduzindo um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cerceadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas. Em sua maioria, os ciganos são artistas (de muitas artes, inclusive a circense); e exímios ferreiros, fabricando seus próprios utensílios domésticos, suas jóias e suas selas. Levam uma vida muito simples: consertando panelas, vendendo cavalos, fazendo artesanato (principalmente em cobre - o metal nobre desse povo), lendo as cartas do Tarot e a "buena dicha" (a boa sorte). Na verdade cigano que se preza, lê os olhos das pessoas (os espelhos da alma) e tocam seus pulsos (para sentirem o nível de vibração energética) e só então é que interpretam as linhas das mãos. A prática da Quiromancia para o Povo Cigano não é um mero sistema de adivinhação, mas, acima de tudo um inteligente esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde e o destino. O mais importante para o Povo Cigano é interagir com a Mãe Natureza respeitando seus ciclos naturais e sua força geradora e provedora.
Mitologicamente o Povo Cigano está ligado à Kalí - a deusa negra da mitologia hindu, associada a figura de Santa Sara, cujo mistério envolve o das "virgens negras", que na iconografia cristã representa a figura de Sara, a serva (de origem núbia) que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como "Saintes Maries de La Mer", transformando-se desde então num local de grande concentração do Povo Cigano. Santa Sara é comemorada e reverenciada todos os anos, nos dias 24 e 25 de maio, através de uma longa noite de vigília e oração, pelos ciganos espalhados no mundo inteiro, com candeias de velas azuis, flores e vestes coloridas; muita música e muita dança, cujo simbolismo religioso representa o processo de purificação e renovação da natureza e o eterno "retorno dos tempos".
O líder de cada grupo cigano, chama-se Barô e é quem preside a Kris Romaris (Conselho de Sentença ou grande tribunal com suas próprias leis e códigos de justiça, onde são resolvidas todas as contendas e esclarecidas todas as dúvidas entre os ciganos liderados pelos mais velhos). O mestre de cura (ou xamã) é um Kaku (homem ou mulher) que possui dons de grande para-normalidade. Eles usam ervas, chás e toques curativos. Os Ciganos geralmente se reúnem em tribos para festejar os ritos de passagem: o Nascimento, a Morte, o Casamento e os Aniversários; e acreditam na Reencarnação. Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças.
Esse povo canta e dança tanto na alegria como na tristeza pois para o Cigano a vida é uma festa e a natureza que o rodeia a mais bela e generosa anfitriã. Onde quer que estejam, os Ciganos são logo reconhecidos por suas roupas e ornamentos, e, principalmente por seus hábitos ruidosos. São um povo cheio de energia e grande dose de passionalidade. São tão peculiares dentro do seu próprio código de ética; honra e justiça; senso, sentido e sentimento de liberdade que contagiam e incomodam qualquer sistema. Mas, a comunidade cigana ama e respeita a natureza, os idosos e todos os membros do grupo educam as crianças de todos, dentro dos princípios e normas próprios de uma tradição puramente oral, cujos ensinamentos são passados de pai prá filho ou de mestre para discípulo, através das estórias contadas e das músicas tocadas em torno das fogueiras acesas e das barracas coloridas sempre montadas ao ar livre (mesmo no fundo do quintal das ricas mansões dos ciganos mais abastados), como em Taquaral, perto de Campinas - São Paulo.
CIGANOS NÃO ROUBAM CRIANCINHAS
As crianças normalmente só freqüentam até o 1o. Grau nas escolas dos gadjés (não-ciganos), para aprenderem apenas a escrever o nome e fazer as quatro operações aritméticas. Claro que com o acelerado processo de aculturação, um bom número de ciganos (bem disfarçados) vão às universidades e ocupam cargos de importância na vida de um país. Alguns são médicos, engenheiros, advogados; alguns tornam-se ministros e outros até presidentes. Porém os de maior expressão na sociedade são artistas plásticos, comerciantes, joalheiros e músicos famosos. Tivemos dois Presidentes brasileiro de origem cigana: Washington Luiz e Jucelino Kubitshek
Para o Povo Cigano, a Lua Cheia é o maior elo de ligação com o "sagrado" quando são realizados mensalmente os grandes festivais de consagração, imantação e reverenciação. A celebrações da Lua Cheia, acontecem todos os meses em torno das fogueiras acesas, do vinho e das comidas, com danças e orações.Também para os ciganos tudo na vida é maktub (está escrito nas estrelas), por isso são atentos observadores do Céu e verdadeiros adoradores dos astros e dos sidéreos. Os ciganos praticam a astrologia da Mãe Terra respeitando e festejando seus ciclos naturais, através dos quais desenvolvem poderes verdadeiramente mágicos.
Na culinária cigana são indispensáveis: o cravo, a canela, o louro, o manjericão, o gengibre, os frutos do mar, as frutas cítricas e as frutas secas, o vinho, o mel, as maçãs, as pêras, os damascos, as ameixas e as uvas que fazem parte inclusive dos segredos de uma cozinha deveras afrodisíaca. O punhal, o violino, o pandeiro, o leque, o xale, as medalhas e as fitas coloridas; o coral, o âmbar, o ônix, o abalone, a concha marinha (vieira), o hipocampo (cavalo-marinho), a coruja (mocho), o cavalo, o cachorro e o lobo são símbolos sagrados para o Povo Cigano. A verbena, a salvia, o ópio, o sândalo e algumas resinas extraídas das cascas das árvores sagradas, são ingredientes indispensáveis na manufatura caseira de incensos, velas e sais de banho, mesclados com essências de aromas inebriantes e simplesmente usados nas abluções do dia-a-dia, nos contatos sociais e comerciais, nos encontros amorosos e principalmente nos ritos iniciáticos, de uma forma sensível e absolutamente mágica, conferindo grandes poderes.
O grande símbolo geométrico do Povo Cigano é o Círculo Raiado (representando a roda da carroça que gira pelas estradas da vida) provando a não linearidade do tempo e do espaço; e o Pentagrama (estrela de 5 pontas) simbolizando o Homem Integral (de braços e pernas abetos) interagindo em perfeita harmonia com a plenitude da existência. O maior axioma do Povo Cigano diz simplesmente: "A sabedoria é como uma flor, de onde a abelha faz o mel e a aranha faz o veneno, cada uma de acordo com a sua própria natureza".
Para não enveredarmos num velho, carcomido e obsoleto discurso sociológico-político, e para não desgastarmos mais ainda a nossa salubridade cerebral, afirmamos que tudo o que acontece no Planeta, em termos de crise e transformação, afeta de perto o Povo Cigano (tão engajado com a natureza) e faz parte do cotidiano dessa minoria social que apesar do seu pouco grau de autonomia, tenta à duras penas preservar sua valiosa identidade e salvaguardar as peculiaridades de seus próprios conceitos de cidadania, em que pese os avanços tecnológicos, científicos e culturais; as mudanças de paradigmas e o glamouroso processo de globalização.
O Povo Cigano é também uma raça sofrida, discriminada, excluída do contexto sócio-político-econômico (mas nem por isso alienada). Essa raça perseguida por muitas "inquisições", levada aos campos de concentração e aos fornos crematórios da Alemanha Nazista (tanto quanto o povo judeu) continua existindo apesar de todas as expoliações e distorções. Desprovida de meios adequados de sobrevivência, descaracterizada pela modernidade de um falso intelectualismo proletário/urbano essa raça também está à caminho da própria extinção, mas estamos aqui exatamente para resgatar o que restam de sua memória cultural e artística, usos e costumes, simbolismo e tradição.
Para mim, cigana Kalom, descendente desse povo, essa é uma hora em que precisamos estar atentos e vigilantes para ouvirmos uma espécie de "chamado mítico" que a dura realidade planetária está nos fazendo, e nos unirmos em corpo e espírito com as forças maiores que regem esse universo, deixando para os espertos, que se dizem "donos da terra", o alto preço de seus desmandos, desvarios e abuso de poder, nos concentrando, onde quer que estejamos no verdadeiro sentido da valorização humana que perpassa por insondáveis mistérios divinos e praticando com honestidade de propósito os exercícios de espiritualidade e religiosidade que subjaz em cada um de nós, na busca de uma solução para um mundo melhor, sem esquecermos as práticas ecológicas para salvaguardar essa "nau de insensatos" chamada Terra, de seu próprio desastre (palavra que significa: desarmonia entre os astros).
Eu aprendi com meu Patriarca que os ciganos são "povos das estrelas" e para lá voltamos quando morremos ou quando houver necessidade de uma grande evacuação. Há milênios vimos cumprindo nossa missão neste Planeta, respeitando e reverenciando a Mãe Natureza, trocando e repassando conhecimento. No mais, deixaremos à critério da consciência de cada um o "por que" das abomináveis catástrofes (em sua maioria provocadas pela absoluta falta de respeito e conhecimento sobre a biodiversidade do planeta); e de comportamentos sociais e governamentais tão incongruentes com a própria inteligência humana, reduzindo a sensibilidade dos homens a um mero exercício da bio-pirataria para não perder o monopólio de um recurso genético, disfarçado na necessidade técnica e científica da bioprospecção (que é a procura de moléculas úteis à medicina), mesmo que no contexto histórico essa atitude implique na extinção de toda a raça humana.
Deixaremos à critério de qualquer "gadjo" que se preze, o "complexo de culpa ancestral" pela destruição do solo, do ar, da água e das florestas, pois em vez de "progredir com a plena cooperação científica e tecnológica" (como diria o biólogo americano Tomas Lovejoy - especialista em florestas tropicais) o homem moderno destroi seu próprio habitat, em vez de seguir a coerência do argumento socioantropológico que diz que "na sociedade de massas, o raciocínio individual precisa ganhar tons mais coletivos para exercer seu poder e provar sua competência, pressupondo uma melhor qualidade de vida e uma maior tranqüilidade planetária".
Sem precisarmos percorrer outra vez o raciocínio utópico do socialismo científico de Marx-Engels-Lênin-Stálin, necessitamos urgentemente pisar na superfície desse lindo "planeta água" (símbolo da emoção e da sensibilidade que preenche nossos corações) observando não só a violência praticada contra as minorias, como também os incríveis gestos de solidariedade humana mostrados via satélite ou pela Internet, na mesma velocidade da luz ou do pensamento humano, nessa era de virtualidade nem um pouco caracterizada pelas mais elementares virtudes.
Como não sou também nem um pouco virtuosa e acho que o limiar entre o sagrado e o profano é muito próximo, coloco em mim mesma a carapuça de parte dessa imensa culpa pela minha própria acomodação e omissão em alguns setores da vida, e, divido com todos os devedores planetários como eu, o ônus que pago por viver na Terra nos dias de hoje, embora continue achando que é um privilégio karmico poder ser descendente do Povo Cigano. -
Texto: Cigana Sttrada (do Clã Calon)
No casamento tende-se a escolher o cônjuge dentro do próprio grupo ou subgrupo, com notáveis vantagens econômicas. A importância do dote é fundamental especialmente para os Rom; no grupo dos Sintos se tende a realizar o casamento através da fuga e conseqüente regularização.
Desde pequenas, as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento. Os acertos normalmente são feitos pelos pais dos noivos, que decidem unir suas famílias. O casamento é uma das tradições mais preservadas entre os ciganos, representa a continuidade da raça, por isso o casamento com os não ciganos não é permitido em hipótese alguma. Quando isso acontece a pessoa é excluída do grupo (embora um cigano possa casar-se com uma gadjí, isto é, uma mulher não cigana, a qual deverá porém submeter-se às regras e às tradições ciganas).
É pelo casamento que os ciganos entram no mundo dos adultos. Os noivos não podem Ter nenhum tipo de intimidade antes do casamento. A grande maioria dos ciganos no Brasil, ainda exigem a virgindade da noiva. A noiva deve comprovar a virgindade através da mancha de sangue do lençol que é mostrada a todos no dia seguinte. Caso a noiva não seja virgem, ela pode ser devolvida para os pais e esses terão que pagar uma indenização para os pais do noivo. No caso da noiva ser virgem, na manhã seguinte do casamento ela se veste com uma roupa tradicional colorida e um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada.
Durante a festa de casamento, os convidados homens, sentam ao redor de uma mesa no chão e com um pão grande sem miolo, recebem dos os presentes dos noivos em dinheiro ou em ouro. Estes são colocados dentro do pão ao mesmo tempo em que os noivos são abençoados. Em troca recebem lenços e flores artificiais para a mulheres. Geralmente a noiva é paga aos pais em moedas de ouro, a quantidade é definida pelo pai da noiva.
Em alguns clãs o punhal é usado na cerimônia cigana de noivado e casamento, onde é feito um corte nos pulsos dos noivos, em seguida o pulsos são amarrados em um lenço vermelho, representando a união de duas vidas em uma só.
O primeiro dia
Algumas particularidades distinguem e dão a um casamento cigano o seu caráter específico. A festa de casamento é prevista para durar de dois a vários dias, reunindo ciganos de todas as partes do país, e mesmo do exterior, pois os convites são dirigidos aos membros da comunidade em geral.
As despesas das festas de noivado e de casamento, incluindo sua organização e o vestido de noiva, são de responsabilidade da família do noivo. Os preparativos do banquete de casamento ocorrem na residência dos pais dos noivos. Num esforço comunitário, com a participação dos parentes mais próximos do noivo - homens e mulheres envolvidos - são preparados os pratos típicos da festa.
No dia do casamento na igreja, antes de todos partirem para a cerimônia, ocorre uma seqüência de eventos, agora na casa da noiva. Esta já está pronta, vestida de branco, quando chega a família do noivo, dançando ao som de músicas ciganas.
Na sala de jantar, onde já está disposta a mesa com diversas comidas e bebidas, os homens se sentam. De um lado da mesa, a família do noivo. Do outro, a da noiva. A conversa acontece em romani, as mulheres permanecem à volta. É simulada uma negociação - a compra ritual da noiva. Moedas de ouro trocam de mãos. Em seguida, abrem uma garrafa de bebida, envolvida em um pano vermelho bordado, que os homens à mesa bebem – a proska .
Surge então a noiva, vestida de branco, pronta para a Igreja. Mais música e agora a noiva dança com o padrinho, ainda na sala de jantar/estar. Em seguida, todos saem para se dirigirem à igreja. O cortejo com as famílias seguindo, e apenas o noivo não estava presente, pois aguarda na igreja. Lá, a cerimônia é convencional, exceto pelos trajes dos convidados e padrinhos vestidos com as tradicionais roupas ciganas, e a profusão de jóias. Apenas algumas dezenas de convidados compareceram à cerimônia religiosa, considerada mais íntima.
O momento seguinte do casamento ocorre no acampamento onde um conjunto garante a animação musical da festa. Desde o início, danças em círculo e uma bandeira vermelha com o nome dos noivos. Os convidados vão chegando aos poucos, juntando-se às danças, enquanto duas grandes mesas, são arrumadas. No banquete, homens e mulheres ficarão separados, em lados opostos.
A festa vai chegando ao fim quando a noiva a deixa, juntamente com a família do noivo, à qual passa a pertencer. Entre a festa do primeiro dia e a que ocorrerá no dia seguinte, há a noite de núpcias do casal.
O segundo dia
A festa começa novamente no dia seguinte, agora na casa dos pais do noivo, onde o casal passa a residir. O banquete continua - agora para um número menor de convidados. No lugar do branco do dia anterior, o vermelho se sobressai na festa - nos cravos, usados pelos convidados, na decoração, na bandeira, nas roupas da noiva. Esta, recebe cada convidado, junto a uma bacia com água de onde tira cravos vermelhos, para oferecer-lhes. Em troca, recebe notas de dinheiro, geralmente de pequeno valor.
A continuação da festa de casamento, depois do primeiro dia, será toda voltada para a noiva, que é agora, uma mulher casada. Sempre acompanhada do marido, ela deixa o semblante triste que a acompanhou até este momento.
OS CIGANOS E O TERROR NAZISTAQuem terá, pela primeira vez, chamado um cigano por este nome?
E, no que se inspirou para dar-lhe o nome de cigano no sentido de querer identificar-lhe a raça e a origem?
A palavra cigano não existe no idioma romani. E em definitivo, no Congresso Mundial que reuniu centenas e centenas de ciganos de todas as partes do mundo, acontecido em Roma, em 1971, ficou estabelecido que este povo nômade, de pele morena, deveria ser chamado de Rom, que em romani quer dizer homem. As mulheres, são romís e o plural de rom é romá. Portanto, os romá não querem ser ciganos, mas aceitam ser identificados como ciganos, na maioria dos casos. Mesmo porque aqui no Brasil nunca se teve registro de uma perseguição que se igualasse a dos reis católicos Isabel e Fernando de Espanha, ou de Franco e Hitler. Com todos os problemas brasileiros, aqui os romá tem um território mais livre e são melhores aceitos. Hoje em dia ser rom/romí é poder viver nas estradas ou nos apartamentos e continuar preservando a tradição.
Portanto, os nomes ciganos - gitanos - tsiganes-zíngare são apelidos para os romá ou romanís, dados pelos não ciganos, principalmente no Velho Mundo Euro-asiático. E chamá-los de povo rom, manush ou povo romani é a denominação correta. Ambos os vocábulos são de origem sânscrita e, significam respectivamente homem ou pessoa, sendo que o nome Rom é mais comumente atribuído ao cigano de origem oriental, mais tradicionalista; e o nome Manush é a denominação mais comum aos que estão fixados na França, com hábitos mais ocidentais e também são conhecidos como Sinti. É assim que aceitam ser identificados.
Para os ciganos, todos os estranhos à sua raça são chamados de busné, payo ou gadjé, que em romani quer dizer literalmente aquele que não é cigano. Notamos que a denominação gadjé é a mais utilizada, principalmente nos países da Espanha, França, Itália, Portugal, Brasil e demais países de língua portuguesa.
No entanto, os gadjé, busné ou payos deram aos Ciganos muitos nomes diferentes. A principal delas - Cigano e suas traduções mais conhecidas - teria derivado do nome Atsinnganni , uma palavra grega para designar o praticante de uma seita mística, originária da Ásia Menor. Assim que tais praticantes começaram a aparecer no Império Bizantino, foram chamados de Atsinnganni, que na verdade quer dizer praticante de magia, mago ou bruxo. Diante do modo de vida e das tradições dos ciganos, foi fácil relacioná-los com este outro povo, também devido às práticas místicas pouco comuns, exercidas pelos ciganos e passadas de geração em geração.
Da palavra Atsinnganni, gadjés de vários países europeus, retiraram os diversos nomes que deram aos Ciganos. É claro que, nestes países, os Ciganos tiveram uma presença mais marcante e prolongada que nos demais: Egito, Grécia e Romênia e países dos Balcãs.
O pesquisador Olimpio Nunes, de Portugal, destacou em seu trabalho O Povo Cigano muitos dos nomes que se seguem. Podemos então comprovar a existência do radical do nome Atsinnganni, bem como sílabas transformadas pela acomodação lingüística no primeiro grupo de nomes:
Atsincani - Grécia
Tchinganie/Tchinghiani - Turquia
Tzigani - Bulgária
Zigani - Romênia
Ciganiok/Czygany - Hungria
Zingari - Itália
Cigano - Portugal/Brasil Cigan - Bulgária
Ciganin - Sérvia
Cygan - Polônia
Cykan - Rússia
Czygany - Hungria
Cigano - Lituânia
Zigeuner - Alemanha e Holanda
A ORIGEM DOS CIGANOS
(Rom e Sintos)

O fato de que o povo rom chegou à Europa proveniente de algum lugar da India não significa que tenham vindo de sua terra de origem. Todos viemos de algum lugar onde nossos ancestrais viveram, quiçá tendo chegado eles mesmos de algum outro país. Toda a hipótese que sustenta a origem indo-européia se apóia num único elemento: o idioma romanês. Tal teoria não leva em conta outros fatores culturais muito mais importantes que evidenciam claramente que o povo rom não tem nada em comum com as gentes da India, exceto elementos linguísticos. Se devêssemos levar a sério uma hipótese que se baseia somente no idioma para determinar a origem do povo, chegaríamos à conclusão de que quase todos os norte-africanos vieram da Arábia, que os judeus ashkenazim são uma tribo germânica, que os judeus separaditas são simplesmente espanhóis que praticam outra religião e não que são um povo diferente, etc. Os afro-americanos não sabem sequer que idioma falavam seus ancestrais e portanto deveriam considerar-se ingleses. Definitivamente, o idioma por si mesmo não é suficiente para definir a pertinência étnica, e todos os demais fatores determinantes são contrários à idéia de uma origem indiana do povo rom - incluindo alguns elementos presentes no próprio idioma romani. Os fatores mais importantes que permanecem em todo povo desde a mais remota antiguidade são de consistência espiritual, que se manifestam nos sentimentos mais íntimos, comportamentos típicos, memória coletiva, quer dizer, na herança atávica.
Neste estudo, começarei expondo o mito antes de apresentar as evidências e a consequente hipótese sobre a verdadeira origem do povo rom.
Os estudiosos fizeram muitos esforços com o propósito de demonstrar a origem indiana do povo rom, todos os quais foram inúteis por falta de evidências. Alguns documentos que foram inicialmente considerados como referentes ao povo rom, como por exemplo os escritos de Firdawsi, tem sido sucessivamente desacreditados. Demonstrou-se que todos os povos dos quais se pensou que poderiam ter alguma relação com os ciganos, como os dom, os luris, os gaduliya lohars, os lambadis, os banjaras, etc, na realidade não tem sequer uma origem comum com o povo rom. A única semelhança entre todos eles é a tendência à vida nômade e o exercício de profissões que são típicas de toda tribo de qualquer extração étnica que pratica tal estilo de vida. Todos estes resultados inúteis são a consequência natural de uma investigação realizada a partir de parâmetros errados, ignorando a essência da cultura romani e a herança espiritual do povo cigano, que é incompatível com qualquer povo da India.
Uma teoria que recentemente está obtendo sucesso no ambiente intelectual interessado no argumento (teoria destinada a provar-se errônea como todas as precedentes) pretende ter descoberto a "cidade" original na qual o povo rom poderia ter suas origens: Kannauj, em Uttar Pradesh, India. O autor chegou a algumas conclusões interessantes que desacreditam todas as precedentes, sem dúvida seguiu a mesma linha investigativa que produziu o fracasso daquelas outras: o indício linguístico, que o conduz indefectivelmente a obter um resultado errado. Por conseguinte, o autor funda sua hipótese inteiramente sobre uma suposta evidência linguística, a qual é absolutamente insuficiente para explicar os aspectos culturais do povo rom que não estão relacionados com o idioma e que indubitavelmente são muito mais importantes, aspectos que constrastam com a teoria proposta.
Neste estudo citarei algumas afirmações do autor (traduzindo-as do texto em inglês) recolocando sua estranha forma de escrever as palavras em língua romani com uma forma mais exata e compreensível - por exemplo, o caracter "rr" não representa nenhum fonema em romanês; o som gutural do "r" está melhor representado como "rh", mesmo que nem todos os dialetos ciganos pronunciem desta forma, como o próprio gentílico "rom" se pronuncia "rhom", porém também simplesmente "rom". Geralmente o "h" se usa para indicar uma sonoridade alternativa da consoante que o precede e no caso no qual os acentos ortográficos, circunflexos e outros sinais não se podem reproduzir de maneira adequada, o "h" serve como a melhor letra complementar na maioria dos casos. Pessoalmente prefiro o alfabeto esloveno com algumas leves modificações para transcrever corretamente a língua romani, porém na internet nem sempre é possível ver as páginas como foram escritas quando se usam sinais ortográficos não convencionais, portanto usarei a forma alternativa que consiste em agregar letras complementares.
Neste estudo citarei algumas afirmações do autor (traduzindo-as do texto em inglês) recolocando sua estranha forma de escrever as palavras em língua romani com uma forma mais exata e compreensível - por exemplo, o caracter "rr" não representa nenhum fonema em romanês; o som gutural do "r" está melhor representado como "rh", mesmo que nem todos os dialetos ciganos pronunciem desta forma, como o próprio gentílico "rom" se pronuncia "rhom", porém também simplesmente "rom". Geralmente o "h" se usa para indicar uma sonoridade alternativa da consoante que o precede e no caso no qual os acentos ortográficos, circunflexos e outros sinais não se podem reproduzir de maneira adequada, o "h" serve como a melhor letra complementar na maioria dos casos. Pessoalmente prefiro o alfabeto esloveno com algumas leves modificações para transcrever corretamente a língua romani, porém na internet nem sempre é possível ver as páginas como foram escritas quando se usam sinais ortográficos não convencionais, portanto usarei a forma alternativa que consiste em agregar letras complementares.
Para expor a teoria mencionada, começarei citando uma afirmação do autor com a qual estou completamente de acordo:
" É sabido que na realidade não existe nenhum povo na India atualmente que possa estar aparentado com os rom. Os vários grupos etiquetados como "gypsies" (com "g" minúsculo) na India não tem nenhuma relação genética com os ciganos. Estes adquiriram o título de "gypsies" através da polícia colonialista britânica que no século XIX os chamou assim por analogia com os "Gypsies" da Inglaterra. Sucessivamente lhes aplicaram as mesmas leis discriminatórias que existiam para os "Gypsies" ingleses. Logo a maioria dos estudiosos europeus, convencidos de que o nomadismo ou a mobilidade são um caráter fundamental da identidade romaní insistiram em comparar os rom com várias tribos nômades da India, sem encontrar nenhum outro caráter em comum, porque suas investigações eram afetadas por preconceitos para com os grupos nômades".
Isto é certo, os investigadores tomaram idéias preconcebidas sobre as quais fundaram suas hipóteses. Sem dúvida, o autor não é uma exceção e cometeu o mesmo erro. De sua própria declaração resultam as seguintes perguntas: Por que não existe nenhum povo na India aparentado com os rom? Por que toda a população cigana emigrou sem deixar o menor traço de si mesmos, ou alguns parentes? Há uma só resposta: porque não eram da India, sua orígem não pertencia àquela terra, e sua cultura era demasiado incompatível com a cultura indiana.
Só uma minoria religiosa pode emigrar em massa de um país no qual a maioria dos habitantes pertencem a sua própria família étnica. E uma minoria religiosa naqueles tempos significava que era uma confissão "importada", não gerada no ambiente indiano.
O presumido exílio em Jorasan exposto pelo autor como a razão pela qual o povo rom abandonou a India carece de fundamento, pois não dá uma explicação sobre as crenças e tradições ancestrais dos ciganos, as quais não são nem indianas nem islâmicas (porque Jorasan nessa época não era mazdeísta [ou zoroastrista] já desde muito tempo atrás), porém falaremos deste argumento mais adiante neste estudo.
De toda maneira, o autor revela um mito na seguinte declaração:
Só uma minoria religiosa pode emigrar em massa de um país no qual a maioria dos habitantes pertencem a sua própria família étnica. E uma minoria religiosa naqueles tempos significava que era uma confissão "importada", não gerada no ambiente indiano.
O presumido exílio em Jorasan exposto pelo autor como a razão pela qual o povo rom abandonou a India carece de fundamento, pois não dá uma explicação sobre as crenças e tradições ancestrais dos ciganos, as quais não são nem indianas nem islâmicas (porque Jorasan nessa época não era mazdeísta [ou zoroastrista] já desde muito tempo atrás), porém falaremos deste argumento mais adiante neste estudo.
De toda maneira, o autor revela um mito na seguinte declaração:
" Quanto às presumidas semelhanças entre o idioma romani e outras línguas indianas, geralmente o punjab e o rajastani, trata-se somente de um estratagema usado pelos nacionalistas que representam tais grupos linguísticos e defendem os interesses das respectivas nações: eles simplesmente tentam aumentar artificialmente o número da própria população".
Este é exatamente o caso. Tive a oportunidade por mera casualidade de encontrar na internet grupos de discussão rajput/jat nos quais eles dizem estar convencidos de que os ciganos são um clan jat ou rajput. Se o fazem ou não em boa fé, o fato é que suas declarações são expressadas em um contexto nacionalista e parecem perseguir propósitos de tipo político. A principal presumida prova que apresentam é que os árabes chamavam aos ciganos de "zott", que significa "jat", desde o momento em que aparentemente chegaram ao Oriente Médio. Sinceramente, os escritos dos historiadores árabes são apenas um pouco mais exatos que as fábulas de "As mil e uma noites" quanto à precisão histórica.
Havendo devidamente reconhecido estas importantes reflexões do autor da "teoria Kannauj", agora exponho suas afirmações sobre as quais fundou erroneamente toda a sua hipótese:
"Contrariamente ao que normalmente lemos em quase todas as publicações, os primeiros rom chegaram à Europa conhecendo suas origens indianas. Há evidências disto em vários documentos dos séculos XV e XVI. É só depois que a mítica origem egípcia se propôs contra as versões que sustentavam a proveniência indiana. Sendo mais prestigioso, seria eventualmente mais fácil para a própria integração na Europa. Pouco a pouco o mito da origem egípcia foi aceito como autêntico".
Antes de responder a esta afirmação, desejo mencionar outra declaração na qual o autor se contradiz:
"Entre todas as lendas, uma das mais difundidas é a da presumida origem egípcia do povo rom, que eles mesmos começaram a promover no início do século XVI [...] Em ambos os casos, o prestígio do Egito com base na Bíblia e as histórias de perseguições sofridas pelos cristãos nesse país provavelmente alimentaram uma maior aceitação da lenda egípcia no lugar da origem indiana, e provavelmente os ajudou a obter salvo-condutos e cartas de recomendação da parte de príncipes, reis e mesmo do papa ".
(O espaço entre colchetes será mencionado depois)
(O espaço entre colchetes será mencionado depois)
A primeira afirmação é inexata porque há documentos precedentes, inclusive do século XII d. c., nos quais os "egípcios" são mencionados em relação com os ciganos. Normalmente os rom foram chamados de distintas maneiras segundo a proveniência imediata, por exemplo na Europa ocidental os primeiros ciganos eram conhecidos como "bohêmios", "húngaros", etc. ( esta última denominação é ainda muito comum em muitos países), enquanto que os árabes os chamavam de "zott", significando "jat", porque provinham do vale do Indo. É certo que jamais foram chamados de "indianos" na Europa. Sem dúvida, tendo chegado à Europa pelo Iran e Armênia através do Bósforo, é improvável que tenham passado pelo Egito - existia na própria memória histórica o fato de que tenham estado antes no Egito, desde onde seu caminho errante começou, e assim declararam sua origem mais antiga. Naquele tempo a India havia sido completamente esquecida. Antes de chegar a território bizantino, como o autor mesmo admite, os rom habitaram por longo tempo em países muçulmanos, e é certamente sabido que quem quer que tenha abraçado o islam dificilmente se converte ao cristianismo. Quando os ciganos chegaram a Bizâncio, já eram cristãos.
Agora se apresenta um enigma interessante: Como podiam os ciganos conhecer A BÍBLIA em território muçulmano? Isto é algo que o autor não pode justificar de maneira nenhuma, porque na realidade os rom não conheciam as Escrituras senão só por ouvido até tempos muito recentes. Seguramente na India, na Pérsia e em terras árabes onde viveram antes de chegar à Europa não poderiam ter ouvido jamais nenhum comentário sobre a Bíblia, nem tampouco em Bizâncio ou Europa, onde o acesso às Escrituras estava proibido à gente comum e não existiam versões em língua corrente. Não há possibilidade de que os ciganos conhecessem a Bíblia a não ser somente no caso que a história bíblica estivesse profundamente radicada em sua memória coletiva.
Esta memória se conservou durante o prolongado exílio na India de um modo tão forte que não adotaram nem sequer o menor elemento da cultura hindu nem de nenhuma outra existente na India. A maioria dos ciganos lê a Bíblia agora, e todos eles exclamam assombrados: "Todas as nossas leis e costumes estão escritos aqui!"- nenhum outro povo sobre a face da terra pode dizer o mesmo, exceto os judeus. Nenhum povo da India, nem de outro país.
Agora se apresenta um enigma interessante: Como podiam os ciganos conhecer A BÍBLIA em território muçulmano? Isto é algo que o autor não pode justificar de maneira nenhuma, porque na realidade os rom não conheciam as Escrituras senão só por ouvido até tempos muito recentes. Seguramente na India, na Pérsia e em terras árabes onde viveram antes de chegar à Europa não poderiam ter ouvido jamais nenhum comentário sobre a Bíblia, nem tampouco em Bizâncio ou Europa, onde o acesso às Escrituras estava proibido à gente comum e não existiam versões em língua corrente. Não há possibilidade de que os ciganos conhecessem a Bíblia a não ser somente no caso que a história bíblica estivesse profundamente radicada em sua memória coletiva.
Esta memória se conservou durante o prolongado exílio na India de um modo tão forte que não adotaram nem sequer o menor elemento da cultura hindu nem de nenhuma outra existente na India. A maioria dos ciganos lê a Bíblia agora, e todos eles exclamam assombrados: "Todas as nossas leis e costumes estão escritos aqui!"- nenhum outro povo sobre a face da terra pode dizer o mesmo, exceto os judeus. Nenhum povo da India, nem de outro país.
(Este é o espaço entre colchetes da citação anterior)
" Em todo caso, em Bizâncio em época primitiva, os adivinhos ciganos eram chamados de Aigyptissai, "egípcios", e o clero proibiu o povo de consultá-los para saber o futuro. Tomando como pretexto o livro de Ezequiel (30:23), os rom foram chamados de egípcios não só nos Balcãs mas também na Hungria, onde no passado referiam-se a eles como "povo do Faraó" (Faraonépek)e no ocidente, onde palavras provenientes do nome grego dado aos egípcios (Aigypt[an]oi, Gypsy e Gitano) se usam ainda em referência ao ramo atlântico do povo rom".
" Em todo caso, em Bizâncio em época primitiva, os adivinhos ciganos eram chamados de Aigyptissai, "egípcios", e o clero proibiu o povo de consultá-los para saber o futuro. Tomando como pretexto o livro de Ezequiel (30:23), os rom foram chamados de egípcios não só nos Balcãs mas também na Hungria, onde no passado referiam-se a eles como "povo do Faraó" (Faraonépek)e no ocidente, onde palavras provenientes do nome grego dado aos egípcios (Aigypt[an]oi, Gypsy e Gitano) se usam ainda em referência ao ramo atlântico do povo rom".
Devia existir um motivo pelo qual em Bizâncio eram chamados de egípcios, motivo que o autor não explica. É que os ciganos sabiam que tinham estado no Egito em uma época remota do passado. Há outra palavra grega pela qual os ciganos eram conhecidos em Bizâncio: "athinganoi", da qual derivam os termos cigány, tsigan, zíngaro, etc. Os bizantinos conheciam perfeitamente quem eram os athinganoi e identificaram com eles os rom. De fato, a pouca informação que temos sobre esse grupo coincide em muitos aspectos com a descrição dos ciganos. Não há provas suficientes para afirmar que os athinganoi fossem rom, porém tampouco existem evidências do contrário. A única razão pela qual a possível identificação dos athinganoi com os ciganos foi descartada a priori é porque aqueles são mencionados no início do século VI d. c., época na qual, segundo os empedernidos sustentadores da teoria da orígem indiana, os ciganos não deviam estar na Anatólia. Os athinganoi eram chamados assim em relação a seus conceitos e leis de purificação ritual, considerando impuro todo contato com outro povo, muito similares às leis ciganas para os "payos" ou "gadjôs" (não ciganos). Praticavam a magia, a adivinhação, o encantamento de serpentes, etc, e suas crenças eram uma espécie de judaísmo "reformado" mesclado com cristianismo (ou com mazdeísmo/ zoroastrismo); observavam o Shabat e outros preceitos hebraicos, criam na Unidade de Deus, porém não praticavam a circuncisão e se batizavam (prática que não é exclusivamente cristã, senão também comum entre os adoradores do fogo). Quanto aos athinganoi, a Enciclopédia Judaica diz: "podem ser considerados judeus".
Outro fator significativo é que os ciganos relacionam sua condição de constante movimento com o faraó, uma coisa que pertence exclusivamente ao povo hebreu. Os documentos mais antigos sobre a chegada dos rom à Europa constatam sua declaração de haverem sido escravos do faraó no Egito, da qual surgem duas possíveis deduções: ou era parte de sua memória histórica ou era algo que inventaram para ganhar o favor das pessoas - a segunda possibilidade é completamente improvável, posto que esta os identificaria com um só povo, exatamente o mais odiado na Europa e não era certamente a identidade mais conveniente para eleger.
Outro fator significativo é que os ciganos relacionam sua condição de constante movimento com o faraó, uma coisa que pertence exclusivamente ao povo hebreu. Os documentos mais antigos sobre a chegada dos rom à Europa constatam sua declaração de haverem sido escravos do faraó no Egito, da qual surgem duas possíveis deduções: ou era parte de sua memória histórica ou era algo que inventaram para ganhar o favor das pessoas - a segunda possibilidade é completamente improvável, posto que esta os identificaria com um só povo, exatamente o mais odiado na Europa e não era certamente a identidade mais conveniente para eleger.
"Observando restos de precedentes migrações egípcias para a Ásia Menor e para os Balcãs, pensaram que seria proveitoso para eles fazer-se passar por cristãos do Egito, perseguidos pelos muçulmanos ou condenados a perpétuo vagar para expiar sua apostasia ".
Esta foi uma sucessiva "correção" que inventaram depois de haver-se dado conta de que sua versão original da escravidão no Egito sob o faraó era auto-destrutiva porque eram etiquetados como judeus. Esta segunda versão é a que o autor considera " a mais antiga menção desta lenda, no século XVI d. c. ", porém a história original é muito mais antiga. Os ciganos nunca disseram que provinham da India até que alguns gadjôs no século XX lhes dissessem que haviam estudado muito e que a "ciência" estabelece que eles são indianos.
A convicção do autor de que a pátria original dos rom era a cidade de Kannauj se baseia simplesmente sobre uma conjectura, reunindo elementos débeis que não provam nada e são facilmente desmentidos pelas evidências que exporei mais adiante. Agora leiamos sua hipótese:
A convicção do autor de que a pátria original dos rom era a cidade de Kannauj se baseia simplesmente sobre uma conjectura, reunindo elementos débeis que não provam nada e são facilmente desmentidos pelas evidências que exporei mais adiante. Agora leiamos sua hipótese:
"...uma passagem do Kitab al-Yamini (Livro de Yamin), do cronista árabe Abu Nasr Al- 'Utbi (961-1040), se refere ao ataque do sultão Mahmud de Ghazni à cidade imperial de Kannauj, que concluiu com a pilhagem e a destruição da mesma e a deportação de seus habitantes até o Afganistão em dezembro de 1018...Sem dúvida, com base em crônicas incompletas que mencionam só algumas incursões na India norte-ocidental, não tem sido capazes de descrever inteiramente o mecanismo de tal xodo... descreve uma invasão no inverno de 1018-1019, que chegou muito mais longe para o leste, mais além de Mathuta, até a prestigiosa cidade de Kannauj, 50 milhas a noroeste de Kanpur...No início do século XI, Kannauj (a Kanakubja do Mahabharata e do Ramayana), que se extendia por milhas ao longo do Ganges, era um importante centro cultural e econômico da India setentrional; não só porque os mais instruídos brâmanes da India afirmam ser de Kannauj (como ainda hoje), senão também porque era uma cidade que havia conseguido um alto nível de civilização em termos que hoje definiríamos como democracia, tolerância, direitos humanos, pacifismo e inclusive ecumenismo. Sem dúvida, no inverno de 1018-19, uma força invasora proveniente de Ghazni (atual Afeganistão) capturou os habitantes de Kannauj e os vendeu como escravos. Não foi a primeira incursão do sultão, porém as anteriores haviam chegado só até o Punjab e Rajastão. Esta vez chegou até Kannauj, uma cidade com mais de 50.000 habitantes e em 20 de dezembro de 1018 capturou a população inteira, "ricos e pobres, claros e obscuros [...] a maioria deles eram "nobres, artistas e artesãos", para vendê-los, "famílias inteiras", em Ghazni e Kabul (segundo o texto de Al-'Utbi). Logo, segundo o mesmo texto, Jorasán e Iraque estavam "cheios desta gente" .
O que é que nos leva a pensar que a origem dos rom tenha que ver com esta deportação?"
O que é que nos leva a pensar que a origem dos rom tenha que ver com esta deportação?"
Aqui o autor demonstra que não lhe importam minimamente os elementos culturais do povo rom, mas que está somente interessado em encontrar uma possível origem na India e em nenhuma outra parte. Por conseguinte, muitos detalhes importantes tem sido completamente ignorados. Aqui menciono alguns: - Naquele tempo, a cidade de Kannauj era governada pela dinastia Pratihara, que não eram hindus e sim de etnia guijar, quer dizer, jázaros. Segundo as regras linguísticas, os termos hindus "gujjar" e "gujrati" derivam do nome original dos jázaros (khazar) através das regras fonéticas comuns destas línguas: os dois idiomas hindus, não tendo os fonemas "kh" ("j") nem "z", os transcrevem como "g" e "j" ("y").
Portanto, se os ciganos eram os habitantes de Kannauj não eram hindus e sim uma etnia muito próxima aos húngaros, aos búlgaros, a uma pequena parte dos judeus ashkenazim, aos bashkires, aos chuvashes e a alguns povos do Cáucaso e do vale do Volga... A designação "húngaros" que lhes é normalmente atribuida em muitos países ocidentais não seria tão errada - mais exata que a definição de "indianos" ou "hindus", em todo caso.
• Se fora certo que os ciganos estiveram sempre na India até o século XI e.c. como afirma o autor, haveriam certamente praticado a religião mais difundida nessa terra, ou de todo modo teriam absorvido muitos elementos do bramanismo, especialmente se ser um braman de Kannauj era um grande privilégio que outorgava tanto prestígio. Sem dúvida, não se encontra o menor vestígio de tradição bramânica na cultura e espiritualidade romani, ao contrário, não há nada mais distante do "romaimôs" (ciganidade) que o hinduísmo, o jainismo, o sikhismo ou qualquer outro "ismo" de orígem indiana.
•O sultão de Ghazni era indubitavelmente muçulmano. O povo que ele deportou se estabeleceu no Afeganistão, Jorasan e outras regiões do Iran. Isto não haveria favorecido a adoção de elementos culturais do mazdeísmo - (zoroastrismo, que são muito evidentes na cultura romani) mas ao contrário, teria contribuido a evitá-los porque os adoradores do fogo haviam sido praticamente aniquilados pelo islam - certamente um povo no exílio não teria adotado uma religião proibida para serem exterminados definitivamente! Portanto, o povo rom esteve em terras iranianas antes de chegar à India e sua cultura estava já bem definida quando chegaram ali. Existe um só povo que tem exatamente as mesmas características: os israelitas do Reino de Samaria exilados na Média, que conservaram sua herança Mosaica porém também adotaram práticas dos magos (classe social dedicada ao culto do fogo na Pérsia), e só uma coisa não conservaram: seu idioma original (como tampouco os judeus do reino de Jerusalém, já que o hebraico não se falou mais até a fundação do Estado de Israel em 1948 e.c.). Os judeus da India falam línguas indianas, porém são judeus e não indo-europeus.
Tendo assinalados alguns dos pontos débeis sobre os quais se funda a teoria de Kannauj, é justo considerar as razões que expõe o autor:
Portanto, se os ciganos eram os habitantes de Kannauj não eram hindus e sim uma etnia muito próxima aos húngaros, aos búlgaros, a uma pequena parte dos judeus ashkenazim, aos bashkires, aos chuvashes e a alguns povos do Cáucaso e do vale do Volga... A designação "húngaros" que lhes é normalmente atribuida em muitos países ocidentais não seria tão errada - mais exata que a definição de "indianos" ou "hindus", em todo caso.
• Se fora certo que os ciganos estiveram sempre na India até o século XI e.c. como afirma o autor, haveriam certamente praticado a religião mais difundida nessa terra, ou de todo modo teriam absorvido muitos elementos do bramanismo, especialmente se ser um braman de Kannauj era um grande privilégio que outorgava tanto prestígio. Sem dúvida, não se encontra o menor vestígio de tradição bramânica na cultura e espiritualidade romani, ao contrário, não há nada mais distante do "romaimôs" (ciganidade) que o hinduísmo, o jainismo, o sikhismo ou qualquer outro "ismo" de orígem indiana.
•O sultão de Ghazni era indubitavelmente muçulmano. O povo que ele deportou se estabeleceu no Afeganistão, Jorasan e outras regiões do Iran. Isto não haveria favorecido a adoção de elementos culturais do mazdeísmo - (zoroastrismo, que são muito evidentes na cultura romani) mas ao contrário, teria contribuido a evitá-los porque os adoradores do fogo haviam sido praticamente aniquilados pelo islam - certamente um povo no exílio não teria adotado uma religião proibida para serem exterminados definitivamente! Portanto, o povo rom esteve em terras iranianas antes de chegar à India e sua cultura estava já bem definida quando chegaram ali. Existe um só povo que tem exatamente as mesmas características: os israelitas do Reino de Samaria exilados na Média, que conservaram sua herança Mosaica porém também adotaram práticas dos magos (classe social dedicada ao culto do fogo na Pérsia), e só uma coisa não conservaram: seu idioma original (como tampouco os judeus do reino de Jerusalém, já que o hebraico não se falou mais até a fundação do Estado de Israel em 1948 e.c.). Os judeus da India falam línguas indianas, porém são judeus e não indo-europeus.
Tendo assinalados alguns dos pontos débeis sobre os quais se funda a teoria de Kannauj, é justo considerar as razões que expõe o autor:
"Principalmente os seguintes pontos:
•O detalhe "claros e obscuros" explica a diversidade de cor de pele que encontramos nos distintos grupos rom, porque a população original era mesclada. Havia provavelmente muitos rajputs em Kannauj. Esta gente não era aparentada com a população nativa, porém foram elevados à casta kshatrya por méritos. Portanto, eles devem ser a porção denominada "obscuros" da população".
Esta afirmação é demasiado simplista para ser de um estudioso! Está bem estabelecido o fato de que os ciganos se mesclaram com várias populações durante suas longas travessias. Exatamente como os judeus. Basta visitar Israel para notar que há judeus negros, judeus loiros, judeus altos, judeus baixos, judeus com aspecto de indianos, de chineses, de europeus, etc. A crônica mencionada pelo autor demonstra que a população de Kannauj não era homogênea, não pertencia a uma só etnia. De fato, havia rajputs, gujratis e muitos outros, se a cidade era tão cosmopolita como parece. Isto não prova que os ciganos tenham sido a população de Kannauj.
"•O fato que os escravos capturados provinham de todo tipo de classes sociais, incluindo nobres, explica como foi tão fácil para eles inserirem-se entre a gente importante e influente como reis, imperadores, e papas quando chegaram à Europa. Isto se deu porque entre os ciganos havia descendentes dos "nobres" de Kannauj. O indianólogo francês Louis Frédéric confirmou que a população de Kannauj consistia maiormente de "nobres", artistas artesãos e guerreiros."
Isto é pura especulação. Os ciganos normalmente se davam a si mesmos títulos nobiliárquicos ou de prestígio com o objetivo de obter favores, salvo-condutos, etc. Isto foi praticado até há um século atrás pelos rom que chegaram à América do Sul, os quais se proclamavam " príncipes do Egito" ou nobres de algum país exótico. As autoridades começaram a suspeitar quando notaram que havia tantos príncipes de países estranhos. Há um detalhe importante que o autor não levou em consideração: Ele afirmou que Kannauj era um prestigiado centro bramânico. Como é possível que não existia uma casta sacerdotal no povo rom? O que aconteceu com os presumidos "ciganos brâmanes"? Todos os povos hindus tem uma casta sacerdotal, e muitos outros povos as tinham, incluindo os medos e persas (os magos) e os semitas, exceto um: os israelitas do Reino de Samaria - depois que se separaram de Judá, perderam a tribo de Levi e como consequência, nenhuma tribo foi dedicada ao sacerdócio. Havia nobres, artistas, artesãos, guerreiros e todo tipo de categorias sociais entre os norte-israelitas, porém não sacerdotes. O que é também importante notar é que os nobres israelitas eram muito apreciados nas cortes dos reis pagãos, e como tinham um dom profético particular, muitos israelitas entraram na classe dos magos da Pérsia, assim como outros se dedicaram à adivinhação, à alquimia e coisas similares. Sem esquecer que a arte da magia mais comum entre os ciganos é o "tarô", uma invenção judaica.
"•Esta diversidade social da população original deportada pode ter contribuido para a sobrevivência da língua romani, quase mil anos depois do êxodo. Como mostra a sócio-linguística, quanto maior é o grau de heterogeneidade social em uma população deportada, mais forte e largamente poderá continuar a transmitir o próprio idioma ."
Esta afirmação não prova nada e é muito discutível, porque há muitos exemplos do contrário: a história prova que os hebreus foram levados ao exílio em massa, incluindo todas as categorias sociais, sem dúvida perderam o próprio idioma num tempo relativamente breve - o fato singular é que conservaram os distintos idiomas que adotaram na diáspora em lugar do próprio idioma original, por exemplo, os judeus mizraji ainda falam o assírio-aramaico, os sefaraditas ainda conservam o ladino (espanhol medieval) seis séculos depois de terem sido expulsos da Espanha, os ashkenazim falam o yiddisch, e os ciganos falam o romani, a língua que adotaram no exílio.
Outros exemplos de povos deportados ou emigrados de todo extrato social que perderam o próprio idioma em pouco tempo são os africanos da América, do Caribe e do Brasil, a segunda e terceira geração de italianos na América, Argentina, Uruguai, Brasil, etc., a segunda e terceira geração de árabes nesses mesmos países, etc. Outras comunidades conservam uma maior relação com o próprio o idioma, como os armênios, ciganos ou judeus. Não existe um parâmetro universal como o autor afirma.
Outros exemplos de povos deportados ou emigrados de todo extrato social que perderam o próprio idioma em pouco tempo são os africanos da América, do Caribe e do Brasil, a segunda e terceira geração de italianos na América, Argentina, Uruguai, Brasil, etc., a segunda e terceira geração de árabes nesses mesmos países, etc. Outras comunidades conservam uma maior relação com o próprio o idioma, como os armênios, ciganos ou judeus. Não existe um parâmetro universal como o autor afirma.
"•A unidade geográfica do lugar de onde os ancestrais dos ciganos partiram é importante para a coerência do elemento indiano na língua romani, porque as principais diferenças entre os diversos dialetos não se encontarm no componente indiano, mas no vocabulário adquirido em solo europeu ."
Este fator não determina que a origem tenha sido na área da India. É certo que o idioma romani se formou inicialmente em um contexto indo-europeu, porém as mesmas palavras "indianas" são comuns a outros idiomas que existiram fora do sub-continente, quer dizer, na Mesopotâmia. As línguas hurríticas constituem a base mais factível da qual todas as línguas indianas surgiram (basta analisar os documentos do reino de Mitanni para compreender que o sânscrito nasceu nessa região). As línguas de raiz sânscrita já se falavam em uma vasta área do Oriente Médio, incluindo Canaã: os horeus da Bíblia (hurritas da história) habitavam no Negev, os jebuseus e heveus, duas tribos hurritas, na Judéia e Galiléia. Os norte-israelitas foram inicialmente estabelecidos pelos assírios em "Hala, Havur, Gozán e nas cidades dos medos" (II Reis,17:6) - esta é exatamente a terra dos hurritas. Depois da queda de Nínive sob a Babilônia, a maioria dos hurritas e parte dos norte-israelitas em exílio emigraram para leste e fundaram o reino de Khwarezm (Jorazmia), desde o qual sucessivamente colonizaram o vale do Indo e o alto vale do Ganges. É interessante notar que algumas palavras da língua romani pertencem ao hebreu ou arameu antigos, palavras que não poderiam ter sido adquiridas num período mais tardio em sua passagem através do Oriente Médio em direção à Europa oriental, senão somente numa época muito anterior da história, antes de sua chegada à India. Existe ainda um termo muito importante e que os teóricos que sustentam a origem indiana não levam em consideração: a denominação que os ciganos dão a si mesmos, "rom". Não existe nenhuma menção de nenhum povo rom em nenhum documento sânscrito. A palavra "rom" significa "homem" em idioma cigano, e há só uma referência a tal termo com o mesmo significado: em egípcio antigo, rom quer dizer homem. A Bíblia confirma que os antigos norte-israelitas tinham algumas diferenças dialetais com os judeus, e que eram também mais apegados à cultura egípcia assim como ao ambiente cananeu. A religião norte-israelita depois da separação de Judá era de origem egípcia: o culto do bezerro. Por conseguinte, não é difícil que a palavra egípcia que significava homem tenha sido usada ainda nos tempos do exílio em Hanigalbat e Arrapkha (territórios onde foram deportados), e após. Porém, como a origem não deve ser estabelecida através do idioma, não me extenderei na exposição deste argumento.
"•Este argumento contrasta definitivamente a teoria que sustenta que os rom provêm "de uma simples conglomeração de tribos dom" (ou de qualquer outro grupo). É útil mencionar aqui que Sampson havia notado que os rom "entraram na Pérsia como um único grupo, falando um idioma comum" ."
Concordo plenamente com este conceito. Porém é necessário ressaltar que a "teoria Dom" foi "a oficial" entre os estudiosos até há pouco tempo, e assim como esta foi desacreditada, qualquer outra que também insista com a origem indiana se baseia em falsas premissas que conduzem a uma investigação contraditória sem fim.
"• Provavelmente havia um grande número de artistas dhomba em Kannauj, como em todas as cidades civilizadas naqueles tempos. Como maior centro urbano intelectual e espiritual na India setentrional, indubitavelmente Kannauj atraía numerosos artistas, entre os quais muitos dhomba (quiçá, mesmo sem absoluta certeza, os ancestrais dos atuais dombs). Então, quando a população de Kannauj foi dispersa no Jorasán e áreas circunstantes, os artistas dhomba capturaram a imaginação da população local mais que os nobres e artesãos, o que explicaria a extensão do título dhomba em referência a todo o grupo de estrangeiros de Kannauj. Estes poderiam ter adotado este nome para si mesmos como o próprio gentílico (em oposição à designação mais generalizada de Sind[h]~, persa Hind~, grego jônico Indh~ com o significado de "Indiano" - do qual provem o nome "sinto", apesar da paradoxal evolução de ~nd~ a ~nt~, que deve ser postulada neste caso. De fato, em alguns dialetos romanís, principalmente na Hungria, Áustria e Eslovênia, parece apresentar-se esta evolução de ~nd~ a ~nt~)."
Visto que o autor não encontra uma explicação verossímil para o termo "rom", recorre a subterfúgios especulativos que são absolutamente improváveis. Isto se manifesta em suas próprias expressões: "provavelmente", "quiçá", "poderia", "parece", etc... Toda a estrutura sobre a qual se funda esta teoria fracassa pela impossibilidade de explicar os caracteres culturais e espirituais próprios dos povos rom e sintos, e essencialmente, a afirmação de que"poderiam ter adotado este nome (dhom) para si mesmos como próprio gentílico" se revela completamente errada. O autor se contradiz a si mesmo, porque anteriormente havia declarado que "muitos kannaujis eram nobres", e logo supõe que estes mesmos "nobres" tenham adotado para si mesmos o nome de uma "casta inferior" como eram os artistas Dhomba.
"•O fato de que a população proto-romaní provenha de uma área urbana e que eram maiormente nobres, artistas e artesãos pode quiçá ser a razão pela qual pouquíssimos ciganos se dedicam à agricultura até hoje. Ainda que "o solo da região fosse rico e fértil, os cultivos abundantes e o clima cálido", o peregrino chinês Xuán Zàng (latinizado como Hsuan Tsang) notou que " poucos dos habitantes da região se ocupavam da agricultura". Na realidade, a terra era cultivada maiormente para a produção de flores para fabricar perfumes desde a antiguidade (principalmente com propósitos religiosos) ."
Esta afirmação também não prova nada, mas confirma ainda mais a hipótese de que realmente não eram de orígem indiana: uma comparação cuidadosa com o povo judeu leva à mesma conclusão, porque os israelitas de todas as classes sociais foram deportados de sua própria terra, porém os judeus nunca se dedicaram à agricultura e viveram sempre em cidades onde quer que estivessem na diáspora. Os judeus se fizeram agricultores só recentemente, no Estado de Israel, porque era necessário para o desenvolvimento da Nação. Há suficientes evidências para provar que quando os ciganos chegaram à India já eram um povo com as mesmas características que ainda hoje tem, porque tanto os norte-assírios como os assírios-caldeus (babilônicos) praticaram a deportação seletiva de ambos os Reinos de Israel e Judá, como lemos: "E (o rei de Babilônia) levou em cativeiro a toda Jerusalém, a todos os príncipes, e a todos os homens valentes, dez mil cativos, e a todos os artesãos e guerreiros, não ficou ninguém, exceto os pobres do povo da terra. Assim mesmo levou cativos a Babilônia a Yehoyakin, a mãe do rei, as mulheres do rei, a seus oficiais e aos poderosos do país; cativos os levou de Jerusalém a Babilônia. A todos os homens de guerra.." (II Reis, 24:14-16); "Mas Nabuzaradán, general do exército, deixou os pobres da terra para que lavrassem as vinhas e a terra" (II Reis, 25:12). A mesma coisa haviam feito 120 anos antes os reis assírios no Reino de Israel, e os camponeses que eles deixaram são os atuais samaritanos, enquanto que a grande maioria dos israelitas hoje se consideram "perdidos", e tem-se verificado que a maior parte deles emigrou para a India.
"•Parece que um pequeno grupo fugiu da invasão navegando no Ganges e chegando até Benares, de onde devido à hostilidade da população indígena, se mudaram e se assentaram na área de Ranchi. Esta gente fala a língua sadri, um idioma indiano especificamente usado para a comunicação inter-tribal. É digno mencionar que o sadri parece ser a língua indiana que permite uma melhor comunicação entre seus falantes e o romanês."
Novamente o autor especula teorizando uma relação entre uma tribo indiana e os ciganos somente através de uma aparente semelhança linguística, porém nada que tenha que ver com a cultura e a espiritualidade romaní, nem seus costumes ou tradições, e nenhuma prova histórica. Os idiomas são um ponto de referência relativo e muitas vezes enganosos, porque podem ser adotados por povos completamente diversos da etnia original. Provavelmente o autor não conhece alguns casos enigmáticos como o seguinte: há uma província na Argentina, Santiago del Estero, onde ainda se fala uma língua indígena pré-colombiana: o quíchua, um dialeto do idioma dos incas. O fato curioso é que quase todos os que a falam não são indígenas, mas sírios-libaneses que se estabeleceram nessa província há apenas um século atrás! Num suposto evento desastroso do futuro no qual se percam todos os documentos referentes à imigração árabe, os estudiosos do século XXV seguramente especulariam afirmando que esses árabes são os últimos autênticos sobreviventes da antiga civilização inca...O que não serão capazes de explicar é por que esses "incas" tinham tradições ortodoxas num país católico romano, ainda que ambas as tradições sejam muito mais próximas entre si do que a cultura cigana às da India.
Outro exemplo similar nos dão os ciganos mesmos: na Italia norte- ocidental, o dialeto piemontês se fala cada vez menos entre os gadjôs, só as pessoas mais velhas ainda o conservam e já não é a língua principal das crianças piemontesas, que falam italiano. A conservação do dialeto depende exclusivamente dos sintos piemonteses, que o adotaram como a própria língua "romaní" e serão provavelmente os únicos que falarão esse dialeto ao final do presente século. Em uma situação imaginária como a descrita acima, os estudiosos do futuro chegarão à conclusão de que os autênticos piemonteses são os ciganos sintos dessa região...
Outro exemplo similar nos dão os ciganos mesmos: na Italia norte- ocidental, o dialeto piemontês se fala cada vez menos entre os gadjôs, só as pessoas mais velhas ainda o conservam e já não é a língua principal das crianças piemontesas, que falam italiano. A conservação do dialeto depende exclusivamente dos sintos piemonteses, que o adotaram como a própria língua "romaní" e serão provavelmente os únicos que falarão esse dialeto ao final do presente século. Em uma situação imaginária como a descrita acima, os estudiosos do futuro chegarão à conclusão de que os autênticos piemonteses são os ciganos sintos dessa região...
"•Ademais, os falantes do sadri tem o costume, durante cerimônias especiais, de verter um pouco de bebida, dizendo: " por nossos irmãos que o vento frio levou para além das montanhas" (comunicação pessoal por Rézmuves Melinda). Estes "irmãos" poderiam ser os prisioneiros de Mahmud. Porém é necessário um estudo mais intensivo sobre o grupo de falantes do sadri."
Outra conjectura especulativa baseada sobre dados superficiais. As deportações eram frequentes naqueles tempos, e afirmar que se referem aos ciganos é mais que atrevimento. O que é mais significativo desta tradição sadri é que o "vento frio para além das montanhas" é dificilmente aplicável a uma deportação para oeste, para além dos rios, supostamente por um vento cálido; é mais bem coerente com uma deportação para o norte, para além do Himalaia, de onde sopra o vento frio.
"•A deusa protetora de Kannauj era Kali, uma divindade que é muito popular entre os ciganos."
Esta é realmente uma estranha afirmação para alguém que se considera um estudioso da cultura romani, porque efetivamente os ciganos não têm a menor idéia da existência da deusa hindú Kali, e não tem nenhuma "popularidade". Não sei se o autor inseriu esta falsa afirmação com o único propósito de reforçar sua teoria, porém prefiro crer em sua boa fé. Não há nenhum elemento em minha família que possa levar a pensar que tal tradição tenha existido algum dia, nem tampouco existe entre as numerosas famílias de rom e sintos que conheci em todo o mundo, desde a Rússia até a Espanha, da Suécia à Itália, dos Estados Unidos à Terra do Fogo (a terra mais ao sul no mundo), de todos os ramos ciganos, dos kalderash, lovaras, churaras, aos calé espanhóis, dos sintos estraxaria e eftavagaria aos kalé finlandeses, desde os matchuaia aos horahanés sulamericanos. Desafio a quem quiser perguntar a um cigano quem pensa que é Kali - sua resposta será: "uma mulher negra", porque "kali" é o gênero feminino de "kaló", que significa negro (não porque eles saibam que o ídolo hindu é também negro). Conheço a maioria das famílias ciganas mais distintas no mundo, e sugiro ao autor visitar os rom da Argentina, onde por algum motivo a cultura cigana kalderash (russo-danubiana) se conserva de modo mais genuíno que em qualquer outro país .
A devoção de alguns grupos para "Sara kali" na Camargue (sul da França) tem que ver com a tradição católica romana, não com o hinduísmo. De fato, há "virgens negras" em quase todos os países católicos (inclusive na Polônia). Sara "kali" se chama assim porque é negra, e por casualidade ou não, tem o mesmo nome que a mãe do povo hebreu, o que pode ser a razão pela qual os ciganos católicos a elegeram como a própria santa.
A devoção de alguns grupos para "Sara kali" na Camargue (sul da França) tem que ver com a tradição católica romana, não com o hinduísmo. De fato, há "virgens negras" em quase todos os países católicos (inclusive na Polônia). Sara "kali" se chama assim porque é negra, e por casualidade ou não, tem o mesmo nome que a mãe do povo hebreu, o que pode ser a razão pela qual os ciganos católicos a elegeram como a própria santa.
"•Ademais, o antigo nome da cidade era Kanakubja (ou Kanogyza em textos gregos), que significava "molestada, vírgem maculada". A origem deste surpreendente nome se encontra numa passagem do Ramajan de Valmiki: Kusmabha fundou uma cidade chamada Mahodaja (Grande Prosperidade); ele tinha cem formosas filhas e um dia, quando brincavam no jardim real, Váju, deus do vento, se enamorou delas e quis casar-se com elas. Desgraçadamente foi rechaçado e as molestou a todas, o que deu o nome à cidade. Em outra versão, Kana Kubja era o sobrenome de uma devota molestada de Krishna, a qual o deus lhe deu um corpo restabelecido e forte como recompensa pela unção de seus pés. De fato, "vírgem molestada" era um dos títulos de Durga, a deusa guerreira, outra forma de Kali. Em outras palavras, podemos fazer uma identificação: kana kubja ("vírgem molestada") = Durga = Kali. Rajko Djuric mencionou algumas similaridades com o culto romaní de Bibia ou Kali Bibi e o mito hindu de Kali."
Outra argumentação puramente especulativa sem qualquer apoio real. Histórias similares são muito comuns no Oriente Médio (recomendo ao autor ler "As 1001 noites" para uma melhor documentação). É perfeitamente sabido que os ciganos usualmente adotam lendas dos países onde tem sido hóspedes e as adaptam segundo sua própria fantasia. É também um fato que a maioria das lendas e fábulas etiquetadas como "ciganas" são por sua vez classificadas como "judias", e ambas se consideram a fonte original. Há também algumas lendas persas, armênias e árabes na literatura oral romani.
Pergunto-me por que o autor não menciona a popularidade que tem o Profeta Elias em muitos grupos Rom...quiçá porque não pode explicar a origem indiana de tal tradição. Elias era um Profeta do Reino de Samaria.
Pergunto-me por que o autor não menciona a popularidade que tem o Profeta Elias em muitos grupos Rom...quiçá porque não pode explicar a origem indiana de tal tradição. Elias era um Profeta do Reino de Samaria.
"•O tempo que os rom passaram em Jorasán (um ou mais séculos) explicaria os numerosos temas persas integrados ao vocabulário romani (uns 70 - além de 900 temas indianos e 220 gregos), porque o Jorasán era uma região de língua persa."
O mesmo parâmetro é válido para o exílio na India. Assim como tais palavras não provam uma origem persa, tampouco o vocabulário indiano prova uma origem indiana, porém só uma longa estadia. A exposição seguinte do autor está orientada puramente no aspecto linguístico, e ainda que seja uma argumentação coerente, não prova absolutamente a orígem em Kannauj, como veremos:
"Outro elemento surpreendente é a coincidência de três caracteres linguísticos que conectam o romanês com as línguas da área de Kannauj, ou só principalmente com estas, quer dizer:
- entre todos os idiomas indianos modernos, só o braj (chamado também de braj bhaka, um idioma falado por uns 15 milhões de pessoas na região a oeste de Kannauj) e o romanês distinguem dois gêneros na terceira pessoa do singular dos pronomes pessoais: yo ou vo em braj (provavelmente ou em braj antigo) e ov, vov ou yov, "ele" em romanês para o masculino. E ya ou va em braj e oy, voy ou yoy, "ela" para o feminino, enquanto que os outros idiomas indianos tem uma forma única, usualmente yé, vé, "ele, ela" para ambos os gêneros. Estes pronomes podem ouvir-se todos os dias nas ruas de Kannauj.
- entre todos os idiomas indianos modernos, só os dialetos da área de Kannauj, alguns braj e nepalês (O Nepal está a sómente sessenta milhas de Kannauj) tem a terminação dos substantivos e adjetivos masculinos en ~o (ou ~au = ~o) idênticos ao romanês, que é também ~o: purano "antigo, velho" (em outros idiomas taruna, sinto tarno, romaní terno). De fato, a evolução dialetal de ~a a ~o depende de regras complicadas que devem ser ainda definidas.
- E por último porém não menos importante, entre todos os idiomas indianos modernos, só o awadi (uma língua falada por uns 20 milhões de pessoas em uma vasta área a leste de Kannauj) apresenta como o romanês uma forma alternativa longa para a posposição possessiva. Não há só um estrito paralelo no próprio fenômeno mas também as posposições são idênticas em sua forma: agregado à forma curta (~ka, ~ki, ~ke) que é comum a todos os idiomas indianos, o awadi tem uma variante longa ~kar(a), ~keri, ~kere, exatamente como muitos dialetos arcaicos do romanês, como os da Macedônia, Bulgária, (~qoro, ~qiri e ~qere), Eslováquia e Russia (~qero, ~qeri, ~qere), forma que foi reduzida nos dialetos sintos ( ~qro, ~qri, ~qre). Ademais, uma missão recente em algumas aldeias da zona de Kannauj descobriu indícios de um idioma inexplorado similar ao romanês (tikni "pequeno", day "mãe" [hindi "parteira"], ghoro "jarra", larika "jovem" [hindi larhka] etc...). Isto justifica a afirmação do professor Ian Hancock que "o idioma mais próximo ao romanês é o hindi ocidental", comumente chamado braj, que divide a maioria de suas características com o kannauji moderno."
Como eu disse anteriormente, o argumento é interessante, porém não prova nada, pelos seguintes motivos:
•Todas as aclarações que assinalou o autor demonstram que o idioma romaní é gramaticalmente mais complexo que a maioria das línguas faladas na India, o que significa que quando os ciganos estavam na India, muito provavelmente existia um idioma muito mais homogêneo - ainda que não evoluído - para as várias línguas que por lógica linguística adotam formas gramaticais mais simples. Isto sucedeu, por exemplo, com o latim, que um tempo era falado em uma vasta área da Europa e que evoluiu para o italiano, o espanhol, o português, o catalão, o ocitano, o romeno, etc, todos os quais tem uma gramática mais simples.
•Por conseguinte, como foi indicado, todas as línguas hindi ocidentais foram um dia um único idioma, do qual o romanês se separou num período inicial de sua formação. Esta etapa primitiva pode perfeitamente implicar no período hurrita, antes da estadia na India, porém é só uma suposição. O que se deduz em todo caso é que toda a família hindi ocidental, quer dizer, os idiomas do vale do Indo e do Rajastan, são descendentes diretos do suposto idioma "kannauji", o que implica que o romanês não deva necessariamente ter que ver com a zona de Kannauj e possa perfeitamente ter relação com toda a região desde o Kashmir até Gujarat, desde o Sindh até Uttar Pradesh.
•É também certo que toda a região mencionada acima, da qual se supõe provem o romanês, não estava então relacionada com os povos indianos mas com tribos escita-sármatas estabelecidas no vale do Indo e em Sakastan, incluindo Kannauj (que era governada por uma dinastia gujjar) e que tem algo em comum: todas chegaram ali vindas do ocidente! Há evidências irrefutáveis de que os povos da região do vale do Indo eram "sakas" e não arianos.
•O fato de que vestígios do idioma antigo ainda existem na zona de Kannauj não implica absolutamenteque essa seja a terra de orígem, e na história linguística há muitos exemplos:
- no passado o celta era falado em quase toda a Europa, hoje sobrevive em algumas regiões das Ilhas Britânicas e na Bretanha, que não são a pátria original dos celtas.
- tomando novamente como exemplo o latim, o idioma falado mais próximo hoje não é o italiano, mas o romeno, que geograficamente está muito longe do lugar onde o latim nasceu.
- por um tempo em toda a Ucrânia se falava o húngaro e línguas aparentadas, por quase quatro séculos (entre Atila e Árpád), e hoje não há vestígios do húngaro na Ucrânia, mas se fala na Hungria, Transilvânia e áreas circunstantes.
- da mesma maneira, o turco não foi falado na Ásia Menor até fins da Idade Média, e não existe mais em sua pátria de orígem.
- acertou-se que o basco (euskara) se originou no Cáucaso, o extremo oposto da Europa de onde o basco se fala hoje, sem deixar nenhum indício intermediário na longa viagem que os antigos bascos realizaram, e não se fala em nenhuma zona do Cáucaso, onde há sómente línguas aparentadas.
- o único povo que pode ler sem dificuldades as sagas nórdicas no idioma em que foram escritas são os islandeses e feroeses, enquanto que os suecos, noruegueses e dinamarqueses, cujos ancestrais as escreveram, dificilmente podem fazê-lo.
- foi possível decifrar a antiga língua dos sumérios só com a ajuda do húngaro moderno, o que demonstra o quanto é impreciso relacionar uma língua com a área geográfica onde é falada no presente.
Há muitos outros exemplos como os citados, porém estes devem ser suficientes. Ainda há outro argumento que o autor propõe:
•Todas as aclarações que assinalou o autor demonstram que o idioma romaní é gramaticalmente mais complexo que a maioria das línguas faladas na India, o que significa que quando os ciganos estavam na India, muito provavelmente existia um idioma muito mais homogêneo - ainda que não evoluído - para as várias línguas que por lógica linguística adotam formas gramaticais mais simples. Isto sucedeu, por exemplo, com o latim, que um tempo era falado em uma vasta área da Europa e que evoluiu para o italiano, o espanhol, o português, o catalão, o ocitano, o romeno, etc, todos os quais tem uma gramática mais simples.
•Por conseguinte, como foi indicado, todas as línguas hindi ocidentais foram um dia um único idioma, do qual o romanês se separou num período inicial de sua formação. Esta etapa primitiva pode perfeitamente implicar no período hurrita, antes da estadia na India, porém é só uma suposição. O que se deduz em todo caso é que toda a família hindi ocidental, quer dizer, os idiomas do vale do Indo e do Rajastan, são descendentes diretos do suposto idioma "kannauji", o que implica que o romanês não deva necessariamente ter que ver com a zona de Kannauj e possa perfeitamente ter relação com toda a região desde o Kashmir até Gujarat, desde o Sindh até Uttar Pradesh.
•É também certo que toda a região mencionada acima, da qual se supõe provem o romanês, não estava então relacionada com os povos indianos mas com tribos escita-sármatas estabelecidas no vale do Indo e em Sakastan, incluindo Kannauj (que era governada por uma dinastia gujjar) e que tem algo em comum: todas chegaram ali vindas do ocidente! Há evidências irrefutáveis de que os povos da região do vale do Indo eram "sakas" e não arianos.
•O fato de que vestígios do idioma antigo ainda existem na zona de Kannauj não implica absolutamenteque essa seja a terra de orígem, e na história linguística há muitos exemplos:
- no passado o celta era falado em quase toda a Europa, hoje sobrevive em algumas regiões das Ilhas Britânicas e na Bretanha, que não são a pátria original dos celtas.
- tomando novamente como exemplo o latim, o idioma falado mais próximo hoje não é o italiano, mas o romeno, que geograficamente está muito longe do lugar onde o latim nasceu.
- por um tempo em toda a Ucrânia se falava o húngaro e línguas aparentadas, por quase quatro séculos (entre Atila e Árpád), e hoje não há vestígios do húngaro na Ucrânia, mas se fala na Hungria, Transilvânia e áreas circunstantes.
- da mesma maneira, o turco não foi falado na Ásia Menor até fins da Idade Média, e não existe mais em sua pátria de orígem.
- acertou-se que o basco (euskara) se originou no Cáucaso, o extremo oposto da Europa de onde o basco se fala hoje, sem deixar nenhum indício intermediário na longa viagem que os antigos bascos realizaram, e não se fala em nenhuma zona do Cáucaso, onde há sómente línguas aparentadas.
- o único povo que pode ler sem dificuldades as sagas nórdicas no idioma em que foram escritas são os islandeses e feroeses, enquanto que os suecos, noruegueses e dinamarqueses, cujos ancestrais as escreveram, dificilmente podem fazê-lo.
- foi possível decifrar a antiga língua dos sumérios só com a ajuda do húngaro moderno, o que demonstra o quanto é impreciso relacionar uma língua com a área geográfica onde é falada no presente.
Há muitos outros exemplos como os citados, porém estes devem ser suficientes. Ainda há outro argumento que o autor propõe:
"No que concerne à cronologia do êxodo, esta coincide com o período de Mahmud, sendo claro que não pode ter ocorrido antes do século X d. c. porque o romanês apresenta duas características gramaticais importantes que se formaram até o final do primeiro milênio, quer dizer:
a) a formação do sistema posposicional no lugar da antiga e média flexão indiana;
b) a perda do gênero neutro com a assinalação destes substantivos ao masculino ou ao feminino. Como quase todos estes substantivos foram assinalados em romanês aos mesmos gêneros que no hindi (Hancock, 2001:10), se pode deduzir que este fenômeno se verificou quando o romanês ainda era falado em solo indiano. Portanto, o romanês se separou de outras línguas indianas só depois destas evoluções ."
a) a formação do sistema posposicional no lugar da antiga e média flexão indiana;
b) a perda do gênero neutro com a assinalação destes substantivos ao masculino ou ao feminino. Como quase todos estes substantivos foram assinalados em romanês aos mesmos gêneros que no hindi (Hancock, 2001:10), se pode deduzir que este fenômeno se verificou quando o romanês ainda era falado em solo indiano. Portanto, o romanês se separou de outras línguas indianas só depois destas evoluções ."
O que o autor não leva em consideração é o seguinte: não havia um idioma indiano unificado, mas existia um caráter distintivo entre a região escita-sármata e a região ariana. Ademais:
a) a posposição é uma característica típica das línguas escito-sarmáticas;
b) só os gêneros masculino e feminino existiam na variante do "antigo indiano" falado no vale do Indo, antes que os brâmanes conseguissem unificar toda a India ou a maior parte dela, portanto, o idioma também foi unificado e logicamente ambas as partes contribuiram. Porém a forma mais simplificada prevaleceu, pelo que o gênero neutro desapareceu da variante ariana. Não era necessário que os ciganos estivessem ainda na India quando o idioma foi unificado.
a) a posposição é uma característica típica das línguas escito-sarmáticas;
b) só os gêneros masculino e feminino existiam na variante do "antigo indiano" falado no vale do Indo, antes que os brâmanes conseguissem unificar toda a India ou a maior parte dela, portanto, o idioma também foi unificado e logicamente ambas as partes contribuiram. Porém a forma mais simplificada prevaleceu, pelo que o gênero neutro desapareceu da variante ariana. Não era necessário que os ciganos estivessem ainda na India quando o idioma foi unificado.
O resto do estudo escrito pelo autor da "teoria de Kannauj" não tem que ver com a presumida orígem do povo rom mas com alguns dados históricos sobre Kannauj que não são importantes para esta investigação, portanto eu termino aqui os comentários sobre sua hipótese e começo a expor outros aspectos da cultura romaní que são certamente mais importantes que o idioma e demonstram que os ciganos não tem nada em comum com nenhum povo da India, nem no presente, nem no passado. Os aspectos que apresentarei aqui não podem ser explicados pelos sustentadores da teoria da orígem indiana.
As características culturais e espirituais do povo rom podem classificar-se em duas categorias principais:
1)Crenças, leis, preceitos e tradições relacionadas com o hebraísmo, muito importantes no interior da comunidade romaní;
2) Práticas relacionadas com o culto do fogo e algumas crenças deste tipo, maiormente usadas nas relações com o ambiente não-cigano.
1)Crenças, leis, preceitos e tradições relacionadas com o hebraísmo, muito importantes no interior da comunidade romaní;
2) Práticas relacionadas com o culto do fogo e algumas crenças deste tipo, maiormente usadas nas relações com o ambiente não-cigano.
Antes de expor estes aspectos, convém dar um breve resumo histórico de modo que o leitor possa entender melhor como e por que os ciganos estavam na India em um determinado período e por que não podem ser originários dessa terra. A "pré-história" romaní começou na Mesopotâmia, no baixo vale do Eufrates, sua "proto-história", no baixo vale do Nilo e em Canaã...
Durante a expansão semítica no Oriente Médio, uma família semita se transladou de Sumer a Canaã e depois ao Egito, onde cresceu em número e importância dentro da sociedade egípcia, tanto que chegaram a ser odiados e submetidos a escravidão até que sua libertação chegou e abandonaram o país para se radicar em Canaã. Naquele tempo eram constituidos por treze tribos, uma das quais dedicada ao sacerdócio, e as outras doze eram o "povo", chamado Israel. Aquela nação tinha uma particularidade que a distinguia de todas as outras nações daquele tempo: criam em Um só Deus. Receberam um estatuto de leis, preceitos e artigos de fé que deviam observar e estabeleciam sua separação de toda outra gente, leis que concerniam a pureza e impureza ritual e outras características que faziam deles um povo particular, distinto de todo outro povo no mundo. Tinham uma memória comum, que haviam sido exilados no Egito, e uma herança comum, o conjunto de preceitos que estabelecia que se não os observassem, seu destino seria novamente o exílio, não no Egito, mas em toda a terra.
Sem dúvida, apenas conquistaram sua terra, as diferenças entre a Tribo mais notável e as demais começaram a ser mais evidentes, até que o Reino se dividiu em dois: as Tribos do norte eram mais apegadas a seu passado egípcio e como sinal de sua separação elegeram um ídolo egípcio em forma de bezerro para representar o Deus Único (às vezes também adoraram divindades inferiores), e rechaçaram a Tribo sacerdotal, que se uniu ao Reino de Judá no sul. O reino setentrional de Israel permitiu práticas proibidas relacionadas com a magia, adivinhação e predição da sorte. No ano 722 a.e.c., os assírios invadiram o país e levaram cativa a quase toda a população, deixando só os camponeses, e levaram os israelitas ao exílio em outra terra que haviam conquistado: o reino de Hanigalbat-Mitanni, onde se falava um idioma muito similar ao romanês e cujas divindades principais eram Indra e Varuna. Esse país não era a India, mas ficava na alta Mesopotâmia. Os nativos dali são conhecidos na história como hurritas. Farei aqui um parêntese para dar uma breve descrição dessa nação antes de continuar com a história do nosso povo:
Sem dúvida, apenas conquistaram sua terra, as diferenças entre a Tribo mais notável e as demais começaram a ser mais evidentes, até que o Reino se dividiu em dois: as Tribos do norte eram mais apegadas a seu passado egípcio e como sinal de sua separação elegeram um ídolo egípcio em forma de bezerro para representar o Deus Único (às vezes também adoraram divindades inferiores), e rechaçaram a Tribo sacerdotal, que se uniu ao Reino de Judá no sul. O reino setentrional de Israel permitiu práticas proibidas relacionadas com a magia, adivinhação e predição da sorte. No ano 722 a.e.c., os assírios invadiram o país e levaram cativa a quase toda a população, deixando só os camponeses, e levaram os israelitas ao exílio em outra terra que haviam conquistado: o reino de Hanigalbat-Mitanni, onde se falava um idioma muito similar ao romanês e cujas divindades principais eram Indra e Varuna. Esse país não era a India, mas ficava na alta Mesopotâmia. Os nativos dali são conhecidos na história como hurritas. Farei aqui um parêntese para dar uma breve descrição dessa nação antes de continuar com a história do nosso povo:
Os hurritas, ancestrais dos povos da India
A evidência mais antiga da existência de uma língua indiana não se encontra na India mas na bacia do Eufrates e do Tigre, desde o século XVI a.e.c. Ali estava o império de Mitanni, que se extendia desde a costa do Mediterrâneo até os montes Zagros, em conflito com os hititas no oeste e com os egípcios no sudoeste pelo controle do rio Eufrates. O idioma de Mitanni era hurrita; há uma clara evidência do vocabulário sânscrito nos documentos de Mitanni:
ila-ni mi-it-ra as'-s'i-il ila-ni u-ru wa.na-as's'i-el (en otro texto a.ru-na-as'.s'i-il) in.dar (otro texto: in-da.ra) ila-ni na-s'a-at-ti-ya-an-na (cf. Winckler, Mitteilungen der Deutschen Orient-Gesellschaft No. 35, 1907, p. 51, s. Boghazkoi-Studien VIII, Leipzig 1923, pp. 32 f., 54 f.)
Os quatros deuses mencionados neste tratado são os mesmos que encontramos no Rigveda (RV. 10.125.1). P. Thieme demonstrou que os deuses dos tratados de Mitanni são especificamente védicos. Varun.a e Mitra, Indra e N-satyau, com estes nomes se encontram somente nos escritos védicos. Porém, estão nos documentos hurríticos!
No tratado entre os hititas e Mitanni, os reis de Mitanni juraram por: Mi-it-ra (índico Mitra), Aru-na (Varun.a), In-da-ra (Indra) e Na-as-at-tiya (Nasatya ou As'wins). Num texto hitita relativo ao adestramento de cavalos e ao uso dos carros de guerra escrito por Kikkuli (um hurrita) se usam os números indianos para indicar as voltas de um carro num percurso: aika (índico eka 'um'), tera (tri 'três'), panza (panca 'cinco'), satta (sapta 'sete') e na (nava 'nueve').
Em outro texto hurrita de Nuzi se usam palavras indianas para descrever a cor dos cavalos, por exemplo, babru (índico babhru 'marrom'), parita (palita "cinza") e pinkara (pingala 'rosa pink'). O guerreiro a cavalo de Mitanni era chamado "marya" (indiano-védico marya, 'guerreiro, jovem'). Ademais há uma série de nomes dos nobres e aristocratas de Mitanni que são claramente indianos.
É já geralmente aceito pela grande maioria dos "experts" na materia que os vestígios linguísticos arianos no Oriente Médio são especificamente indianos e não iranianos, e que não pertencem a um terceiro grupo nem tampouco se devem atribuir a um hipotético proto-ariano. Esta conclusão foi incorporada na obra de M. Mayrhofer, em sua bibliografia sobre o argumento, Die Indo-Arier im Alten Vorderasien (Wiesbaden, 1966), e é a interpretação comumente aceita. Esta se baseia no fato de que quando existem divergências entre o iraniano e o indiano e quando tais elementos aparecem em documentos do Oriente Médio, estes últimos sempre concordam com o indiano.
A divisão do proto-ariano em seus dois ramos, indiano e iraniano, deve necessariamente ter ocorrido antes que tais línguas se tenham estabelecido em seus respectivos territórios e não meramente como consequência de desenvolvimento independente depois que os indianos se estabeleceram na India e os iranianos no Iran. Esta conclusão poderia demonstrar-se errônea somente se se pudesse demonstrar que os indianos védicos, uma vez emigrados até a região do Penyab desde sua pátria primitiva tenham empreendido uma viagem de regresso até o Oriente Médio. Não há nenhuma evidência de tal eventualidade e por conseguinte uma teoria que suponha tal complicação pode ser ignorada com absoluta segurança... Uma conclusão ulterior em base a esta hipótese é que o período proto-ariano deveria ser antecipado muitíssimo tempo com respeito ao que se tenha estabelecido, e de todas as maneiras não poderia ser mandado a um período anterior ao século XX a.e.c., no máximo.
Sarasvati é em primeiro lugar o nome proto-indiano de um rio no Iran, que depois da migração foi transferido ao rio da India. O nome iraniano, Haraxvaiti, é uma palavra tomada em préstimo do proto-indiano, com a substituição de h- por s-, o que ocorre também em Hind/Sindhu. Outro caso similar é o nome do rio Sarayu, que foi transferido do Iran (Haraiva-/Haro-yu) a um rio do noroeste da India, e após a um afluente do Ganges na India oriental.
Os hurritas estavam presentes no Oriente Médio desde tempos remotos, o que se pode determinar em base a termos suméricos com ta/ibira, 'ferreiro em cobre', para o qual há suficientes provas que pertence a uma orígem hurrita (Otten 1984, Wilhelm 1988). Atal-s'en se descreve a si mesmo como o filho de S'atar-mat, de outra maneira desconhecido, cujo nome é também hurrita. A regra de Atal-s'en não pode ser datada com certeza, porém provavelmente pertence ao final do período gúteo (cerca de 2090-2048 a.e.c.), ou as primeiras décadas do período de Ur III (2047-1940 a.e.c.). Documentos do período de Ur III revelam que a área montanhosa ao leste e ao norte do vale do Tigre e do Eufrates eram então habitadas por povos de língua hurrítica, que eventualmente penetraram na região oriental do Tigre ao norte de Diyala. Como resultado das guerras de S'ulgi (2029-1982 a.e.c.), um grande número de prisioneiros hurritas se encontravam em Sumer, onde eram empregados em trabalhos forçados. Por este motivo, um grande número de nomes hurritas se encontram na baixa Mesopotâmia no período de Ur III. A etmologia de tais nomes é certamente ou quase seguramente indiana, por exemplo Artatama = védico r.ta-dha-man, 'cuja habitação é r.ta', Tus'ratta (Tuis'eratta) = védico tves.a-ratha, 'cujo carro surge com ímpeto', Sattiwaza = antigo indiano sa_ti-va_ja. 'que toma un botim', védico va-ja-sa-ti, 'aquisição de un botim' (Mayrhofer 1974: 23-25). O idioma hurrita se usava no século XIV a.c. ao menos até a Síria central (Qatna, e provavelmente Qadesh), e sua expansão provavelmente foi o resultado dos movimentos demográficos durante a hegemonia de Mitanni. Entre os deuses que eram ainda adorados no fim do século XIV pelos reis de Mitanni encontramos Mitra, Varuna, Indra e os gêmeos Nasatya, que cononhecemos através dos vedas, os poemas indianos mais antigos.
No tratado entre os hititas e Mitanni, os reis de Mitanni juraram por: Mi-it-ra (índico Mitra), Aru-na (Varun.a), In-da-ra (Indra) e Na-as-at-tiya (Nasatya ou As'wins). Num texto hitita relativo ao adestramento de cavalos e ao uso dos carros de guerra escrito por Kikkuli (um hurrita) se usam os números indianos para indicar as voltas de um carro num percurso: aika (índico eka 'um'), tera (tri 'três'), panza (panca 'cinco'), satta (sapta 'sete') e na (nava 'nueve').
Em outro texto hurrita de Nuzi se usam palavras indianas para descrever a cor dos cavalos, por exemplo, babru (índico babhru 'marrom'), parita (palita "cinza") e pinkara (pingala 'rosa pink'). O guerreiro a cavalo de Mitanni era chamado "marya" (indiano-védico marya, 'guerreiro, jovem'). Ademais há uma série de nomes dos nobres e aristocratas de Mitanni que são claramente indianos.
É já geralmente aceito pela grande maioria dos "experts" na materia que os vestígios linguísticos arianos no Oriente Médio são especificamente indianos e não iranianos, e que não pertencem a um terceiro grupo nem tampouco se devem atribuir a um hipotético proto-ariano. Esta conclusão foi incorporada na obra de M. Mayrhofer, em sua bibliografia sobre o argumento, Die Indo-Arier im Alten Vorderasien (Wiesbaden, 1966), e é a interpretação comumente aceita. Esta se baseia no fato de que quando existem divergências entre o iraniano e o indiano e quando tais elementos aparecem em documentos do Oriente Médio, estes últimos sempre concordam com o indiano.
A divisão do proto-ariano em seus dois ramos, indiano e iraniano, deve necessariamente ter ocorrido antes que tais línguas se tenham estabelecido em seus respectivos territórios e não meramente como consequência de desenvolvimento independente depois que os indianos se estabeleceram na India e os iranianos no Iran. Esta conclusão poderia demonstrar-se errônea somente se se pudesse demonstrar que os indianos védicos, uma vez emigrados até a região do Penyab desde sua pátria primitiva tenham empreendido uma viagem de regresso até o Oriente Médio. Não há nenhuma evidência de tal eventualidade e por conseguinte uma teoria que suponha tal complicação pode ser ignorada com absoluta segurança... Uma conclusão ulterior em base a esta hipótese é que o período proto-ariano deveria ser antecipado muitíssimo tempo com respeito ao que se tenha estabelecido, e de todas as maneiras não poderia ser mandado a um período anterior ao século XX a.e.c., no máximo.
Sarasvati é em primeiro lugar o nome proto-indiano de um rio no Iran, que depois da migração foi transferido ao rio da India. O nome iraniano, Haraxvaiti, é uma palavra tomada em préstimo do proto-indiano, com a substituição de h- por s-, o que ocorre também em Hind/Sindhu. Outro caso similar é o nome do rio Sarayu, que foi transferido do Iran (Haraiva-/Haro-yu) a um rio do noroeste da India, e após a um afluente do Ganges na India oriental.
Os hurritas estavam presentes no Oriente Médio desde tempos remotos, o que se pode determinar em base a termos suméricos com ta/ibira, 'ferreiro em cobre', para o qual há suficientes provas que pertence a uma orígem hurrita (Otten 1984, Wilhelm 1988). Atal-s'en se descreve a si mesmo como o filho de S'atar-mat, de outra maneira desconhecido, cujo nome é também hurrita. A regra de Atal-s'en não pode ser datada com certeza, porém provavelmente pertence ao final do período gúteo (cerca de 2090-2048 a.e.c.), ou as primeiras décadas do período de Ur III (2047-1940 a.e.c.). Documentos do período de Ur III revelam que a área montanhosa ao leste e ao norte do vale do Tigre e do Eufrates eram então habitadas por povos de língua hurrítica, que eventualmente penetraram na região oriental do Tigre ao norte de Diyala. Como resultado das guerras de S'ulgi (2029-1982 a.e.c.), um grande número de prisioneiros hurritas se encontravam em Sumer, onde eram empregados em trabalhos forçados. Por este motivo, um grande número de nomes hurritas se encontram na baixa Mesopotâmia no período de Ur III. A etmologia de tais nomes é certamente ou quase seguramente indiana, por exemplo Artatama = védico r.ta-dha-man, 'cuja habitação é r.ta', Tus'ratta (Tuis'eratta) = védico tves.a-ratha, 'cujo carro surge com ímpeto', Sattiwaza = antigo indiano sa_ti-va_ja. 'que toma un botim', védico va-ja-sa-ti, 'aquisição de un botim' (Mayrhofer 1974: 23-25). O idioma hurrita se usava no século XIV a.c. ao menos até a Síria central (Qatna, e provavelmente Qadesh), e sua expansão provavelmente foi o resultado dos movimentos demográficos durante a hegemonia de Mitanni. Entre os deuses que eram ainda adorados no fim do século XIV pelos reis de Mitanni encontramos Mitra, Varuna, Indra e os gêmeos Nasatya, que cononhecemos através dos vedas, os poemas indianos mais antigos.
A longa viagem para a India
Voltando à história do nosso povo, o país descrito acima é onde os encontramos em 722 a. c. Este foi o começo da evolução de seu novo idioma adquirido, e o início do esquecimento da identidade do povo que foram no passado, exceto pela consciência de saber que eram diferentes, um povo particular que não pode mesclar-se com os "goyim" (logo "gadjôs", "payos"). Tem certos preceitos aos quais não renunciariam, as leis de pureza ritual e a crença em um Deus Único, o Deus que prometeu e cumpriu: seriam de novo espalhados e viveriam no exílio, quiçá para sempre...Não serão mais chamados "Israel", agora são só "homens", que seus ancestrais no Egito chamavam "rom".
Depois da deportação assíria, os babilônios exilaram também os compatriotas do Reino de Judá, porém eles mantiveram sua identidade, sua estrutura social e sua Tribo sacerdotal, e 70 anos depois regressaram a Canaã, sendo então reconhecidos como "judeus". Em seu relativamente curto exílio, lograram resgatar parte de seus irmãos do antigo Reino de Samaria, porém a maioria deles permaneceu na diáspora.
Babilônia caiu em mãos de uma nova potência, Média e Pérsia, um povo não semítico e de algum modo aparentado com os hurritas de Mitanni. Tinham uma religião particular que incluia o culto do fogo e a magia; de fato os membros da casta sacerdotal se chamavam magos. Os exilados, anteriormente israelitas e agora simplesmente "homens", rom, eram muito hábeis em tais artes e entenderam que praticá-las era proveitoso, pelo que adotaram tais elementos e os incorporaram na própria cultura, porém em função de suas relações com os outros, os gadjôs. O Império Persa era vasto, se extendia até Sakastan, mais além do Sindh. O vale do Indo era uma terra muito desejável, e teria ajudado a esquecer o exílio na Assíria, o lugar ideal para estabelecer-se e começar uma nova vida...
Babilônia caiu em mãos de uma nova potência, Média e Pérsia, um povo não semítico e de algum modo aparentado com os hurritas de Mitanni. Tinham uma religião particular que incluia o culto do fogo e a magia; de fato os membros da casta sacerdotal se chamavam magos. Os exilados, anteriormente israelitas e agora simplesmente "homens", rom, eram muito hábeis em tais artes e entenderam que praticá-las era proveitoso, pelo que adotaram tais elementos e os incorporaram na própria cultura, porém em função de suas relações com os outros, os gadjôs. O Império Persa era vasto, se extendia até Sakastan, mais além do Sindh. O vale do Indo era uma terra muito desejável, e teria ajudado a esquecer o exílio na Assíria, o lugar ideal para estabelecer-se e começar uma nova vida...
Ultimamente há uma organização judaica internacional chamada "Kulanu" ("Todos nós") que se ocupa especialmente em encontrar as Tribos perdidas do antigo Israel e está logrando bons resultados em tal obra; há uma área particular no mundo onde muitos dos antigos israelitas "perdidos" tem sido achados: a India. Há descendentes dos israelitas deportados pelos assírios em cada rincão da India, desde o Kashmir a Kerala, desde Assam até o Afeganistão. Estão sendo identificados não através do idioma, pois falam línguas indianas, mas através de suas características culturais - Porém, nenhum deles tem tantos elementos hebraicos como os ciganos! É um fato acertado historicamente que as chamadas "Tribos perdidas" de Israel emigraram, segundo indiscutíveis evidências, para a India durante os períodos persa e macedônico, e que a maior parte preferiu estabelecer-se na região habitada por povos escita-sármatas, quer dizer, no vale do Indo, Kashmir, Rajastan e o alto vale do Ganges. Provavelmente não eram uma massa homogênea, pois emigraram em grupos separados para terras diferentes que geraram novas identidades étnicas, o que significa que os rom são somente um dos vários grupos israelitas que não conhecem sua própria orígem - a diferença é que os ciganos um dia regressaram ao ocidente e chamaram a atenção dos europeus, enquanto que os demais que permanecem no oriente seguem sendo ignorados e provavelmente perderam a maior parte das características que permitiriam identificá-los, características que o povo rom conservou num grau suficientemente aceitável.
Um fator que os estudiosos não levam em consideração quando investigam o argumento da orígem do povo rom é a complexidade étnica da India naquele período e supoem que tenha sido uma população mono-étnica puramente ariana, o que é uma premissa falsa que leva a conclusões definitivamente errôneas. De fato, a região de população ariana começava a sudeste de Uttar Pradesh e ao leste de Rajastan-Gujarat, enquanto que estas regiões e as terras a oeste das mesmas eram habitadas por povos escita-sarmáticos, iranianos e inclusive helênicos, além dos exilados israelitas. Um estudo geral sobre os povos e tribos que habitam desde a India norte-ocidental até o Iran revela que quase todos eles, senão todos, mantém em suas tradições a crença de que seus ancestrais chegaram ali vindos do ocidente, normalmente relacionando tal movimento com os israelitas deportados ou com os contingentes de Alexandre Magno. Alguns clans pashtun assim como a maioria das tribos kashmiris proclamam ser de orígem israelita e inclusive alguns traçam sua descendência até o Rei Saul; uma tradição similar existe entre os kalash do Nuristan, um povo que em muitos aspectos se parece com os ciganos. Os exilados hebreus-assírios encontraram uma maior tolerãncia entre as gentes escita-sarmáticas que entre outros, e suas terras eram muito mais preferidas que as dos intolerantes arianos. O mesmo sucedeu a seus irmãos judeus. É significativo o fato de que a maior parte de ambos os povos, judeus e rom, encontraram um refúgio seguro na Europa escita-sarmática por muitos séculos: efetivamente, o centro de ambas as culturas foi a Europa oriental, particularmente Hungria e Rússia. O idioma romaní teria virtualmente desaparecido se os ciganos não se tivessem estabelecido nesses países, como está provado, a gramática romaní e grande parte do vocabulário se perderam na Europa central e ocidental, por causa de perseguições e proibição da manifestação da cultura cigana, da mesma maneira que aos judeus era proibido expressar o próprio judaísmo - sem esquecer o que pode significar para os ciganos ser chamados "arianos" depois da Shoah/Porhaymós... A estadia na Europa oriental inclusive determinou algumas características relativas ao vestir, de fato, o típico traje e chapéu que usam hoje os judeus ortodoxos ashkenazim pertence à nobreza polaca e báltica do final da idade média e período sucessivo. E não é muito diferente do traje e chapéu que usam os homens dos grupos rom mais "ortodoxos". Além do vestir, os ciganos normalmente usam costeletas abundantes, um aceitável substituto das "pe'ot" judaicas.
Um fator que os estudiosos não levam em consideração quando investigam o argumento da orígem do povo rom é a complexidade étnica da India naquele período e supoem que tenha sido uma população mono-étnica puramente ariana, o que é uma premissa falsa que leva a conclusões definitivamente errôneas. De fato, a região de população ariana começava a sudeste de Uttar Pradesh e ao leste de Rajastan-Gujarat, enquanto que estas regiões e as terras a oeste das mesmas eram habitadas por povos escita-sarmáticos, iranianos e inclusive helênicos, além dos exilados israelitas. Um estudo geral sobre os povos e tribos que habitam desde a India norte-ocidental até o Iran revela que quase todos eles, senão todos, mantém em suas tradições a crença de que seus ancestrais chegaram ali vindos do ocidente, normalmente relacionando tal movimento com os israelitas deportados ou com os contingentes de Alexandre Magno. Alguns clans pashtun assim como a maioria das tribos kashmiris proclamam ser de orígem israelita e inclusive alguns traçam sua descendência até o Rei Saul; uma tradição similar existe entre os kalash do Nuristan, um povo que em muitos aspectos se parece com os ciganos. Os exilados hebreus-assírios encontraram uma maior tolerãncia entre as gentes escita-sarmáticas que entre outros, e suas terras eram muito mais preferidas que as dos intolerantes arianos. O mesmo sucedeu a seus irmãos judeus. É significativo o fato de que a maior parte de ambos os povos, judeus e rom, encontraram um refúgio seguro na Europa escita-sarmática por muitos séculos: efetivamente, o centro de ambas as culturas foi a Europa oriental, particularmente Hungria e Rússia. O idioma romaní teria virtualmente desaparecido se os ciganos não se tivessem estabelecido nesses países, como está provado, a gramática romaní e grande parte do vocabulário se perderam na Europa central e ocidental, por causa de perseguições e proibição da manifestação da cultura cigana, da mesma maneira que aos judeus era proibido expressar o próprio judaísmo - sem esquecer o que pode significar para os ciganos ser chamados "arianos" depois da Shoah/Porhaymós... A estadia na Europa oriental inclusive determinou algumas características relativas ao vestir, de fato, o típico traje e chapéu que usam hoje os judeus ortodoxos ashkenazim pertence à nobreza polaca e báltica do final da idade média e período sucessivo. E não é muito diferente do traje e chapéu que usam os homens dos grupos rom mais "ortodoxos". Além do vestir, os ciganos normalmente usam costeletas abundantes, um aceitável substituto das "pe'ot" judaicas.
Premissas para uma hipótese:
•Os aspectos espirituais e culturais do povo rom coincidem exclusivamente com antigas características hebraicas;
•Os elementos relativos ao culto do fogo presentes na sociedade cigana implicam que o povo rom esteve estabelecido na Pérsia por um período suficientemente longo para havê-los adotado, e necessariamente antes da dominação islâmica, o que significa, antes de haver chegado à India;
•Alguns rudimentos culturais escita-sarmáticos presentes nos costumes ciganos são os únicos vestígios da estadia na India (além do idioma) e revelam que se estabeleceram na região não-ariana da India; tais elementos pertencem a esse período e não a um posterior, porque a cultura escita-sarmática tinha sido plenamente absorvida pelas civilizações eslavas e húngara quando os ciganos chegaram à Europa oriental;
•Quanto ao idioma, é muito provável que os rom falassem já uma língua indiana antes de chegar à India e que essa língua tenha sido o hurrita, adotado durante os primeiros séculos do exílio na terra de Mittani.
•Os elementos relativos ao culto do fogo presentes na sociedade cigana implicam que o povo rom esteve estabelecido na Pérsia por um período suficientemente longo para havê-los adotado, e necessariamente antes da dominação islâmica, o que significa, antes de haver chegado à India;
•Alguns rudimentos culturais escita-sarmáticos presentes nos costumes ciganos são os únicos vestígios da estadia na India (além do idioma) e revelam que se estabeleceram na região não-ariana da India; tais elementos pertencem a esse período e não a um posterior, porque a cultura escita-sarmática tinha sido plenamente absorvida pelas civilizações eslavas e húngara quando os ciganos chegaram à Europa oriental;
•Quanto ao idioma, é muito provável que os rom falassem já uma língua indiana antes de chegar à India e que essa língua tenha sido o hurrita, adotado durante os primeiros séculos do exílio na terra de Mittani.
As evidências
Há evidências irrefutáveis que concernem ao povo rom, que são a chave para descobrir sua verdadeira orígem e permitem elaborar uma trajetória histórica factível. Aqui apresento algumas delas.
Credo
As crenças ciganas mostram as seguintes características:
•Estrito monoteísmo, sem o mínimo indício de algum passado politeísta ou panteísta.
•O caráter muito pessoal de Deus, Que é acessível e com Quem é possível dialogar e inclusive discutir (concepção hebraica) - não é inacessível como Alá nem tampouco relativamente acessível como no cristianismo, que necessita de um Mediador para ter um contato pessoal com Ele.
•A existência de um mundo espiritual que consiste em espíritos puros e impuros (concepção hebraica), que representam o bem e o mal e lutam constantemente - este conceito é originalmente hebraico, porém com uma marcada influência zoroástrica que é o resultado natural do exílio assírio/babilônico/persa e que se desenvolveu da mesma forma que o judaísmo cabalístico, mostrando uma evolução contemporânea da espiritualidade cigana e do judaísmo místico, no mesmo ambiente geográfico.
•A crença na morte como uma passagem definitiva ao mundo espiritual (conceito hebreu). Não se encontra o menor indício da idéia da reencarnação.
•A pessoa falecida é impura durante sua viagem ao reino das almas (conceito hebreu), e todas as coisas relacionadas com sua morte são impuras, como também o são seus parentes durante o período do luto (conceito hebreu). Maiores detalhes no tema seguinte, "marimé".
•O destino final do cigano depois da morte é o Paraíso, enquanto que os gadjôs podem ser redimidos e ascender ao Paraíso se foram bons com os ciganos - uma idéia similar ao conceito judeu de "justo entre os gentis".
•Estrito monoteísmo, sem o mínimo indício de algum passado politeísta ou panteísta.
•O caráter muito pessoal de Deus, Que é acessível e com Quem é possível dialogar e inclusive discutir (concepção hebraica) - não é inacessível como Alá nem tampouco relativamente acessível como no cristianismo, que necessita de um Mediador para ter um contato pessoal com Ele.
•A existência de um mundo espiritual que consiste em espíritos puros e impuros (concepção hebraica), que representam o bem e o mal e lutam constantemente - este conceito é originalmente hebraico, porém com uma marcada influência zoroástrica que é o resultado natural do exílio assírio/babilônico/persa e que se desenvolveu da mesma forma que o judaísmo cabalístico, mostrando uma evolução contemporânea da espiritualidade cigana e do judaísmo místico, no mesmo ambiente geográfico.
•A crença na morte como uma passagem definitiva ao mundo espiritual (conceito hebreu). Não se encontra o menor indício da idéia da reencarnação.
•A pessoa falecida é impura durante sua viagem ao reino das almas (conceito hebreu), e todas as coisas relacionadas com sua morte são impuras, como também o são seus parentes durante o período do luto (conceito hebreu). Maiores detalhes no tema seguinte, "marimé".
•O destino final do cigano depois da morte é o Paraíso, enquanto que os gadjôs podem ser redimidos e ascender ao Paraíso se foram bons com os ciganos - uma idéia similar ao conceito judeu de "justo entre os gentis".
Estes parâmetros de fé vão mais além da religião "oficial" que os ciganos possam professar. Geralmente há elementos adicionais que pertencem à coinfissão adotada, os quais expressam de modo pitoresco e observam com grande respeito, como por exemplo a "pomana", uma prática ortodoxa, e outras cerimônias. Também há particulares complementares de natureza supersticiosa, todos os quais tem sua orígem no culto do fogo da antiga Pérsia. Alguns são válidos no interior da sociedade cigana, como por exemplo ter sempre o fogo aceso em casa, dia e noite, inverno e verão (uma tradição que mantem as famílias mais conservadoras, enquanto que em geral está evoluindo para o uso de um fogo "simbólico" como a televisão, sempre acesa mesmo que não a esteja vendo ninguém). Outros costumes se praticam só externamente, como a adivinhação, leitura das mãos, tarot, etc., em cujos poderes particulares os ciganos não crêem porém os usam como meio de ganho no mundo dos gadjôs. Isto foi aprendido dos magos e alquimistas da Pérsia.
Há fundados motivos para pensar que os rom eram já cristãos desde o primeiro século d. c., quer dizer, antes que chegassem à India ou durante o primeiro período de sua estadia nessa região, e é a razão pela qual não adotaram nenhum elemento hinduista em suas crenças. Resulta que os rom eram bem informados sobre o cristianismo quando chegaram à Europa, apesar de não haver tido a possibilidade de ler a Bíblia. Há algo misterioso na espiritualidade cigana que nas últimas décadas os levou a uma aproximação genuína aos movimentos evangélicos (a forma do cristianismo mais próxima do judaísmo, sem santos nem culto de imagens) e neste período muitos ciganos estão dando um passo sucessivo para o judaísmo messiânico. Não existe nenhum outro povo no mundo que tenha experimentado um tal número de conversões, quase em massa, em tão pouco tempo. O fato interessante é que este fenômeno não é resultado de obra missionária mas que se manifestou de modo expontâneo e autônomo (efetivamente, os gadjôs dificilmente se atreveriam a evangelizar os "ciganos", devotos das artes ocultas e da magia, segundo os comuns preconceitos). Contra toda probabilidade lógica, ciganos de distintos países e quase contemporâneamente, sem conhecer-se nem comunicar-se entre si, começaram a ler a Bíblia e formar suas próprias comunidades evangélicas. Agora existe a atividade missionária, porém é desenvolvida pelos ciganos mesmos e dirigida ao próprio povo. Isto se explica só considerando que existe uma herança atávica que é um fator especial da espiritualidade romaní. A maioria dos rom agora está abandonando práticas ancestrais originadas no culto do fogo e outras práticas proibidas pela Torá, como a pomana, a adivinhação e outras coisas.
Uma conjectura factível (ressalto: uma conjectura) pode ser que a primeira aproximação ao cristianismo tenha que ver com os bíblicos "magos do oriente" que foram adorar ao infante Yeshua de Nazaré; evidentemente não eram simplesmente adoradores do fogo persas, mas pessoas que esperavam na promessa messiânica de Israel. Portanto, israelitas do antigo Reino de Samaria que nesse tempo estavam já completamente imersos no culto zoroástrico, porém esperando a redenção do próprio povo. Documentos históricos assinalam que no século I d. c. houve conversões em massa na Assíria, onde os apóstolos foram enviados a buscar as "ovelhas perdidas da Casa de Israel", e muitos habitavam precisamente nessa região. Outros apóstolos chegaram à India. Um fato curioso é que os israelitas recentemente descobertos na India são cristãos, não hindus ou de outra religião. A completa ausência de elementos hindus na espiritualidade romaní deve ter um significado.
Há fundados motivos para pensar que os rom eram já cristãos desde o primeiro século d. c., quer dizer, antes que chegassem à India ou durante o primeiro período de sua estadia nessa região, e é a razão pela qual não adotaram nenhum elemento hinduista em suas crenças. Resulta que os rom eram bem informados sobre o cristianismo quando chegaram à Europa, apesar de não haver tido a possibilidade de ler a Bíblia. Há algo misterioso na espiritualidade cigana que nas últimas décadas os levou a uma aproximação genuína aos movimentos evangélicos (a forma do cristianismo mais próxima do judaísmo, sem santos nem culto de imagens) e neste período muitos ciganos estão dando um passo sucessivo para o judaísmo messiânico. Não existe nenhum outro povo no mundo que tenha experimentado um tal número de conversões, quase em massa, em tão pouco tempo. O fato interessante é que este fenômeno não é resultado de obra missionária mas que se manifestou de modo expontâneo e autônomo (efetivamente, os gadjôs dificilmente se atreveriam a evangelizar os "ciganos", devotos das artes ocultas e da magia, segundo os comuns preconceitos). Contra toda probabilidade lógica, ciganos de distintos países e quase contemporâneamente, sem conhecer-se nem comunicar-se entre si, começaram a ler a Bíblia e formar suas próprias comunidades evangélicas. Agora existe a atividade missionária, porém é desenvolvida pelos ciganos mesmos e dirigida ao próprio povo. Isto se explica só considerando que existe uma herança atávica que é um fator especial da espiritualidade romaní. A maioria dos rom agora está abandonando práticas ancestrais originadas no culto do fogo e outras práticas proibidas pela Torá, como a pomana, a adivinhação e outras coisas.
Uma conjectura factível (ressalto: uma conjectura) pode ser que a primeira aproximação ao cristianismo tenha que ver com os bíblicos "magos do oriente" que foram adorar ao infante Yeshua de Nazaré; evidentemente não eram simplesmente adoradores do fogo persas, mas pessoas que esperavam na promessa messiânica de Israel. Portanto, israelitas do antigo Reino de Samaria que nesse tempo estavam já completamente imersos no culto zoroástrico, porém esperando a redenção do próprio povo. Documentos históricos assinalam que no século I d. c. houve conversões em massa na Assíria, onde os apóstolos foram enviados a buscar as "ovelhas perdidas da Casa de Israel", e muitos habitavam precisamente nessa região. Outros apóstolos chegaram à India. Um fato curioso é que os israelitas recentemente descobertos na India são cristãos, não hindus ou de outra religião. A completa ausência de elementos hindus na espiritualidade romaní deve ter um significado.
As leis rituais, "marimé"
O conceito cigano de "marimê" equivale à forma negativa do conceito judeu de "kosher"; o primeiro indica impureza ritual, o segundo se refere à pureza ritual. A parte esta diferença de ponto de vista, a essência é a mesma (é como dizer se o copo está metade cheio ou metade vazio). O que para os rom é marimê, não é kosher para um judeu, portanto ambos tomaram as medidas necessárias para não serem contaminados, ou se se referem à uma contaminação inevitável ou indispensável, ambos seguirão certas regras para purificar-se. Da mesma maneira que é a kashrut no judaísmo, as leis que regulam o marimê são um valor fundamental na sociedade romaní e determinam os limites do ambiente social e espiritual, e condicionam suas relações com o mundo exterior (a sociedade dos gadjôs). Os Rom classificam todas as coisas em duas categorias: "vuzhô" (=kosher, puro) ou "marimê" (impuro). Esta classificação concerne primeiramente ao corpo humano, porém se extende ao mundo espiritual, à casa ou acampamento, animais e coisas.
•O corpo humano: as regras que regem as partes do corpo que devem ser consideradas impuras são exatamente as mesmas que encontramos na Torá (Lei de Moisés), em Levítico cap. 15. Em primeiro lugar, os órgãos genitais, porque transmitem fluxos do interior do corpo, e a parte inferior do corpo, porque está abaixo dos genitais. A parte superior externa do corpo é pura, a boca em primeiro lugar. As mãos tem um caráter transitivo porque devem exercitar atos puros e impuros alternativamente, pelo qual devem ser lavadas de um modo particular, por exemplo se alguém deve comer depois de ter posto os sapatos ou levantado da cama (que é impura porque está em contato com o corpo inferior). Quando as mãos foram contaminadas, devem lavar-se com um sabão separado e secar-se com uma toalha separada para tal fim. Distintos sabões e toalhas se devem usar sempre para as partes superior e inferior do corpo, e não podem ser intercambiados.
•Roupas: devem-se distinguir para serem lavadas separadamente, em diferentes recipientes destinados para cada categoria. As vestes impuras se devem lavar sempre no recipiente marimê, e os vestidos puros por sua vez se separam das toalhas e guardanapos, pois vão à mesa e tem seu próprio recipiente. As vestes do corpo superior e das crianças se lavam no recipiente vuzhô, os do corpo inferior no recipiente marimê. Todos as vestes da mulher são impuras no período das menstruações e se lavam com os artigos marimê. O único povo que aplica estas regras para lavar fora os ciganos são os judeus.
•O acampamento: antes da recente urbanização forçada, o lar romaní era o campo, muito mais que a casa. O campo goza da categoria de pureza territorial, pelo qual as necessidades fisiológicas se devem fazer fora do mesmo e das proximidades (ou eventualmente, os serviços higiênicos se constroem fora do campo); este é um preceito judaico (Deuteronômio 23:12). O lixo também deve ser posto a uma distância aceitável do campo.
•Nascimento: o nascimento de uma criança é um evento impuro e deve ocorrer, quando possível, em uma tenda isolada próxima, fora do campo. Depois do nascimento, a mãe é considerada impura por quarenta dias e sobretudo na primeira semana: esta regra é exclusivamente mosaica, estabelecida na Torá - Levítico 12:2-4 -. Durante esse período, a mulher não pode ter contato com coisas puras ou realizar atividades como cozinhar ou apresentar-se em público, especialmente na presença dos anciães, e não pode assistir a serviços religiosos. São destinados pratos, xícaras e utensílios exclusivamente para ela, os quais se descartam passado o período de purificação, assim mesmo os vestidos e a cama que usou se queimam, e também a tenda onde ela habitou durante esses 40 dias. Esta lei é completamente desconhecida para todos os povos, exceto ciganos e judeus.
•Morte: como prescreve a Lei judaica, a morte de uma pessoa comporta impureza ritual para todos os familiares e todas as coisas que tenham sido involucradas nesse momento. Toda a comida que havia na casa do falecido deve ser jogada, e a família é impura por três dias. Devem-se observar regras particulares durante esses três dias, como lavar-se só com água para não fazer espuma, não pentear-se nem enfeitar-se, nem varrer, nem fazer furos, nem escrever ou pintar, nem tirar fotografias, e muitas outras coisas. Os espelhos devem ser cobertos. O acampamento onde ocorreu a morte é abandonado e transladado a outro lugar, ou se vende a casa aos gadjôs. A alma do defunto se crê que vaga por três dias para purificar-se antes de chegar a sua habitação final: isto não está escrito nas Escrituras Hebréias, porém é uma idéia comum entre algumas correntes místicas do judaísmo. O conceito que estabelece que o contato com o corpo morto implica impureza não se encontra em nenhuma tradição se não só na Bíblia (Levítico 21:1). Assim como está prescrito na Lei Judaica, também entre os rom é obrigatório que o corpo seja sepultado e não pode ser queimado.
•Coisas: podem ser marimê por natureza ou por uso, ou ser contaminadas por circunstâncias acidentais. Qualquer coisa que entre em contato com a parte inferior do corpo é impura, como sapatos, meias, etc., enquanto que as mesas são puras. As regras que concernem estas leis são descritas em Levítico 15 e outras Escrituras Hebraicas.
•Animais: os ciganos consideram que os animais podem ser puros ou impuros, ainda que os parâmetros em base aos quais são classificados diferem dos hebraicos. Por exemplo, cachorros e gatos são marimê porque lambem a si mesmos, cavalos, asnos e todo animal de monta é impuro porque a pessoa se senta sobre eles, etc. Os animais impuros não se devem comer.
•Espíritos: os espíritos maléficos são marimê, o que é um conceito judaico.
•O corpo humano: as regras que regem as partes do corpo que devem ser consideradas impuras são exatamente as mesmas que encontramos na Torá (Lei de Moisés), em Levítico cap. 15. Em primeiro lugar, os órgãos genitais, porque transmitem fluxos do interior do corpo, e a parte inferior do corpo, porque está abaixo dos genitais. A parte superior externa do corpo é pura, a boca em primeiro lugar. As mãos tem um caráter transitivo porque devem exercitar atos puros e impuros alternativamente, pelo qual devem ser lavadas de um modo particular, por exemplo se alguém deve comer depois de ter posto os sapatos ou levantado da cama (que é impura porque está em contato com o corpo inferior). Quando as mãos foram contaminadas, devem lavar-se com um sabão separado e secar-se com uma toalha separada para tal fim. Distintos sabões e toalhas se devem usar sempre para as partes superior e inferior do corpo, e não podem ser intercambiados.
•Roupas: devem-se distinguir para serem lavadas separadamente, em diferentes recipientes destinados para cada categoria. As vestes impuras se devem lavar sempre no recipiente marimê, e os vestidos puros por sua vez se separam das toalhas e guardanapos, pois vão à mesa e tem seu próprio recipiente. As vestes do corpo superior e das crianças se lavam no recipiente vuzhô, os do corpo inferior no recipiente marimê. Todos as vestes da mulher são impuras no período das menstruações e se lavam com os artigos marimê. O único povo que aplica estas regras para lavar fora os ciganos são os judeus.
•O acampamento: antes da recente urbanização forçada, o lar romaní era o campo, muito mais que a casa. O campo goza da categoria de pureza territorial, pelo qual as necessidades fisiológicas se devem fazer fora do mesmo e das proximidades (ou eventualmente, os serviços higiênicos se constroem fora do campo); este é um preceito judaico (Deuteronômio 23:12). O lixo também deve ser posto a uma distância aceitável do campo.
•Nascimento: o nascimento de uma criança é um evento impuro e deve ocorrer, quando possível, em uma tenda isolada próxima, fora do campo. Depois do nascimento, a mãe é considerada impura por quarenta dias e sobretudo na primeira semana: esta regra é exclusivamente mosaica, estabelecida na Torá - Levítico 12:2-4 -. Durante esse período, a mulher não pode ter contato com coisas puras ou realizar atividades como cozinhar ou apresentar-se em público, especialmente na presença dos anciães, e não pode assistir a serviços religiosos. São destinados pratos, xícaras e utensílios exclusivamente para ela, os quais se descartam passado o período de purificação, assim mesmo os vestidos e a cama que usou se queimam, e também a tenda onde ela habitou durante esses 40 dias. Esta lei é completamente desconhecida para todos os povos, exceto ciganos e judeus.
•Morte: como prescreve a Lei judaica, a morte de uma pessoa comporta impureza ritual para todos os familiares e todas as coisas que tenham sido involucradas nesse momento. Toda a comida que havia na casa do falecido deve ser jogada, e a família é impura por três dias. Devem-se observar regras particulares durante esses três dias, como lavar-se só com água para não fazer espuma, não pentear-se nem enfeitar-se, nem varrer, nem fazer furos, nem escrever ou pintar, nem tirar fotografias, e muitas outras coisas. Os espelhos devem ser cobertos. O acampamento onde ocorreu a morte é abandonado e transladado a outro lugar, ou se vende a casa aos gadjôs. A alma do defunto se crê que vaga por três dias para purificar-se antes de chegar a sua habitação final: isto não está escrito nas Escrituras Hebréias, porém é uma idéia comum entre algumas correntes místicas do judaísmo. O conceito que estabelece que o contato com o corpo morto implica impureza não se encontra em nenhuma tradição se não só na Bíblia (Levítico 21:1). Assim como está prescrito na Lei Judaica, também entre os rom é obrigatório que o corpo seja sepultado e não pode ser queimado.
•Coisas: podem ser marimê por natureza ou por uso, ou ser contaminadas por circunstâncias acidentais. Qualquer coisa que entre em contato com a parte inferior do corpo é impura, como sapatos, meias, etc., enquanto que as mesas são puras. As regras que concernem estas leis são descritas em Levítico 15 e outras Escrituras Hebraicas.
•Animais: os ciganos consideram que os animais podem ser puros ou impuros, ainda que os parâmetros em base aos quais são classificados diferem dos hebraicos. Por exemplo, cachorros e gatos são marimê porque lambem a si mesmos, cavalos, asnos e todo animal de monta é impuro porque a pessoa se senta sobre eles, etc. Os animais impuros não se devem comer.
•Espíritos: os espíritos maléficos são marimê, o que é um conceito judaico.
Leis matrimoniais
O noivado e as bodas ciganas se celebram da mesma maneira que se fazia no antigo Israel. Os pais de ambos os esposos tem um papel essencial quanto a definir o dote da noiva, e as bodas se devem realizar dentro da comunidade rom, sem participação das instituições dos gadjôs. No caso em que a mulher foge com seu homem sem o acordo dos pais, o casal é automaticamente reconhecido como casado, porém a família do noivo deve pagar um ressarcimento aos pais da noiva, normalmente equivalente ao dobro do dote; tal compensação se chama "kepara", uma palavra que tem o mesmo significado do termo hebreu "kfar" (Deuteronômio 22:28-29). O pagamento do dote por parte da família do noivo aos pais da noiva é um regulamento bíblico, exatamente o contrário dos povos da India, nos quais é a família da noiva que deve pagar à do noivo.
Há um preceito particular que deve ser observado para consolidar o matrimônio, o "pano da virgindade", que deve ser mostrado à comunidade depois da primeira relação sexual - este preceito está escrito na Torá, Deuteronômio 22:15-17. Logo, no caso de casais que fogem tal prática carece de sentido e portanto não é observada.
Há um preceito particular que deve ser observado para consolidar o matrimônio, o "pano da virgindade", que deve ser mostrado à comunidade depois da primeira relação sexual - este preceito está escrito na Torá, Deuteronômio 22:15-17. Logo, no caso de casais que fogem tal prática carece de sentido e portanto não é observada.
Comportamento social
Assim como os judeus, os ciganos assumem distintos parâmetros de comportamento para as relações com sua própria gente e para a interação com os estranhos, de modo tal que se pode afirmar que a oposição rom/gadjôs e judeus/goyim são reguladas de maneira muito similar, quiçá idêntica em quase todos os detalhes. Uma vez que os gadjôs não conhecem as leis que concernem ao marimê, são suspeitos de ser impuros ou se supõe que o sejam; alguns rom nem sequer entram em casas de gadjôs - o mesmo costume existia no antigo Israel, e ainda é praticado pelos judeus ortodoxos. Os gadjôs que se fazem amigos dos ciganos são admitidos quando conhecem as regras e as respeitam de modo que não ofendam à comunidade, depois de ter superado algumas "provas" de confiabilidade. Por outro lado, as instituições dos gadjôs se usam como "zona franca", onde se podem realizar atividades impuras com segurança - um exemplo típico é o hospital, que permite evitar de montar uma tenda especial para o parto.
Cortesia, respeito e hospitalidade são obrigatórios entre os ciganos. Quando se cumprimentam cada um deve perguntar pela família do outro, desejando bem e bençãos para todos os membros, ainda que seja a primeira vez que se encontrem e na realidade não se conheçam as respectivas famílias. A própria apresentação inclui os nomes dos pais, avós e todas as gerações que se recordem - o nome e sobrenome civis não tem importância; os ciganos se chamam como no antigo Israel, A filho de B, filho de C, da família D. Isto é comum a vários povos do Oriente Médio, porém o modo como o fazem os ciganos é particularmente bíblico.
As causas judiciais entre os rom se apresentam à assembléia de anciães, exatamente como na Lei Mosaica. A assembléia de anciães se chama "kris", e é uma verdadeira Corte de Justiça, cujas sentenças devem ser obedecidas, do contrário a parte inobservante pode ser excluída da comunidade romaní. Os casos geralmente não são tão sérios para não poderem ser resolvidos com o pagamento de uma multa ou ressarcimento, como está regulado na Torá (Êxodo 21:22, 22:9; Deuteronômio 22:16-19).
Há muitos outros aspectos que podem ser de importância secundária, que mesmo assim recordam os antigos costumes e regras israelitas. Lamentavelmente, tais detalhes se vão perdendo com as novas gerações (como muitos se perderam entre os judeus também) por causa do sistema da sociedade moderna que restringe a liberdade de indivíduos e comunidades "exóticas". Porém, os sentimentos e tendências ciganas devem ser levados sériamente em conta, porque correspondem à uma herança psicológica ancestral que se transmitiu de geração em geração, de maneira subconsciente porém reclamando as próprias orígens. Por exemplo, os ciganos não sentem absolutamente nenhuma atração pela cultura ou a música da India (e mais, as mulheres ciganas tem um timbre de voz baixo, em contraste com as cantoras indianas, um detalhe que pode ser insignificante, porém quiçá não), enquanto que os ciganos gostam muito da música do Oriente Médio. Na Europa oriental, a maioria das expressões musicais são ou judias ou ciganas, e muitas vezes a mesma obra é atribuida ou a uma ou a outra destas duas tradições. As bandas de "klezmorim" tem sido muitas vezes compostas por rom junto com judeus, e o jazz de estilo europeu foi cultivado por ciganos e judeus. O flamenco é provavelmente de orígem sefaradita, praticado pelos judeus antes de serem expulsos da Espanha, e logo herdado e desenvolvido pelos ciganos. Em outros aspectos, os rom tem uma grande habilidade comercial (e se é necessário trabalhar em sociedade, os judeus são os preferidos) e aqueles que escolhem inserir-se profissionalmente na sociedade dos "gadjôs", preferem as mesmas carreiras que escolhem os judeus (provavelmente por motivos relacionados com as leis de pureza ritual, que não permitem que se exercite qualquer tipo de trabalho). Enfim, ainda que não menos importante, os ciganos fazem uma distinção entre os "gadjôs" comuns e os judeus, que não são considerados completamente gadjôs, mas como uma categoria intermediária que observa as leis de pureza ritual e portanto não estão sujeitos a suspeitas.
Cortesia, respeito e hospitalidade são obrigatórios entre os ciganos. Quando se cumprimentam cada um deve perguntar pela família do outro, desejando bem e bençãos para todos os membros, ainda que seja a primeira vez que se encontrem e na realidade não se conheçam as respectivas famílias. A própria apresentação inclui os nomes dos pais, avós e todas as gerações que se recordem - o nome e sobrenome civis não tem importância; os ciganos se chamam como no antigo Israel, A filho de B, filho de C, da família D. Isto é comum a vários povos do Oriente Médio, porém o modo como o fazem os ciganos é particularmente bíblico.
As causas judiciais entre os rom se apresentam à assembléia de anciães, exatamente como na Lei Mosaica. A assembléia de anciães se chama "kris", e é uma verdadeira Corte de Justiça, cujas sentenças devem ser obedecidas, do contrário a parte inobservante pode ser excluída da comunidade romaní. Os casos geralmente não são tão sérios para não poderem ser resolvidos com o pagamento de uma multa ou ressarcimento, como está regulado na Torá (Êxodo 21:22, 22:9; Deuteronômio 22:16-19).
Há muitos outros aspectos que podem ser de importância secundária, que mesmo assim recordam os antigos costumes e regras israelitas. Lamentavelmente, tais detalhes se vão perdendo com as novas gerações (como muitos se perderam entre os judeus também) por causa do sistema da sociedade moderna que restringe a liberdade de indivíduos e comunidades "exóticas". Porém, os sentimentos e tendências ciganas devem ser levados sériamente em conta, porque correspondem à uma herança psicológica ancestral que se transmitiu de geração em geração, de maneira subconsciente porém reclamando as próprias orígens. Por exemplo, os ciganos não sentem absolutamente nenhuma atração pela cultura ou a música da India (e mais, as mulheres ciganas tem um timbre de voz baixo, em contraste com as cantoras indianas, um detalhe que pode ser insignificante, porém quiçá não), enquanto que os ciganos gostam muito da música do Oriente Médio. Na Europa oriental, a maioria das expressões musicais são ou judias ou ciganas, e muitas vezes a mesma obra é atribuida ou a uma ou a outra destas duas tradições. As bandas de "klezmorim" tem sido muitas vezes compostas por rom junto com judeus, e o jazz de estilo europeu foi cultivado por ciganos e judeus. O flamenco é provavelmente de orígem sefaradita, praticado pelos judeus antes de serem expulsos da Espanha, e logo herdado e desenvolvido pelos ciganos. Em outros aspectos, os rom tem uma grande habilidade comercial (e se é necessário trabalhar em sociedade, os judeus são os preferidos) e aqueles que escolhem inserir-se profissionalmente na sociedade dos "gadjôs", preferem as mesmas carreiras que escolhem os judeus (provavelmente por motivos relacionados com as leis de pureza ritual, que não permitem que se exercite qualquer tipo de trabalho). Enfim, ainda que não menos importante, os ciganos fazem uma distinção entre os "gadjôs" comuns e os judeus, que não são considerados completamente gadjôs, mas como uma categoria intermediária que observa as leis de pureza ritual e portanto não estão sujeitos a suspeitas.
Conclusão:
Este breve estudo tem como objetivo estabelecer as bases para uma nova, diligente e séria investigação sobre a orígem do povo rom e sintos, que seja fundamentada em aspectos culturais e espirituais em lugar de seguir sustentando uma linha exclusivamente linguística que leva a uma posição equivocada. As evidências apresentadas não excluem categoricamente que os rom possam ter habitado em Kannauj ou alguma outra parte da India, ainda que o vale do Indo pareça ser a região mais apropriada, mas demonstra que de todas as maneiras os ciganos não pertencem às etnias indianas (e muito menos arianas), e que suas raízes são semíticas e mais precisamente hebraicas. Grupos israelitas eram numerosos na India, e tem sido possível redescobrir alguns deles deixando de lado a indicação linguística (porque todos eles falavam línguas indianas) e concentrando a investigação em indícios culturais que revelam a verdadeira orígem, tais indícios tem sido até hoje menos determinantes que os que podemos encontrar na cultura romaní, porém tem sido suficientes para reconhecer a etnicidade israelita.
Sándor Avraham
traduzido por João Romano Filho
Comentários:
traduzido por João Romano Filho
Comentários:
«Não sabemos explicar muitos de nossos comportamentos mais expontâneos, porque fazem parte da nossa herança ancestral. Até que alguém acenda uma luz e nos diga claramente o porquê de detalhes que antes nem sequer notávamos. O extraordinário trabalho de pesquisa de Sándor Avraham é esta espécie de espelho, que nos deixa perplexos».
João Romano Filho (Sinto Estraxhari do Brasil)
Há rom que se ocupam da investigação e outras atividades culturais e que dão sua contribuição a este estudo. Aqui desejo citar uma carta de um autêntico kalderash que conhece profundamente sua própria cultura, não só porque sua família conserva o estilo de vida cigano mais "ortodoxo" mas também porque é um intelectual que logrou um alto nível de educação:
«O termo "o Devel", que em romanês significa "o Deus", se diz que deriva do sânscrito "Deva". A mesma palavra em hebreu é "EL". Quando os israelitas chegaram à India, um país com muitos deuses, tendo cada um seu nome, eles recordavam que o próprio se chama EL (o Nome inefável de Deus não podia ser pronunciado, portanto O chamavam simplesmente "Deus", EL), então disseram que adoravam a "Dev-EL", ou seja, "o Deus chamado EL". De fato, todo nome hebreu terminado em "~el" tem que ver com a palavra Deus, e o fato que os rom O chamam "Devel" - ou a forma abreviada "Del" - pode ser na realidade hebreu».
(traduzido do romanês)
Lolya le Yonosko, ande'l Chaykoni (Argentina)
«Para não ignorar a sabedoria local, a primeira coisa que fiz na India foi perguntar a quantas pessoas me foi possível, se sabiam ou tinham ouvido falar de onde vinham os Ciganos da India. Quase sem exceção, me disseram: "nossos Ciganos vieram de Israel"».
Paul Polansky
«Há centenas de famílias rom vivendo em Israel, e se consideram a si mesmos rom e judeus. A maioria deles não só são cidadãos iraelitas, mas também tem a nacionalidade "Yehudim", quer dizer, são cidadãos israelitas judeus. Aqueles que tem cidadania européia vivem como estrangeiros residentes legalmente, gozando do mesmo respeito que seus concidadãos - um respeito maior que o que recebem em seus próprios países, onde ainda há um generalizado sentimento anti-cigano, o que não existe em Israel. Todos os rom que vivem em Israel apoiam com convicção ao Estado de Israel, porque é quiçá o único país onde os ciganos não se sentem como uma minoria estranha mas como um povo que vive em sua própria terra».
Tomas Milanovich
«É interessante considerar o povo chamado "habiru" ou "apiru" nos documentos antigos existentes em todo o Oriente Médio, em quase todos os países desde a Mesopotâmia e Anatólia até o Egito. Este termo é equivalente ao bíblico "hebreus" e era usado exatamente do mesmo modo que "cigano" na sociedade moderna (implicando os mesmos prejuízos):
Shulgi de Ur (ca 2150 bce) os descreve como "gente que viaja em silêncio, que destroi tudo, que vai aonde quer - arma suas tendas e seus acampamentos - passa o tempo no país sem observar os decretos do rei". Em seu registro da conquista de Jaffa, o general Toth do faraó Tuthmoshe III do Egito (ca 1440bce) pede que "seus cavalos sejam levados para dentro da cidade, para que não se nos roube algum passante apiru" (o roubo de cavalos parece que era uma de suas atividades bem conhecidas).
Em língua suméria, são definidos com o logograma “SA.GAZ”, pronuncia-se GUB.IRU, e são vistos como gente "sem lei". que não obedece às leis dos demais, de modo que são lei para si mesmos.
"Habiru" era uma definição genérica para vagabundos sem cidadania nem classe social: a Bíblia diz "Abrão o hebreu" porque Abrão era apátrida. Também os filhos de Israel eram apátridas, não tendo nenhuma relação com cidades e tribos reconhecidas, portanto descritos pelos egípcios como "apiru".
Num princípio eram considerados gente de orígem hurrita, ou seja, do país onde habitava Avraham antes de suas viagens em Canaã e Egito. Antigos documentos afirmam que os habiru estavam dispersos por toda a Ásia ocidental por séculos até ca 1100 bce, e o termo é usado com o significado de "vagabundos", "os que passam de uma parte a outra".
É significativo o fato de que este termo desaparece em coincidência com a aparição do novo nome "Israel" que o recoloca. Os habirus adquirem uma identidade nacional e um estado reconhecido. Os israelitas não se chamavam a si mesmos "hebreus", mas era um termo com o qual os outros os identificavam, no mesmo modo que os rom não se chamam a si mesmos "ciganos", mas os demais lhes chamam assim».
Antoshka (Argentina)
«Creio que aqueles que tinham temor agora podem se apresentar com orgulho, e aqueles que não sabem quem somos na realidade, um dia cobrirão a boca com as mãos pela vergonha. Antes ainda que a verdade sobre nossa herança me tivesse sido revelada, eu lia todo gênero de literatura que pudesse ajudar a encontrar as nossas "raízes". Mas tudo o que encontrei era sempre escrito pelos gadjôs, para os gadjôs! Então o que eu fazia era perscrutar as primeiras páginas e logo que via aparacer a "teoria indiana", fechava o livro. Meu coração não confirmava as supostas evidências que eles propunham e eu sabia que não era a verdade, ainda que não sabia qual podia ser a verdade. Eu sei que este estudo chegou neste tempo para aqueles que Deus está elegendo para lhes revelar a verdade».
Jamie Hanley “La Cshay” (bailarina de Flamenco - Califórnia)
TRADIÇÕES CIGANASJoão Romano Filho (Sinto Estraxhari do Brasil)
Há rom que se ocupam da investigação e outras atividades culturais e que dão sua contribuição a este estudo. Aqui desejo citar uma carta de um autêntico kalderash que conhece profundamente sua própria cultura, não só porque sua família conserva o estilo de vida cigano mais "ortodoxo" mas também porque é um intelectual que logrou um alto nível de educação:
«O termo "o Devel", que em romanês significa "o Deus", se diz que deriva do sânscrito "Deva". A mesma palavra em hebreu é "EL". Quando os israelitas chegaram à India, um país com muitos deuses, tendo cada um seu nome, eles recordavam que o próprio se chama EL (o Nome inefável de Deus não podia ser pronunciado, portanto O chamavam simplesmente "Deus", EL), então disseram que adoravam a "Dev-EL", ou seja, "o Deus chamado EL". De fato, todo nome hebreu terminado em "~el" tem que ver com a palavra Deus, e o fato que os rom O chamam "Devel" - ou a forma abreviada "Del" - pode ser na realidade hebreu».
(traduzido do romanês)
Lolya le Yonosko, ande'l Chaykoni (Argentina)
«Para não ignorar a sabedoria local, a primeira coisa que fiz na India foi perguntar a quantas pessoas me foi possível, se sabiam ou tinham ouvido falar de onde vinham os Ciganos da India. Quase sem exceção, me disseram: "nossos Ciganos vieram de Israel"».
Paul Polansky
«Há centenas de famílias rom vivendo em Israel, e se consideram a si mesmos rom e judeus. A maioria deles não só são cidadãos iraelitas, mas também tem a nacionalidade "Yehudim", quer dizer, são cidadãos israelitas judeus. Aqueles que tem cidadania européia vivem como estrangeiros residentes legalmente, gozando do mesmo respeito que seus concidadãos - um respeito maior que o que recebem em seus próprios países, onde ainda há um generalizado sentimento anti-cigano, o que não existe em Israel. Todos os rom que vivem em Israel apoiam com convicção ao Estado de Israel, porque é quiçá o único país onde os ciganos não se sentem como uma minoria estranha mas como um povo que vive em sua própria terra».
Tomas Milanovich
«É interessante considerar o povo chamado "habiru" ou "apiru" nos documentos antigos existentes em todo o Oriente Médio, em quase todos os países desde a Mesopotâmia e Anatólia até o Egito. Este termo é equivalente ao bíblico "hebreus" e era usado exatamente do mesmo modo que "cigano" na sociedade moderna (implicando os mesmos prejuízos):
Shulgi de Ur (ca 2150 bce) os descreve como "gente que viaja em silêncio, que destroi tudo, que vai aonde quer - arma suas tendas e seus acampamentos - passa o tempo no país sem observar os decretos do rei". Em seu registro da conquista de Jaffa, o general Toth do faraó Tuthmoshe III do Egito (ca 1440bce) pede que "seus cavalos sejam levados para dentro da cidade, para que não se nos roube algum passante apiru" (o roubo de cavalos parece que era uma de suas atividades bem conhecidas).
Em língua suméria, são definidos com o logograma “SA.GAZ”, pronuncia-se GUB.IRU, e são vistos como gente "sem lei". que não obedece às leis dos demais, de modo que são lei para si mesmos.
"Habiru" era uma definição genérica para vagabundos sem cidadania nem classe social: a Bíblia diz "Abrão o hebreu" porque Abrão era apátrida. Também os filhos de Israel eram apátridas, não tendo nenhuma relação com cidades e tribos reconhecidas, portanto descritos pelos egípcios como "apiru".
Num princípio eram considerados gente de orígem hurrita, ou seja, do país onde habitava Avraham antes de suas viagens em Canaã e Egito. Antigos documentos afirmam que os habiru estavam dispersos por toda a Ásia ocidental por séculos até ca 1100 bce, e o termo é usado com o significado de "vagabundos", "os que passam de uma parte a outra".
É significativo o fato de que este termo desaparece em coincidência com a aparição do novo nome "Israel" que o recoloca. Os habirus adquirem uma identidade nacional e um estado reconhecido. Os israelitas não se chamavam a si mesmos "hebreus", mas era um termo com o qual os outros os identificavam, no mesmo modo que os rom não se chamam a si mesmos "ciganos", mas os demais lhes chamam assim».
Antoshka (Argentina)
«Creio que aqueles que tinham temor agora podem se apresentar com orgulho, e aqueles que não sabem quem somos na realidade, um dia cobrirão a boca com as mãos pela vergonha. Antes ainda que a verdade sobre nossa herança me tivesse sido revelada, eu lia todo gênero de literatura que pudesse ajudar a encontrar as nossas "raízes". Mas tudo o que encontrei era sempre escrito pelos gadjôs, para os gadjôs! Então o que eu fazia era perscrutar as primeiras páginas e logo que via aparacer a "teoria indiana", fechava o livro. Meu coração não confirmava as supostas evidências que eles propunham e eu sabia que não era a verdade, ainda que não sabia qual podia ser a verdade. Eu sei que este estudo chegou neste tempo para aqueles que Deus está elegendo para lhes revelar a verdade».
Jamie Hanley “La Cshay” (bailarina de Flamenco - Califórnia)

Ditado Cigano: “A terra é minha Pátria, o céu é o meu teto e a liberdade é a minha religião”. Os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send. No primeiro milênio d.C., deixaram o país e se dividiram em dois ramos: o Pechen que atingiu a Europa através da Grécia; e o Beni que chegou até a Síria, o Egito e a Palestina. Existem vários clãs ciganos: o Kalom (da Península Ibérica); o Hoharano (da Turquia); o Matchuaiya (da Iugoslávia); o Moldovan (da Rússia) e o Kalderash (da Romênia).
Mas essa é mais uma das hipotéses sobre a origem do Povo Cigano. Segundo a nossa Tradição os ciganos vieram do interior da Terra e esperam que um dia possam regressar ao seu lugar de origem. Nada mais podemos revelar sobre isto, pois trata-se de um dos nossos "segredos" mais bem preservados. Fiquem portanto com a imaginação!
O grande lema do Povo Cigano é: "O Céu é meu teto; a Terra é minha pátria e a Liberdade é minha religião", traduzindo um espírito essencialmente nômade e livre dos condicionamentos das pessoas normais geralmente cerceadas pelos sistemas aos quais estão subjugadas. Em sua maioria, os ciganos são artistas (de muitas artes, inclusive a circense); e exímios ferreiros, fabricando seus próprios utensílios domésticos, suas jóias e suas selas. Levam uma vida muito simples: consertando panelas, vendendo cavalos, fazendo artesanato (principalmente em cobre - o metal nobre desse povo), lendo as cartas do Tarot e a "buena dicha" (a boa sorte). Na verdade cigano que se preza, lê os olhos das pessoas (os espelhos da alma) e tocam seus pulsos (para sentirem o nível de vibração energética) e só então é que interpretam as linhas das mãos. A prática da Quiromancia para o Povo Cigano não é um mero sistema de adivinhação, mas, acima de tudo um inteligente esquema de orientação sobre o corpo, a mente e o espírito; sobre a saúde e o destino. O mais importante para o Povo Cigano é interagir com a Mãe Natureza respeitando seus ciclos naturais e sua força geradora e provedora.
Mitologicamente o Povo Cigano está ligado à Kalí - a deusa negra da mitologia hindu, associada a figura de Santa Sara, cujo mistério envolve o das "virgens negras", que na iconografia cristã representa a figura de Sara, a serva (de origem núbia) que teria acompanhado as três Marias: Jacobina, Salomé e Madalena, e, junto com José de Arimatéia fugido da Palestina numa pequena barca, transportando o Santo Graal (o cálice sagrado), que seria levado por elas para um mosteiro da antiga Bretanha. Diz o mito que a barca teria perdido o rumo durante o trajeto e atracado no porto de Camargue, às margens do Mediterrâneo, que por sua vez ficou conhecido como "Saintes Maries de La Mer", transformando-se desde então num local de grande concentração do Povo Cigano. Santa Sara é comemorada e reverenciada todos os anos, nos dias 24 e 25 de maio, através de uma longa noite de vigília e oração, pelos ciganos espalhados no mundo inteiro, com candeias de velas azuis, flores e vestes coloridas; muita música e muita dança, cujo simbolismo religioso representa o processo de purificação e renovação da natureza e o eterno "retorno dos tempos".
O líder de cada grupo cigano, chama-se Barô e é quem preside a Kris Romaris (Conselho de Sentença ou grande tribunal com suas próprias leis e códigos de justiça, onde são resolvidas todas as contendas e esclarecidas todas as dúvidas entre os ciganos liderados pelos mais velhos). O mestre de cura (ou xamã) é um Kaku (homem ou mulher) que possui dons de grande para-normalidade. Eles usam ervas, chás e toques curativos. Os Ciganos geralmente se reúnem em tribos para festejar os ritos de passagem: o Nascimento, a Morte, o Casamento e os Aniversários; e acreditam na Reencarnação. Estão sempre reunidos nos campos, nas praias, nas feiras e nas praças.
Esse povo canta e dança tanto na alegria como na tristeza pois para o Cigano a vida é uma festa e a natureza que o rodeia a mais bela e generosa anfitriã. Onde quer que estejam, os Ciganos são logo reconhecidos por suas roupas e ornamentos, e, principalmente por seus hábitos ruidosos. São um povo cheio de energia e grande dose de passionalidade. São tão peculiares dentro do seu próprio código de ética; honra e justiça; senso, sentido e sentimento de liberdade que contagiam e incomodam qualquer sistema. Mas, a comunidade cigana ama e respeita a natureza, os idosos e todos os membros do grupo educam as crianças de todos, dentro dos princípios e normas próprios de uma tradição puramente oral, cujos ensinamentos são passados de pai prá filho ou de mestre para discípulo, através das estórias contadas e das músicas tocadas em torno das fogueiras acesas e das barracas coloridas sempre montadas ao ar livre (mesmo no fundo do quintal das ricas mansões dos ciganos mais abastados), como em Taquaral, perto de Campinas - São Paulo.
CIGANOS NÃO ROUBAM CRIANCINHAS
As crianças normalmente só freqüentam até o 1o. Grau nas escolas dos gadjés (não-ciganos), para aprenderem apenas a escrever o nome e fazer as quatro operações aritméticas. Claro que com o acelerado processo de aculturação, um bom número de ciganos (bem disfarçados) vão às universidades e ocupam cargos de importância na vida de um país. Alguns são médicos, engenheiros, advogados; alguns tornam-se ministros e outros até presidentes. Porém os de maior expressão na sociedade são artistas plásticos, comerciantes, joalheiros e músicos famosos. Tivemos dois Presidentes brasileiro de origem cigana: Washington Luiz e Jucelino Kubitshek
Para o Povo Cigano, a Lua Cheia é o maior elo de ligação com o "sagrado" quando são realizados mensalmente os grandes festivais de consagração, imantação e reverenciação. A celebrações da Lua Cheia, acontecem todos os meses em torno das fogueiras acesas, do vinho e das comidas, com danças e orações.Também para os ciganos tudo na vida é maktub (está escrito nas estrelas), por isso são atentos observadores do Céu e verdadeiros adoradores dos astros e dos sidéreos. Os ciganos praticam a astrologia da Mãe Terra respeitando e festejando seus ciclos naturais, através dos quais desenvolvem poderes verdadeiramente mágicos.
Na culinária cigana são indispensáveis: o cravo, a canela, o louro, o manjericão, o gengibre, os frutos do mar, as frutas cítricas e as frutas secas, o vinho, o mel, as maçãs, as pêras, os damascos, as ameixas e as uvas que fazem parte inclusive dos segredos de uma cozinha deveras afrodisíaca. O punhal, o violino, o pandeiro, o leque, o xale, as medalhas e as fitas coloridas; o coral, o âmbar, o ônix, o abalone, a concha marinha (vieira), o hipocampo (cavalo-marinho), a coruja (mocho), o cavalo, o cachorro e o lobo são símbolos sagrados para o Povo Cigano. A verbena, a salvia, o ópio, o sândalo e algumas resinas extraídas das cascas das árvores sagradas, são ingredientes indispensáveis na manufatura caseira de incensos, velas e sais de banho, mesclados com essências de aromas inebriantes e simplesmente usados nas abluções do dia-a-dia, nos contatos sociais e comerciais, nos encontros amorosos e principalmente nos ritos iniciáticos, de uma forma sensível e absolutamente mágica, conferindo grandes poderes.
O grande símbolo geométrico do Povo Cigano é o Círculo Raiado (representando a roda da carroça que gira pelas estradas da vida) provando a não linearidade do tempo e do espaço; e o Pentagrama (estrela de 5 pontas) simbolizando o Homem Integral (de braços e pernas abetos) interagindo em perfeita harmonia com a plenitude da existência. O maior axioma do Povo Cigano diz simplesmente: "A sabedoria é como uma flor, de onde a abelha faz o mel e a aranha faz o veneno, cada uma de acordo com a sua própria natureza".
Para não enveredarmos num velho, carcomido e obsoleto discurso sociológico-político, e para não desgastarmos mais ainda a nossa salubridade cerebral, afirmamos que tudo o que acontece no Planeta, em termos de crise e transformação, afeta de perto o Povo Cigano (tão engajado com a natureza) e faz parte do cotidiano dessa minoria social que apesar do seu pouco grau de autonomia, tenta à duras penas preservar sua valiosa identidade e salvaguardar as peculiaridades de seus próprios conceitos de cidadania, em que pese os avanços tecnológicos, científicos e culturais; as mudanças de paradigmas e o glamouroso processo de globalização.
O Povo Cigano é também uma raça sofrida, discriminada, excluída do contexto sócio-político-econômico (mas nem por isso alienada). Essa raça perseguida por muitas "inquisições", levada aos campos de concentração e aos fornos crematórios da Alemanha Nazista (tanto quanto o povo judeu) continua existindo apesar de todas as expoliações e distorções. Desprovida de meios adequados de sobrevivência, descaracterizada pela modernidade de um falso intelectualismo proletário/urbano essa raça também está à caminho da própria extinção, mas estamos aqui exatamente para resgatar o que restam de sua memória cultural e artística, usos e costumes, simbolismo e tradição.
Para mim, cigana Kalom, descendente desse povo, essa é uma hora em que precisamos estar atentos e vigilantes para ouvirmos uma espécie de "chamado mítico" que a dura realidade planetária está nos fazendo, e nos unirmos em corpo e espírito com as forças maiores que regem esse universo, deixando para os espertos, que se dizem "donos da terra", o alto preço de seus desmandos, desvarios e abuso de poder, nos concentrando, onde quer que estejamos no verdadeiro sentido da valorização humana que perpassa por insondáveis mistérios divinos e praticando com honestidade de propósito os exercícios de espiritualidade e religiosidade que subjaz em cada um de nós, na busca de uma solução para um mundo melhor, sem esquecermos as práticas ecológicas para salvaguardar essa "nau de insensatos" chamada Terra, de seu próprio desastre (palavra que significa: desarmonia entre os astros).
Eu aprendi com meu Patriarca que os ciganos são "povos das estrelas" e para lá voltamos quando morremos ou quando houver necessidade de uma grande evacuação. Há milênios vimos cumprindo nossa missão neste Planeta, respeitando e reverenciando a Mãe Natureza, trocando e repassando conhecimento. No mais, deixaremos à critério da consciência de cada um o "por que" das abomináveis catástrofes (em sua maioria provocadas pela absoluta falta de respeito e conhecimento sobre a biodiversidade do planeta); e de comportamentos sociais e governamentais tão incongruentes com a própria inteligência humana, reduzindo a sensibilidade dos homens a um mero exercício da bio-pirataria para não perder o monopólio de um recurso genético, disfarçado na necessidade técnica e científica da bioprospecção (que é a procura de moléculas úteis à medicina), mesmo que no contexto histórico essa atitude implique na extinção de toda a raça humana.
Deixaremos à critério de qualquer "gadjo" que se preze, o "complexo de culpa ancestral" pela destruição do solo, do ar, da água e das florestas, pois em vez de "progredir com a plena cooperação científica e tecnológica" (como diria o biólogo americano Tomas Lovejoy - especialista em florestas tropicais) o homem moderno destroi seu próprio habitat, em vez de seguir a coerência do argumento socioantropológico que diz que "na sociedade de massas, o raciocínio individual precisa ganhar tons mais coletivos para exercer seu poder e provar sua competência, pressupondo uma melhor qualidade de vida e uma maior tranqüilidade planetária".
Sem precisarmos percorrer outra vez o raciocínio utópico do socialismo científico de Marx-Engels-Lênin-Stálin, necessitamos urgentemente pisar na superfície desse lindo "planeta água" (símbolo da emoção e da sensibilidade que preenche nossos corações) observando não só a violência praticada contra as minorias, como também os incríveis gestos de solidariedade humana mostrados via satélite ou pela Internet, na mesma velocidade da luz ou do pensamento humano, nessa era de virtualidade nem um pouco caracterizada pelas mais elementares virtudes.
Como não sou também nem um pouco virtuosa e acho que o limiar entre o sagrado e o profano é muito próximo, coloco em mim mesma a carapuça de parte dessa imensa culpa pela minha própria acomodação e omissão em alguns setores da vida, e, divido com todos os devedores planetários como eu, o ônus que pago por viver na Terra nos dias de hoje, embora continue achando que é um privilégio karmico poder ser descendente do Povo Cigano. -
Texto: Cigana Sttrada (do Clã Calon)
"CASA DE CIGANO"
Para falar de Casa de Cigano, é preciso que falemos da atualidade, de ciganos sedentarizados, a Rromhá de hoje
mora em casa e apartamento.
Faz tempo desde o começo de nossa sedentarização, pelo menos à parte dos gitanos que são sedentarizados e semi sedentarizados no Brasil e também na América do Sul em geral, que as casas de cigano, muitas vezes tem características
iguais, independendo do Clã ou família que se originaram.
O fato de ser cigano, mesmo de alma, é fator de supra importância, para que se tenha uma igualdade quando se trata
de seu habitat.
Quando falamos neste assunto logo vem à mente a pergunta: Cigano mora em casa? Sim.
São casas iguais a de pessoas de outras raças que existem no mundo.
A Rromhá de hoje principalmente, se vale de todos os adendos e aparatos tecnológicos como qualquer pessoa.
O diferencial da casa do cigano, é o seu jeito de viver.
Uma vez ouvi de uma pessoa com quem trabalhei (trabalhei muitos anos, como guia de turismo nacional – uma forma
gadjô de ser cigana), que ela achava errado os ciganos não se revelarem; pois a “primeira vista” são “normais” “como todo mundo” - dizia minha amiga. Bem, eu lhe respondi, apesar de termos orgulho de nossa ciganidade, por vários motivos não
tocamos no assunto em nossa “vida normal”, por medo de preconceitos, de errôneas associações e por vezes até mesmo por falta de tempo, já que o dinamismo da vida nos deixa extenuados.
Em casa um cigano faz questão de ser cigano. E a diferença estará em pequenos costumes que os zíngaros tem.
Esteira de palha coberta por uma colcha grossa, Altar de Virgem Sara, Vinho de ervas, tatau (licor) de baunilha, leques nas paredes, plantas, bichos, condimentos variados na cozinha, cores fortes na decoração, castanholas nos móveis, são algumas das características da casa cigana.
Na galétzo, o rechout de ferro, e as panelas de pedra são presença obrigatória.
Na casa de um cigano além destas características a principal sempre será, a alegria.
A defumação por incensos verticais (de vareta) é constante, e não raro todos os objetos terem odor de incenso.
A música e os instrumentos musicais fazem parte do cenário assim como os cristais.

Para falar de Casa de Cigano, é preciso que falemos da atualidade, de ciganos sedentarizados, a Rromhá de hoje
mora em casa e apartamento.
Faz tempo desde o começo de nossa sedentarização, pelo menos à parte dos gitanos que são sedentarizados e semi sedentarizados no Brasil e também na América do Sul em geral, que as casas de cigano, muitas vezes tem características
iguais, independendo do Clã ou família que se originaram.
O fato de ser cigano, mesmo de alma, é fator de supra importância, para que se tenha uma igualdade quando se trata
de seu habitat.
Quando falamos neste assunto logo vem à mente a pergunta: Cigano mora em casa? Sim.
São casas iguais a de pessoas de outras raças que existem no mundo.
A Rromhá de hoje principalmente, se vale de todos os adendos e aparatos tecnológicos como qualquer pessoa.
O diferencial da casa do cigano, é o seu jeito de viver.
Uma vez ouvi de uma pessoa com quem trabalhei (trabalhei muitos anos, como guia de turismo nacional – uma forma
gadjô de ser cigana), que ela achava errado os ciganos não se revelarem; pois a “primeira vista” são “normais” “como todo mundo” - dizia minha amiga. Bem, eu lhe respondi, apesar de termos orgulho de nossa ciganidade, por vários motivos não
tocamos no assunto em nossa “vida normal”, por medo de preconceitos, de errôneas associações e por vezes até mesmo por falta de tempo, já que o dinamismo da vida nos deixa extenuados.
Em casa um cigano faz questão de ser cigano. E a diferença estará em pequenos costumes que os zíngaros tem.
Esteira de palha coberta por uma colcha grossa, Altar de Virgem Sara, Vinho de ervas, tatau (licor) de baunilha, leques nas paredes, plantas, bichos, condimentos variados na cozinha, cores fortes na decoração, castanholas nos móveis, são algumas das características da casa cigana.
Na galétzo, o rechout de ferro, e as panelas de pedra são presença obrigatória.
Na casa de um cigano além destas características a principal sempre será, a alegria.
A defumação por incensos verticais (de vareta) é constante, e não raro todos os objetos terem odor de incenso.
A música e os instrumentos musicais fazem parte do cenário assim como os cristais.
O Casamento Cigano

Desde pequenas, as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento. Os acertos normalmente são feitos pelos pais dos noivos, que decidem unir suas famílias. O casamento é uma das tradições mais preservadas entre os ciganos, representa a continuidade da raça, por isso o casamento com os não ciganos não é permitido em hipótese alguma. Quando isso acontece a pessoa é excluída do grupo (embora um cigano possa casar-se com uma gadjí, isto é, uma mulher não cigana, a qual deverá porém submeter-se às regras e às tradições ciganas).
É pelo casamento que os ciganos entram no mundo dos adultos. Os noivos não podem Ter nenhum tipo de intimidade antes do casamento. A grande maioria dos ciganos no Brasil, ainda exigem a virgindade da noiva. A noiva deve comprovar a virgindade através da mancha de sangue do lençol que é mostrada a todos no dia seguinte. Caso a noiva não seja virgem, ela pode ser devolvida para os pais e esses terão que pagar uma indenização para os pais do noivo. No caso da noiva ser virgem, na manhã seguinte do casamento ela se veste com uma roupa tradicional colorida e um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada.
Durante a festa de casamento, os convidados homens, sentam ao redor de uma mesa no chão e com um pão grande sem miolo, recebem dos os presentes dos noivos em dinheiro ou em ouro. Estes são colocados dentro do pão ao mesmo tempo em que os noivos são abençoados. Em troca recebem lenços e flores artificiais para a mulheres. Geralmente a noiva é paga aos pais em moedas de ouro, a quantidade é definida pelo pai da noiva.

Em alguns clãs o punhal é usado na cerimônia cigana de noivado e casamento, onde é feito um corte nos pulsos dos noivos, em seguida o pulsos são amarrados em um lenço vermelho, representando a união de duas vidas em uma só.
O primeiro dia
Algumas particularidades distinguem e dão a um casamento cigano o seu caráter específico. A festa de casamento é prevista para durar de dois a vários dias, reunindo ciganos de todas as partes do país, e mesmo do exterior, pois os convites são dirigidos aos membros da comunidade em geral.
As despesas das festas de noivado e de casamento, incluindo sua organização e o vestido de noiva, são de responsabilidade da família do noivo. Os preparativos do banquete de casamento ocorrem na residência dos pais dos noivos. Num esforço comunitário, com a participação dos parentes mais próximos do noivo - homens e mulheres envolvidos - são preparados os pratos típicos da festa.
No dia do casamento na igreja, antes de todos partirem para a cerimônia, ocorre uma seqüência de eventos, agora na casa da noiva. Esta já está pronta, vestida de branco, quando chega a família do noivo, dançando ao som de músicas ciganas.
Na sala de jantar, onde já está disposta a mesa com diversas comidas e bebidas, os homens se sentam. De um lado da mesa, a família do noivo. Do outro, a da noiva. A conversa acontece em romani, as mulheres permanecem à volta. É simulada uma negociação - a compra ritual da noiva. Moedas de ouro trocam de mãos. Em seguida, abrem uma garrafa de bebida, envolvida em um pano vermelho bordado, que os homens à mesa bebem – a proska .
Surge então a noiva, vestida de branco, pronta para a Igreja. Mais música e agora a noiva dança com o padrinho, ainda na sala de jantar/estar. Em seguida, todos saem para se dirigirem à igreja. O cortejo com as famílias seguindo, e apenas o noivo não estava presente, pois aguarda na igreja. Lá, a cerimônia é convencional, exceto pelos trajes dos convidados e padrinhos vestidos com as tradicionais roupas ciganas, e a profusão de jóias. Apenas algumas dezenas de convidados compareceram à cerimônia religiosa, considerada mais íntima.
O momento seguinte do casamento ocorre no acampamento onde um conjunto garante a animação musical da festa. Desde o início, danças em círculo e uma bandeira vermelha com o nome dos noivos. Os convidados vão chegando aos poucos, juntando-se às danças, enquanto duas grandes mesas, são arrumadas. No banquete, homens e mulheres ficarão separados, em lados opostos.
A festa vai chegando ao fim quando a noiva a deixa, juntamente com a família do noivo, à qual passa a pertencer. Entre a festa do primeiro dia e a que ocorrerá no dia seguinte, há a noite de núpcias do casal.
O segundo dia
A festa começa novamente no dia seguinte, agora na casa dos pais do noivo, onde o casal passa a residir. O banquete continua - agora para um número menor de convidados. No lugar do branco do dia anterior, o vermelho se sobressai na festa - nos cravos, usados pelos convidados, na decoração, na bandeira, nas roupas da noiva. Esta, recebe cada convidado, junto a uma bacia com água de onde tira cravos vermelhos, para oferecer-lhes. Em troca, recebe notas de dinheiro, geralmente de pequeno valor.
A continuação da festa de casamento, depois do primeiro dia, será toda voltada para a noiva, que é agora, uma mulher casada. Sempre acompanhada do marido, ela deixa o semblante triste que a acompanhou até este momento.

O nazismo no século XX, retomou toda série de preconceitos, discriminações e perseguições dos séculos anteriores, tentando assim uma campanha de extermínio como nunca antes empreendida.
Desde 1933, a imprensa nazista começou a acentuar que os ciganos e judeus eram raça estrangeira, inferior, e que teriam "contaminado" a Europa como um corpo estranho.
As autoridades nazistas com o apoio da generalizada antipatia contra os ciganos, puderam facilmente percorrer a via do extermínio desse povo, associando sempre nos discursos e escritos
o binômio judeus e ciganos.
O primeiro grito de alarme oficial para o mundo cigano se fez ouvir a 17 de outubro de 1939, quando Heydrich, a mando de Hitler proibiu-os de abandonar seus acampamentos. Nos três dias seguintes, após recenseamento, foram transferidos para campos de concentração, esperando serem enviados à Polônia.
Mas já em 1936 tinha começado para os ciganos a via sacra dos campos de concentração, ainda que com escopos diversos. Dachau foi um de seus primeiros campos de concentração. Eram internados com a qualificação de "elementos associais". Sofriam então medidas disciplinares duríssimas.
Nesse ínterim a propaganda contra os ciganos se tornava sempre mais áspera. Em novembro de 1941 lançou-se o slogan: "Depois dos judeus, os ciganos!"
A 24 de dezembro de 1941, o governador civil Lohse envia uma ordem reservada a todas as SS, afirmando que os ciganos são duplamente perigosos, tanto pelas doenças de que são portadores como pela sua deficiência, prejudicando assim a causa nazista. Ao termo do comunicado, a decisão: "Decidi portanto que sejam tratados como os judeus" (Carta de 7 de julho de 1942, no arquivo Yivo).
A 25 de agosto de 1942, quando aumentaram as pressões sobre os ciganos, em um boletim do Comando de Polícia se lia, entre outras coisas que se dizia dos ciganos: "é pois indispensável exterminar esse bando integralmente, sem hesitar".
Soldados nazistas prendendo cigana com uma criança no colo.
Essas medidas disciplinares, encontradas em boletins, cartas e telegramas, apenas codificam uma praxe já iniciada: com efeito, desde 1941 tinham começado as deportações em massa dos ciganos.
Chegaram a Lodz, em outubro de 1941, cinco mil ciganos, entre os quais mais de 2.600 crianças. Foram todos internados por grupos de famílias. Os testemunhos nos dizem que as janelas das barracas estavam quebradas, enquanto o inverno era extremamente duro. No campo não havia medidas higiênicas nem assistência médica.
Duas semanas depois da chegada dos nômades, irrompeu uma epidemia de tifo, e em dois meses morreram mais de 6oo adultos e crianças. Os sobreviventes entre março e abril de 1942, foram deportados para Chelmo, e ali assassinados nas câmaras de gás.
Desde então até 1946 se multiplicam os testemunhos: massacres coletivos, mortes individuais, tortura de todo o tipo, experimentos químicos e médicos dos mais cruéis. E todas essas crueldades ocorriam nos diversos campos de concentração. Eis os nomes de alguns desses campos: Auschwitz, Birkenau, Mauthausen, Rabensbruch, Buchenwald, Chelmno, Lodz, Dachau, Lackenbach, Sachsenhausen.
Vamos agora examinar um pouco mais de perto o mais tristemente famoso desses campos: Auschwitz. A esse campo chegam ciganos de toda a parte, até aqueles para os quais não se podia prever de modo algum o confinamento.
Alguns com efeito estavam em licença da frente militar, muitos tinham no peito condecorações de combate e no corpo feridas de guerra. Havia um só motivo para seu confinamento: serem ciganos ou terem algum sangue cigano.
Chegavam ao campo homens, mulheres e crianças. Particularmente impressionante o depoimento sobre a retirada de crianças de Buchenwald, para serem levadas para Auschwitz. Eram crianças ciganas da Boêmia, dos Carpatos, da Croácia, do Nordeste da França, da Polônia meridional e da Rutênia.
Bárbara Richter, menina cigana, assim depõe: "Até os prisioneiros mais afeitos a esses horrores sentiram enorme tristeza quando perceberam que os SS iam tirar um por um os pequenos judeus e ciganos, reunindo-os em um só rebanho. Os meninos choravam e gritavam, tentavam freneticamente voltar para os braços dos pais ou dos protetores que tinham encontrado entre os prisioneiros, mas envolvidos por um círculo de fuzis e metralhadoras, foram levados para fora do campo e enviado para Auschwitz, onde morreriam nas câmaras de gás".
No campo de concentração nem todos eram enviados à câmara de gás, muitos iam para os trabalhos forçados. No capo estas eram as condições: "No setor cigano erguiam-se grandes cabanas com uma abertura à frente e outra atrás. Serviam como portas.
Nos compartimentos internos achavam lugar a uma única mesa grande cinco ou seis pessoas. As condições higiênicas eram desastrosas quase não havia instalações sanitárias... Auschwitz
Parecia um estábulo para cavalos, sem janelas... Os prisioneiros se moviam em meio a seus próprios dejetos até os calcanhares".
Respondendo a uma observação, por insuficiência de calorias, um oficial comentou: "Mas no fundo são apenas ciganos!" Quem mais sofria eram as crianças... Como depôs alguém: " As crianças eram pele e ossos. A pele, em consequência, se enchia de feridas infecciosas. Por causa da falta d'água, as crianças chegaram a beber água servida; nas poucas vezes em que os cobertores eram lavados, vinham de volta para a enfermaria ainda molhados."
As crianças sofriam de estomatite cancrenosa... parecia lepra...seus corpinhos iam se desfazendo, bocas espantosas se abriam nas faces, e lá dentro se podia observar a lenta putrefação da carne viva". Só no campo de Aushwitz, os ciganos regularmente matriculados foram 20.933, incluindo 360 crianças nascidas no campo de concentração, e que viveram o bastante para receberem número de matrícula. A estes se devem somar mais de 1.700 ciganos mandados para a câmara de gás, assim que chegaram da Polônia em março de 1943, e que nem tinham recebido ainda o número de matrícula. Durante uma simulação de ataque aéreo noturno, foram todos mandados à câmara de gás, "por suspeita de serem portadores de tifo".
Aos 29 de maio de 1943, 102 ciganos foram arrastados para fora de suas instalações e levados para a câmara de gás.
Esses testemunhos, que poderiam se multiplicar quase no infinito, culminariam no massacre final, narrado por quem assistiu à matança de quatro mil ciganos, no começo de agosto de 1944: "A sirena anunciou um princípio de um rigoroso toque de recolher. Os caminhões chegaram por volta das 20 h. Os ciganos tinham previsto o que estava para acontecer, mas os alemães fizeram
de tudo para confundir as idéias: ao saírem dos acampamentos, os ciganos recebiam uma ração de pão e salame, e muitos
assim acreditaram que se trataria simplesmente de transferência para outro campo".
"Podíamos ouvir, quando os últimos e horríveis instantes, irromperam no acampamento e se lançaram contra mulheres e crianças
e anciãos, alemães armados e auxiliados por cães. De repente o ar foi rasgado pelos gritos de um garoto que em theco suplicava: Eu lhe peço, senhor SS, me deixe viver!" "A única resposta que teve foram os golpes de cassetete. Por fim, foram todos jogados, em montes, no caminhão e levados ao crematório. Houve ainda quem tentasse resistir, invocando a nacionalidade alemã"
(Kraus e Kulka).
Houve cenas de cortar o coração: mulheres e crianças se ajoelharam diante de Mengele e borger, gritando; "Piedade! Tenha piedade de nós! Em vão. Foram abatidos a coronhadas, pisados, arrastados ao caminhão, levados à força. Foi uma noite horrível, alucinante. Na carroceria foram jogados os que também já tinham morrido sob os golpes da clava . Os caminhões chegaram ao bloco dos órgãos por volta de 22h30min e ao isolamento por volta de 23hs. Os SS e quatro prisioneiros levaram para fora os enfermos, mas também 25 mulheres em perfeita saúde, isoladas com os respectivos filhos (Aldesberger, p.112-13).
Por volta de 23hs chegaram outros caminhões diante do hospital, num só caminhão colocaram cerca de 50 a 60 presos
e foi assim que chegaram até a câmara de gás.
Prisioneiros ciganos em Dachau
"Ouvi os gritos até altas horas da madrugada, e compreendi que alguns tentavam opor resistência. Os ciganos protestavam, gritando e lutando até a madrugada... Tentavam vender a vida a um alto preço (Dromonski, no processo por Auscwitz).
Depois, Gober e outros percorreram os quartos um por um tirando dali as crianças que tinham se escondido. Os menores foram arrastados até os pés de Boger, que os agarrava pela perna e os jogava contra a parede...Vi esse gesto se repetindo-se umas cinco, seis e sete vezes(Langhein).
A certa altura aproximou-se de mim um oficial SS e mandou que escrevesse uma carta que tinha por assunto "tratamento especial executado". Ele mesmo arrancou violentamente a carta da máquina, assim que terminei de datilografá-la. Quando se fez dia no acampamento, não havia de pé um só cigano (Testemunho Stenber-Longhein, 1965).
As estimativas mais próximas falam de ao menos meio milhão de ciganos mortos e cerca de 6 milhões de judeus. Sabemos que esses dados são inferiores às cifras reais, pois muitos foram mortos antes mesmo de serem matriculados.
Artigo de Oswaldo Macedo ( Taro Caló), presidente de honra do centro de Estudos ciganos. Médico, foi professor de medicina na Sorbonne, tem formação beneditina e foi indicado para a Academia Internacional de Letras(RJ).
Em seu livro Alemanha e Genocídio, o historiador Joseph Billig distingue três tipos de genocídio: por eliminação da capacidade de procriar, por deportação e por extermínio.
No hospital de Dusseldorf-Lierenfeld foram esterilizadas ciganas casadas com não-ciganos, algumas das quais morreram por estarem grávidas. Em Ravensbruck os médicos da SS esterilizaram 120 meninas ciganas.
Um exemplo do segundo tipo de genocídio foi a deportação de 5 mil ciganos da Alemanha para o gueto de Lodz, na Polônia. As condições de vida eram ali tão desumanas que ninguém sobreviveu.
Mas o método preferido dos nazistas era o extermínio. A decisão de exterminar os ciganos, ao que parece, foi tomada na primavera de 1941, quando se criaram os Einsatzgruppen ou pelotões de execução.
Povo antigo, porém prolífico e cheio de vitalidade, os ciganos tentaram resistir à morte, mas a crueldade e o poderio de seus inimigos prevaleceram à sua coragem. O amor à música serviu-lhes por vezes de consolo no martírio. Famintos e cobertos de piolhos, eles se juntavam diante dos hediondos barracões de Auschwitz para tocar música, encorajando as crianças a dançar. Há testemunhas da coragem dos ciganos que militaram na Resistência polonesa, na região de Nieswiez. Segundo elas, os combatentes ciganos se lançavam sobre o inimigo fortemente armado empunhando apenas uma faca.
São decorridos 40 anos desde o genocídio dos ciganos. Já é tempo de denunciar esse crime abominável. Estas linhas pretendem tão somente evocar terrível injustiça cometida contra os ciganos.
Texto de Myriam Novitch, diretora do Museu dos Combatentes dos Guetos, fundado no Kibutz Lohamel Haghetaot por um grupo de sobreviventes do Gueto de Varsóvia.
O HOLOCAUSTO CIGANO


Quando se ouve falar em campos de concentração nazistas, pensa-se logo
em judeus sendo martirizados, em Auschwiss, Dachau e outros campos.
Isso porque os arautos do Sionismo, além de cuidar para que aquela barbárie
não seja esquecida, apresentam-na de um tal modo que parece ter sido apenas
o "povo eleito" o alvo da sanha hitlerista.
Mas houve outras vítimas. E, dentre elas, os ciganos.
Desde 1933, a imprensa nazista começou a acentuar que os ciganos e os judeus eram raças estrangeiras, inferiores, e que teriam contaminado a Europa como um corpo estranho. Valendo-se de uma desconfiança histórica em relação aos ciganos, foi possivel justificar um conjunto de medidas duras contra esse povo, inclusive uma política de extermínio.
O primeiro grito de alarme oficial para o mundo cigano se fez ouvir a 17 de outubro de 1939, quando Heydrich (1), proibiu-os de abandonar seus acampamentos e iniciou sua transferência para a Polônia. A maioria dos transferidos acabou no campo de Dachau, enquadrada como "elementos associais".
Em novembro de 1941 ecoou na Europa o slogan: "Depois dos judeus, os ciganos!" e, em 24 de dezembro de 1941, uma ordem reservada a todas as SS, afirmava que os ciganos eram duplamente perigosos, tanto pelas doenças de que são portadores como pela sua deficiência mental. A ordem concluia que os ciganos deveriam ser tratados com o mesmo rigor aplicado aos judeus.
Em um boletim policial, datado de 25 de agosto de 1942, lê-se, entre outras coisas relativas aos ciganos, que " é pois indispensável exterminar esse bando integralmente, sem hesitar."
Mas desde 1941, quando se criaram os Einsatzgruppen (pelotões de execução), as deportações e extermínio de ciganos já estavam sendo praticadas. Em outubro de 1941, chegaram a Lodz (Polônia), 5 mil ciganos, entre os quais mais de 2.600 crianças. Foram todos internados por grupos de famílias. Os testemunhos nos dizem que as janelas das barracas estavam quebradas, enquanto o inverno era extremamente duro. No campo não havia medidas higiênicas, nem assistência médica. Duas semanas depois de sua chegada, irrompeu uma epidemia de tifo, que matou mais de 6oo adultos e crianças. Entre março e abril de 1942, os sobreviventes foram deportados para Chelmo, e ali assassinados nas câmaras de gás.
Desde então, até 1945, multiplicam-se os testemunhos: massacres coletivos, mortes individuais, tortura de todo o tipo, experimentos químicos e médicos dos mais cruéis. E todas essas crueldades ocorriam nos diversos campos de concentração: Auschwitz, Birkenau, Mauthausen, Rabensbruch, Buchenwald, Chelmo, Lodz, Dachau, Lackenbach e Sachsenhausen.
Para Auschwitz foram enviados ciganos de toda a parte, até soldados alemães em licença da frente militar, alguns deles condecorados por bravura em combate, cujo único delito era terem "sangue cigano" nas veias.
Particularmente impressionantes são os depoimento sobre a transferência de crianças do campo de Buchenwald para o de Auschwitz. Eram crianças ciganas da Boêmia, dos Cárpatos, da Croácia, do Nordeste da França, da Polônia meridional e da Rutênia.
Bárbara Richter, menina cigana, assim depõe:
"Até os prisioneiros mais afeitos a esses horrores sentiram enorme tristeza quando perceberam que os SS iam tirar um por um os pequenos judeus e ciganos, reunindo-os em um só rebanho. Os meninos choravam e gritavam, tentavam freneticamente voltar para os braços dos pais ou dos protetores que tinham encontrado entre os prisioneiros, mas envolvidos por um círculo de fuzis e metralhadoras, foram levados para fora do campo e enviado para Auschwitz, onde morreriam nas câmaras de gás."
"Até os prisioneiros mais afeitos a esses horrores sentiram enorme tristeza quando perceberam que os SS iam tirar um por um os pequenos judeus e ciganos, reunindo-os em um só rebanho. Os meninos choravam e gritavam, tentavam freneticamente voltar para os braços dos pais ou dos protetores que tinham encontrado entre os prisioneiros, mas envolvidos por um círculo de fuzis e metralhadoras, foram levados para fora do campo e enviado para Auschwitz, onde morreriam nas câmaras de gás."
Devido aos maus tratos e péssimas condições sanitárias, "a pele das crianças se enchia de feridas infecciosas. Elas sofriam de estomatite cancrenosa... parecia lepra...seus corpinhos iam se desfazendo, bocas espantosas se abriam nas faces, e lá dentro se podia observar a lenta putrefação da carne viva."
Só em Auschwitz, os ciganos regularmente matriculados foram 20.933, incluindo 360 crianças nascidas no campo de concentração, e que viveram o bastante para receberem número de matrícula. A estes se devem somar mais de 1.700 ciganos mandados para a câmara de gás, assim que chegaram, em março de 1943, e que nem tinham recebido ainda o número de matrícula. Em um único dia (29 de maio de 1943), 102 ciganos foram arrastados para fora de suas instalações e levados para a câmara de gás.
Esses testemunhos narram também a matança de quatro mil ciganos, no começo de agosto de 1944:
"A sirena anunciou um princípio de um rigoroso toque de recolher. Os caminhões chegaram por volta das 20 h. Os ciganos tinham previsto o que estava para acontecer, mas os alemães fizeram de tudo para confundir as idéias: ao saírem dos acampamentos, os ciganos recebiam uma ração de pão e salame, e muitos assim acreditaram que se trataria simplesmente de transferência para outro campo. Então, um pelotão das SS, armado e auxiliados por cães, irrompeu no acampamento e lançou-se contra mulheres, crianças e anciãos. Um garoto tcheco, suplicou aos gritos: ´Eu lhe peço, senhor SS, me deixe viver!`. A única resposta que teve foram os golpes de cassetete. Por fim, foram todos jogados, em montes, no caminhão e levados ao crematório. " (Kraus e Kulka).
"A sirena anunciou um princípio de um rigoroso toque de recolher. Os caminhões chegaram por volta das 20 h. Os ciganos tinham previsto o que estava para acontecer, mas os alemães fizeram de tudo para confundir as idéias: ao saírem dos acampamentos, os ciganos recebiam uma ração de pão e salame, e muitos assim acreditaram que se trataria simplesmente de transferência para outro campo. Então, um pelotão das SS, armado e auxiliados por cães, irrompeu no acampamento e lançou-se contra mulheres, crianças e anciãos. Um garoto tcheco, suplicou aos gritos: ´Eu lhe peço, senhor SS, me deixe viver!`. A única resposta que teve foram os golpes de cassetete. Por fim, foram todos jogados, em montes, no caminhão e levados ao crematório. " (Kraus e Kulka).
"Houve cenas de cortar o coração: mulheres e crianças se ajoelharam diante de Mengele (2) e Borger (3), gritando: ´Piedade! Tenha piedade de nós!´ Em vão. Foram abatidas a coronhadas, pisadas, arrastadas ao caminhão, levadas à força. Foi uma noite horrível, alucinante. Na carroceria foram jogados os que também já tinham morrido sob os golpes da clava . Os caminhões chegaram ao bloco dos órgãos por volta de 22h30min e ao isolamento por volta de 23hs. Os SS e quatro prisioneiros levaram para fora os enfermos, mas também 25 mulheres em perfeita saúde, isoladas com os respectivos filhos" (Aldesberger, p.112-13).
"Por volta de 23hs chegaram outros caminhões diante do hospital, num só caminhão colocaram cerca de 50 a 60 presos e foi assim que chegaram até a câmara de gás. Ouvi os gritos até altas horas da madrugada, e compreendi que alguns tentavam opor resistência. Os ciganos protestavam, gritando e lutando até a madrugada... Tentavam vender a vida a um alto preço". (Dromonski, no processo por Auscwitz).
"Depois, Gober e outros percorreram os quartos um por um tirando dali as crianças que tinham se escondido. Os menores foram arrastados até os pés de Boger, que os agarrava pela perna e os jogava contra a parede...Vi esse gesto se repetindo-se umas cinco, seis e sete vezes" (Langhein).
As estimativas mais próximas falam em meio milhão de ciganos mortos, mas sabe-se que esses dados são inferiores às cifras reais, pois muitos foram mortos antes mesmo de serem matriculados.
Em seu livro "Alemanha e Genocídio", o historiador Joseph Billig distingue três tipos de genocídio: por eliminação da capacidade de procriar, por deportação e por extermínio. No hospital de Dusseldorf-Lierenfeld foram esterilizadas ciganas casadas com não-ciganos, algumas das quais morreram por estarem grávidas. Em Ravensbruck os médicos da SS esterilizaram 120 meninas ciganas. Um exemplo do segundo tipo de genocídio foi a deportação de 5 mil ciganos da Alemanha para o gueto de Lodz, na Polônia. As condições de vida eram ali tão desumanas que ninguém sobreviveu.
Povo antigo, porém prolífico e cheio de vitalidade, os ciganos tentaram resistir à morte, mas a crueldade e o poderio de seus inimigos prevaleceram à sua coragem. O amor à música serviu-lhes por vezes de consolo no martírio. Famintos e cobertos de piolhos, eles se juntavam diante dos hediondos barracões de Auschwitz para tocar música, encorajando as crianças a dançar.
Há testemunhas da coragem dos ciganos que militaram na Resistência polonesa, na região de Nieswiez. Segundo elas, os combatentes ciganos se lançavam sobre o inimigo fortemente armado empunhando apenas uma faca.
Como diz Myriam Novitch, diretora do Museu dos Combatentes dos Guetos, "são decorridos muitos anos desde o genocídio dos ciganos. Já é tempo de denunciar esse crime abominável."
Notas:
(1) - Reinhard Tristan Eugen Heydrich, Sicherheitsdienst da SD - Serviço de Segurança das SS, Protektor da Boêmia e Morávia (ex-Checoslováquia), onde recebeu o cognome de "Carniceiro de Praga".
(2) - Josef Mengele, médico chefe da principal enfermaria do campo de Birkenau, que era parte do complexo Auschwitz-Birkenau, ficou conhecido como "Todesengel" (o Anjo da Morte).
(3) - Wilhelm Boger, SS- Oberscharfuhrer.
(1) - Reinhard Tristan Eugen Heydrich, Sicherheitsdienst da SD - Serviço de Segurança das SS, Protektor da Boêmia e Morávia (ex-Checoslováquia), onde recebeu o cognome de "Carniceiro de Praga".
(2) - Josef Mengele, médico chefe da principal enfermaria do campo de Birkenau, que era parte do complexo Auschwitz-Birkenau, ficou conhecido como "Todesengel" (o Anjo da Morte).
(3) - Wilhelm Boger, SS- Oberscharfuhrer.
Fontes:
* Myriam Novitch - Os ciganos e o terror nazista
* Ota Kraus e Erich Kulka - The death factory: documents on Auschwitz - 1946.
* Lucie Adelsberger - Auschwitz: A Doctor'S Story - Boston, Northeastern University Press. 2006. ISBN: 9781555536596
TEXTO retirado de:* Myriam Novitch - Os ciganos e o terror nazista
* Ota Kraus e Erich Kulka - The death factory: documents on Auschwitz - 1946.
* Lucie Adelsberger - Auschwitz: A Doctor'S Story - Boston, Northeastern University Press. 2006. ISBN: 9781555536596
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A Bandeira Cigana
Esta bandeira foi instituída como símbolo internacional de todos os Ciganos do mundo no ano de 1971,
pela Internacional Gypsy Committee Organized no " First World Romani Congress " -
Primeiro Congresso Mundial Cigano - realizado em Londres.
A roda vermelha no centro da bandeira simboliza a vida, representa o caminho a percorrer e o já percorrido.
A tradição, como continuísmo eterno, se sobrepõe ao azul e ao verde, com seus aros representando
a força do fogo, da transformação e do movimento.
O azul representa os valores espirituais, a paz, a ligação do consciente com os mundos superiores,
significando libertação e liberdade.
O verde representa a Mãe Natureza, a terra, o mundo orgârnico( subterrâneo), a força da luz do crescimento
vinculado com as matas, com os caminhos desbravados e abertos pelos Ciganos.
Representa o sentimento de gratidão e respeito pela terra, de preservação da natureza pelo que ela nos oferece,
proporcionando a sobrevivência do homem e a obrigação de ser respeitada pelo homem,
que dela retira seus suprimentos, devendo mantê-la e defeMitos, Hipóteses e Evidências
OS MISTÉRIOS DO BARALHO CIGANO por Sandy A origem das cartas do Baralho Cigano permanece na obscuridade e se perde nos tempos. Muito se tem dito sobre como surgiu o primeiro Baralho Cigano, mas fico com a versão de alguns pesquisadores que afirmam que as primeiras cartas ciganas surgiram nas mãos de Madame Lenormand, senhora da corte européia no século VIII, nascida em Alençon na França no ano de 1772. Madame Lennormand foi muito conhecida pelas suas predições aos homens da corte, entre eles Napoleão Bonnapart, ao qual ela previu sua ascensão e queda. Tinha contato constante com ciganos europeus, aprendendo com eles a arte de ler as Cartas Ciganas. Posteriormente, fez uma adaptação do "exótico" baralho usado por ciganos para a nossa realidade não cigana, representada por figuras do nosso cotidiano e introduzindo nestas cartas as figuras do baralho de naipes. Assim estas cartas passaram a ser utilizadas não somente pelos que não eram ciganos, mas também pelas mulheres ciganas. Atualmente existem diversos tipos de Baralhos Ciganos no mercado, assim como um vasto material sobre cartas que poderão ser muito úteis àqueles que se interessarem e que desejam se aprofundar no assunto. Felizmente podemos acessar informações que permaneceram anteriormente obscuras devido a tabus, preconceitos e mesmo perseguições. E o ato de oracular é uma destas informações. Sendo as cartas um instrumento sagrado, deve ser respeitado e requer cuidados especiais ao utilizá-lo como instrumento de trabalho. É interessante salientar que nos símbolos das cartas do Baralho Cigano está inserida a energia dos Orixás onde encontramos Yemanjá na carta 3 - O Navio; Oxôssi na carta 5, A Árvore; Iansã na carta 6 - As Nuvens; Oxumaré na carta 7- A Cobra; Nana na carta 9- O Ramalhete; Obaluayé na carta 10 - A foice; Êre na carta 13, A Criança; Ossayan, na carta 20- As Ervas; Xangô na carta 21 - O Morro; Ogum na carta 22 - Os caminhos, Oxum na carta 30 - Os Lírios e Oxalá na carta 31 - O Sol. Desta forma é possível conhecermos Os Orixás (que são energias vibratórias da natureza) que o consulente está sob a proteção. Felizmente muitas pessoas já conhecem e fazem uso do Baralho Cigano para ter informações e orientação sobre seu lado profissional, espiritual e afetivo. Através dele teremos uma visão ampla do que está se passando na vida do consulente. O momento atual, o que levou a esta situação e acontecimentos vindouros; mas lembrando sempre que cada um de nós tem o livre arbítrio e que com atitudes corretas no presente poderemos plantar um futuro melhor. Para àqueles que desejam aprender esta arte de "oracular" se faz necessário conhecer bem os significados das cartas e suas possíveis combinações. Ao ler as cartas estamos utilizando a percepção sensorial e extra-sensorial. Portanto nos requer desenvolvê-la cada vez mais através de exercícios de meditação e outros que nos serão muito úteis no momento da leitura. Lidar com estas cartas é algo muito sério, pois estamos lidando com energia,magia, alquimia, mente, pessoas e suas futuras escolhas. Praticar bastante e ter antes de tudo amor pelo que se propõe a fazer são posturas fundamentais para quem deseja trabalhar com as cartas. Devemos sempre agradecer e valorizar este ensinamento que nos feito deixado pelo Povo Cigano, que abrindo as portas do "conhecimento" de seu povo e de sua "magia", nos permitiu também fazer uso deste magnífico oráculo que são as Cartas Ciganas. É muito importante observar atenciosamente as combinações entre as cartas para obter a interpretação correta. Usar bons métodos de jogos e praticar bastante. CROMOTERAPIA AZUL - Cor calmante, e relaxante. Cor mental altamente espiritualizante.É considerada a cor de maior propriedade terapêutica.Estimula a doçura, o equilíbrio e a paz de espírito. Atua na limpeza energética,espiritual e orgânica,e é antitérmico, antiinflamatório,analgésico, reabilitador celular, anti pruriginoso , diminui também a pulsação cardíaca. VERDE - È a cor da natureza , do equilíbrio físico mental e emocional.Produz harmonia e influi no sistema nervoso.Relaxante e refrescante, além de tranqüilizar.Sua ação abrange a limpeza energética.Grande estimulante da glândula pituitária.Faz com que a pessoa desenvolva o amor próprio. Tem propriedades de promover a limpeza energética além de ser antiinfeccioso, Assim como combate o stress.È a energia da juventude do crescimento da fertilidade da esperança de vida nova. Permite a serenidade psíquica e equilibra os pensamentos. Estabilizador emocional agindo como relaxante emocional, ajudando também a remover os medos. AMARELO - Estimulante mental.No amarelo chegamos ao nível do intelecto.Revitalizante e estimulante dos campos nervoso e muscular. È também a cor da alta espiritualidade e desenvolve a sabedoria , o esclarecimento ,afastando os medos e incertezas. Fortificante e ativador de nervos músculos e tecidos .Aumenta atividade intelectual. Ativa articulação do pensamento.Restaurador de células debilitadas. Revitalizador e estimulantes dos campos nervosos e musculares. Cor da vivacidade e da alegria.Desenvolvendo a sabedoria o esclarecimento o discernimento afastando os medos e as incertezas.No aspecto emocional e uma cor que ativa a mente ajudando a desfazer mágoas e injustiças guardadas. LARANJA - È considerada a cor do equilíbrio.È uma cor que possui efeito estimulante, , sendo usada no caso de falta de vitalidade física ou mental.Auxilia na expansão da mente.Cor usada para caso em q se deseja diminuir gorduras.É também uma cor que facilita a comunicação, além de ajudar a dispersas pensamentos e sentimentos negativos e a manter a serenidade psíquica.Funciona muito bem para remover as inibições, repressões e condicionamento do passado.Facilita a abertura psíquica. Fortalece o corpo etérico e realça as emoções proporcionando sensação de bem estar e alegria,leveza,prazer. ROSA - Cor do amor, da emoção suave , criando uma sensação de calma dentro de uma vibração de paz.E uma cor usada pra acalmar pessoa desequilibrada.E uma cor que enaltece, vitaliza e estimula causando uma sensação de vida nova.Ela transforma energias pesadas em energias pesadas em energias mais leves.Harmoniza as emoções pois é cor da afetividade e do amor. Também é uma cor diurética, cauterizadora e desobstrui a corrente sanguínea.È uma cor mais ligado a afeto tranqüilo do que a paixão. VERMELHO - È uma cor que dá vitalidade, energia, saúde, reativação mental e física.È empregada nos momento que nos sentimentos abatidos.Favorece a energia sexual.E aumenta a pressão arterial .Deve ter alguns cuidados ao usar esta cor. Estimula a ação luta q a conquista.Estimula a auto estima e a criatividade.Seu uso a fasta a tristeza, e melancolia. LILÁS-/VIOLETA – Paralisador das infecções, cor de vibração bem mais profunda.exerce função calmante sobre o coração e purifica o sangue.Sua ação emocional contribui para eliminar o ódio a irritabilidade a cólera.Diminui o medo e angústia.Eleva a auto estima .È a cor preferida das pessoas imaturas ou em processo de busca espiritual.E uma cor que fornece a capacidade ideal para meditação, pois equilibra a consciência. Atua no sistema nervoso cansado, nos nervos desgastados e tensos.Tem efeito tranqüilizante e calmante.Proporciona transmutação do desejo por ser a cor da consciência cósmica.Controla a fome excessiva quando provocada por ansiedade. Também proporciona equilíbrio da mente.paz interior.purifica e limpa as impurezas contudo devemos usar esta cor por curto espaço de tempo. Cor inspiradora e espiritual .Na filosofia oriental é quem governa o centro da cabeça ,o Chakra coronário, e é chamada de Lótus de Mil Pétalas``.È uma cor que limpa e purifica sendo uma cor que transmuta as energias negativas. ÍNDIGO - È o azul do Jeans, Tem efeito tônico e vitalizante ao mesmo tempo em que cria uma sensação de calma.Acabando com a agitação interior da vida.Tem grande poder anestésico estimula a acuidade dos sentidos e da intuição.Minimiza a excitação mental. Tema função de elevar a consciência do individuo, ampliando-a e deixando-a até em estado alterado de consciência , mas sem atingir o estado hipnoidal, permitindo o esquecimento do corpo físico ao estimular o centro energético.Esta cor ajuda a expandir a mente e a eleva a estágios mais avançados de consciência DOURADO - È uma cor ligada ao afeto e amor.Mais potente que o amarelo.Estabelece a ligação entre o plano material e espiritual.Considerada cor de proteção. PRATA -Também faz uma ponte com o lado espiritual favorecendo a intuição.Tem ligação com a lua o “inconsciente” na psicologia . ROUPA VERMELHA: Aconselha-se usar esta cor de roupa quando estamos com pouca vitalidade, porém sadia.É uma roupa que chama a atenção.Boa para aqueles que querem ser percebidos.Apenas devemos usar por período curto de tempo; em competições esportivas e ótima para estimular a combatividade em todos os planos.As cores de nossas roupas influenciam muito em nossas emoções. Assim poderemos fazer uso das mesmas em nosso dia a dia. Vejamos seguir: ROUPA AMARELA: Transmite alegria e atrai a atenção, causa sensação de estar radiante,alegre e jovial.È uma cor que trabalha com o intelecto.Esta cor contagia aos que usam e aos outros. ROUPA LARANJA: Faz a pessoa se sentir otimista em período de transições. Ótima para pessoas que sofrem de depressão. Descontrai o corpo e traz serenidade no pensar. ROUPA VERDE: Ótima para ser usada em períodos de perturbações mentais e emocionais. É assim como ajuda na saúde. ROUPA AZUL: Muito boa para ser usada por pessoas nervosas, pelo seu efeito calmante.Ótima para ser usada em ocasiões sociais. ROUPA VIOLETA: Proporciona envolvimento de paz e amor sem ansiedade.Boa para prece e concentração. ROUPA BRANCA: Permite que os outros o vejam tal como você é. ROUPAS ESTAMPADAS E COLORIDAS Favorecem a alegria e o bom humor. Biografia- Cromoterapia- Elaine Marini- ED.Nova Era |
Muitos mitos tem sido elaborados sobre a orígem desse misterioso povo presente em todas as nações do ocidente, chamado de maneiras diferentes, comumente conhecidos como gitanos, ciganos, zíngaros, etc., cujo nome verdadeiro é Rom (ou melhor, Rhom) para a maioria dos grupos e Sintos para os demais. Não exporemos aqui as lendas universalmente reconhecidas como tais, a não ser o último mito mais largamente difundido que ainda é considerado como verdade: a presumida orígem indo-européia.Sobre a orígem dos povos
A verdadeira orígem dos Ciganos (Rom e Sintos)
O fato de que o povo rom chegou à Europa proveniente de algum lugar da India não significa que tenham vindo de sua terra de orígem. Todos viemos de algum lugar onde nossos ancestrais viveram, quiçá tendo chegado eles mesmos de algum outro país. Toda a hipótese que sustenta a orígem indo-européia se apóia num único elemento: o idioma romanês. Tal teoria não leva em conta outros fatores culturais muito mais importantes que evidenciam claramente que o povo rom não tem nada em comum com as gentes da India, exceto elementos linguísticos. Se devêssemos levar a sério uma hipótese que se baseia sómente no idioma para determinar a orígem do povo, chegaríamos à conclusão de que quase todos os norte-africanos vieram da Arábia, que os judeus ashkenazim são uma tribo germânica, que os judeus sefaraditas são simplesmente espanhóis que praticam outra religião e não que são um povo diferente, etc. Os afro-americanos não sabem sequer que idioma falavam seus ancestrais e portanto deveriam considerar-se ingleses. Definitivamente, o idioma por si mesmo não é suficiente para definir a pertinência étnica, e todos os demais fatores determinantes são contrários à idéia de uma orígem indiana do povo rom - incluindo alguns elementos presentes no próprio idioma romaní. Os fatores mais importantes que permanecem em todo povo desde a mais remota antiguidade são de consistência espiritual, que se manifestam nos sentimentos mais íntimos, comportamentos típicos, memória coletiva, quer dizer, na herança atávica.
Neste estudo, começarei expondo o mito antes de apresentar as evidências e a consequente hipótese sobre a verdadeira orígem do povo rom.
Os estudiosos fizeram muitos esforços com o propósito de demonstrar a orígem indiana do povo rom, todos os quais foram inúteis por falta de evidências. Alguns documentos que foram inicialmente considerados como referentes ao povo rom, como por exemplo os escritos de Firdawsi, tem sido sucessivamente desacreditados. Demonstrou-se que todos os povos dos quais se pensou que poderiam ter alguma relação com os ciganos, como os dom, os luris, os gaduliya lohars, os lambadis, os banjaras, etc, na realidade não tem sequer uma orígem comum com o povo rom. A única semelhança entre todos eles é a tendência à vida nômade e o exercício de profissões que são típicas de toda tribo de qualquer extração étnica que pratica tal estilo de vida. Todos estes resultados inúteis são a consequência natural de uma investigação realizada a partir de parâmetros errados, ignorando a essência da cultura romaní e a herança espiritual do povo cigano, que é incompatível com qualquer povo da India.
Uma teoria que recentemente está obtendo sucesso no ambiente intelectual interessado no argumento (teoria destinada a provar-se errônea como todas as precedentes) pretende ter descoberto a "cidade" original na qual o povo rom poderia ter suas orígens: Kannauj, em Uttar Pradesh, India. O autor chegou a algumas conclusões interessantes que desacreditam todas as precedentes, sem dúvida seguiu a mesma linha investigativa que produziu o fracasso daquelas outras: o indício linguístico, que o conduz indefectivelmente a obter um resultado errado. Por conseguinte, o autor funda sua hipótese inteiramente sobre uma suposta evidência linguística, a qual é absolutamente insuficiente para explicar os aspectos culturais do povo rom que não estão relacionados com o idioma e que indubitavelmente são muito mais importantes, aspectos que constrastam com a teoria proposta.
Neste estudo citarei algumas afirmações do autor (traduzindo-as do texto em inglês) recolocando sua estranha forma de escrever as palavras em língua romaní com uma forma mais exata e compreensível - por exemplo, o caracter "rr" não representa nenhum fonema em romanês; o som gutural do "r" está melhor representado como "rh", mesmo que nem todos os dialetos ciganos pronunciem desta forma, como o próprio gentílico "rom" se pronuncia "rhom", porém também simplesmente "rom". Geralmente o "h" se usa para indicar uma sonoridade alternativa da consoante que o precede e no caso no qual os acentos ortográficos, circunflexos e outros sinais não se podem reproduzir de maneira adequada, o "h" serve como a melhor letra complementar na maioria dos casos. Pessoalmente prefiro o alfabeto esloveno com algumas leves modificações para transcrever corretamente a língua romaní, porém na internet nem sempre é possível ver as páginas como foram escritas quando se usam sinais ortográficos não convencionais, portanto usarei a forma alternativa que consiste em agregar letras complementares.
Para expor a teoria mencionada, começarei citando uma afirmação do autor com a qual estou completamente de acordo:
" É sabido que na realidade não existe nenhum povo na India atualmente que possa estar aparentado com os rom. Os vários grupos etiquetados como "gypsies" (com "g" minúsculo) na India não tem nenhuma relação genética com os ciganos. Estes adquiriram o título de "gypsies" através da polícia colonialista britânica que no século XIX os chamou assim por analogia com os "Gypsies" da Inglaterra. Sucessivamente lhes aplicaram as mesmas leis discriminatórias que existiam para os "Gypsies" ingleses. Logo a maioria dos estudiosos europeus, convencidos de que o nomadismo ou a mobilidade são um caráter fundamental da identidade romaní insistiram em comparar os rom com várias tribos nômades da India, sem encontrar nenhum outro caráter em comum, porque suas investigações eram afetadas por preconceitos para com os grupos nômades".Isto é certo, os investigadores tomaram idéias preconcebidas sobre as quais fundaram suas hipóteses. Sem dúvida, o autor não é uma exceção e cometeu o mesmo erro. De sua própria declaração resultam as seguintes perguntas: Por que não existe nenhum povo na India aparentado com os rom? Por que toda a população cigana emigrou sem deixar o menor traço de si mesmos, ou alguns parentes? Há uma só resposta: porque não eram da India, sua orígem não pertencia àquela terra, e sua cultura era demasiado incompatível com a cultura indiana.
Só uma minoria religiosa pode emigrar em massa de um país no qual a maioria dos habitantes pertencem a sua própria família étnica. E uma minoria religiosa naqueles tempos significava que era uma confissão "importada", não gerada no ambiente indiano.
O presumido exílio em Jorasan exposto pelo autor como a razão pela qual o povo rom abandonou a India carece de fundamento, pois não dá uma explicação sobre as crenças e tradições ancestrais dos ciganos, as quais não são nem indianas nem islâmicas (porque Jorasan nessa época não era mazdeísta [ou zoroastrista] já desde muito tempo atrás), porém falaremos deste argumento mais adiante neste estudo.
De toda maneira, o autor revela um mito na seguinte declaração:
" Quanto às presumidas semelhanças entre o idioma romaní e outras línguas indianas, geralmente o punjab e o rajastani, trata-se sómente de um estratagema usado pelos nacionalistas que representam tais grupos linguísticos e defendem os interesses das respectivas nações: eles simplesmente tentam aumentar artificialmente o número da própria população".Este é exatamente o caso. Tive a oportunidade por mera casualidade de encontrar na internet grupos de discussão rajput/jat nos quais eles dizem estar convencidos de que os ciganos são um clan jat ou rajput. Se o fazem ou não em boa fé, o fato é que suas declarações são expressadas em um contexto nacionalista e parecem perseguir propósitos de tipo político. A principal presumida prova que apresentam é que os árabes chamavam aos ciganos de "zott", que significa "jat", desde o momento em que aparentemente chegaram ao Oriente Médio. Sinceramente, os escritos dos historiadores árabes são apenas um pouco mais exatos que as fábulas de "As mil e uma noites" quanto à precisão histórica.
Havendo devidamente reconhecido estas importantes reflexões do autor da "teoria Kannauj", agora exponho suas afirmações sobre as quais fundou erroneamente toda a sua hipótese:
"Contrariamente ao que normalmente lemos em quase todas as publicações, os primeiros rom chegaram à Europa conhecendo suas orígens indianas. Há evidências disto em vários documentos dos séculos XV e XVI. É só depois que a mítica orígem egípcia se propôs contra as versões que sustentavam a proveniência indiana. Sendo mais prestigioso, seria eventualmente mais fácil para a própria integração na Europa. Pouco a pouco o mito da orígem egípcia foi aceito como autêntico".Antes de responder a esta afirmação, desejo mencionar outra declaração na qual o autor se contradiz:
"Entre todas as lendas, uma das mais difundidas é a da presumida orígem egípcia do povo rom, que eles mesmos começaram a promover no início do século XVI [...] Em ambos os casos, o prestígio do Egito com base na Bíblia e as histórias de perseguições sofridas pelos cristãos nesse país provavelmente alimentaram uma maior aceitação da lenda egípcia no lugar da orígem indiana, e provavelmente os ajudou a obter salvo-condutos e cartas de recomendação da parte de príncipes, reis e mesmo do papa ".A primeira afirmação é inexata porque há documentos precedentes, inclusive do século XII d. c., nos quais os "egípcios" são mencionados em relação com os ciganos. Normalmente os rom foram chamados de distintas maneiras segundo a proveniência imediata, por exemplo na Europa ocidental os primeiros ciganos eram conhecidos como "bohêmios", "húngaros", etc. ( esta última denominação é ainda muito comum em muitos países), enquanto que os árabes os chamavam de "zott", significando "jat", porque provinham do vale do Indo. É certo que jamais foram chamados de "indianos" na Europa. Sem dúvida, tendo chegado à Europa pelo Iran e Armênia através do Bósforo, é improvável que tenham passado pelo Egito - existia na própria memória histórica o fato de que tenham estado antes no Egito, desde onde seu caminho errante começou, e assim declararam sua orígem mais antiga. Naquele tempo a India havia sido completamente esquecida. Antes de chegar a território bizantino, como o autor mesmo admite, os rom habitaram por longo tempo em países muçulmanos, e é certamente sabido que quem quer que tenha abraçado o islam dificilmente se converte ao cristianismo. Quando os ciganos chegaram a Bizâncio, já eram cristãos.
(O espaço entre colchetes será mencionado depois)
Agora se apresenta um enigma interessante: Como podiam os ciganos conhecer A BÍBLIA em território muçulmano? Isto é algo que o autor não pode justificar de maneira nenhuma, porque na realidade os rom não conheciam as Escrituras senão só por ouvido até tempos muito recentes. Seguramente na India, na Pérsia e em terras árabes onde viveram antes de chegar à Europa não poderiam ter ouvido jamais nenhum comentário sobre a Bíblia, nem tampouco em Bizâncio ou Europa, onde o acesso às Escrituras estava proibido à gente comum e não existiam versões em língua corrente. Não há possibilidade de que os ciganos conhecessem a Bíblia a não ser somente no caso que a história bíblica estivesse profundamente radicada em sua memória coletiva.
Esta memória se conservou durante o prolongado exílio na India de um modo tão forte que não adotaram nem sequer o menor elemento da cultura hindu nem de nenhuma outra existente na India. A maioria dos ciganos lê a Bíblia agora, e todos eles exclamam assombrados: "Todas as nossas leis e costumes estão escritos aqui!"- nenhum outro povo sobre a face da terra pode dizer o mesmo, exceto os judeus. Nenhum povo da India, nem de outro país.
(Este é o espaço entre colchetes da citação anterior)Devia existir um motivo pelo qual em Bizâncio eram chamados de egípcios, motivo que o autor não explica. É que os ciganos sabiam que tinham estado no Egito em uma época remota do passado. Há outra palavra grega pela qual os ciganos eram conhecidos em Bizâncio: "athinganoi", da qual derivam os termos cigány, tsigan, zíngaro, etc. Os bizantinos conheciam perfeitamente quem eram os athinganoi e identificaram com eles os rom. De fato, a pouca informação que temos sobre esse grupo coincide em muitos aspectos com a descrição dos ciganos. Não há provas suficientes para afirmar que os athinganoi fossem rom, porém tampouco existem evidências do contrário. A única razão pela qual a possível identificação dos athinganoi com os ciganos foi descartada a priori é porque aqueles são mencionados no início do século VI d. c., época na qual, segundo os empedernidos sustentadores da teoria da orígem indiana, os ciganos não deviam estar na Anatólia. Os athinganoi eram chamados assim em relação a seus conceitos e leis de purificação ritual, considerando impuro todo contato com outro povo, muito similares às leis ciganas para os "payos" ou "gadjôs" (não ciganos). Praticavam a magia, a adivinhação, o encantamento de serpentes, etc, e suas crenças eram uma espécie de judaísmo "reformado" mesclado com cristianismo (ou com mazdeísmo/ zoroastrismo); observavam o Shabat e outros preceitos hebraicos, criam na Unidade de Deus, porém não praticavam a circuncisão e se batizavam (prática que não é exclusivamente cristã, senão também comum entre os adoradores do fogo). Quanto aos athinganoi, a Enciclopédia Judaica diz: "podem ser considerados judeus".
" Em todo caso, em Bizâncio em época primitiva, os adivinhos ciganos eram chamados de Aigyptissai, "egípcios", e o clero proibiu o povo de consultá-los para saber o futuro. Tomando como pretexto o livro de Ezequiel (30:23), os rom foram chamados de egípcios não só nos Balcãs mas também na Hungria, onde no passado referiam-se a eles como "povo do Faraó" (Faraonépek)e no ocidente, onde palavras provenientes do nome grego dado aos egípcios (Aigypt[an]oi, Gypsy e Gitano) se usam ainda em referência ao ramo atlântico do povo rom".
Outro fator significativo é que os ciganos relacionam sua condição de constante movimento com o faraó, uma coisa que pertence exclusivamente ao povo hebreu. Os documentos mais antigos sobre a chegada dos rom à Europa constatam sua declaração de haverem sido escravos do faraó no Egito, da qual surgem duas possíveis deduções: ou era parte de sua memória histórica ou era algo que inventaram para ganhar o favor das pessoas - a segunda possibilidade é completamente improvável, posto que esta os identificaria com um só povo, exatamente o mais odiado na Europa e não era certamente a identidade mais conveniente para eleger.
"Observando restos de precedentes migrações egípcias para a Ásia Menor e para os Balcãs, pensaram que seria proveitoso para eles fazer-se passar por cristãos do Egito, perseguidos pelos muçulmanos ou condenados a perpétuo vagar para expiar sua apostasia ".Esta foi uma sucessiva "correção" que inventaram depois de haver-se dado conta de que sua versão original da escravidão no Egito sob o faraó era auto-destrutiva porque eram etiquetados como judeus. Esta segunda versão é a que o autor considera " a mais antiga menção desta lenda, no século XVI d. c. ", porém a história original é muito mais antiga. Os ciganos nunca disseram que provinham da India até que alguns gadjôs no século XX lhes dissessem que haviam estudado muito e que a "ciência" estabelece que eles são indianos.
A convicção do autor de que a pátria original dos rom era a cidade de Kannauj se baseia simplesmente sobre uma conjectura, reunindo elementos débeis que não provam nada e são facilmente desmentidos pelas evidências que exporei mais adiante. Agora leiamos sua hipótese:
"...uma passagem do Kitab al-Yamini (Livro de Yamin), do cronista árabe Abu Nasr Al- 'Utbi (961-1040), se refere ao ataque do sultão Mahmud de Ghazni à cidade imperial de Kannauj, que concluiu com a pilhagem e a destruição da mesma e a deportação de seus habitantes até o Afganistão em dezembro de 1018...Sem dúvida, com base em crônicas incompletas que mencionam só algumas incursões na India norte-ocidental, não tem sido capazes de descrever inteiramente o mecanismo de tal êxodo...descreve uma invasão no inverno de 1018-1019, que chegou muito mais longe para o leste, mais além de Mathuta, até a prestigiosa cidade de Kannauj, 50 milhas a noroeste de Kanpur...No início do século XI, Kannauj (a Kanakubja do Mahabharata e do Ramayana), que se extendia por milhas ao longo do Ganges, era um importante centro cultural e econômico da India setentrional; não só porque os mais instruídos brâmanes da India afirmam ser de Kannauj (como ainda hoje), senão também porque era uma cidade que havia conseguido um alto nível de civilização em termos que hoje definiríamos como democracia, tolerância, direitos humanos, pacifismo e inclusive ecumenismo. Sem dúvida, no inverno de 1018-19, uma força invasora proveniente de Ghazni (atual Afeganistão) capturou os habitantes de Kannauj e os vendeu como escravos. Não foi a primeira incursão do sultão, porém as anteriores haviam chegado só até o Punjab e Rajastão. Esta vez chegou até Kannauj, uma cidade com mais de 50.000 habitantes e em 20 de dezembro de 1018 capturou a população inteira, "ricos e pobres, claros e obscuros [...] a maioria deles eram "nobres, artistas e artesãos", para vendê-los, "famílias inteiras", em Ghazni e Kabul (segundo o texto de Al-'Utbi). Logo, segundo o mesmo texto, Jorasán e Iraque estavam "cheios desta gente" .Aqui o autor demonstra que não lhe importam minimamente os elementos culturais do povo rom, mas que está somente interessado em encontrar uma possível orígem na India e em nenhuma outra parte. Por conseguinte, muitos detalhes importantes tem sido completamente ignorados. Aqui menciono alguns: - Naquele tempo, a cidade de Kannauj era governada pela dinastia Pratihara, que não eram hindus e sim de etnia guijar, quer dizer, jázaros. Segundo as regras linguísticas, os termos hindus "gujjar" e "gujrati" derivam do nome original dos jázaros (khazar) através das regras fonéticas comuns destas línguas: os dois idiomas hindus, não tendo os fonemas "kh" ("j") nem "z", os transcrevem como "g" e "j" ("y").
O que é que nos leva a pensar que a orígem dos rom tenha que ver com esta deportação?"
Portanto, se os ciganos eram os habitantes de Kannauj não eram hindus e sim uma etnia muito próxima aos húngaros, aos búlgaros, a uma pequena parte dos judeus ashkenazim, aos bashkires, aos chuvashes e a alguns povos do Cáucaso e do vale do Volga... A designação "húngaros" que lhes é normalmente atribuida em muitos países ocidentais não seria tão errada - mais exata que a definição de "indianos" ou "hindus", em todo caso.
· Se fora certo que os ciganos estiveram sempre na India até o século XI e.c. como afirma o autor, haveriam certamente praticado a religião mais difundida nessa terra, ou de todo modo teriam absorvido muitos elementos do bramanismo, especialmente se ser um braman de Kannauj era um grande privilégio que outorgava tanto prestígio. Sem dúvida, não se encontra o menor vestígio de tradição bramânica na cultura e espiritualidade romaní, ao contrário, não há nada mais distante do "romaimôs" (ciganidade) que o hinduísmo, o jainismo, o sikhismo ou qualquer outro "ismo" de orígem indiana.
·O sultão de Ghazni era indubitavelmente muçulmano. O povo que ele deportou se estabeleceu no Afeganistão, Jorasan e outras regiões do Iran. Isto não haveria favorecido a adoção de elementos culturais do mazdeísmo - (zoroastrismo, que são muito evidentes na cultura romaní) mas ao contrário, teria contribuido a evitá-los porque os adoradores do fogo haviam sido praticamente aniquilados pelo islam - certamente um povo no exílio não teria adotado uma religião proibida para serem exterminados definitivamente! Portanto, o povo rom esteve em terras iranianas antes de chegar à India e sua cultura estava já bem definida quando chegaram ali. Existe um só povo que tem exatamente as mesmas características: os israelitas do Reino de Samaria exilados na Média, que conservaram sua herança Mosaica porém também adotaram práticas dos magos (classe social dedicada ao culto do fogo na Pérsia), e só uma coisa não conservaram: seu idioma original (como tampouco os judeus do reino de Jerusalém, já que o hebraico não se falou mais até a fundação do Estado de Israel em 1948 e.c.). Os judeus da India falam línguas indianas, porém são judeus e não indo-europeus.
Tendo assinalados alguns dos pontos débeis sobre os quais se funda a teoria de Kannauj, é justo considerar as razões que expõe o autor:
"Principalmente os seguintes pontos:Esta afirmação é demasiado simplista para ser de um estudioso! Está bem estabelecido o fato de que os ciganos se mesclaram com várias populações durante suas longas travessias. Exatamente como os judeus. Basta visitar Israel para notar que há judeus negros, judeus loiros, judeus altos, judeus baixos, judeus com aspecto de indianos, de chineses, de europeus, etc. A crônica mencionada pelo autor demonstra que a população de Kannauj não era homogênea, não pertencia a uma só etnia. De fato, havia rajputs, gujratis e muitos outros, se a cidade era tão cosmopolita como parece. Isto não prova que os ciganos tenham sido a população de Kannauj.
·O detalhe "claros e obscuros" explica a diversidade de cor de pele que encontramos nos distintos grupos rom, porque a população original era mesclada. Havia provavelmente muitos rajputs em Kannauj. Esta gente não era aparentada com a população nativa, porém foram elevados à casta kshatrya por méritos. Portanto, eles devem ser a porção denominada "obscuros" da população".
"·O fato que os escravos capturados provinham de todo tipo de classes sociais, incluindo nobres, explica como foi tão fácil para eles inserirem-se entre a gente importante e influente como reis, imperadores, e papas quando chegaram à Europa. Isto se deu porque entre os ciganos havia descendentes dos "nobres" de Kannauj. O indianólogo francês Louis Frédéric confirmou que a população de Kannauj consistia maiormente de "nobres", artistas artesãos e guerreiros."Isto é pura especulação. Os ciganos normalmente se davam a si mesmos títulos nobiliárquicos ou de prestígio com o objetivo de obter favores, salvo-condutos, etc. Isto foi praticado até há um século atrás pelos rom que chegaram à América do Sul, os quais se proclamavam " príncipes do Egito" ou nobres de algum país exótico. As autoridades começaram a suspeitar quando notaram que havia tantos príncipes de países estranhos. Há um detalhe importante que o autor não levou em consideração: Ele afirmou que Kannauj era um prestigiado centro bramânico. Como é possível que não existia uma casta sacerdotal no povo rom? O que aconteceu com os presumidos "ciganos brâmanes"? Todos os povos hindus tem uma casta sacerdotal, e muitos outros povos as tinham, incluindo os medos e persas (os magos) e os semitas, exceto um: os israelitas do Reino de Samaria - depois que se separaram de Judá, perderam a tribo de Levi e como consequência, nenhuma tribo foi dedicada ao sacerdócio. Havia nobres, artistas, artesãos, guerreiros e todo tipo de categorias sociais entre os norte-israelitas, porém não sacerdotes. O que é também importante notar é que os nobres israelitas eram muito apreciados nas cortes dos reis pagãos, e como tinham um dom profético particular, muitos israelitas entraram na classe dos magos da Pérsia, assim como outros se dedicaram à adivinhação, à alquimia e coisas similares. Sem esquecer que a arte da magia mais comum entre os ciganos é o "tarô", uma invenção judaica.
"·Esta diversidade social da população original deportada pode ter contribuido para a sobrevivência da língua romaní, quase mil anos depois do êxodo. Como mostra a sócio-linguística, quanto maior é o grau de heterogeneidade social em uma população deportada, mais forte e largamente poderá continuar a transmitir o próprio idioma ."
Esta afirmação não prova nada e é muito discutível, porque há muitos exemplos do contrário: a história prova que os hebreus foram levados ao exílio em massa, incluindo todas as categorias sociais, sem dúvida perderam o próprio idioma num tempo relativamente breve - o fato singular é que conservaram os distintos idiomas que adotaram na diáspora em lugar do próprio idioma original, por exemplo, os judeus mizraji ainda falam o assírio-aramaico, os sefaraditas ainda conservam o ladino (espanhol medieval) seis séculos depois de terem sido expulsos da Espanha, os ashkenazim falam o yiddisch, e os ciganos falam o romaní, a língua que adotaram no exílio.
Outros exemplos de povos deportados ou emigrados de todo extrato social que perderam o próprio idioma em pouco tempo são os africanos da América, do Caribe e do Brasil, a segunda e terceira geração de italianos na América, Argentina, Uruguai, Brasil, etc., a segunda e terceira geração de árabes nesses mesmos países, etc. Outras comunidades conservam uma maior relação com o próprio o idioma, como os armênios, ciganos ou judeus. Não existe um parâmetro universal como o autor afirma.
"·A unidade geográfica do lugar de onde os ancestrais dos ciganos partiram é importante para a coerência do elemento indiano na língua romaní, porque as principais diferenças entre os diversos dialetos não se encontarm no componente indiano, mas no vocabulário adquirido em solo europeu ."Este fator não determina que a orígem tenha sido na área da India. É certo que o idioma romaní se formou inicialmente em um contexto indo-europeu, porém as mesmas palavras "indianas" são comuns a outros idiomas que existiram fora do sub-continente, quer dizer, na Mesopotâmia. As línguas hurríticas constituem a base mais factível da qual todas as línguas indianas surgiram (basta analisar os documentos do reino de Mitanni para compreender que o sânscrito nasceu nessa região). As línguas de raiz sânscrita já se falavam em uma vasta área do Oriente Médio, incluindo Canaã: os horeus da Bíblia (hurritas da história) habitavam no Negev, os jebuseus e heveus, duas tribos hurritas, na Judéia e Galiléia. Os norte-israelitas foram inicialmente estabelecidos pelos assírios em "Hala, Havur, Gozán e nas cidades dos medos" (II Reis,17:6) - esta é exatamente a terra dos hurritas. Depois da queda de Nínive sob a Babilônia, a maioria dos hurritas e parte dos norte-israelitas em exílio emigraram para leste e fundaram o reino de Khwarezm (Jorazmia), desde o qual sucessivamente colonizaram o vale do Indo e o alto vale do Ganges. É interessante notar que algumas palavras da língua romaní pertencem ao hebreu ou arameu antigos, palavras que não poderiam ter sido adquiridas num período mais tardio em sua passagem através do Oriente Médio em direção à Europa oriental, senão somente numa época muito anterior da história, antes de sua chegada à India. Existe ainda um termo muito importante e que os teóricos que sustentam a orígem indiana não levam em consideração: a denominação que os ciganos dão a si mesmos, "rom". Não existe nenhuma menção de nenhum povo rom em nenhum documento sânscrito. A palavra "rom" significa "homem" em idioma cigano, e há só uma referência a tal termo com o mesmo significado: em egípcio antigo, rom quer dizer homem. A Bíblia confirma que os antigos norte-israelitas tinham algumas diferenças dialetais com os judeus, e que eram também mais apegados à cultura egípcia assim como ao ambiente cananeu. A religião norte-israelita depois da separação de Judá era de orígem egípcia: o culto do bezerro. Por conseguinte, não é difícil que a palavra egípcia que significava homem tenha sido usada ainda nos tempos do exílio em Hanigalbat e Arrapkha (territórios onde foram deportados), e após. Porém, como a orígem não deve ser estabelecida através do idioma, não me extenderei na exposição deste argumento.
"·Este argumento contrasta definitivamente a teoria que sustenta que os rom provêm "de uma simples conglomeração de tribos dom" (ou de qualquer outro grupo). É útil mencionar aqui que Sampson havia notado que os rom "entraram na Pérsia como um único grupo, falando um idioma comum" ."Concordo plenamente com este conceito. Porém é necessário ressaltar que a "teoria Dom" foi "a oficial" entre os estudiosos até há pouco tempo, e assim como esta foi desacreditada, qualquer outra que também insista com a orígem indiana se baseia em falsas premissas que conduzem a uma investigação contraditória sem fim.
"· Provavelmente havia um grande número de artistas dhomba em Kannauj, como em todas as cidades civilizadas naqueles tempos. Como maior centro urbano intelectual e espiritual na India setentrional, indubitavelmente Kannauj atraía numerosos artistas, entre os quais muitos dhomba (quiçá, mesmo sem absoluta certeza, os ancestrais dos atuais dombs). Então, quando a população de Kannauj foi dispersa no Jorasán e áreas circunstantes, os artistas dhomba capturaram a imaginação da população local mais que os nobres e artesãos, o que explicaria a extensão do título dhomba em referência a todo o grupo de estrangeiros de Kannauj. Estes poderiam ter adotado este nome para si mesmos como o próprio gentílico (em oposição à designação mais generalizada de Sind[h]~, persa Hind~, grego jônico Indh~ com o significado de "Indiano" - do qual provem o nome "sinto", apesar da paradoxal evolução de ~nd~ a ~nt~, que deve ser postulada neste caso. De fato, em alguns dialetos romanís, principalmente na Hungria, Áustria e Eslovênia, parece apresentar-se esta evolução de ~nd~ a ~nt~)."Visto que o autor não encontra uma explicação verossímil para o termo "rom", recorre a subterfúgios especulativos que são absolutamente improváveis. Isto se manifesta em suas próprias expressões: "provavelmente", "quiçá", "poderia", "parece", etc... Toda a estrutura sobre a qual se funda esta teoria fracassa pela impossibilidade de explicar os caracteres culturais e espirituais próprios dos povos rom e sintos, e essencialmente, a afirmação de que"poderiam ter adotado este nome (dhom) para si mesmos como próprio gentílico" se revela completamente errada. O autor se contradiz a si mesmo, porque anteriormente havia declarado que "muitos kannaujis eram nobres", e logo supõe que estes mesmos "nobres" tenham adotado para si mesmos o nome de uma "casta inferior" como eram os artistas Dhomba.
"·O fato de que a população proto-romaní provenha de uma área urbana e que eram maiormente nobres, artistas e artesãos pode quiçá ser a razão pela qual pouquíssimos ciganos se dedicam à agricultura até hoje. Ainda que "o solo da região fosse rico e fértil, os cultivos abundantes e o clima cálido", o peregrino chinês Xuán Zàng (latinizado como Hsuan Tsang) notou que " poucos dos habitantes da região se ocupavam da agricultura". Na realidade, a terra era cultivada maiormente para a produção de flores para fabricar perfumes desde a antiguidade (principalmente com propósitos religiosos) ."Esta afirmação também não prova nada, mas confirma ainda mais a hipótese de que realmente não eram de orígem indiana: uma comparação cuidadosa com o povo judeu leva à mesma conclusão, porque os israelitas de todas as classes sociais foram deportados de sua própria terra, porém os judeus nunca se dedicaram à agricultura e viveram sempre em cidades onde quer que estivessem na diáspora. Os judeus se fizeram agricultores só recentemente, no Estado de Israel, porque era necessário para o desenvolvimento da Nação. Há suficientes evidências para provar que quando os ciganos chegaram à India já eram um povo com as mesmas características que ainda hoje tem, porque tanto os norte-assírios como os assírios-caldeus (babilônicos) praticaram a deportação seletiva de ambos os Reinos de Israel e Judá, como lemos: "E (o rei de Babilônia) levou em cativeiro a toda Jerusalém, a todos os príncipes, e a todos os homens valentes, dez mil cativos, e a todos os artesãos e guerreiros, não ficou ninguém, exceto os pobres do povo da terra. Assim mesmo levou cativos a Babilônia a Yehoyakin, a mãe do rei, as mulheres do rei, a seus oficiais e aos poderosos do país; cativos os levou de Jerusalém a Babilônia. A todos os homens de guerra.." (II Reis, 24:14-16); "Mas Nabuzaradán, general do exército, deixou os pobres da terra para que lavrassem as vinhas e a terra" (II Reis, 25:12). A mesma coisa haviam feito 120 anos antes os reis assírios no Reino de Israel, e os camponeses que eles deixaram são os atuais samaritanos, enquanto que a grande maioria dos israelitas hoje se consideram "perdidos", e tem-se verificado que a maior parte deles emigrou para a India.
"·Parece que um pequeno grupo fugiu da invasão navegando no Ganges e chegando até Benares, de onde devido à hostilidade da população indígena, se mudaram e se assentaram na área de Ranchi. Esta gente fala a língua sadri, um idioma indiano especificamente usado para a comunicação inter-tribal. É digno mencionar que o sadri parece ser a língua indiana que permite uma melhor comunicação entre seus falantes e o romanês."Novamente o autor especula teorizando uma relação entre uma tribo indiana e os ciganos somente através de uma aparente semelhança linguística, porém nada que tenha que ver com a cultura e a espiritualidade romaní, nem seus costumes ou tradições, e nenhuma prova histórica. Os idiomas são um ponto de referência relativo e muitas vezes enganosos, porque podem ser adotados por povos completamente diversos da etnia original. Provavelmente o autor não conhece alguns casos enigmáticos como o seguinte: há uma província na Argentina, Santiago del Estero, onde ainda se fala uma língua indígena pré-colombiana: o quíchua, um dialeto do idioma dos incas. O fato curioso é que quase todos os que a falam não são indígenas, mas sírios-libaneses que se estabeleceram nessa província há apenas um século atrás! Num suposto evento desastroso do futuro no qual se percam todos os documentos referentes à imigração árabe, os estudiosos do século XXV seguramente especulariam afirmando que esses árabes são os últimos autênticos sobreviventes da antiga civilização inca...O que não serão capazes de explicar é por que esses "incas" tinham tradições ortodoxas num país católico romano, ainda que ambas as tradições sejam muito mais próximas entre si do que a cultura cigana às da India.
Outro exemplo similar nos dão os ciganos mesmos: na Italia norte- ocidental, o dialeto piemontês se fala cada vez menos entre os gadjôs, só as pessoas mais velhas ainda o conservam e já não é a língua principal das crianças piemontesas, que falam italiano. A conservação do dialeto depende exclusivamente dos sintos piemonteses, que o adotaram como a própria língua "romaní" e serão provavelmente os únicos que falarão esse dialeto ao final do presente século. Em uma situação imaginária como a descrita acima, os estudiosos do futuro chegarão à conclusão de que os autênticos piemonteses são os ciganos sintos dessa região..."·Ademais, os falantes do sadri tem o costume, durante cerimônias especiais, de verter um pouco de bebida, dizendo: " por nossos irmãos que o vento frio levou para além das montanhas" (comunicação pessoal por Rézmuves Melinda). Estes "irmãos" poderiam ser os prisioneiros de Mahmud. Porém é necessário um estudo mais intensivo sobre o grupo de falantes do sadri."Outra conjectura especulativa baseada sobre dados superficiais. As deportações eram frequentes naqueles tempos, e afirmar que se referem aos ciganos é mais que atrevimento. O que é mais significativo desta tradição sadri é que o "vento frio para além das montanhas" é dificilmente aplicável a uma deportação para oeste, para além dos rios, supostamente por um vento cálido; é mais bem coerente com uma deportação para o norte, para além do Himalaia, de onde sopra o vento frio.
"·A deusa protetora de Kannauj era Kali, uma divindade que é muito popular entre os ciganos."Esta é realmente uma estranha afirmação para alguém que se considera um estudioso da cultura romaní, porque efetivamente os ciganos não tem a menor idéia da existência da deusa hindú Kali, e não tem nenhuma "popularidade". Não sei se o autor inseriu esta falsa afirmação com o único propósito de reforçar sua teoria, porém prefiro crer em sua boa fé. Não há nenhum elemento em minha família que possa levar a pensar que tal tradição tenha existido algum dia, nem tampouco existe entre as numerosas famílias de rom e sintos que conheci em todo o mundo, desde a Rússia até a Espanha, da Suécia à Itália, dos Estados Unidos à Terra do Fogo (a terra mais ao sul no mundo), de todos os ramos ciganos, dos kalderash, lovaras, churaras, aos calé espanhóis, dos sintos estraxaria e eftavagaria aos kalé finlandeses, desde os matchuaia aos horahanés sulamericanos. Desafio a quem quiser perguntar a um cigano quem pensa que é Kali - sua resposta será: "uma mulher negra", porque "kali" é o gênero feminino de "kaló", que significa negro (não porque eles saibam que o ídolo hindu é também negro). Conheço a maioria das famílias ciganas mais distintas no mundo, e sugiro ao autor visitar os rom da Argentina, onde por algum motivo a cultura cigana kalderash (russo-danubiana) se conserva de modo mais genuíno que em qualquer outro país .
A devoção de alguns grupos para "Sara kali" na Camargue (sul da França) tem que ver com a tradição católica romana, não com o hinduísmo. De fato, há "vírgens negras" em quase todos os países católicos (inclusive na Polônia). Sara "kali" se chama assim porque é negra, e por casualidade ou não, tem o mesmo nome que a mãe do povo hebreu, o que pode ser a razão pela qual os ciganos católicos a elegeram como a própria santa.
"·Ademais, o antigo nome da cidade era Kanakubja (ou Kanogyza em textos gregos), que significava "molestada, vírgem maculada". A orígem deste surpreendente nome se encontra numa passagem do Ramajan de Valmiki: Kusmabha fundou uma cidade chamada Mahodaja (Grande Prosperidade); ele tinha cem formosas filhas e um dia, quando brincavam no jardim real, Váju, deus do vento, se enamorou delas e quis casar-se com elas. Desgraçadamente foi rechaçado e as molestou a todas, o que deu o nome à cidade. Em outra versão, Kana Kubja era o sobrenome de uma devota molestada de Krishna, a qual o deus lhe deu um corpo restabelecido e forte como recompensa pela unção de seus pés. De fato, "vírgem molestada" era um dos títulos de Durga, a deusa guerreira, outra forma de Kali. Em outras palavras, podemos fazer uma identificação: kana kubja ("vírgem molestada") = Durga = Kali. Rajko Djuric mencionou algumas similaridades com o culto romaní de Bibia ou Kali Bibi e o mito hindu de Kali."Outra argumentação puramente especulativa sem qualquer apoio real. Histórias similares são muito comuns no Oriente Médio (recomendo ao autor ler "As 1001 noites" para uma melhor documentação). É perfeitamente sabido que os ciganos usualmente adotam lendas dos países onde tem sido hóspedes e as adaptam segundo sua própria fantasia. É também um fato que a maioria das lendas e fábulas etiquetadas como "ciganas" são por sua vez classificadas como "judias", e ambas se consideram a fonte original. Há também algumas lendas persas, armênias e árabes na literatura oral romaní.
Pergunto-me por que o autor não menciona a popularidade que tem o Profeta Elias em muitos grupos Rom...quiçá porque não pode explicar a orígem indiana de tal tradição. Elias era um Profeta do Reino de Samaria.
"·O tempo que os rom passaram em Jorasán (um ou mais séculos) explicaria os numerosos temas persas integrados ao vocabulário romaní (uns 70 - além de 900 temas indianos e 220 gregos), porque o Jorasán era uma região de língua persa."O mesmo parâmetro é válido para o exílio na India. Assim como tais palavras não provam uma orígem persa, tampouco o vocabulário indiano prova uma orígem indiana, porém só uma longa estadia. A exposição seguinte do autor está orientada puramente no aspecto linguístico, e ainda que seja uma argumentação coerente, não prova absolutamente a orígem em Kannauj, como veremos:
"Outro elemento surpreendente é a coincidência de três caracteres linguísticos que conectam o romanês com as línguas da área de Kannauj, ou só principalmente com estas, quer dizer:
- entre todos os idiomas indianos modernos, só o braj (chamado também de braj bhaka, um idioma falado por uns 15 milhões de pessoas na região a oeste de Kannauj) e o romanês distinguem dois gêneros na terceira pessoa do singular dos pronomes pessoais: yo ou vo em braj (provavelmente ou em braj antigo) e ov, vov ou yov, "ele" em romanês para o masculino. E ya ou va em braj e oy, voy ou yoy, "ela" para o feminino, enquanto que os outros idiomas indianos tem uma forma única, usualmente yé, vé, "ele, ela" para ambos os gêneros. Estes pronomes podem ouvir-se todos os dias nas ruas de Kannauj.
- entre todos os idiomas indianos modernos, só os dialetos da área de Kannauj, alguns braj e nepalês (O Nepal está a sómente sessenta milhas de Kannauj) tem a terminação dos substantivos e adjetivos masculinos en ~o (ou ~au = ~o) idênticos ao romanês, que é também ~o: purano "antigo, velho" (em outros idiomas taruna, sinto tarno, romaní terno). De fato, a evolução dialetal de ~a a ~o depende de regras complicadas que devem ser ainda definidas.
- E por último porém não menos importante, entre todos os idiomas indianos modernos, só o awadi (uma língua falada por uns 20 milhões de pessoas em uma vasta área a leste de Kannauj) apresenta como o romanês uma forma alternativa longa para a posposição possessiva. Não há só um estrito paralelo no próprio fenômeno mas também as posposições são idênticas em sua forma: agregado à forma curta (~ka, ~ki, ~ke) que é comum a todos os idiomas indianos, o awadi tem uma variante longa ~kar(a), ~keri, ~kere, exatamente como muitos dialetos arcaicos do romanês, como os da Macedônia, Bulgária, (~qoro, ~qiri e ~qere), Eslováquia e Russia (~qero, ~qeri, ~qere), forma que foi reduzida nos dialetos sintos ( ~qro, ~qri, ~qre). Ademais, uma missão recente em algumas aldeias da zona de Kannauj descobriu indícios de um idioma inexplorado similar ao romanês (tikni "pequeno", day "mãe" [hindi "parteira"], ghoro "jarra", larika "jovem" [hindi larhka] etc...). Isto justifica a afirmação do professor Ian Hancock que "o idioma mais próximo ao romanês é o hindi ocidental", comumente chamado braj, que divide a maioria de suas características com o kannauji moderno."Como eu disse anteriormente, o argumento é interessante, porém não prova nada, pelos seguintes motivos:
·Todas as aclarações que assinalou o autor demonstram que o idioma romaní é gramaticalmente mais complexo que a maioria das línguas faladas na India, o que significa que quando os ciganos estavam na India, muito provavelmente existia um idioma muito mais homogêneo - ainda que não evoluído - para as várias línguas que por lógica linguística adotam formas gramaticais mais simples. Isto sucedeu, por exemplo, com o latim, que um tempo era falado em uma vasta área da Europa e que evoluiu para o italiano, o espanhol, o português, o catalão, o ocitano, o romeno, etc, todos os quais tem uma gramática mais simples.
·Por conseguinte, como foi indicado, todas as línguas hindi ocidentais foram um dia um único idioma, do qual o romanês se separou num período inicial de sua formação. Esta etapa primitiva pode perfeitamente implicar no período hurrita, antes da estadia na India, porém é só uma suposição. O que se deduz em todo caso é que toda a família hindi ocidental, quer dizer, os idiomas do vale do Indo e do Rajastan, são descendentes diretos do suposto idioma "kannauji", o que implica que o romanês não deva necessariamente ter que ver com a zona de Kannauj e possa perfeitamente ter relação com toda a região desde o Kashmir até Gujarat, desde o Sindh até Uttar Pradesh.
·É também certo que toda a região mencionada acima, da qual se supõe provem o romanês, não estava então relacionada com os povos indianos mas com tribos escita-sármatas estabelecidas no vale do Indo e em Sakastan, incluindo Kannauj (que era governada por uma dinastia gujjar) e que tem algo em comum: todas chegaram ali vindas do ocidente! Há evidências irrefutáveis de que os povos da região do vale do Indo eram "sakas" e não arianos.
·O fato de que vestígios do idioma antigo ainda existem na zona de Kannauj não implica absolutamenteque essa seja a terra de orígem, e na história linguística há muitos exemplos:
- no passado o celta era falado em quase toda a Europa, hoje sobrevive em algumas regiões das Ilhas Britânicas e na Bretanha, que não são a pátria original dos celtas.
- tomando novamente como exemplo o latim, o idioma falado mais próximo hoje não é o italiano, mas o romeno, que geograficamente está muito longe do lugar onde o latim nasceu.
- por um tempo em toda a Ucrânia se falava o húngaro e línguas aparentadas, por quase quatro séculos (entre Atila e Árpád), e hoje não há vestígios do húngaro na Ucrânia, mas se fala na Hungria, Transilvânia e áreas circunstantes.
- da mesma maneira, o turco não foi falado na Ásia Menor até fins da Idade Média, e não existe mais em sua pátria de orígem.
- acertou-se que o basco (euskara) se originou no Cáucaso, o extremo oposto da Europa de onde o basco se fala hoje, sem deixar nenhum indício intermediário na longa viagem que os antigos bascos realizaram, e não se fala em nenhuma zona do Cáucaso, onde há sómente línguas aparentadas.
- o único povo que pode ler sem dificuldades as sagas nórdicas no idioma em que foram escritas são os islandeses e feroeses, enquanto que os suecos, noruegueses e dinamarqueses, cujos ancestrais as escreveram, dificilmente podem fazê-lo.
- foi possível decifrar a antiga língua dos sumérios só com a ajuda do húngaro moderno, o que demonstra o quanto é impreciso relacionar uma língua com a área geográfica onde é falada no presente.
Há muitos outros exemplos como os citados, porém estes devem ser suficientes. Ainda há outro argumento que o autor propõe:
"No que concerne à cronologia do êxodo, esta coincide com o período de Mahmud, sendo claro que não pode ter ocorrido antes do século X d. c. porque o romanês apresenta duas características gramaticais importantes que se formaram até o final do primeiro milênio, quer dizer:
a) a formação do sistema posposicional no lugar da antiga e média flexão indiana;
b) a perda do gênero neutro com a assinalação destes substantivos ao masculino ou ao feminino. Como quase todos estes substantivos foram assinalados em romanês aos mesmos gêneros que no hindi (Hancock, 2001:10), se pode deduzir que este fenômeno se verificou quando o romanês ainda era falado em solo indiano. Portanto, o romanês se separou de outras línguas indianas só depois destas evoluções ."O que o autor não leva em consideração é o seguinte: não havia um idioma indiano unificado, mas existia um caráter distintivo entre a região escita-sármata e a região ariana. Ademais:A evidência mais antiga da existência de uma língua indiana não se encontra na India mas na bacia do Eufrates e do Tigre, desde o século XVI a.e.c. Ali estava o império de Mitanni, que se extendia desde a costa do Mediterrâneo até os montes Zagros, em conflito com os hititas no oeste e com os egípcios no sudoeste pelo controle do rio Eufrates. O idioma de Mitanni era hurrita; há uma clara evidência do vocabulário sânscrito nos documentos de Mitanni:
a) a posposição é uma característica típica das línguas escito-sarmáticas;
b) só os gêneros masculino e feminino existiam na variante do "antigo indiano" falado no vale do Indo, antes que os brâmanes conseguissem unificar toda a India ou a maior parte dela, portanto, o idioma também foi unificado e logicamente ambas as partes contribuiram. Porém a forma mais simplificada prevaleceu, pelo que o gênero neutro desapareceu da variante ariana. Não era necessário que os ciganos estivessem ainda na India quando o idioma foi unificado.
O resto do estudo escrito pelo autor da "teoria de Kannauj" não tem que ver com a presumida orígem do povo rom mas com alguns dados históricos sobre Kannauj que não são importantes para esta investigação, portanto eu termino aqui os comentários sobre sua hipótese e começo a expor outros aspectos da cultura romaní que são certamente mais importantes que o idioma e demonstram que os ciganos não tem nada em comum com nenhum povo da India, nem no presente, nem no passado. Os aspectos que apresentarei aqui não podem ser explicados pelos sustentadores da teoria da orígem indiana.
As características culturais e espirituais do povo rom podem classificar-se em duas categorias principais:
1)Crenças, leis, preceitos e tradições relacionadas com o hebraísmo, muito importantes no interior da comunidade romaní;
2) Práticas relacionadas com o culto do fogo e algumas crenças deste tipo, maiormente usadas nas relações com o ambiente não-cigano.
Antes de expor estes aspectos, convém dar um breve resumo histórico de modo que o leitor possa entender melhor como e por que os ciganos estavam na India em um determinado período e por que não podem ser originários dessa terra. A "pré-história" romaní começou na Mesopotâmia, no baixo vale do Eufrates, sua "proto-história", no baixo vale do Nilo e em Canaã...
Durante a expansão semítica no Oriente Médio, uma família semita se transladou de Sumer a Canaã e depois ao Egito, onde cresceu em número e importância dentro da sociedade egípcia, tanto que chegaram a ser odiados e submetidos a escravidão até que sua libertação chegou e abandonaram o país para se radicar em Canaã. Naquele tempo eram constituidos por treze tribos, uma das quais dedicada ao sacerdócio, e as outras doze eram o "povo", chamado Israel. Aquela nação tinha uma particularidade que a distinguia de todas as outras nações daquele tempo: criam em Um só Deus. Receberam um estatuto de leis, preceitos e artigos de fé que deviam observar e estabeleciam sua separação de toda outra gente, leis que concerniam a pureza e impureza ritual e outras características que faziam deles um povo particular, distinto de todo outro povo no mundo. Tinham uma memória comum, que haviam sido exilados no Egito, e uma herança comum, o conjunto de preceitos que estabelecia que se não os observassem, seu destino seria novamente o exílio, não no Egito, mas em toda a terra.
Sem dúvida, apenas conquistaram sua terra, as diferenças entre a Tribo mais notável e as demais começaram a ser mais evidentes, até que o Reino se dividiu em dois: as Tribos do norte eram mais apegadas a seu passado egípcio e como sinal de sua separação elegeram um ídolo egípcio em forma de bezerro para representar o Deus Único (às vezes também adoraram divindades inferiores), e rechaçaram a Tribo sacerdotal, que se uniu ao Reino de Judá no sul. O reino setentrional de Israel permitiu práticas proibidas relacionadas com a magia, adivinhação e predição da sorte. No ano 722 a.e.c., os assírios invadiram o país e levaram cativa a quase toda a população, deixando só os camponeses, e levaram os israelitas ao exílio em outra terra que haviam conquistado: o reino de Hanigalbat-Mitanni, onde se falava um idioma muito similar ao romanês e cujas divindades principais eram Indra e Varuna. Esse país não era a India, mas ficava na alta Mesopotâmia. Os nativos dali são conhecidos na história como hurritas. Farei aqui um parêntese para dar uma breve descrição dessa nação antes de continuar com a história do nosso povo:
Os hurritas, ancestrais dos povos da India
ila-ni mi-it-ra as'-s'i-il ila-ni u-ru wa.na-as's'i-el (en otro texto a.ru-na-as'.s'i-il) in.dar (otro texto: in-da.ra) ila-ni na-s'a-at-ti-ya-an-na (cf. Winckler, Mitteilungen der Deutschen Orient-Gesellschaft No. 35, 1907, p. 51, s. Boghazkoi-Studien VIII, Leipzig 1923, pp. 32 f., 54 f.)Os quatros deuses mencionados neste tratado são os mesmos que encontramos no Rigveda (RV. 10.125.1). P. Thieme demonstrou que os deuses dos tratados de Mitanni são especificamente védicos. Varun.a e Mitra, Indra e N-satyau, com estes nomes se encontram somente nos escritos védicos. Porém, estão nos documentos hurríticos!
No tratado entre os hititas e Mitanni, os reis de Mitanni juraram por: Mi-it-ra (índico Mitra), Aru-na (Varun.a), In-da-ra (Indra) e Na-as-at-tiya (Nasatya ou As'wins). Num texto hitita relativo ao adestramento de cavalos e ao uso dos carros de guerra escrito por Kikkuli (um hurrita) se usam os números indianos para indicar as voltas de um carro num percurso: aika (índico eka 'um'), tera (tri 'três'), panza (panca 'cinco'), satta (sapta 'sete') e na (nava 'nueve').
Em outro texto hurrita de Nuzi se usam palavras indianas para descrever a cor dos cavalos, por exemplo, babru (índico babhru 'marrom'), parita (palita "cinza") e pinkara (pingala 'rosa pink'). O guerreiro a cavalo de Mitanni era chamado "marya" (indiano-védico marya, 'guerreiro, jovem'). Ademais há uma série de nomes dos nobres e aristocratas de Mitanni que são claramente indianos.
É já geralmente aceito pela grande maioria dos "experts" na materia que os vestígios linguísticos arianos no Oriente Médio são especificamente indianos e não iranianos, e que não pertencem a um terceiro grupo nem tampouco se devem atribuir a um hipotético proto-ariano. Esta conclusão foi incorporada na obra de M. Mayrhofer, em sua bibliografia sobre o argumento, Die Indo-Arier im Alten Vorderasien (Wiesbaden, 1966), e é a interpretação comumente aceita. Esta se baseia no fato de que quando existem divergências entre o iraniano e o indiano e quando tais elementos aparecem em documentos do Oriente Médio, estes últimos sempre concordam com o indiano.
A divisão do proto-ariano em seus dois ramos, indiano e iraniano, deve necessariamente ter ocorrido antes que tais línguas se tenham estabelecido em seus respectivos territórios e não meramente como consequência de desenvolvimento independente depois que os indianos se estabeleceram na India e os iranianos no Iran. Esta conclusão poderia demonstrar-se errônea somente se se pudesse demonstrar que os indianos védicos, uma vez emigrados até a região do Penyab desde sua pátria primitiva tenham empreendido uma viagem de regresso até o Oriente Médio. Não há nenhuma evidência de tal eventualidade e por conseguinte uma teoria que suponha tal complicação pode ser ignorada com absoluta segurança... Uma conclusão ulterior em base a esta hipótese é que o período proto-ariano deveria ser antecipado muitíssimo tempo com respeito ao que se tenha estabelecido, e de todas as maneiras não poderia ser mandado a um período anterior ao século XX a.e.c., no máximo.
Sarasvati é em primeiro lugar o nome proto-indiano de um rio no Iran, que depois da migração foi transferido ao rio da India. O nome iraniano, Haraxvaiti, é uma palavra tomada em préstimo do proto-indiano, com a substituição de h- por s-, o que ocorre também em Hind/Sindhu. Outro caso similar é o nome do rio Sarayu, que foi transferido do Iran (Haraiva-/Haro-yu) a um rio do noroeste da India, e após a um afluente do Ganges na India oriental.
Os hurritas estavam presentes no Oriente Médio desde tempos remotos, o que se pode determinar em base a termos suméricos com ta/ibira, 'ferreiro em cobre', para o qual há suficientes provas que pertence a uma orígem hurrita (Otten 1984, Wilhelm 1988). Atal-s'en se descreve a si mesmo como o filho de S'atar-mat, de outra maneira desconhecido, cujo nome é também hurrita. A regra de Atal-s'en não pode ser datada com certeza, porém provavelmente pertence ao final do período gúteo (cerca de 2090-2048 a.e.c.), ou as primeiras décadas do período de Ur III (2047-1940 a.e.c.). Documentos do período de Ur III revelam que a área montanhosa ao leste e ao norte do vale do Tigre e do Eufrates eram então habitadas por povos de língua hurrítica, que eventualmente penetraram na região oriental do Tigre ao norte de Diyala. Como resultado das guerras de S'ulgi (2029-1982 a.e.c.), um grande número de prisioneiros hurritas se encontravam em Sumer, onde eram empregados em trabalhos forçados. Por este motivo, um grande número de nomes hurritas se encontram na baixa Mesopotâmia no período de Ur III. A etmologia de tais nomes é certamente ou quase seguramente indiana, por exemplo Artatama = védico r.ta-dha-man, 'cuja habitação é r.ta', Tus'ratta (Tuis'eratta) = védico tves.a-ratha, 'cujo carro surge com ímpeto', Sattiwaza = antigo indiano sa_ti-va_ja. 'que toma un botim', védico va-ja-sa-ti, 'aquisição de un botim' (Mayrhofer 1974: 23-25). O idioma hurrita se usava no século XIV a.c. ao menos até a Síria central (Qatna, e provavelmente Qadesh), e sua expansão provavelmente foi o resultado dos movimentos demográficos durante a hegemonia de Mitanni. Entre os deuses que eram ainda adorados no fim do século XIV pelos reis de Mitanni encontramos Mitra, Varuna, Indra e os gêmeos Nasatya, que cononhecemos através dos vedas, os poemas indianos mais antigos.
A longa viagem para a India
Voltando à história do nosso povo, o país descrito acima é onde os encontramos em 722 a. c. Este foi o começo da evolução de seu novo idioma adquirido, e o início do esquecimento da identidade do povo que foram no passado, exceto pela consciência de saber que eram diferentes, um povo particular que não pode mesclar-se com os "goyim" (logo "gadjôs", "payos"). Tem certos preceitos aos quais não renunciariam, as leis de pureza ritual e a crença em um Deus Único, o Deus que prometeu e cumpriu: seriam de novo espalhados e viveriam no exílio, quiçá para sempre...Não serão mais chamados "Israel", agora são só "homens", que seus ancestrais no Egito chamavam "rom".
Depois da deportação assíria, os babilônios exilaram também os compatriotas do Reino de Judá, porém eles mantiveram sua identidade, sua estrutura social e sua Tribo sacerdotal, e 70 anos depois regressaram a Canaã, sendo então reconhecidos como "judeus". Em seu relativamente curto exílio, lograram resgatar parte de seus irmãos do antigo Reino de Samaria, porém a maioria deles permaneceu na diáspora.
Babilônia caiu em mãos de uma nova potência, Média e Pérsia, um povo não semítico e de algum modo aparentado com os hurritas de Mitanni. Tinham uma religião particular que incluia o culto do fogo e a magia; de fato os membros da casta sacerdotal se chamavam magos. Os exilados, anteriormente israelitas e agora simplesmente "homens", rom, eram muito hábeis em tais artes e entenderam que praticá-las era proveitoso, pelo que adotaram tais elementos e os incorporaram na própria cultura, porém em função de suas relações com os outros, os gadjôs. O Império Persa era vasto, se extendia até Sakastan, mais além do Sindh. O vale do Indo era uma terra muito desejável, e teria ajudado a esquecer o exílio na Assíria, o lugar ideal para estabelecer-se e começar uma nova vida...
Ultimamente há uma organização judaica internacional chamada "Kulanu" ("Todos nós") que se ocupa especialmente em encontrar as Tribos perdidas do antigo Israel e está logrando bons resultados em tal obra; há uma área particular no mundo onde muitos dos antigos israelitas "perdidos" tem sido achados: a India. Há descendentes dos israelitas deportados pelos assírios em cada rincão da India, desde o Kashmir a Kerala, desde Assam até o Afeganistão. Estão sendo identificados não através do idioma, pois falam línguas indianas, mas através de suas características culturais - Porém, nenhum deles tem tantos elementos hebraicos como os ciganos! É um fato acertado historicamente que as chamadas "Tribos perdidas" de Israel emigraram, segundo indiscutíveis evidências, para a India durante os períodos persa e macedônico, e que a maior parte preferiu estabelecer-se na região habitada por povos escita-sármatas, quer dizer, no vale do Indo, Kashmir, Rajastan e o alto vale do Ganges. Provavelmente não eram uma massa homogênea, pois emigraram em grupos separados para terras diferentes que geraram novas identidades étnicas, o que significa que os rom são somente um dos vários grupos israelitas que não conhecem sua própria orígem - a diferença é que os ciganos um dia regressaram ao ocidente e chamaram a atenção dos europeus, enquanto que os demais que permanecem no oriente seguem sendo ignorados e provavelmente perderam a maior parte das características que permitiriam identificá-los, características que o povo rom conservou num grau suficientemente aceitável.
Um fator que os estudiosos não levam em consideração quando investigam o argumento da orígem do povo rom é a complexidade étnica da India naquele período e supoem que tenha sido uma população mono-étnica puramente ariana, o que é uma premissa falsa que leva a conclusões definitivamente errôneas. De fato, a região de população ariana começava a sudeste de Uttar Pradesh e ao leste de Rajastan-Gujarat, enquanto que estas regiões e as terras a oeste das mesmas eram habitadas por povos escita-sarmáticos, iranianos e inclusive helênicos, além dos exilados israelitas. Um estudo geral sobre os povos e tribos que habitam desde a India norte-ocidental até o Iran revela que quase todos eles, senão todos, mantém em suas tradições a crença de que seus ancestrais chegaram ali vindos do ocidente, normalmente relacionando tal movimento com os israelitas deportados ou com os contingentes de Alexandre Magno. Alguns clans pashtun assim como a maioria das tribos kashmiris proclamam ser de orígem israelita e inclusive alguns traçam sua descendência até o Rei Saul; uma tradição similar existe entre os kalash do Nuristan, um povo que em muitos aspectos se parece com os ciganos. Os exilados hebreus-assírios encontraram uma maior tolerãncia entre as gentes escita-sarmáticas que entre outros, e suas terras eram muito mais preferidas que as dos intolerantes arianos. O mesmo sucedeu a seus irmãos judeus. É significativo o fato de que a maior parte de ambos os povos, judeus e rom, encontraram um refúgio seguro na Europa escita-sarmática por muitos séculos: efetivamente, o centro de ambas as culturas foi a Europa oriental, particularmente Hungria e Rússia. O idioma romaní teria virtualmente desaparecido se os ciganos não se tivessem estabelecido nesses países, como está provado, a gramática romaní e grande parte do vocabulário se perderam na Europa central e ocidental, por causa de perseguições e proibição da manifestação da cultura cigana, da mesma maneira que aos judeus era proibido expressar o próprio judaísmo - sem esquecer o que pode significar para os ciganos ser chamados "arianos" depois da Shoah/Porhaymós... A estadia na Europa oriental inclusive determinou algumas características relativas ao vestir, de fato, o típico traje e chapéu que usam hoje os judeus ortodoxos ashkenazim pertence à nobreza polaca e báltica do final da idade média e período sucessivo. E não é muito diferente do traje e chapéu que usam os homens dos grupos rom mais "ortodoxos". Além do vestir, os ciganos normalmente usam costeletas abundantes, um aceitável substituto das "pe'ot" judaicas.
Premissas para uma hipótese:
·Os aspectos espirituais e culturais do povo rom coincidem exclusivamente com antigas características hebraicas;
·Os elementos relativos ao culto do fogo presentes na sociedade cigana implicam que o povo rom esteve estabelecido na Pérsia por um período suficientemente longo para havê-los adotado, e necessariamente antes da dominação islâmica, o que significa, antes de haver chegado à India;
·Alguns rudimentos culturais escita-sarmáticos presentes nos costumes ciganos são os únicos vestígios da estadia na India (além do idioma) e revelam que se estabeleceram na região não-ariana da India; tais elementos pertencem a esse período e não a um posterior, porque a cultura escita-sarmática tinha sido plenamente absorvida pelas civilizações eslavas e húngara quando os ciganos chegaram à Europa oriental;
·Quanto ao idioma, é muito provável que os rom falassem já uma língua indiana antes de chegar à India e que essa língua tenha sido o hurrita, adotado durante os primeiros séculos do exílio na terra de Mittani.
As evidênciasHá evidências irrefutáveis que concernem ao povo rom, que são a chave para descobrir sua verdadeira orígem e permitem elaborar uma trajetória histórica factível. Aqui apresento algumas delas.
Credo
As crenças ciganas mostram as seguintes características:
·Estrito monoteísmo, sem o mínimo indício de algum passado politeísta ou panteísta.
·O caráter muito pessoal de Deus, Que é acessível e com Quem é possível dialogar e inclusive discutir (concepção hebraica) - não é inacessível como Alá nem tampouco relativamente acessível como no cristianismo, que necessita de um Mediador para ter um contato pessoal com Ele.
·A existência de um mundo espiritual que consiste em espíritos puros e impuros (concepção hebraica), que representam o bem e o mal e lutam constantemente - este conceito é originalmente hebraico, porém com uma marcada influência zoroástrica que é o resultado natural do exílio assírio/babilônico/persa e que se desenvolveu da mesma forma que o judaísmo cabalístico, mostrando uma evolução contemporânea da espiritualidade cigana e do judaísmo místico, no mesmo ambiente geográfico.
·A crença na morte como uma passagem definitiva ao mundo espiritual (conceito hebreu). Não se encontra o menor indício da idéia da reencarnação.
·A pessoa falecida é impura durante sua viagem ao reino das almas (conceito hebreu), e todas as coisas relacionadas com sua morte são impuras, como também o são seus parentes durante o período do luto (conceito hebreu). Maiores detalhes no tema seguinte, "marimé".
·O destino final do cigano depois da morte é o Paraíso, enquanto que os gadjôs podem ser redimidos e ascender ao Paraíso se foram bons com os ciganos - uma idéia similar ao conceito judeu de "justo entre os gentis".
Estes parâmetros de fé vão mais além da religião "oficial" que os ciganos possam professar. Geralmente há elementos adicionais que pertencem à coinfissão adotada, os quais expressam de modo pitoresco e observam com grande respeito, como por exemplo a "pomana", uma prática ortodoxa, e outras cerimônias. Também há particulares complementares de natureza supersticiosa, todos os quais tem sua orígem no culto do fogo da antiga Pérsia. Alguns são válidos no interior da sociedade cigana, como por exemplo ter sempre o fogo aceso em casa, dia e noite, inverno e verão (uma tradição que mantem as famílias mais conservadoras, enquanto que em geral está evoluindo para o uso de um fogo "simbólico" como a televisão, sempre acesa mesmo que não a esteja vendo ninguém). Outros costumes se praticam só externamente, como a adivinhação, leitura das mãos, tarot, etc., em cujos poderes particulares os ciganos não crêem porém os usam como meio de ganho no mundo dos gadjôs. Isto foi aprendido dos magos e alquimistas da Pérsia.
Há fundados motivos para pensar que os rom eram já cristãos desde o primeiro século d. c., quer dizer, antes que chegassem à India ou durante o primeiro período de sua estadia nessa região, e é a razão pela qual não adotaram nenhum elemento hinduista em suas crenças. Resulta que os rom eram bem informados sobre o cristianismo quando chegaram à Europa, apesar de não haver tido a possibilidade de ler a Bíblia. Há algo misterioso na espiritualidade cigana que nas últimas décadas os levou a uma aproximação genuína aos movimentos evangélicos (a forma do cristianismo mais próxima do judaísmo, sem santos nem culto de imagens) e neste período muitos ciganos estão dando um passo sucessivo para o judaísmo messiânico. Não existe nenhum outro povo no mundo que tenha experimentado um tal número de conversões, quase em massa, em tão pouco tempo. O fato interessante é que este fenômeno não é resultado de obra missionária mas que se manifestou de modo expontâneo e autônomo (efetivamente, os gadjôs dificilmente se atreveriam a evangelizar os "ciganos", devotos das artes ocultas e da magia, segundo os comuns preconceitos). Contra toda probabilidade lógica, ciganos de distintos países e quase contemporâneamente, sem conhecer-se nem comunicar-se entre si, começaram a ler a Bíblia e formar suas próprias comunidades evangélicas. Agora existe a atividade missionária, porém é desenvolvida pelos ciganos mesmos e dirigida ao próprio povo. Isto se explica só considerando que existe uma herança atávica que é um fator especial da espiritualidade romaní. A maioria dos rom agora está abandonando práticas ancestrais originadas no culto do fogo e outras práticas proibidas pela Torá, como a pomana, a adivinhação e outras coisas.
Uma conjectura factível (ressalto: uma conjectura) pode ser que a primeira aproximação ao cristianismo tenha que ver com os bíblicos "magos do oriente" que foram adorar ao infante Yeshua de Nazaré; evidentemente não eram simplesmente adoradores do fogo persas, mas pessoas que esperavam na promessa messiânica de Israel. Portanto, israelitas do antigo Reino de Samaria que nesse tempo estavam já completamente imersos no culto zoroástrico, porém esperando a redenção do próprio povo. Documentos históricos assinalam que no século I d. c. houve conversões em massa na Assíria, onde os apóstolos foram enviados a buscar as "ovelhas perdidas da Casa de Israel", e muitos habitavam precisamente nessa região. Outros apóstolos chegaram à India. Um fato curioso é que os israelitas recentemente descobertos na India são cristãos, não hindus ou de outra religião. A completa ausência de elementos hindus na espiritualidade romaní deve ter um significado.
As leis rituais, "marimé"
O conceito cigano de "marimê" equivale à forma negativa do conceito judeu de "kosher"; o primeiro indica impureza ritual, o segundo se refere à pureza ritual. A parte esta diferença de ponto de vista, a essência é a mesma (é como dizer se o copo está metade cheio ou metade vazio). O que para os rom é marimê, não é kosher para um judeu, portanto ambos tomaram as medidas necessárias para não serem contaminados, ou se se referem à uma contaminação inevitável ou indispensável, ambos seguirão certas regras para purificar-se. Da mesma maneira que é a kashrut no judaísmo, as leis que regulam o marimê são um valor fundamental na sociedade romaní e determinam os limites do ambiente social e espiritual, e condicionam suas relações com o mundo exterior (a sociedade dos gadjôs). Os Rom classificam todas as coisas em duas categorias: "vuzhô" (=kosher, puro) ou "marimê" (impuro). Esta classificação concerne primeiramente ao corpo humano, porém se extende ao mundo espiritual, à casa ou acampamento, animais e coisas.
·O corpo humano: as regras que regem as partes do corpo que devem ser consideradas impuras são exatamente as mesmas que encontramos na Torá (Lei de Moisés), em Levítico cap. 15. Em primeiro lugar, os órgãos genitais, porque transmitem fluxos do interior do corpo, e a parte inferior do corpo, porque está abaixo dos genitais. A parte superior externa do corpo é pura, a boca em primeiro lugar. As mãos tem um caráter transitivo porque devem exercitar atos puros e impuros alternativamente, pelo qual devem ser lavadas de um modo particular, por exemplo se alguém deve comer depois de ter posto os sapatos ou levantado da cama (que é impura porque está em contato com o corpo inferior). Quando as mãos foram contaminadas, devem lavar-se com um sabão separado e secar-se com uma toalha separada para tal fim. Distintos sabões e toalhas se devem usar sempre para as partes superior e inferior do corpo, e não podem ser intercambiados.
·Roupas: devem-se distinguir para serem lavadas separadamente, em diferentes recipientes destinados para cada categoria. As vestes impuras se devem lavar sempre no recipiente marimê, e os vestidos puros por sua vez se separam das toalhas e guardanapos, pois vão à mesa e tem seu próprio recipiente. As vestes do corpo superior e das crianças se lavam no recipiente vuzhô, os do corpo inferior no recipiente marimê. Todos as vestes da mulher são impuras no período das menstruações e se lavam com os artigos marimê. O único povo que aplica estas regras para lavar fora os ciganos são os judeus.
·O acampamento: antes da recente urbanização forçada, o lar romaní era o campo, muito mais que a casa. O campo goza da categoria de pureza territorial, pelo qual as necessidades fisiológicas se devem fazer fora do mesmo e das proximidades (ou eventualmente, os serviços higiênicos se constroem fora do campo); este é um preceito judaico (Deuteronômio 23:12). O lixo também deve ser posto a uma distância aceitável do campo.
·Nascimento: o nascimento de uma criança é um evento impuro e deve ocorrer, quando possível, em uma tenda isolada próxima, fora do campo. Depois do nascimento, a mãe é considerada impura por quarenta dias e sobretudo na primeira semana: esta regra é exclusivamente mosaica, estabelecida na Torá - Levítico 12:2-4 -. Durante esse período, a mulher não pode ter contato com coisas puras ou realizar atividades como cozinhar ou apresentar-se em público, especialmente na presença dos anciães, e não pode assistir a serviços religiosos. São destinados pratos, xícaras e utensílios exclusivamente para ela, os quais se descartam passado o período de purificação, assim mesmo os vestidos e a cama que usou se queimam, e também a tenda onde ela habitou durante esses 40 dias. Esta lei é completamente desconhecida para todos os povos, exceto ciganos e judeus.
·Morte: como prescreve a Lei judaica, a morte de uma pessoa comporta impureza ritual para todos os familiares e todas as coisas que tenham sido involucradas nesse momento. Toda a comida que havia na casa do falecido deve ser jogada, e a família é impura por três dias. Devem-se observar regras particulares durante esses três dias, como lavar-se só com água para não fazer espuma, não pentear-se nem enfeitar-se, nem varrer, nem fazer furos, nem escrever ou pintar, nem tirar fotografias, e muitas outras coisas. Os espelhos devem ser cobertos. O acampamento onde ocorreu a morte é abandonado e transladado a outro lugar, ou se vende a casa aos gadjôs. A alma do defunto se crê que vaga por três dias para purificar-se antes de chegar a sua habitação final: isto não está escrito nas Escrituras Hebréias, porém é uma idéia comum entre algumas correntes místicas do judaísmo. O conceito que estabelece que o contato com o corpo morto implica impureza não se encontra em nenhuma tradição se não só na Bíblia (Levítico 21:1). Assim como está prescrito na Lei Judaica, também entre os rom é obrigatório que o corpo seja sepultado e não pode ser queimado.
·Coisas: podem ser marimê por natureza ou por uso, ou ser contaminadas por circunstâncias acidentais. Qualquer coisa que entre em contato com a parte inferior do corpo é impura, como sapatos, meias, etc., enquanto que as mesas são puras. As regras que concernem estas leis são descritas em Levítico 15 e outras Escrituras Hebraicas.
·Animais: os ciganos consideram que os animais podem ser puros ou impuros, ainda que os parâmetros em base aos quais são classificados diferem dos hebraicos. Por exemplo, cachorros e gatos são marimê porque lambem a si mesmos, cavalos, asnos e todo animal de monta é impuro porque a pessoa se senta sobre eles, etc. Os animais impuros não se devem comer.
·Espíritos: os espíritos maléficos são marimê, o que é um conceito judaico.
Leis matrimoniais
O noivado e as bodas ciganas se celebram da mesma maneira que se fazia no antigo Israel. Os pais de ambos os esposos tem um papel essencial quanto a definir o dote da noiva, e as bodas se devem realizar dentro da comunidade rom, sem participação das instituições dos gadjôs. No caso em que a mulher foge com seu homem sem o acordo dos pais, o casal é automaticamente reconhecido como casado, porém a família do noivo deve pagar um ressarcimento aos pais da noiva, normalmente equivalente ao dobro do dote; tal compensação se chama "kepara", uma palavra que tem o mesmo significado do termo hebreu "kfar" (Deuteronômio 22:28-29). O pagamento do dote por parte da família do noivo aos pais da noiva é um regulamento bíblico, exatamente o contrário dos povos da India, nos quais é a família da noiva que deve pagar à do noivo.
Há um preceito particular que deve ser observado para consolidar o matrimônio, o "pano da virgindade", que deve ser mostrado à comunidade depois da primeira relação sexual - este preceito está escrito na Torá, Deuteronômio 22:15-17. Logo, no caso de casais que fogem tal prática carece de sentido e portanto não é observada.
Comportamento social
Assim como os judeus, os ciganos assumem distintos parâmetros de comportamento para as relações com sua própria gente e para a interação com os estranhos, de modo tal que se pode afirmar que a oposição rom/gadjôs e judeus/goyim são reguladas de maneira muito similar, quiçá idêntica em quase todos os detalhes. Uma vez que os gadjôs não conhecem as leis que concernem ao marimê, são suspeitos de ser impuros ou se supõe que o sejam; alguns rom nem sequer entram em casas de gadjôs - o mesmo costume existia no antigo Israel, e ainda é praticado pelos judeus ortodoxos. Os gadjôs que se fazem amigos dos ciganos são admitidos quando conhecem as regras e as respeitam de modo que não ofendam à comunidade, depois de ter superado algumas "provas" de confiabilidade. Por outro lado, as instituições dos gadjôs se usam como "zona franca", onde se podem realizar atividades impuras com segurança - um exemplo típico é o hospital, que permite evitar de montar uma tenda especial para o parto.
Cortesia, respeito e hospitalidade são obrigatórios entre os ciganos. Quando se cumprimentam cada um deve perguntar pela família do outro, desejando bem e bençãos para todos os membros, ainda que seja a primeira vez que se encontrem e na realidade não se conheçam as respectivas famílias. A própria apresentação inclui os nomes dos pais, avós e todas as gerações que se recordem - o nome e sobrenome civis não tem importância; os ciganos se chamam como no antigo Israel, A filho de B, filho de C, da família D. Isto é comum a vários povos do Oriente Médio, porém o modo como o fazem os ciganos é particularmente bíblico.
As causas judiciais entre os rom se apresentam à assembléia de anciães, exatamente como na Lei Mosaica. A assembléia de anciães se chama "kris", e é uma verdadeira Corte de Justiça, cujas sentenças devem ser obedecidas, do contrário a parte inobservante pode ser excluída da comunidade romaní. Os casos geralmente não são tão sérios para não poderem ser resolvidos com o pagamento de uma multa ou ressarcimento, como está regulado na Torá (Êxodo 21:22, 22:9; Deuteronômio 22:16-19).
Há muitos outros aspectos que podem ser de importância secundária, que mesmo assim recordam os antigos costumes e regras israelitas. Lamentavelmente, tais detalhes se vão perdendo com as novas gerações (como muitos se perderam entre os judeus também) por causa do sistema da sociedade moderna que restringe a liberdade de indivíduos e comunidades "exóticas". Porém, os sentimentos e tendências ciganas devem ser levados sériamente em conta, porque correspondem à uma herança psicológica ancestral que se transmitiu de geração em geração, de maneira subconsciente porém reclamando as próprias orígens. Por exemplo, os ciganos não sentem absolutamente nenhuma atração pela cultura ou a música da India (e mais, as mulheres ciganas tem um timbre de voz baixo, em contraste com as cantoras indianas, um detalhe que pode ser insignificante, porém quiçá não), enquanto que os ciganos gostam muito da música do Oriente Médio. Na Europa oriental, a maioria das expressões musicais são ou judias ou ciganas, e muitas vezes a mesma obra é atribuida ou a uma ou a outra destas duas tradições. As bandas de "klezmorim" tem sido muitas vezes compostas por rom junto com judeus, e o jazz de estilo europeu foi cultivado por ciganos e judeus. O flamenco é provavelmente de orígem sefaradita, praticado pelos judeus antes de serem expulsos da Espanha, e logo herdado e desenvolvido pelos ciganos. Em outros aspectos, os rom tem uma grande habilidade comercial (e se é necessário trabalhar em sociedade, os judeus são os preferidos) e aqueles que escolhem inserir-se profissionalmente na sociedade dos "gadjôs", preferem as mesmas carreiras que escolhem os judeus (provavelmente por motivos relacionados com as leis de pureza ritual, que não permitem que se exercite qualquer tipo de trabalho). Enfim, ainda que não menos importante, os ciganos fazem uma distinção entre os "gadjôs" comuns e os judeus, que não são considerados completamente gadjôs, mas como uma categoria intermediária que observa as leis de pureza ritual e portanto não estão sujeitos a suspeitas.
Conclusão:
Este breve estudo tem como objetivo estabelecer as bases para uma nova, diligente e séria investigação sobre a orígem do povo rom e sintos, que seja fundamentada em aspectos culturais e espirituais em lugar de seguir sustentando uma linha exclusivamente linguística que leva a uma posição equivocada. As evidências apresentadas não excluem categoricamente que os rom possam ter habitado em Kannauj ou alguma outra parte da India, ainda que o vale do Indo pareça ser a região mais apropriada, mas demonstra que de todas as maneiras os ciganos não pertencem às etnias indianas (e muito menos arianas), e que suas raízes são semíticas e mais precisamente hebraicas. Grupos israelitas eram numerosos na India, e tem sido possível redescobrir alguns deles deixando de lado a indicação linguística (porque todos eles falavam línguas indianas) e concentrando a investigação em indícios culturais que revelam a verdadeira orígem, tais indícios tem sido até hoje menos determinantes que os que podemos encontrar na cultura romaní, porém tem sido suficientes para reconhecer a etnicidade israelita.
23/06/2011
Hoje trataremos de um assunto, da maior importância para nós mulheres.
A mulher no Mercado de Trabalho, será que já igualaram os nossos salários aos dos homens, mesmo exercendo as mesmas funções?
A Você Mulher Vivemos novos tempos para a humanidade. As mudanças surgidas com o novo século trazem enormes desafios e também oportunidades. Neste contexto está também a mulher vivendo uma nova realidade, depois de ter sido revestida, durante séculos, de muitas discriminações. Julgada inferior aos homens, hoje ela tem posição de igualdade a eles, e até, em alguns casos, superior.
Já vimos que o século XX, foi o século da razão. Agora começamos a viver o século XXI, que já recebeu o título de o século da mulher, porquanto aos poucos acontece o reconhecimento do que ela é capaz. E não é muito afirmar que realmente estamos entrando numa época que a influência da mulher será forte e marcante.
A mulher se viu coberta por um véu negro da ignorância, um estado de inconsciência de si mesma, de seu valor e do que a cercava, mas conseguiu despir o seu corpo cheio de feridas e começa a se refrigerar com o ar regenerador, o vento da liberdade que soprando sobre ela cicatriza tais feridas.
O patriarcado está sendo superado e emerge uma nova sociedade consciente do respeito à mulher, a dignidade e a consciência de sua capacidade. Nessa nova sociedade não cabem mais as agressões pelo macho, o apedrejamento do mundo muçulmano, nem as castrações por algumas sociedades africanas. Felizmente muitos padrões e falsos valores têm sido quebrados permitindo o nascimento de uma nova mulher sobrevivendo dignamente, sendo ela mesma, feliz, luminosa, inteira, corajosa e radiante; superando todos os medos, fraquezas, limitações e, sobretudo sendo respeitada.
Todos nós temos limitações e às vezes nos sentimos impotentes, incapazes diante delas, mas reconhecê-las é uma atitude louvável. Ao admiti-las aceitamos a operação de um Ser Superior sobre nós.
Ele é Senhor de todas as coisas, abre os caminhos e as possibilidades. As limitações que a mulher sofreu no decorrer da história, foram minoradas através de sua emancipação com o evento do Cristianismo. Sim, porque através da instrumentalidade de Maria, Jesus se fez homem e Salvador. Graças a Deus o cristianismo veio tocando o belo sino da igualdade, a música solene que envolve a sublime mulher. E não podemos esconder o quanto as mulheres foram úteis, valorizadas, participantes no ministério do Mestre! É importante ressaltar que a mulher doou carne e sangue para que o verbo se humanizasse.
Ele é Senhor de todas as coisas, abre os caminhos e as possibilidades. As limitações que a mulher sofreu no decorrer da história, foram minoradas através de sua emancipação com o evento do Cristianismo. Sim, porque através da instrumentalidade de Maria, Jesus se fez homem e Salvador. Graças a Deus o cristianismo veio tocando o belo sino da igualdade, a música solene que envolve a sublime mulher. E não podemos esconder o quanto as mulheres foram úteis, valorizadas, participantes no ministério do Mestre! É importante ressaltar que a mulher doou carne e sangue para que o verbo se humanizasse.
Temos ouvido muitas afirmações que a mulher nunca teve tanta liberdade quanto em nossos dias. A história tem suas oscilações e a mulher exerce sua influência na família e na sociedade. E nestes contextos ela tem experimentado a ampliação de sua liberdade, cuja influência conta com alguns fatores: O menor número de filhos reduz consideravelmente o tempo em que sua presença seja imprescindível no lar; a era da comunicação abriu condições para que muitos trabalhos possam ser executados em casa; a escassez de empregos levou muitas mulheres aos trabalhos informais; as dificuldades econômicas têm desafiado as mulheres ajudarem nas despesas domésticas, através de um trabalho remunerado, inclusive está se tornando comum essa prática e na grande maioria ela acaba sendo a responsável pela maior renda familiar.
Deus ao criar a mulher estava demonstrando seu carinho e amor ao homem. Este, sozinho seria incompleto. A partir daí, descobrimos o quanto a mulher é necessária e importante! A imagem divina está no homem e na mulher. Ao serem criados, foram abençoados e receberam a incumbência de cuidar de toda a criação, mas somente à mulher coube o ministério da feminilidade. Dentro dele está a grandeza, o privilégio da maternidade através do qual a mulher desenvolve o plano divino da procriação. E como Deus é o Senhor da história, Ele é quem nos proporciona o espaço e abertura para exercermos esse dom. O toque feminino é levado a todas as áreas da vida e também cumprimos o propósito divino, no qual baseamos, e podemos nos realizar plenament e como mulheres.
Muitas mulheres, apesar de cultas, bonitas e financeiramente bem de vida, não têm encontrado plenamente sua identidade e nem sua felicidade, porque estão escravizadas pelos padrões da mídia e valores culturais distorcidos. Um exemplo prático que podemos mencionar é o padrão da forma física estabelecida para que sejam valorizadas. Esse é um aspecto que tem invadido o mercado de trabalho gerando insegurança, insatisfações, quando muitas não se enquadram nesses esquemas pré-estabelecidos. A mulher para ser bonita tem que ser magra!? É importante ter um porte físico adequado, mas vale ressaltar que a beleza não é só o exterior. Aliás, a maior beleza é a interior, que acaba se revelando exteriormente.
Felizmente a mulher tem descoberto gradativamente o seu valor. E quanto mais faz essa descoberta, mais se vê que seus corações fazem girar o mundo. Isto porque elas, além de dar a vida, elas trazem alegria, esperança, motivação. A mulher, além do apoio à família, dá apoio também aos amigos. Seu trabalho aparece na vida dos homens, nos seus ministérios, nos negócios, nas administrações, nas instituições, nos relacionamentos de toda espécie. Estão sempre nos bastidores, mesmo sem serem vistas, pois elas têm a capacidade de harmonizar situações e possuem uma inteligência que o homem não tem, a inteligência emocional, que faz desenvolver muito mais seu potencial.
No desenvolvimento do trabalho feminino do insignificante ao atuante, muita coisa aconteceu, sobretudo porque tem vencido muitos preconceitos.
E você mulher como se sente hoje? Triste, alegre ou desanimada, desvalorizada ou menosprezada? Nossa identidade não é essa. Temos que estar firme e de pé. Ancoradas, florescemos onde estamos. Deus tem usado escravos e livres, judeus e gentios, homens e mulheres para cumprir seu plano eterno. Em suas mãos seremos sempre úteis. Mesmo com o passar dos anos precisamos ter o sorriso de menina, pois o enrugar da pele é ínfimo perante a beleza feminina.
Autora: Maria Loussa
Alana Gandra, da Agência Brasil A luta pelo voto, a ampliação da participação feminina no mercado de trabalho e a atuação crescente na vida pública são as principais conquistas que devem ser comemoradas nesta terça-feira (8/3) pelas mulheres no Dia Internacional da Mulher, disse à Agência Brasil o historiador Oswaldo Munteal, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “É a mulher como sujeito da ação, dentro da evolução política brasileira”, afirmou. Para o historiador, a luta pelo voto no Brasil foi uma conquista de muitas mulheres isoladamente e também do movimento coletivo de mulheres, ao participarem das forças de trabalho nas fábricas, no campo e no setor de serviços. O segundo eixo importante na ampliação do papel feminino na sociedade é a sua participação na família, deixando para trás a imagem restrita de mãe e companheira. “A mulher adquire cada vez mais uma liderança no lar, não como representante da mãe e esposa, mas é a trabalhadora”. Esse processo de evolução permitiu à mulher superar a imagem divulgada no século 20 pelo fascismo de mulher reprodutora. A mulher continua sendo mãe e esposa, mas passa a ser ela mesma, ou seja, ela passa a ter uma identidade, pontuou Munteal. O historiador destacou ainda que as mulheres, na entrada do século 21, passaram a protagonizar os postos mais relevantes do país. Um exemplo é Dilma Rousseff, eleita no ano passado a primeira presidenta do Brasil. “A mulher hoje é a grande expectativa, do ponto de vista de gênero, de uma virada neste mundo tão conservador que nós temos. É um mundo muito masculino, extremamente machista e violento”. Segundo ele, esse novo eixo abre perspectivas positivas para a mulher no mundo. O professor da Uerj também falou do papel da mulher no carnaval. A observação é que existe uma “coisificação” evidente da mulher, sobretudo nessas datas festivas, “onde aparece como grande produto nas prateleiras dos meios de comunicação. A mulher é consumida nos meios de comunicação como uma espécie de commoditie (produtos minerais e agrícolas comercializados no mercado internacional), como soja. Se consome no olhar. Não é um consumo só objetivo, físico. É um consumo do voyerismo, que atinge diversas camadas da sociedade brasileira e mundial”. Apesar das conquistas, Oswaldo Munteal afirmou que há muito ainda para se avançar na história das lutas sociais das mulheres no Brasil. “Há muito que caminhar. Mas, eu vejo, feliz, a mulher chegando ao poder. Vejo pessoas na luta para expandir a presença da mulher nesse campo”. Assinalou a necessidade de um processo de amadurecimento e de convencimento da sociedade civil de que a mulher tem um papel a exercer que não o de objeto, mas como sujeito da história. (Agência Brasil) Enviado por Marlene Soares |
O Amor de mulher é felicidade, é o desatino da paixão. Como fogo que arde é inflamado de virtudes. Produz o efeito de pão e vinho; alimenta e dá prazer. O amor de mulher é uma ciência que ilumina a liberdade e glorifica a paz. Oferece candura. Ergue-se como templo em liturgia. Como flor belíssima, tem como vaso o coração ornamentando o ambiente purificado na sua doação. Tem os olhos nos sonhos. Goza de domínio e é misterioso. O amor de mulher é abundante. Sua harmonia brilha com a aurora. O amor de mulher é perdão. Tem o poder de apagar ofensivas, de cruzar um olhar e psicografar a alma. É majestoso ao tempo que sofredor. No banquete da vida o mais puro dos manjares. Esse amor tem sombra protetora. Pleno de bondade é um aprendiz eterno da compreensão. Tem em seu sorriso, o sabor do mel. O amor de mulher não é eloqüente, prefere o silêncio traduzindo suas mil palavras. Agraciado, vive a beleza, o puro, o encanto, enobrecendo-se da fecundação de virtudes que o emolduram. Como sinos a tinir, o amor de mulher vibra em som, anunciando esperança e vive sempre na estação da primavera. Não tem dias nublados, o sol lhe aquece o respeito e a gratidão. Repleto de luz, o amor de mulher permeia todos os ângulos do carinho e abarca em si o ensino instrutor da lealdade. Tem a ânsia que abrasa corpos, saciando desejos proibidos. É face ruborizada quando o frenético impulso dos desejos acontece. Mulher: simbiose do amor. E os anjos dizem amém. A MULHER QUE NÃO AMA ESTÁ INCOMPLETA ALMA DE MULHER Dos anjos as asas Nos vôos poéticos Dos versos que ensina A compor sua graça. Missiva dos sonhos Perfume dos lírios Coração para amar Despertas qual sino Sentimentos para cantar. Molduras o amor Na liberdade dos ventos. Sua face de flores É ternura que desperta amores. Tens das abelhas O tecer da doçura Teu sorriso é laço Adereço que enfeitiça. Cântaro de águas refrescantes Hidratas as outras almas Dos ressequidos desencantos. Pérola refugiada No seio amante É tu, alma de mulher, Fulgor das cores No matiz brilhante. Autora: Jair Martins |
Mais uma vez tenho em minha mente algo que trago como minha existência. Sou seu fruto, como toda humanidade o é, e respiramos, sonhamos e amamos, graças a ti. Sem esta parte vital, o mundo humano seria deserto e as flores não seriam flores. E o azul seria uma cor qualquer; o vermelho, sem o calor do grande amor. Não importa como seja: feia, bonita, linda, gorda, magra e de todas raças e etnias. Sabemos que existimos, respiramos e amamos, frutos desta criatura mais importante e que festejamos neste dia: a Mulher! A mandatária de todos os nossos caminhos, nos quais somos os teus companheiros e com muito carinho festejamos o teu sagrado dia. Esperamos, também, já que é vontade de muitos barbados de que um dia uma mulher governe o Brasil, que seja da mesma maneira como governa nossas vidas e nos dá muitas felicidades. E às mulheres que trabalham e que formaram, com sua força, a sua independência, parabéns!! Isto mostra que hoje não existem barreiras nas mais diversas profissões. E além do mais, elas que governam as finanças de um lar, graças a sua capacidade que hoje não se discute. Estou cansado de ver homens em casa, desempregados, e a mulher mantendo, com seu ganho, o sustento do lar. E também os dois desempenhando suas atribuições sem competir em seus ganhos. Então, meus amigos, o que falar mais? Ah, sim, de alguém que tem uma força e que é a digna representante de todos nós. Fazemos a nossa homenagem: Viva, Lou Micaldas, a grande mulher, perfeita pra todos nós. Autor: Paulo Kwamme |
Ser mulher não é um "ser" comum. É ter a dor para gerar vidas, é ter ingenuidade em tua despedida. Não é ser humano e sim humana! Que no seu habitat habita o amor mais puro e revigorado amor. Há homens que têm patroa. Há homens que têm mulher. E há mulheres que escolhem o que querem ser." Que quando criança brinca de boneca e cantigas de rodas. E na adolescência sai da ingenuidade para o reconhecimento dos limites das próprias mudanças corporais. Ela quando adulta, Ah! Este "ser" multifenomenal. Ela é mãe, pai, filha, agricultora, doutora, dona de casa, gari, chefe de família. Ela é MULHER! Diria que a globalização conheceu a mulher e, através delas, ajudam a modificar os homens. Ser mulher é ser inteligente, exigente, transparente, aparente, irreverente e infelizmente, às vezes, carente. Mas, com um amor sublime que arrancaria as armas das mãos dos homens. Autor: Hemerson Patrick Andrade |
Minha homenagem às mulheres - mãe, esposa, irmãs e amigas - através desta crônica escrita para minha mulher. É claro, Ana Emilia, que eu gostaria muito de poder falar do seu sorriso de criança, do seu jeito manso e silencioso de ser. Mas há muita maldade em muitos homens torpes, que vivem maquinando na calada da noite a destruição e morte de seus semelhantes. E é preciso denunciá-los, para manter a chama da vida acesa. Você que eu gostaria muito de poder falar sobre sua doce alegria, de todas as manhãs, quando se dirige, no seu carro, a caminho do seu tão prazeroso trabalho. Mas há que se pensar nos milhares de pais de família que estão de braços cruzados, sem emprego, sem horizontes e sem muita fé na vida. E é preciso lutar junto a eles, para isso mudar; e, assim, todos possam ter o sagrado direito ao trabalho. É claro, Ana Emilia, que eu gostaria muito de poder falar do seu lado lúdico, do seu sorriso maroto e da sua tamanha alegria de viver. Mas é que tem muitas pessoas a sofrer, na vida, toda sorte de injustiças, que sofrem humilhações e são excluídas. E é preciso atenuar tamanha dor. Eu gostaria muito de poder falar da sua conduta irrepreensível diante da vida, da sua firmeza de caráter e da sua inabalável crença em Deus. Mas existem muitas pessoas comprometidas com a devassidão, a corrupção; existem milhares e milhares de homens maus que se deixam ser levados pela fraqueza de caráter e estão cada vez mais distantes de Deus. E é preciso fazer algo para conter tamanho absurdo, tamanha discrepância que aviltam nossos dias, o nosso modo de ser. Parabéns Ana, Clara, Anne, Débora, Isabella, Paula, Nadja, Marly e Marias... Um beijo muito especial, Luiz Maia É claro, Ana Emilia, que eu gostaria muito de poder falar da sua beleza de menina, do seu encanto de mulher. Mas é que nesse mundo tem muita gente chorando; mulheres esquálidas e feias, gente sofrendo torturas e precisando de justiça. É preciso estar ao lado delas agora. Eu gostaria muito de poder falar do seu respeito ao ser humano, do seu senso de responsabilidade. Mas é que nesse mundo tem muita gente gritando em desespero e o eco de seus gritos parece jamais encontrar respostas. E é preciso estar sempre a ouvi-las. É claro, Ana Emilia, que eu gostaria muito de poder falar desse imenso amor meu por você, dessa maneira bonita com que aprendi a gostar de você, a valorizá-la e a lhe querer tanto bem. Mas é que tenho visto tanto desamor, tantas pessoas, mais e mais, carecendo de uma palavra amiga, vivendo de amores frustrados e quase não tendo ânimo para continuar a vida. Ainda bem que temos tempo, pois essas pessoas precisam e muito de nós dois. Há que se ter tempo para amenizar a dor alheia. E mesmo que não venhamos nunca suprir suas necessidades, haverá sempre, dentro de nós, a certeza de termos sido solidários no tempo certo. E mesmo que por eles não sejamos reconhecidos, e por eles até esquecidos, cabe-nos a certeza do dever cumprido, e de que Deus estará com todos e conosco também! Autor: Luiz Maia |
No princípio eu era a Eva Nascida para a felicidade de Adão E meu paraíso tornou-se trevas Porque ousei libertação. Mais tarde fui Maria Meu pecado redimiria Dando à luz aquele que traria a salvação Mas isso não bastaria Para eu encontrar perdão. Passei a ser Amélia A mulher de verdade Para a sociedade Não tinha a menor vaidade Mas sonhava com a igualdade. Muito tempo depois decidi: Não dá mais! Quero minha dignidade Tenho meus ideais! Hoje não sou só esposa ou filha Sou pai, mãe, arrimo de família Sou caminhoneira, taxista, piloto de avião Policial feminina, operária em construção. Ao mundo peço licença Para atuar onde quiser Meu sobrenome é Competência O meu nome é Mulher!!! Autora: "Pérola Neggra" Fátima Aparecida S. de Sousa Enviado por: John Dale |
A cada oito de março é a mesma celebração em torno das conquistas femininas, todas concentradas basicamente na segunda metade do Século XX, a maioria proporcionada por um evento perverso para a história da humanidade: a Segunda Guerra. Depois da Guerra, nem a mulher poderia continuar a ser a mesma nem tampouco os países que participaram mais diretamente do conflito poderiam continuar a tratá-la como um apêndice do homem. De lá para cá, as contendas com o patriarcardo, o machismo e a misoginia foram tantas que metáforas da libertação, como a queima de sutiãs ou a defesa do amor livre após o anticoncepcional, são apenas capítulos mais barulhentos de uma luta sem trégua que toda mulher ainda trava, todos os dias, para assumir as rédeas de sua própria vida e dos seus desejos. A versão dos pais e maridos passou por uma atualização razoável, o Estado criou mecanismos para protegê-las da discriminação e da violência, mas é inegável o surgimento de uma nova forma de poder exercido sobre as mulheres e seu corpo: o da cultura do consumo que estabelece padrões de beleza, aos quais praticamente todas se submetem voluntariamente, feito cordeiros, mesmo que para isso sofram privações alimentares, dores físicas e coloquem em risco a saúde, seja ingerindo anabolizantes ou insistindo em virar faquir. Não bastasse a obrigatoriedade de ser eternamente magra, transbordar sensualidade e sexualidade, equilibrar-se em saltos quinze para ir à esquina, torturar-se em sessões espartanas de malhação, manter-se com aparência de 18 anos dos 12 aos 80, inflar seios, glúteos e coxas, caber em manequins de adolescentes e serem eficientes donas de casa e cozinheiras nas horas 'vagas', está em cena uma nova tendência entre mulheres endinheiradas que caminham para a enésima relação: passar no cirurgião plástico e entre um botox, um silicone, um lifting e uma lipo, reconstruir o hímen à perfeição, para "dar de presente" e agradar ao homem da vez. Assim caminha parte da mulherada: ora orgulhando-se da ascensão profissional, ora pagando para reconstruir uma membrana que durante séculos encarnou, como poucas coisas o fizeram, o poder e a propriedade absolutos do homem (tanto de pais quanto de maridos) sobre o corpo e o desejo femininos. A diferença é que, no passado, o hímen era uma exigência cultural de um tempo (ainda é em muitos rincões). Hoje, é apenas mais um sacrifício comprado por mulheres para agradar homens que, se pudessem, diferentemente delas, mandariam encadernar e distribuir toda a vida sexual pregressa, a mesma que, simbolicamente, a mulher do tempo das plásticas busca apagar numa mesa cirúrgica. Autora: Malu Fontes Enviado por: Denise Duarte |
A todas vocês, minhas amigas de coração, desejo muita felicidade e faço minha homenagem, através de uma linda frase: - "Cuida-te quando fazes chorar uma mulher, pois Deus conta as suas lágrimas. A mulher foi feita da costela do homem, não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior, mas sim do lado para ser igual, debaixo do braço, para ser protegida e do lado do coração para ser amada". PARABÉNS MULHER!!! "Não pelo oito de março, nem pelo beijo e pelo abraço, nem pelo cheiro e pelo amasso. Mas por ser o que és... Humus da humanidade da sensibilidade Tronco da multiplicidade Folhas de serenidade Frutos da eternidade..... da natureza humana" PARABÉNS, PARABÉNS!!! Autor: Luciano Marchese Filho |
Não sei... Que intensa magia Teu corpo irradia Que me deixa louco, Assim, mulher ?... Não sei... Teus olhos castanhos, Profundos, estranhos, Que mistério ocultarão, mulher ?.. Não sei dizer Mulher !... Só sei que sem alma, Roubaste-me a calma E, a teus pés eu vivo a implorar, O teu amor tem um gosto amargo, E eu fico sempre a chorar, Nesta dor, Por teu amor, Por teu amor, mulher... Autor: Custódio Mesquita e Sady Cabral Enviado por: Paulo Peres |
Mulher Amante, Mulher Amada, Mulher Esposa, Mulher Companheira, Mulher Mãe, Mulher Filha, Mulher Irmã, Mulher Avó, Mulher Amiga, Mulher Profissional, Enfim, Ser Mulher, é trazer na alma o dom Divino de erguer sua espada guerreira mesmo que entre lágrimas, para defender àqueles que Ama, muitas vezes esquecidas de si mesmas!... Foi assim que DEUS nos fez!! Mulher!! FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER!! Autora: Thais S.Francisco Enviado por: Mira Scopeta |
A Mulher ideal... É aquela que é maravilhosa acima de tudo. Que pode com um sorriso provocar amor e felicidade. A Mulher ideal... É aquela que é simples por natureza. Que pode explanar com simples gestos toda a sua feminilidade e grandeza. A Mulher ideal... É aquela que sabe como ninguém entender os sinais do amado antevendo lhe os movimentos estando sempre ao seu lado. A Mulher ideal... É aquela que não seja perfeita, pois somente Deus o é, mas que busque a perfeição em todos os seus gestos. A Mulher ideal... É aquela que mostra a sua beleza todos os dias, como no primeiro encontro. Fazendo dos momentos com o seu amado um eterno reencontro. A Mulher ideal... É aquela que mesmo com o passar dos anos, tenha sempre o sorriso de menina, pois o enrugar da pele é ínfimo perante a alma feminina. A Mulher ideal... É aquela que se apresenta perante a sociedade como a mais formosa dama. Mas quando na intimidade partilhe todos os segredos. Enfim, a Mulher ideal... É aquela que mesmo não sendo Deusa, sabe como ninguém trazer um pedacinho do céu. Autor: Sônia Regina da Silva Sales Enviado por BethPML |
"Nosso caminho é feito pelos nossos próprios passos, mas a beleza da caminhada depende dos que vão conosco". (a.d.) Pela primeira vez utilizo o espaço da Mensagem da Semana para expor um artigo de minha autoria, mas é por um motivo muito especial. Hoje é o Dia Internaciona Da Mulher. Todos sabemos, que "Dia da Mulher", são todos os dias, mas este é internacional... por isso sua importância nas nossas reflexões.Parabéns mulher!E parabéns a todos os homens, que reconhece e aplaude, no palco da vida, não somente nesta data, mas todos os dias, a protagonista que ilumina sua jornada. Além da lenda Há uma história que caiu no esquecimento mas nos primórdios se contava em tom de lenda, que quando Deus criou o homem, um sentimento de incompletude o assaltou, neste momento: "Não viveria, ele só, naquela senda!"E como, para Deus, não há impedimento e pode, como Deus, fazer o que bem quer, e não estando totalmente satisfeito, superou-se... gerando um ser bem mais perfeito...E foi assim que foi criada a mulher! Que esta seja uma semana muito especial. Autor: Mário Campello |
M... de música e de magia. M... de maldade e de medo. Mulher começa com M... M... de modelo e de miséria. M... de mãe e de Maria. M... de mágoa e de meiguice. M... de madrugada e de maravilha. M... de martírio, malícia, melancolia, mas Mulher começa com M... M... da morte, maior porém que ela, que a vida, que tudo. Mulher começa com M... M... de MAIOR do MUNDO ! "Parabéns "Mulher" pela complitude que trazes aos lares em todos os sentidos." "Parabéns por todos os dias 8 de cada mês, todos os 7 dias da semana e todos 30 dias dos meses. Parabéns o ano todo!!" "Dia Internacional da Mulher!!" 08 de março Autor não mencionado Enviado por: Sérgio Andrade |
As mulheres de origem celta eram criadas tão livremente como os homens. A elas era dado o direito de escolherem seus parceiros, e nunca poderiam ser forçadas a uma relação que não queriam. Eram ensinadas a trabalharem para que pudessem garantir seu sustento, bem como eram excelentes amantes, donas de casas e mães. A primeira lição era: "Ama teu homem e o segue, mas somente se ambos representarem um para o outro o que a Deusa Mãe ensinou: amor, companheirismo e amizade". Jamais permita que algum homem a escravize. Você nasceu livre para amar, e não para ser escrava. Jamais permita que o seu coração sofra em nome do amor. Amar é um ato de felicidade, por que sofrer? Jamais permita que seus olhos derramem por alguém que nunca fará você sorrir. Jamais permita que o uso de seu próprio corpo seja cerceado. Saiba que o corpo é a moradia do espírito - por que mantê-lo aprisionado? Jamais se permita ficar horas esperando por alguém que nunca virá, mesmo tendo prometido. Jamais permita que o seu nome seja pronunciado em vão por um homem cujo nome você sequer sabe. Jamais permita que o seu tempo seja desperdiçado com alguém que nunca terá tempo para você. Jamais permita ouvir gritos em seus ouvidos. O Amor é o único que pode falar mais alto. Jamais permita que paixões desenfreadas transportem você de um mundo real para outro que nunca existiu. Jamais permita que outros sonhos se misturem aos seus, fazendo-os virar um grande pesadelo. Jamais acredite que alguém possa voltar quando nunca esteve presente. Jamais permita que seu útero gere um filho que nunca terá um pai. Jamais permita viver na dependência de um homem como se você tivesse nascido inválida. Jamais se ponha linda e maravilhosa a fim de esperar por um homem que não tenha olhos para admirá-la. Jamais permita que seus pés caminhem em direção a um homem que só vive fugindo de você. Jamais permita que a dor, a tristeza, a solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso e tudo aquilo que possa tirar o brilho dos seus olhos a dominem, fazendo arrefecer a força que existe dentro de você. E, sobretudo, jamais permita que você mesma perca a dignidade de ser MULHER. Autor não mencionado Enviado por: Janaina Arruda |
Dizem que, a uma certa idade, nós as mulheres nos fazemos invisíveis. Que nossa atuação na cena da vida diminui e que nos tornamos inexistentes para um mundo onde só cabe o impulso dos anos jovens. Eu não sei se me tornei invisível para o mundo, mas pode ser. Porém nunca fui tão consciente da minha existência como agora, nunca me senti tão protagonista da minha vida, e nunca desfrutei tanto cada momento da minha existência.Descobri que não sou uma princesa de contos de fada; descobri o ser humano sensível que sou e também muito forte. Com suas misérias e suas grandezas. Descobri que posso me permitir o luxo de não ser perfeita, de estar cheia de defeitos, de ter fraquezas, de me enganar, de fazer coisas indevidas e de não corresponder às expectativas dos outros. E a pesar disso… Gostar de mim.Quando me olho no espelho e procuro quem fui… sorrio àquela que sou… Me alegro do caminho andado, assumo minhas contradições. Sinto que devo saudar a jovem que fui com carinho, mas deixá-la de lado porque agora me atrapalha. Seu mundo de ilusões e fantasias, já não me interessa. É bom viver sem ter tantas obrigações. Que bom não sentir um desassossego permanente causado por correr atrás de tantos sonhos. “A vida é tão curta e a tarefa de vivê-la é tão difícil que quando começamos a aprendê-la, já é hora de partir". |
Estudo mostra que mulheres bonitas sofrem discriminação (em certos empregos)
Mulheres atraentes são ignoradas para empregos considerados muito “masculinos” ou “inteligentes”, em que “a aparência não era vista como um fator importante”
É difícil ser uma mulher bonita e ainda mais nos Estados Unidos, onde ela terá mais dificuldade de encontrar um emprego. A conclusão é de um estudo feito pela Universidade de Colorado Denver, que sugere que mulheres bonitas são empurradas para o final da fila quando se trata de arranjar trabalho.
Durante a pesquisa, os participantes receberam as fichas com informações e fotos dos candidatos e a recomendação de que escolhessem aqueles que parecessem mais indicados para o cargo em questão. O processo, aliás, é muito semelhante ao que é feito pelos departamentos de recursos humanos no mundo inteiro.
Segundo o estudo publicado no “Jornal de Psicologia Social”, as mulheres bonitas eram ignoradas para empregos como “gerente de pesquisa e desenvolvimento, diretor financeiro, engenheiro mecânico e supervisão de construção”. Além disso, os belos traços femininos também não valiam na seleção para equipes de venda de equipamentos, carcereiros e caminhoneiros.
A conclusão da universidade é que as bonitas eram ignoradas para empregos considerados muito “masculinos” ou “inteligentes”, em que “a aparência não era vista como um fator importante”.
Agora, em todos os outros empregos, a preferência ia para mulheres bonitas, esclareceu um dos pesquisadores da Universidade de Colorado Denver. Os participantes da pesquisa escolheram, sem pestanejar, as mulheres atraentes para cargos como recepcionista ou secretária.
Segundo a pesquisadora Stefanie Johnson, em todos os outros tipos de emprego, mulheres atraentes saíam na frente. E acrescentou que, além de mais atraentes, elas também ganham salários mais altos, recebem notas mais altas em avaliação de desempenho, ganham mais pontos na admissão a universidades e quando concorrem a cargos públicos. Ou seja, estereótipos ainda funcionam quando se trata de tomar decisões objetivas no trabalho.
Fonte: MemesGestão A Mulher E O Mercado De Trabalho
Nesta semana li e ouvi falar o quanto tem se evidenciado as discussões das organizações nacionais e internacionais em torno de temas que visam à construção de uma sociedade mais justa, passando pelas relações de gênero. A promoção da igualdade de oportunidades e o equilíbrio neste sentido, visivelmente, está sendo tratada de forma especial quando o assunto é mercado de trabalho. Acredito que isso está contribuído para a elevação na taxa de atividade da população economicamente ativa, principalmente na América Latina e Caribe.Sara Elder, do Departamento de Tendências de Emprego da Organização Internacional do Trabalho (OIT), disse nesta semana que "mais de uma década depois da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres, em Beijing, adotar uma plataforma ambiciosa para uma ação global para a igualdade de gênero e autonomia das mulheres, a discriminação entre homens e mulheres continua profundamente enraizada na sociedade e a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda está longe de ser uma realidade".
O que talvez traga alívio aos que defendem igualdade de oportunidades, entretanto, é que muitas instituições e empresas estão exercendo papéis socialmente responsáveis, apresentando balanços sociais, no qual igualdade de oportunidades conta pontos para certificações, além de contribuir para ampliação de mercados, aumento da produtividade e melhora na imagem institucional.
Falando em nível de instituição, vou pegar um case próprio. Dentro do Sistema Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso - Fecomércio/Sesc e Senac-MT, por exemplo, segue-se rigorosamente uma política de cargos e salários, que é definido e aprovado pelos conselhos que o representa. Além disso estão estabelecidos no seu regime de orçamento financeiro os recursos para manter tal equilíbrio no enquadramento de funções. Com isso, há anos está garantindo-se a equidade de gênero, dando a quem é competente, independente de sexo, as reais oportunidades.
Por ter uma política preestabelecida dentro do Sistema, nota-se o quanto a mulher tem sido contemplada por suas habilidades. Só para exemplificar, no staff do Sesc, 50% da diretoria é formada por mulheres e no do Senac, 75%. Na Fecomércio os cargos de representação não remunerados, a exemplo de presidente, vice-presidentes, diretores setoriais, entre outros, a composição é maioria homens, ligados ao sindicalismo patronal do segmento. O quadro de gestores à frente da execução dos trabalhos e também de técnicos da área administrativa é 90% feminino. Nos serviços gerais, 1% é feminino. Tem apenas uma mulher em função de copeira, que divide a atividade com um garçom e na limpeza e segurança todos são homens.
Por ocasião do dia 8 de março deste ano, a OIT apresentou um diagnóstico interessante e altamente confiável em relação às estatísticas, referente às mulheres no mercado de trabalho, que teve como tema "Medir os progressos e identificar os desafios". No relatório é mostrado que a taxa de atividade da força de trabalho feminina aumentou de 50,2% para 51,7% entre 1980 e 2008. Neste estudo é revelado que a taxa de atividade da força de trabalho masculina caiu 7%, passando de 82% para 77%.
O escritório da OIT no Brasil é dirigido por uma mulher, Laís Abramo, e é dela o posicionamento a seguir: "A magnitude da presença de mulheres e negros no mercado de trabalho é acompanhada da persistente presença de déficits de trabalho decente em todos os aspectos. As mulheres - principalmente as mulheres negras - possuem rendimentos mais baixos que os dos homens e, ainda que em média tenham níveis de escolaridade mais elevados, seguem enfrentando o problema da segmentação ocupacional, que limita seu leque de possibilidades de emprego. As mulheres e os negros são mais presentes nas ocupações informais e precárias e as mulheres negras são a grande maioria no emprego doméstico, uma ocupação que possui importantes déficits no que se refere ao respeito aos direitos trabalhistas".
No último Dia Internacional das Mulheres, portanto, as organizações feministas falaram de lutas e conquistas. O êxito dos trabalhos no sentido de equacionar um problema mais que secular, entretanto, ainda deve percorrer um trajeto com muitas barreiras e isso passa, entre outros fatores, pela eliminação dos salários mais baixos que o dos homens e da ocupação em atividades precárias.
Vale a pena quem se interessar mais sobre este assunto, entrar no site www.oitbrasil.org.br para obter todos os dados, que eu julgo, imprescindíveis para fundamentar discussões em torno da mulher no mundo do trabalho.
Fonte: Artigonal
Participação da mulher no mercado de trabalho cresce, mas salário ainda é menor que o do homem
São Paulo – Apesar da participação da mulher no mercado de trabalho ter crescido no ano passado, ela continua a receber salário menor que o do homem. Segundo o boletim Mulher&Trabalho, divulgado hoje (2) pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a participação da mulher no mercado de trabalho na região metropolitana de São Paulo passou de 55,9%, em 2009, para 56,2% no ano passado, mas o salário delas corresponde a apenas 75,7% do que os homens recebem pelo desempenho da mesma função.
O rendimento médio por hora trabalhada das mulheres passou de R$ 6,56 para R$ 6,72 e o dos homens, de R$ 8,22 para R$ 8,94. As mulheres com ensino superior recebem, em média, R$ 15,7 pela hora de trabalho, enquanto as que não têm curso superior recebem R$ 4,6 por hora. “Essas informações evidenciam que completar o ensino superior significa, de fato, alcançar postos mais qualificados e mais bem remunerados”, diz o estudo.
De acordo com o boletim, a região metropolitana de São Paulo gerou 163 mil postos de trabalho para as mulheres em 2010, volume que foi considerado suficiente para absorver 99 mil mulheres que ingressaram na força de trabalho local. A taxa de desemprego das mulheres diminuiu de 16,2%, em 2009, para 14,7% em 2010, enquanto a dos homens passou de 11,6% para 9,5% no mesmo período.
A inserção das mulheres com escolaridade superior no mercado de trabalho também cresceu e já é maior que a dos homens. Segundo o estudo, o número de mulheres com ensino superior completo no mercado de trabalho na região metropolitana de São Paulo passou de 12,9%, em 2000, para 17,1% em 2010. Se em 2000, a maior parte da População Economicamente Ativa (PEA), com nível superior, era composta por homens (51,3%), no ano passado ela passou a ter maioria feminina (53,6%).
Além do crescimento quantitativo de mulheres no mercado de trabalho, o boletim também observou que outras oportunidades de inserção produtiva estão se abrindo para as mulheres mais escolarizadas. Apesar da educação ainda ser o principal segmento a abrigar as trabalhadoras (com mais de 20%), cresceu a participação feminina no segmento de serviços especializados (13,6%) – advogadas, contadoras e engenheiras -, superando o setor de saúde (12,4%).
Fonte: Correio do Brasil
Participação da mulher no mercado de trabalho cresce, mas salário ainda é menor que o do homem

O rendimento médio por hora trabalhada das mulheres passou de R$ 6,56 para R$ 6,72 e o dos homens, de R$ 8,22 para R$ 8,94. As mulheres com ensino superior recebem, em média, R$ 15,70 pela hora de trabalho, enquanto as que não têm curso superior recebem R$ 4,60 por hora. “Essas informações evidenciam que completar o ensino superior significa, de fato, alcançar postos mais qualificados e mais bem remunerados”, diz o estudo.
De acordo com o boletim, a região metropolitana de São Paulo gerou 163 mil postos de trabalho para as mulheres em 2010, volume que foi considerado suficiente para absorver 99 mil mulheres que ingressaram na força de trabalho local. A taxa de desemprego das mulheres diminuiu de 16,2%, em 2009, para 14,7% em 2010, enquanto a dos homens passou de 11,6% para 9,5% no mesmo período.
A inserção das mulheres com escolaridade superior no mercado de trabalho também cresceu e já é maior que a dos homens. Segundo o estudo, o número de mulheres com ensino superior completo no mercado de trabalho na região metropolitana de São Paulo passou de 12,9%, em 2000, para 17,1% em 2010. Se em 2000, a maior parte da População Economicamente Ativa (PEA), com nível superior, era composta por homens (51,3%), no ano passado ela passou a ter maioria feminina (53,6%).
Além do crescimento quantitativo de mulheres no mercado de trabalho, o boletim também observou que outras oportunidades de inserção produtiva estão se abrindo para as mulheres mais escolarizadas. Apesar da educação ainda ser o principal segmento a abrigar as trabalhadoras (com mais de 20%), cresceu a participação feminina no segmento de serviços especializados (13,6%) – advogadas, contadoras e engenheiras -, superando o setor de saúde (12,4%).
Fonte: Mercado Ético
Pesquisa sobre mulheres no mercado de trabalho mostra alguns avanços e velhos problemas
Segundo estudo Seade/Dieese, houve crescimento da formalização e da escolaridade, mas diferença salarial em relação aos homens aumentou em 2010
São Paulo – A presença da mulher no mercado formal de trabalho continua crescendo, principalmente entre as de mais escolaridade, aponta pesquisa da Fundação Seade e do Dieese relativa à região metropolitana de São Paulo. Mas o levantamento mostra também que permanece a desigualdade salarial entre homens e mulheres, mesmo entre os mais escolarizados.
"A evolução da presença no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho", dizem os institutos, em nota sobre o estudo. "Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolaridade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior", prossegue o texto.
De 2009 para 2010, foram abertos 163 mil postos de trabalho para mulheres na Grande São Paulo. Elas representam 45% da população ocupada. A taxa de desemprego feminina recuou pelo sétimo ano seguido, atingindo 14,7%, ainda bem acima da masculina (9,5%). O rendimento médio aumentou em ambos os casos, mas essa alta foi maior para os homens, fazendo aumentar a diferença entre a remuneração entre os gêneros. Em média, em 2009, as mulheres ganhavam 79,8% dos valores médios recebidos pelos homens. No ano passado, essa proporção havia caído para 75,2%.
A pesquisa mostrou aumento da participação de trabalhador com ensino superior completo, de 11,7% para 15% da População Economicamente Ativa (PEA). Entre as mulheres, essa proporção já chegou a 17,1%, ante 13% dos homens. A presença feminina entre a PEA com nível superior ultrapassou a masculina e atingiu 53,6%. Em 2010, os homens eram maioria (51,3%).
Com isso, também cai a presença de mulheres menos escolarizadas. "Tal retração pode ser explicada pela simples redução do número de mulheres com pouca instrução formal, mas pode também ser reflexo do aumento das exigências de escolarização para o ingresso nos postos de trabalho disponíveis, que excluem as mulheres com baixa escolarização do mercado de trabalho, ou o adiamento desse ingresso pelas mais jovens, que preferem privilegiar sua formação escolar", afirma a pesquisa Seade/Dieese.
O ensino superior mostra ser um diferencial na inserção no mercado. No ano passado, a taxa de participação feminina (proporção de mulheres ocupadas ou desempregadas com 10 anos ou mais) era de 56,2%. Entre as mulheres com curso superior, a taxa chegou a 83,6%. Segundo o estudo, as taxas de participação feminina só aumentaram no ensino médio ou superior, caindo entre analfabetas e no ensino fundamental. A taxa de desemprego total em 2010 para trabalhadoras foi de 16,5%. Para trabalhadoras com nível superior, foi de 6,2%.
A formalização também vem crescendo, em ambos os casos. Em 2000, 33% das mulheres sem ensino superior tinham carteira assinada – esse número chegou a 43,8% em 2010. Entre trabalhadores com nível superior, 75,8% das mulheres ocupavam postos formais de trabalho.
"Pode-se afirmar, portanto, que a evolução da presença feminina no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes na qualidade de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho. Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolariedade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior", conclui a pesquisa.
Fonte: rede BrasilAtual
A mulher no mercado de trabalho
Neste mês que comemoramos o dia da mulher, este tema é importante para pensarmos sobre a atuação da mulher no mercado de trabalho.
Nas últimas décadas, as mulheres vêm e continuam se preparando para atuar em todos os níveis do mercado e mesmo assim, elas ainda se deparam com as barreiras culturais do preconceito e da discriminação estabelecidas pelos homens e em seu benefício.A busca da realização pessoal e a necessidade de produzir e contribuir para o bem-estar da coletividade está permitindo que as mulheres agreguem ao dia a dia das empresas habilidades próprias importantes, como a motivação, capacidade de trabalhar em grupo, administrar conflitos e lidar com recursos escassos.A sua inclusão neste novo papel social, o de profissional, ainda é fortemente marcada pela dominação de uma sociedade patriarcal e marcada também pela soma de funções e não substituídas das mesmas.Assim ao assumir tarefas de fora de casa, a mulher não conseguiu abolir ou ao menos diminuir suas atribuições domésticas. Além de contribuir para o provento do lar ela ainda mantém suas atividades domésticas e os cuidados com os filhos, sendo que muitas vezes às realiza sem alguma ajuda.Com dedicação e profissionalismo, a mulher agora tenta atingir o padrão de perfeição no trabalho, em especial pela capacidade empreendedora e a seriedade com que enfrenta os desafios que se apresentam.A inserção feminina no mercado de trabalho tem sido competitiva em relação ao universo masculino, pois a sua presença frente a esse novo cenário contribui para o sucesso dos negócios dando um toque especial às organizações.Assim, as organizações se rendem à força da mão-de-obra feminina, se empenhando em programas de desenvolvimento, valorização e na equidade entre gêneros. E ainda, reconhecendo o seu fundamental papel para que as mudanças ocorram de forma eficiente e eficaz tanto para as pessoas, quanto para as organizações e a sociedade.
EXEMPLOS DE MULHERES BEM-SUCEDIDASDentre as mulheres que fizeram história no mundo, cabe destacar suas conquistas ao longo dos últimos anos:
Coco Chanel: cresceu em um orfanato, quando atingiu a maior idade buscou conquistar novos espaços de trabalho, uma mulher muito a frente de seu tempo, revolucionou o mundo da moda. Ficou conhecida em todo o mundo por sua audácia em transformar o estilo das mulheres de seu tempo; Diana Spencer: Lady Diana Francês Spencer, casada com o Príncipe Charles, destacou-se mundialmente pelo seu trabalho humanitário, sua simpatia e simplicidade; Joana D´Arc: uma mulher de muita fibra, guerreira, exemplo de lealdade para com seupaís, foi acusada de feitiçaria, capturada pelos ingleses e queimada numa fogueira. Depois de sua morte, o Vaticano reconheceu seus contatos com os espíritos divinos e acabou por canonizá-la; Indira Gandhi: uma grande líder política da Índia, nos anos de 1950 ocupou o mais alto cargo político na mais populosa democracia do planeta. Indira serviu de inspiração para muitas outras mulheres em países de Terceiro Mundo e deu início ao movimento pela participação da mulher na política; Madre Teresa de Calcutá: Uma missionária que se destacou na forma inconfundível de se dedicar aos necessitados e distribuir amor e compaixão aos sofredores. Essa dedicação a colocou entre as mulheres mais conhecidas e admiradas da segunda metade do século XX. Em 1979, ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento a sua vida de dedicação as pessoas.No Brasil também existem várias mulheres que se destacaram no decorrer da história, entre elas estão:
Nísia Floresta Brasileira Augusta: Pioneira do feminismo no Brasil, publicou artigos que abordava a condição feminina e defendia sua emancipação, escreveu muitos livros defendendo os direitos das mulheres; Rita Lobato Velho Lopes: Foi a primeira médica formada no Brasil, decidiu estudar medicina três anos depois que um decreto imperial permitiu o acesso das mulheres aos cursos superiores; Francisca Senhorinha da Motta Diniz: Educadora, sua mais importante contribuição para a luta das mulheres foi à criação do Semanário "O sexo feminino", que trazia informações e tratava de temas polêmicos. Entre as idéias que esta educadora defendia cabe destacar a seguinte: "Queremos a instrução pura para conhecermos nossos direitos, e deles usarmos em ocasião oportuna. Queremos, enfim, saber o que fazemos, o porquê e pelo que das coisas. Só o que não queremos é continuar a viver enganadas"; (BRAUM,2005). Isabel de Sousa Matos: Cirurgiã-dentista, requereu, em 1885, seu alistamento eleitoral, sendo a primeira mulher a requerer seu direito de alistamento eleitoral, que lhe foi negado; Josefina Álvares de Azevedo: Jornalista, fundou o jornal "A Família", que alcançou muitos leitores e contou com a colaboração de importantes ativistas do movimento feminista da época, que lutavam, sobretudo, pela extensão do direito de voto às mulheres.
Fonte: Administradores.com.br
19/06/2011
Nesta página falaremos sobre assuntos diversificados, como turismo, usos e costumes de outros Paíse, animais, legislação, enfim de tudo um pouco.
Vamos começar falando à respeito de animais, o melhor amigo do homem, o cachorro.
Veremos aqui 08 raças de cachorros diferentes.
1 – Puli

A raça puli é conhecida por seu look alternativo que a assemelha a um esfregão. Além de lhe render comparações divertidas, a aparência peculiar também lhe é útil: ela protege a pele dos cachorros da água e da descamação.
Não se sabe ao certo de onde os pulis vêm, mas há indícios de que os antigos romanos eram proprietários de cães semelhantes e há alguma evidência de que a raça possui mais de 6 mil anos de idade. O que se sabe é que eles poderiam ser encontrados na Ásia mais de 2 mil anos atrás e fizeram sua aparição na Hungria (país considerado o berço da raça) há mil anos.
Os húngaros rapidamente adotaram os animais como cuidadores de ovelhas – junto com uma raça similar, porém maior, conhecida como o komondor. As duas raças de cães tomavam conta dos rebanhos dia e noite, com o puli servindo como vigia e os komondor contribuindo com os músculos quando necessário, para impedir a ação de predadores.
Embora os pelos compridos e especiais da raça cresçam naturalmente, os proprietários ainda precisam ativamente cuidar da aparência do cão, mantendo-o limpo. Os pelos podem crescer o suficiente para atingir o chão ou podem ser cortados curtos. Os cães são muito ativos e inteligentes e exigem muita atenção e exercício.
2 – Xoloitzcuintli

Mais conhecido como pelado mexicano, o xoloitzcuintli é tão antigo que a raça já era adorada pelos astecas. Segundo a mitologia, o deus Xolotl fez os cães a partir de uma lasca do Osso da Vida, a mesma obra-prima para a criação de toda a humanidade. Xolotl presenteou os homens com o cão, pedindo-lhes para cuidá-lo com sua vida. Em troca, o cão guia o homem até o mundo da morte.
Os pelados mexicanos são cães dóceis e leais uma vez que atingem a idade adulta, mas até se tornarem emocionalmente maduros – o que acontece próximo aos dois anos de idade – eles ainda são muito barulhentos e cheios de energia. Precisam de loção e muitos banhos para prevenir queimaduras solares, acne e pele seca.
3 – Cão Pelado Peruano

Não, a similaridade no nome com a raça anterior não é mera coincidência – em muitos aspectos, eles são como os Pelados Mexicanos. Estes cães também eram adorados por outra civilização antiga, desta vez os incas, mas a raça é realmente muito mais antiga que a cultura inca.
A raça aparece em imagens em obras de arte peruanas desde 750 d.C. O folclore peruano, muito baseado em histórias incas, assegura que abraçar um desses cães pode curar problemas de saúde, em particular dores de estômago.
Infelizmente, os animais quase entraram em extinção durante a conquista espanhola no Peru. A raça se manteve viva graças a pequenas aldeias em áreas rurais, onde os cães podem ainda ser encontrados em bom número. Mais recentemente, criadores peruanos trabalham para proteger o que resta dos cães pelados do Peru, garantindo uma significativa diversidade de linhagem.
Estes cachorros podem ser um pouco teimosos e exigem treinamento adequado desde pequenos. Também precisam de loção e muitos banhos para prevenir queimaduras solares, acne e pele seca. Além disso, os cães sofrem em lugares de clima quente.
4 – Norsk Lundehund

À primeira vista, você consegue encontrar algo de extraorndinário nesses cães? Preste atenção, o Lundehund tem algumas características surpreendentes que o tornam fisicamente diferente de qualquer outra raça.
Uma dessas características peculiares é o fato de que eles têm seis dedos em cada pata. Pode contar. Eles também possuem uma única articulação ligando o ombro ao pescoço, o que lhes permite esticar as pernas em linha reta em ambos os sentidos. Além disso, sua testa alcança até as suas costas. Eles também podem fechar seus canais auditivos à vontade para evitar a entrada de sujeira ou água.
Tudo isso faz com que o Lundehund seja um caçador incrível de aves, um nadador ágil e um grande alpinista em penhascos íngremes e fendas. Os cães foram originalmente treinados para caçar papagaios no longínquo século 17, mas depois que a prática caiu em desuso, a raça quase foi extinta. Em 1963, havia apenas seis vivos. No entanto, graças ao cuidado e esforço de uma dedicada equipe de poucos criadores, já existem pelo menos 1.500 deles vivos hoje em dia.
Infelizmente, a raça possui um sério problema genético: uma doença conhecida como gastroenteropatia dos Lundehund, que pode impedir os cães de extrair nutrientes e proteínas de seu alimento.
5 – Cão de Crista Chinês

Esses pobres cachorrinhos são frequentemente desprezados pelos humanos por não serem muito atraentes para os olhos. Na realidade, esses cães nem sempre nascem sem pelo: existem duas variedades, uma possui pelos, e a outra não. Ambos podem ter nascido na mesma ninhada.
Curiosamente, a variedade sem pelo pode até mesmo possuir uma camada de pelos caso o gene que causa a ausência da cobertura de pelos não se expresse tão fortemente. Quando isso ocorre, pode ser realmente difícil diferenciar as duas variedades a distância. Outra diferença estranha é que nos cães sem pelo muitas vezes falta um conjunto completo de dentes pré-molares.
É interessante notar que os cães de crista chineses não vieram da China. Ninguém sabe ao certo a origem deles, muitos suspeitam que a raça tenha se originado na África. Ha também algumas evidências que esses cachorros compartilham algumas características da raça dos pelados mexicanos.
6 – Cão da Carolina

Também chamados de dingos americanos (caso “cão da Carolina” soe engraçado para você), este cão não parece muito fora do comum. Entretanto, o que o torna único não está na sua aparência física, mas sim em seu DNA.
O cão da Carolina pode ser a mais antiga espécie canina da América do Norte, tendo aparecido em pinturas rupestres no início da povoação de nativos americanos. Eles também compartilham o DNA com dingos da Austrália e com cães cantores da Nova Guiné (é cada nome…).
São animais relativamente primitivos, sujeitos a problemas de hierarquia social (eles não são recomendados a proprietários de primeira viagem).
7 – Catahoula Cur

O nome não é a único coisa divertida sobre esses cachorros. Eles também são excelentes caçadores e são até capazes de escalar árvores durante uma perseguição.
Acredita-se que a raça é uma das mais antigas sobreviventes em toda a América do Norte. Eles já eram apreciados pelos nativos americanos por suas incríveis habilidades de caça há muito tempo. O nome da raça vem da Paróquia Catahoula de Louisiana, onde a raça é originária.
Como cães “trabalhadores”, eles são conhecidos por ter muita energia. Se devidamente treinados, esses cães leais podem ser facilmente orientados para pastoreio, trabalho policial ou mesmo apenas para fazer truques e entreter a sua família.
8 – Mastim Napolitano

Se você é um fã dos filmes de Harry Potter, você está pensando no animal de estimação de Hagrid, Fang. Embora eles não sejam tão incrivelmente grandes quanto possa parecer nos filmes, os números impressionam: 75 centímetros até os ombros quando de quatro e até 150 quilos de peso.
No decorrer da história, acredita-se que a raça lutou ao lado do exército romano, tendo sido usada para atacar as barrigas dos cavalos inimigos e feri-los.
Após a Segunda Guerra Mundial, a raça quase entrou em extinção, mas graças aos esforços de um pintor italiano de criar um canil para proteger a raça, os mastins napolitanos foram salvos. O pintor cruzou o pouco dos mastins napolitanos restantes com seus parentes ingleses para ajudar a diversificar a linhagem genética. Deu certo.
Fonte: Hype Science
Os cães são grandes animais de estimação, mas são extremamente protetores com suas famílias. Por isso, eles precisam de socialização desde pequenos, para garantir que não se tornem muito agressivos contra estranhos. Eles raramente latem, a não ser que sejam provocados e, como resultado, são famosos por sua atacarem intrusos sem serem percebidos.
Vamos conhecer alguns costumes dos Países Arábes.
Vejamos a Geografia:
Oriente Médio
Informações e dados sobre o Oriente Médio, economia, geografia, países, mapa, rios, religiões, história, conflitos
Informações e dados sobre o Oriente Médio, economia, geografia, países, mapa, rios, religiões, história, conflitos

Introdução
O Oriente Médio é uma região que envolve países do oeste da Ásia e do nordeste da África. Grande parte destes países são banhados pelo Mar Vermelho, Mar Mediterrâneo, Golfo Pérsico, Mar Negro e Mar Cáspio.
Informações importantes sobre o Oriente Médio:
- Os seguinte países fazem parte do Oriente Médio: Arábia Saudita, Bahrein, Chipre, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Israel, Irã, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Palestina, Omã, Qatar, Síria e Turquia.
- A maior parte da população desta região é formada por árabes.
- A exploração de petróleo é a principal atividade econômica da região, com destaque para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Iraque, Irã e Bahrein.
- A região vem enfrentando nas últimas décadas vários conflitos, sendo que o principal deles envolve disputas territoriais, entre árabes e israelenses, na região da Palestina. Na década de 1990, podemos destacar também o conflito militar conhecido por Guerra do Golfo.
- A língua árabe é a mais falada no Oriente Médio.
- No aspecto geográfico, podemos destacar a presença de dois grandes desertos: o deserto da Arábia (na Península Arábica) e o deserto do Saara (no Egito).
- Quatros rios se destacam no Oriente Médio: rio Nilo (Egito), Tigre (Iraque, Síria, Turquia), Eufrates (Iraque e Síria) e o rio Jordão (Israel e Jordânia).
- Do ponto de vista histórico, o Oriente Médio é considerado o berço das grandes civilizações do passado. Podemos citar como exemplos as civilizações antigas da Mesopotâmia e do Egito. Na Península Arábica também se desenvolveu, a partir do século VIII, o Império Árabe.
- Do ponto de vista religioso, o Oriente Médio também é de extrema importância, pois foi o berço do surgimento do judaísmo, cristianismo e islamismo.
Os árabes são os integrantes de um povo heterogêneo que habita principalmente o Oriente Médio e a África setentrional, originário da península Arábica constituída por regiões desérticas. As dificuldades de plantio e criação de animais fizeram com que seus habitantes se tornassem nômades, vagando pelo deserto em caravanas, em busca de água e de melhores condições de vida. A essas tribos do deserto dá-se o nome de beduínos.
Existem três fatores que podem ajudar, em graus diversos, na determinação se um indivíduo é considerado árabe ou não:
Segundo Habib Hassan Touma,[1] "A essência da cultura árabe envolve:
Quando da sua formação em 1946, a Liga Árabe assim definiu um árabe
Embora pratiquem ou se interessem por outras religiões como o espiritismo e o candomblé, o árabe é essencialmente formado por muçulmanos, judeus e cristãos. Nesse sentido, a maior parte dos árabes, são seguidores do islã, religião surgida na Península Arábica no século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de Abraão que para eles, estaria corrompido pelo judaísmo e cristianismo. Os árabes cristãos são também muito numerosos; nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de dois terços dos Árabes, particularmente os imigrantes da Síria, da Palestina, do Iraque e Líbano. No Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia a proporção de cristãos entre os imigrantes árabes é ainda maior mas só recentemente nesses países que a população islâmica evoluiu, sem necessariamente serem muçulmanos árabes. De modo geral todos os imigrantes espalhados pelo mundo "judeus ou cristãos" são uma consequência longínqua dos efeitos das cruzadas.
Durante os séculos VIII e IX, os árabes (especificamente os Omíadas, e mais tarde os Abássidas) construíram um império cujas fronteiras iam até o sul da França no oeste, China no leste, Ásia menor no norte e Sudão no sul. Este foi um dos maiores impérios terrestres da História. Através da maior parte dessa área, os Árabes espalharam a religião do Islã e a língua árabe (a língua do Qur'an) através da conversão e assimilação, respectivamente. Muitos grupos terminaram por ser conhecidos como "árabes" não pela ascendência, mas sim pela arabização. Assim, com o tempo, o termo "árabe" acabou tendo um significado mais largo do que o termo étnico original. Muitos Árabes do Sudão, Marrocos, Argélia e outros lugares tornaram-se árabes através da difusão cultural.
O nacionalismo árabe declara que os árabes estão unidos por uma história, cultura e língua comuns. Os nacionalistas árabes acreditam que a identidade árabe engloba mais do que características físicas, raça ou religião. Uma ideologia similar, o pan-arabismo, prega a união de todas as "terras árabes" em um Estado único. Nem todos os Árabes concordam com essas definições; os Maronitas libaneses, por exemplo, rejeitam geralmente a etiqueta "árabe" em favor de um nacionalismo maronita mais estreito, transformando o cristianismo que professam em sinal de diferença em relação aos muçulmanos que se consideram árabes (embora, em outros casos, o cristianismo seja o contrário; valor imutavelmente ligado à identidade árabe, a qual transcende a religião, sem negá-la, como é o dos melquitas, cujo Patriarca, Gregório III Laham, afirma "Nós somos a Igreja do Islam").
Outra explicação deriva a palavra Árabe de uma outra linha: `.R.B., com uma alternativa metastática `.B.R., ambas significando viajando pelas terras, isto é, nômade. Desta raiz derivam os termos árabe e hebreu, significando nômades.
Fonte: Wikipédia

DADOS PRINCIPAIS:
Nome oficial: Reino da Arábia Saudita (Al-Mamlaka al-'Arabiya as-Sa'udiya).
Nacionalidade: saudita.
Data nacional: 23 de setembro (Dia da União e Reunificação dos Reinos de Hejaz e Nedjed).
Capitais: Riad (sede do reinado), Jidá (administrativa).
Cidades principais: Riad (2.776.100), Jidá (2.046.300), Meca (965.700), Medina (608.300)(1992)).
Idioma: árabe (oficial).
Religião: islamismo 98,8% (sunitas 95,5%, xiitas 3,3%), cristianismo 0,8%, outras 0,4% (1980).
O Mundo Árabe abarca um conjunto de países que falam a língua árabe, são estes Argélia, Bahrein, Comoros, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Mauritânia, Marrocos, Omã, Palestina, Qatar, Saara Ocidental, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Síria, Tunísia, Emirados Árabes Unidos e Iémen.Árabes
Árabes (الشعب العربي) | |||||||||
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![]() Filipe, o Árabe • João Damasceno • Al-Kindi • Al-Khansa • Faiçal I do Iraque • Gamal Abdel Nasser • Asmahan • May Ziade | |||||||||
População total | |||||||||
aprox. 350 a 422 milhões | |||||||||
Regiões com população significativa | |||||||||
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Línguas | |||||||||
Árabe, Mehri | |||||||||
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A maioria é o Islão com uma minoria Cristã | |||||||||
Grupos étnicos relacionados | |||||||||
Línguas semíticas |
Existem três fatores que podem ajudar, em graus diversos, na determinação se um indivíduo é considerado árabe ou não:
- políticos: se ele vive em um país membro da Liga Árabe (ou, de maneira geral, no mundo árabe); essa definição cobre mais de trezentos milhões de pessoas.
- linguísticos: se sua língua materna é o árabe; essa definição cobre mais de duzentos milhões de pessoas.
- genealógicos: Pode-se traçar sua ascendência até os habitantes originais da península arábica.
Segundo Habib Hassan Touma,[1] "A essência da cultura árabe envolve:
- língua árabe
- Islã
- Tradição e os costumes "
Quando da sua formação em 1946, a Liga Árabe assim definiu um árabe
- "Um árabe é uma pessoa cuja língua é o árabe, que vive em um país de língua árabe e que tem simpatia com as aspirações dos povos de língua árabe."
Embora pratiquem ou se interessem por outras religiões como o espiritismo e o candomblé, o árabe é essencialmente formado por muçulmanos, judeus e cristãos. Nesse sentido, a maior parte dos árabes, são seguidores do islã, religião surgida na Península Arábica no século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de Abraão que para eles, estaria corrompido pelo judaísmo e cristianismo. Os árabes cristãos são também muito numerosos; nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de dois terços dos Árabes, particularmente os imigrantes da Síria, da Palestina, do Iraque e Líbano. No Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia a proporção de cristãos entre os imigrantes árabes é ainda maior mas só recentemente nesses países que a população islâmica evoluiu, sem necessariamente serem muçulmanos árabes. De modo geral todos os imigrantes espalhados pelo mundo "judeus ou cristãos" são uma consequência longínqua dos efeitos das cruzadas.
Durante os séculos VIII e IX, os árabes (especificamente os Omíadas, e mais tarde os Abássidas) construíram um império cujas fronteiras iam até o sul da França no oeste, China no leste, Ásia menor no norte e Sudão no sul. Este foi um dos maiores impérios terrestres da História. Através da maior parte dessa área, os Árabes espalharam a religião do Islã e a língua árabe (a língua do Qur'an) através da conversão e assimilação, respectivamente. Muitos grupos terminaram por ser conhecidos como "árabes" não pela ascendência, mas sim pela arabização. Assim, com o tempo, o termo "árabe" acabou tendo um significado mais largo do que o termo étnico original. Muitos Árabes do Sudão, Marrocos, Argélia e outros lugares tornaram-se árabes através da difusão cultural.
O nacionalismo árabe declara que os árabes estão unidos por uma história, cultura e língua comuns. Os nacionalistas árabes acreditam que a identidade árabe engloba mais do que características físicas, raça ou religião. Uma ideologia similar, o pan-arabismo, prega a união de todas as "terras árabes" em um Estado único. Nem todos os Árabes concordam com essas definições; os Maronitas libaneses, por exemplo, rejeitam geralmente a etiqueta "árabe" em favor de um nacionalismo maronita mais estreito, transformando o cristianismo que professam em sinal de diferença em relação aos muçulmanos que se consideram árabes (embora, em outros casos, o cristianismo seja o contrário; valor imutavelmente ligado à identidade árabe, a qual transcende a religião, sem negá-la, como é o dos melquitas, cujo Patriarca, Gregório III Laham, afirma "Nós somos a Igreja do Islam").
Genealogia tradicional
Nas tradições islâmica e judia, os árabes são um povo semita que tem sua ascendência de Ismael, um dos filhos do antigo patriarca Abraão. Genealogistas árabes medievais dividiram os árabes em dois grupos:- os "árabes " do sul da Arábia, descendentes de Qahtan (identificados com o Joktan bíblico). Supõe-se que os Qahtanitas migraram do Iêmen após a destruição da barragem de Ma'rib (Sad Ma'rib). Os árabes qahtanitas foram os responsáveis pelas antigas civilizações do Iêmen, incluindo o renomado Sheba bíblico (um descendente de Qahtan).
- Os "árabes " (musta`ribah) do norte da Arábia, descendentes de Adnan, este supostamente descendente de Ismael via Kedar. A língua árabe, como ela é falada hoje na sua forma qurânica clássica, foi o resultado de uma mistura entre a língua árabe original de Qahtan e o árabe setentrional, que assimilara palavras de outras línguas semíticas do Levante.
O termo "árabe" na História
Os árabes são mencionados pela primeira vez em uma inscrição assíria de 853 a.C., onde Shalmaneser III menciona um rei Gindibu de matu arbaai (terra árabe) como estando entre as pessoas que ele derrotou na batalha de Karkar.O significado do termo "árabe"
Segundo uma explicação, a palavra "árabe" significa "claro"; claro como em compreensível, não como em puro. Os idosos beduínos ainda utilizam esse termo com o mesmo significado; àqueles cuja língua eles compreendem (p. ex., falantes árabes) eles chamam árabe, e àqueles cuja língua é desconhecida deles eles chamam ajam (ajam ou ajami). Na região do Golfo pérsico, o termo ajam é frequentemente empregado para se referir aos persas.Outra explicação deriva a palavra Árabe de uma outra linha: `.R.B., com uma alternativa metastática `.B.R., ambas significando viajando pelas terras, isto é, nômade. Desta raiz derivam os termos árabe e hebreu, significando nômades.
Fonte: Wikipédia
- ARÁBIA SAUDITA -

DADOS PRINCIPAIS:
Nome oficial: Reino da Arábia Saudita (Al-Mamlaka al-'Arabiya as-Sa'udiya).
Nacionalidade: saudita.
Data nacional: 23 de setembro (Dia da União e Reunificação dos Reinos de Hejaz e Nedjed).
Capitais: Riad (sede do reinado), Jidá (administrativa).
Cidades principais: Riad (2.776.100), Jidá (2.046.300), Meca (965.700), Medina (608.300)(1992)).
Idioma: árabe (oficial).
Religião: islamismo 98,8% (sunitas 95,5%, xiitas 3,3%), cristianismo 0,8%, outras 0,4% (1980).
GEOGRAFIA:
Localização: sudoeste da Ásia.
Hora local: + 6h.
Área: 2.153.168 km2.
Clima: árido quente (maior parte), subtropical (N).
Área de floresta: 2 mil km2 (1995).
POPULAÇÃO: Total: 21,6 milhões (2000), sendo árabes sauditas 50%, outros árabes 40%, afro-asiáticos 10% (1996).
Densidade: 10,03 hab./km2.
População urbana: 85% (1998).
Crescimento demográfico: 3,4% ao ano (1995-2000).
Fecundidade: 5,8 filhos por mulher (1995-2000).
Expectativa de vida M/F: 70/73 anos (1995-2000).
Mortalidade infantil: 23‰ (1995-2000).
Analfabetismo: 23% (2000). IDH (0-1): 0,747 (1998).
POLÍTICA:
Forma de governo: Monarquia islâmica (reinado).
Divisão administrativa: 13 regiões subdivididas em governadorias.
Partidos políticos: não há.
Legislativo: não há.
Constituição em vigor: não há - o rei governa de acordo com a Sharia, a lei sagrada do islamismo.
ECONOMIA: Moeda: rial saudita.
PIB: US$ 128,9 bilhões (1998).
PIB agropecuária: 7% (1998).
PIB indústria: 48% (1998).
PIB serviços: 45% (1998).
Crescimento do PIB: 1,6% ao ano (1990-1998).
Renda per capita: US$ 6.910 (1998).
Força de trabalho: 7 milhões (1998). Agricultura: trigo, tâmara, cevada, melancia.
Pecuária: aves, ovinos, caprinos, camelos.
Pesca: 54,1 mil t (1997).
Mineração: petróleo, gás natural.
Indústria: extração e refino de petróleo, petroquímica, materiais de construção (cimento), fertilizantes, siderúrgica (aço), alimentícia, bebidas.
Exportações: US$ 42,2 bilhões (1998).
Importações: US$ 26,4 bilhões (1998).
Principais parceiros comerciais: EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão, Coréia do Sul, Cingapura, Holanda (Países Baixos), França.
DEFESA:
Efetivo total: 162,5 mil (1998).
Gastos: US$ 20,5 bilhões (1998).
RELAÇÕES EXTERIORES:
Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU, Opep.
Embaixada: Tel. (61) 3248-3525, fax (61) 3248-2905 - Brasília, DF.
Localização: sudoeste da Ásia.
Hora local: + 6h.
Área: 2.153.168 km2.
Clima: árido quente (maior parte), subtropical (N).
Área de floresta: 2 mil km2 (1995).
POPULAÇÃO: Total: 21,6 milhões (2000), sendo árabes sauditas 50%, outros árabes 40%, afro-asiáticos 10% (1996).
Densidade: 10,03 hab./km2.
População urbana: 85% (1998).
Crescimento demográfico: 3,4% ao ano (1995-2000).
Fecundidade: 5,8 filhos por mulher (1995-2000).
Expectativa de vida M/F: 70/73 anos (1995-2000).
Mortalidade infantil: 23‰ (1995-2000).
Analfabetismo: 23% (2000). IDH (0-1): 0,747 (1998).
POLÍTICA:
Forma de governo: Monarquia islâmica (reinado).
Divisão administrativa: 13 regiões subdivididas em governadorias.
Partidos políticos: não há.
Legislativo: não há.
Constituição em vigor: não há - o rei governa de acordo com a Sharia, a lei sagrada do islamismo.
ECONOMIA: Moeda: rial saudita.
PIB: US$ 128,9 bilhões (1998).
PIB agropecuária: 7% (1998).
PIB indústria: 48% (1998).
PIB serviços: 45% (1998).
Crescimento do PIB: 1,6% ao ano (1990-1998).
Renda per capita: US$ 6.910 (1998).
Força de trabalho: 7 milhões (1998). Agricultura: trigo, tâmara, cevada, melancia.
Pecuária: aves, ovinos, caprinos, camelos.
Pesca: 54,1 mil t (1997).
Mineração: petróleo, gás natural.
Indústria: extração e refino de petróleo, petroquímica, materiais de construção (cimento), fertilizantes, siderúrgica (aço), alimentícia, bebidas.
Exportações: US$ 42,2 bilhões (1998).
Importações: US$ 26,4 bilhões (1998).
Principais parceiros comerciais: EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão, Coréia do Sul, Cingapura, Holanda (Países Baixos), França.
DEFESA:
Efetivo total: 162,5 mil (1998).
Gastos: US$ 20,5 bilhões (1998).
RELAÇÕES EXTERIORES:
Organizações: Banco Mundial, FMI, ONU, Opep.
Embaixada: Tel. (61) 3248-3525, fax (61) 3248-2905 - Brasília, DF.
Cultura Árabe - os países e a língua
Estes países e territórios contam com uma população de 358 milhões de pessoas que se espalham desde o Norte de África até à Ásia Ocidental.
"Um árabe, no sentido moderno da palavra, é alguém que é cidadão de um estado árabe, conhece a língua árabe e possui um conhecimento básico da tradição árabe, isto é, dos usos, costumes e sistemas políticos e sociais da cultura."
Segundo a Liga Árabe "um árabe é uma pessoa cuja língua é o árabe, que vive em um país de língua árabe e que tem simpatia com as aspirações dos povos de língua árabe."
O árabe é uma língua semítica, muito semelhante ao aramaico e ao hebraico. Em muitos países árabes modernos permanecem vários dialectos no entanto todos utilizam o Modern Standard Arabic na comunicação em geral, falamos em países como Egipto, Líbano e Marrocos. O árabe, tal como o hebraico e o aramaico é escrito da direita para a esquerda.
Os grupos principais de línguas árabes são:
- Árabe magrebino
- Árabe andaluz (extinto)
- Árabe sudanês
- Árabe levantino
- Árabe iraquiano
- Árabe do Golfo
- Árabe Najdi
- Árabe iemenita
Tradições Árabes
Cultura e costumes: como se portar com anfitriões árabesA cultura árabe é uma das mais antigas do mundo, sendo mantidos os princípios básicos de respeito em sociedade, criados desde o do surgimento da sua civilização. A sociedade árabe, tida como conservadora, é muito receptiva e possui um reconhecimento mundial como povo de perfil forte e tradicional. Por ser um povo de costumes conservativos, os sentimentos pessoais são pouco expressados. Nas ruas de países árabes, não é comum se ver pessoas rindo em voz alta. Os problemas pessoais, entre amigos, esposas, familiares, são sempre mantidos fora do alcance público, com uma preocupação grande em que outras pessoas não saibam do que está acontecendo.Privacidade
A privacidade, uma das características mais importantes da sociedade árabe, é visivelmente percebida através da construção civil, pelas casas e prédios de um modo geral serem construídos com paredes bem largas para proporcionar o afastamento do barulho do trânsito. Uma das considerações mais importantes na construção de uma casa é a garantia de que seus moradores não verão os seus vizinhos de nenhuma parte da casa, e vice-versa.
Dica: Quando em visita a casa de um amigo árabe, é recomendável ficar próximo à porta, de maneira que, quando a porta se abrir, não seja visível o interior da casa. É importante o visitante só tomar a iniciativa de entrar quando for convidado, quando o anfitrião estende a mão, com a palma para cima, dizendo, tafaddal (entre!).
Cumprimentando as mulheres
Quando um visitante é convidado para a casa de um anfitrião árabe ou para o seu escritório, e é apresentado a uma mulher, sendo ela funcionária ou parente do anfitrião, ele não deve beijá-la. Se ela estender a mão para cumprimentar, então a cumprimente, em outros casos, somente a saúde com palavras.
Dica: Nunca comente a beleza da mulher, irmã, filha ou funcionária de seu anfitrião árabe. Com certeza não é um elogio!
Cuidado com as palavras
As palavras, mesmo que elogios, são analisadas uma a uma! Um simples elogio a algo que é do seu anfitrião, faz com que ele se sinta obrigado a lhe oferecer, mesmo que seja de valor expressivo. Admire as coisas, mas sem exageros.
Recebendo presentes
Quando o visitante receber um presente ou oferecer a alguém um presente, o mesmo não deve ser aberto na frente das pessoas.
Recebendo convidados
Receber um convidado é algo muito importante para uma pessoa de origem árabe: todas as honras da casa são apresentadas. O anfitrião questionará o tempo inteiro se o convidado está sendo bem recepcionado – às vezes é um pouco exagerado, servindo quantidades além do normal. Existe uma preocupação grande em saber se o convidado está bem satisfeito. Para poder servir e apresentar as honras da casa, os membros da família são os últimos a comer. Quando você for convidado para almoçar ou jantar em um restaurante, o seu anfitrião sempre pagará a conta, e o mesmo é esperado quando as posições se invertem.
Dica: Quando convidar um árabe, tenha certeza de sua religião, pois álcool e carne suína e seus derivados, são proibidos aos muçulmanos.
A família árabe
A família árabe é toda centrada na figura do pai, e do irmão mais velho, no caso da ausência do pai. O homem da família é o provedor das necessidades da casa, a ele existe toda uma reverência e respeito, não obstante a mãe é quem cuida da casa e dos afazeres domésticos. Em alguns países árabes, nos países do Golfo Pérsico, normalmente existem empregadas. O homem árabe sempre foi o tomador de decisão, só as suas opiniões eram importantes. Com o tempo, a mulher tem se mostrado a formadora de opinião na família árabe, interagindo com o marido para juntos resolverem problemas que antes só convinham aos homens. Neste contexto, os filhos são todos encaminhados para continuar a seguir as tradições da família. Os homens são suporte para o pai; as filhas, apoio para a mãe e responsáveis pela ajuda nos serviços de casa.
A educação da família árabe
Os árabes têm por lei o direito ao ensino, tanto para homens quanto para mulheres. Nos países do Golfo Pérsico, o governo também responde pelo ensino universitário. Em alguns países existem escolas para meninas e outras meninos, cabendo exclusivamente aos pais escolher qual a melhor educação para os seus filhos.
A mulher árabe na sociedade
A mídia internacional apresentou durante vários anos e por vários meios a mulher árabe como privada do acesso ao mercado de trabalho – o que definitivamente não é verdade. Hoje, a força de trabalho da mulher árabe é fundamental em todos os países da região. Normalmente, a mulher sai da casa de seus pais somente quando se casa. Se um dia ela se separar, volta para a casa de seus pais.
Deveres sociais
Na sociedade árabe, a família não se resume ao pai, mãe e filhos. No tocante às responsabilidades sociais, existe toda uma integração com os demais membros, e todos se sentem parte de uma união que está presente nas horas boas e ruins da vida. Abaixo alguns deveres sociais:
- Quando uma pessoa viaja, ou retorna de uma viagem, principalmente, os parentes próximos e distantes vão recebê-lo no aeroporto.
- Quando uma pessoa está doente, é muito comum todos ficarem extremamente preocupados, deixando os seus afazeres diários, permanecendo na casa da pessoa ou no hospital. É um momento de muita preocupação de todos. É comum, quando se visita um enfermo, levar doces, chocolates, frutas, biscoitos ou flores.
- Quando as pessoas se casam, é costume que as pessoas levem dinheiro, ouro ou algo para a sua nova casa.
- Quando nasce um bebê, visitas e presentes são esperados de todos os membros da família. A mulher poderá ficar até quarenta dias na casa de sua mãe para poder ser cuidada pelas irmãs e mãe.
Fonte: Al Nur Gazeta
A CONDIÇÃO DA MULHER NO ISLAM
1. INTRODUÇÃOTudo que é o outro, que não faz parte da nossa realidade mais imediata, tende a nos assustar e a ser objeto de nossa rejeição. Raríssimas vezes nos detemos nas questões que nos escapam e, por isso mesmo, fazemos julgamentos apressados, superficiais, e incorporamos conceitos sempre carregados de preconceitos, porque fundamentados na ignorância dos fatos.
Nos dias atuais, onde tantas questões polêmicas nos são colocadas diariamente, onde mal temos tempo de digerir o noticiário, tal a rapidez com que as coisas acontecem no mundo, vamos estabelecendo nossos julgamentos e entendimentos em bases que carecem de uma análise mais profunda.
Assim é com relação ao Islam, tão incompreendido, tão desconhecido. Assim é a questão da mulher no Islam, onde preconceitos e falsas informações estão disseminados de tal forma que ocupam o imaginário dos não muçulmanos, estereotipando essas mulheres, transformando-as em personagens que nunca correspondem à realidade. Tomamos para nós alguns conceitos, que passam a ser verdade, a nossa verdade, que sequer é nossa, e engrossamos o rol desta vasta legião de meros repetidores de falsas verdades, aliás, uma característica do nosso tempo. O Islam é fanatismo. O Islam é terrorismo. O Islam é atraso. O Islam oprime e submete a mulher.
Mas, o que é o Islam? Como o Islam trata realmente a questão dos sexos? Qual é o papel da mulher muçulmana numa sociedade islâmica?
Para se falar sobre a mulher no Islam, como ela é vista, qual a sua função, qual o seu papel, quais os seus direitos e deveres, torna-se necessário comparar este mesmo papel com outras culturas, outras religiões, quais os seus direitos e deveres, quais as suas conquistas, enfim, devemos considerar todos os aspectos, sejam sociais, politícos, econômicos, éticos ou morais e não, simplesmente, nos determos em aspectos culturais isolados.
Por isso, nada melhor do que enfocar a condição da mulher no Islam, levando em conta essa mesma condição no Ocidente, e, mais especificamente no Brasil, de tradições, cultura e religião tão diferentes do Oriente. No que a muçulmana é diferente da mulher ocidental? Que valores éticos, morais, sociais e religiosos regem essas duas mulheres? Que padrões comportamentais fazem essas duas mulheres tão diferentes?
Há 1400 anos, o Islam afirmou que a mulher é um ser humano, que tem uma alma da mesma natureza que a do homem, e que ambos, homens e mulheres, gozam dos mesmos direitos. No Islam, a mulher é um ser responsável e não pode ser desrespeitada ou discriminada em razão de seu sexo. No ocidente, apesar dos avanços conseguidos pelos movimentos feministas, as conquistas alcançadas não representam sequer a terça parte do que o Islam já havia garantido. Sabemos que a mulher ainda é discriminada, o maior contingente de analfabetos está na população feminina, ela é vítima da violência, que começa em casa, recebe um salário menor para o exercício de funções que ela executa em igualdade de condições com o homem, etc.
Em 1995, portanto há três anos atrás, na Quarta Conferência Mundial da Mulher, ocorrida em Pequim, os governos participantes reconheceram a péssima condição feminina e firmaram uma Declaração, onde entre outros tópicos, afirmavam o seguinte:
"Nós, os governos que participamos da Quarta Conferência Mundial da Mulher (…) estamos convencidos de que: (…) Os direitos da mulher são direitos humanos; (…) A igualdade de direitos, de oportunidades e de acesso aos recursos, à distribuição equitativa entre homens e mulheres das responsabilidades relativas à família … são indispensáveis ao seu bem-estar e ao de sua família, assim como para a consolidação da democracia. (…) A paz global, nacional e regional só pode ser alcançada com o progresso das mulheres, que são uma força fundamental de liderança, resolução de conflitos e promoção de uma paz duradoura em todos os níveis."
A diferença básica entre esses dois mundos, o oriental e o ocidental, é que o Islam, conforme revelado ao Profeta Mohammad, está pronto, bastando ser seguido por todos. O Islam dignifica o ser humano, garante direitos. Sua mensagem, ainda que dirigida inicialmente aos árabes, é universal e se aplica a todos os homens e mulheres, em qualquer lugar e em qualquer tempo. As origens do Islam são as mesmas que as das religiões anteriores e Mohammad foi o último profeta de Deus.
Deus esclarece no Alcorão que, ao longo de toda a história da humanidade, cada povo teve o seu mensageiro, em sua própria língua, em linguagem compatível com a compreensão do ser humano, anunciando a unicidade de Deus, confirmando o Dia do Juízo Final e determinando a subordinação ao que foi legislado por Ele.
Prescreveu-vos a mesma religião que tinha instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual recomendamos a Abraão, a Moisés e Jesus (dizendo-lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso.(cap. 14:5)
A crença nos profetas e nos livros são artigos de fé para o muçulmano. Depois de Mohammad não haverá mais nenhum profeta e nem revelação alguma será feita.
Hoje, aperfeiçoei a religião para vós; agraciei-vos generosamente e aponto o Islam por religião. (Cap. 5:3)
2. OS PRIMÓRDIOS DO ISLAM
Para entendermos o Islam e o conceito islâmico de vida, é preciso, em primeiro lugar, recuarmos na História em alguns séculos e buscarmos nas suas origens todo um código de vida que permanece até os nossos dias. Ainda que inicialmente a mensagem tenha sido revelada na península arábica, sua linguagem é universal. Antes de mais nada, para nós muçulmanos, Islam é submissão, submissão à vontade de Deus e o Alcorão é a palavra de Deus, conforme revelada ao Profeta Mohammad há 1.400 anos atrás.
O Islam surgiu na Península Arábica no início do século VII, com as primeiras revelações de Deus ao Profeta Mohammad, por intermédio do anjo Gabriel:
"Lê, em nome do teu Senhor, que te criou; criou o homem de um coágulo; lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, que ensinou através do cálamo. Ensinou ao homem o que este não sabia." (Cap. 96:1-5)
Durante 13 anos as revelações foram sendo transmitidas e organizadas até serem sistematizadas sob a forma de um livro, de acordo com a orientação do Profeta Mohammad, que determinou a ordem dos capítulos e versículos. Este livro é o Alcorão, o Livro Sagrado do muçulmano. O Alcorão, na verdade, é um conjunto de advertências, sugestões, injunções e princípios religiosos, morais, éticos e jurídicos que regem a vida de todo os muçulmanos.
Os árabes estavam organizados da mesma forma por toda a península. Não havia grandes cidades e eles viviam em pequenos grupos, unidos por laços familiares. Sociedade caracterizadamente patriarcal, as famílias estavam organizadas em clãs e os clãs formavam tribos. Portanto, todo árabe era membro de uma família, que pertencia a um clã, que, por sua vez, formava uma tribo. O deserto da Arábia, extremamente árido e pobre, não propiciava muito o que comer, a vida era incerta e perigosa e, no geral, eles eram de temperamento esquentado. A qualquer tempo, um clã podia ser invadido por seus vizinhos. Emboras esses ataques repentinos rendessem alguns ganhos, eles eram motivados muito mais pelo espírito de aventura. Se um membro de um clã ou de uma tribo fosse morto numa luta aberta ou numa emboscada, isto podia render o envolvimento de todo o clã por anos a fio.
Distantes dos grandes centros culturais da época (Pérsia e Bizâncio), os árabes desenvolveram sua própria cultura, baseados nos costumes de seus ancestrais. Provavelmente a vida no deserto devia ser monótona e, para compensar esta falta de encanto, eles se dedicavam às guerras entre as tribos. Normalmente, as guerras não tinham por objetivo inflingir uma grande derrota ao inimigo, mas, sim a glória e a honra de terem superado seus rivais em coragem e resistência.
A poesia era outro orgulho entre os árabes e, através dela enalteciam a guerra, exaltavam a força e a virilidade masculinas, louvavam a generosidade e a hospitalidade e, algumas vezes, falava de amor e romance. A mulher árabe dos tempos pré-islâmicos usufria de uma relativa liberdade. A título de exemplo, para ilustrar a posição ocupada pela mulher nos tempos pré-islâmicos, vale lembrar que Khadija, primeira esposa de Mohaammad, uma rica viúva e independente, que administrava seus próprios negócios, foi quem fez o pedido de casamento ao Profeta.
Khadija foi a primeira pessoa, do círculo mais próximo do Profeta, a acreditar que as revelações eram divinas e foi a primeira a se converter ao Islam. Até morrer, esteve sempre ao lado de Mohammad, suportou ao seu lado toda a sorte de incompreensões e perseguições de que foram vítimas os primeiros muçulmanos, passou necessidades físicas durante o embargo imposto pelos cidadãos de Meca. Khadija foi a companheira de quem o Profeta jamais se esqueceu enquanto viveu.
Apesar da relativa liberdade de que a mulher desfrutava, esse mundo árabe pré-revelação era patriarcal, moldado pelo homem, e a mulher não passava de uma vítima constante da dor, do sofrimento, da solidão, da humilhação e da exploração física, emocional e sexual. Os árabes de antes da revelação também não escaparam do costume de considerar a filha mulher um peso doloroso, uma fonte potencial de vergonha para o pai, sendo hábito, antes do advento do Islam, a prática cruel do infanticídio feminino.
Existia o costume de se enterrar viva a menina, por medo da vergonha ou da pobreza.
Quando a filha, sepultada viva, for interrogada: Por que delito foste assassinada? (Cap. 81:8-9)
O Alcorão descreve esta prática, a fim de mostrar o seu horror e registrar o absurdo do costume. Sua condenação cabe perfeitamente com a meta divina declarada do Islam de destruir a ignorância e estabelecer novas regras e preceitos morais, sociais e éticos. No Capítulo 16 "A Abelha", lemos:
Quando a algum deles é anunciado o nascimento de uma filha, o seu semblante se entristece e fica angustiado. Oculta-se do seu povo, pela má notícia que lhe foi anunciada: deixá-la-á viver, envergonhado, ou a enterrará viva? Que péssimo é o que julgam! (16:58-9)
Além de condenar vigorosamente tal prática, o Alcorão não faz distinção entre meninos e meninas.
E no Capítulo 17, "A Viagem Noturna", lemos:
Não mateis vossos filhos por temor à necessidade, pois Nós os sustentaremos, bem como a vós. (17:31)
A ordem social do período pré-revelação, portanto, jamais ajudou a mulher a ter uma condição respeitável e digna.
Foi somente com o advento do Islam, que a mulher passou a desfrutar de uma posição dignificada, sem qualquer traço de paternalismo ou exploração, um ser responsável, a quem são exigidos deveres, mas a quem também são assegurados direitos, em igualdade de condições com o homem. Homens e mulheres são criaturas de Deus, e o melhor entre eles é o mais justo, o mais piedoso, independentemente de sexo, raça, cor, posição social etc.. As pessoas se diferenciam no Islam pela fé, pela consciência de Deus e pela conduta reta. Assim, estabelece Deus no Alcorão:
Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sapientíssimo e está bem inteirado. (Cap. 49:13)
Também, disse Deus:
Jamais desmerecerei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher, porque procedeis uns dos outros… (Cap. 3:195)
O novo modo de vida implantado a partir do Alcorão, assegurou uma posição dignificada tanto para os homens como para as mulheres. As mulheres passaram a ser respeitadas e honradas. A "maldição" do sexo feminino, como herdeiro do "legado de Eva", portanto, a responsável por todas as desgraças desta vida, deixou de ter sentido. Homens e mulheres são iguais.
Nada no conjunto social da Arábia daquele tempo, ou em qualquer outra cultura ou civilização, evidenciou uma tal elevação na posição da mulher. Não foi nenhuma consideração social ou econômica que a tornou necessária ou desejável. Foi antes uma mudança deliberada, feita pelo Islam, por razões que são completamente diferentes daquelas deste mundo e daquelas da sociedade humana em particular. O que a mulher ocidental levou mais de 12 séculos para conseguir, enfrentando as mais duras resistências, o Islam já havia outorgado voluntariamente, tomando a iniciativa, sem submissão a necessidades sócio-econômicas, mas dentro do critério de justiça e verdade, características básicas do Islam.
Se imaginarmos que no século VII, a Europa vivendo em plena Idade Média, que a História qualifica como a "noite dos 1000 anos", sob o império do pensamento judaico-cristão, onde as mais severas restrições eram impostas às mulheres, onde a mulher era vista como a herdeira do mal, impura, na pequena península arábica surge o Alcorão, assegurando à mulher, primeiro o direito à vida, depois o direito de opinião e expressão, à educação, ao conhecimento, ao testemunho, ao divórcio, à propriedade, à herança, temos que concordar que isso significou uma revolução absoluta nos costumes, tradições e valores que perduravam naquela época e que perduram até os dias de hoje.
3. DIREITOS ASSEGURADOS PELO ISLAM Á MULHER
3.1 - Individualidade
No Islam, a mulher não é produto do diabo ou a semente do mal. No Islam, o homem não ocupa o lugar de senhor absoluto da mulher, que, sem outra alternativa, tem que se render ao seu domínio. No Islam só nos submetemos a Deus e só a Ele nos rendemos e prestamos contas. No Islam, ao contrário de outras crenças e sistemas religiosos, a mulher tem alma e é dotada de qualidades espirituais. O Islam não considera Eva a única responsável pelo pecado original de toda a humanidade e, por consequência, pelo sacrifício na cruz do filho de Deus para redimir a humanidade do pecado original. O Alcorão esclarece que tanto Adão como Eva erraram, ambos foram tentados, ambos pecaram e ambos foram perdoados por Deus após o manifesto arrependimento.
A mulher é reconhecida no Islam como a parceira completa do homem e igual a ele na procriação da humanidade. Ele é o pai e ela é a mãe e ambos são essenciais para vida. O papel da mulher não é menos vital do que o do homem. Nesta parceria as partes são iguais em cada aspecto, têm direitos e responsabilidades iguais e são dotadas das mesmas qualidades, seja homem ou mulher.
No Islam, a mulher se iguala ao homem ao ser responsável por seus atos. Ela possui uma personalidade independente, dotada de qualidades humanas e digna de aspirações espirituais. Sua natureza humana não é nem inferior nem superior à do homem. Homens e mulheres têm as mesmas obrigações e responsabilidades sociais, morais e religiosas e devem enfrentar a consequência de seus atos.
Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja. (Cap. 4:124)
No Islam, a mulher é independente economicamente, uma vez que ela pode ser proprietária, com direito a administrar seus bens e ninguém, pai, marido ou irmão, tem ingerência no trato de questões financeiras.
3.2 - Educação e instrução
Ela se iguala ao homem na busca pelo conhecimento e educação. Quando o Islam conclama os muçulmanos para a busca do conhecimento, ele não faz distinção entre os sexos. A educação não é somente um direito, mas uma responsabilidade de todos os homens e mulheres. Mohammad, há 14 séculos atrás, foi muito claro ao afirmar que a busca do conhecimento é uma obrigação para todo o muçulmano, seja homem ou mulher.
Durante muito tempo foi negado à mulher o direito de expor suas opiniões. Em Coríntios I 14:34/35, São Paulo diz: "Como em todas as congregações de santos, as mulheres devem permanecer caladas nas igrejas. Não é permitido a elas falar e devem ser submissas, como a lei diz. Se elas quiserem perguntar sobre alguma coisa que perguntem a seus maridos em casa, porque é vergonhoso para uma mulher falar nas igrejas." Em Timóteo I 2:11-14, ele escreveu: "Eu não permito a uma mulher ensinar ou ter autoridade sobre um homem; ela deve ser calada, porque Adão foi feito primeiro, e depois Eva. E Adão não foi o que perdeu, foi a mulher que perdeu e se tornou pecadora".
O Islam entende que uma mulher não pode se instruir se não lhe é permitido falar. O Islam entende que uma mulher não pode crescer intelectualmente se ela é obrigada a um estado de completa submissão. O Islam entende que uma mulher não tem vida própria se sua única fonte de informação é o marido em casa.
3.3 - Liberdade de expressão
Por isso, no Islam ela tem direito à liberdade de expressão, tanto quanto o homem. Suas opiniões são levadas em consideração e não podem ser desrespeitadas sob a alegação de serem provenientes de uma mulher. Há diversos relatos a respeito da participação efetiva das mulheres, não só expressando sua opinião como também questionando e participando de discussões sérias com o Profeta. A propósito, o Alcorão tem a seguinte passagem:
Em verdade, Deus escutou a declaração daquela que discutia contigo, acerca do marido, e se queixava em oração a Deus. Deus ouviu vossa palestra, porque Ele é Oniouvinte.
Aqueles, dentre vós, que repudiam as suas mulheres através do zihar, saibam que elas não são suas mães. Estas são as que os geraram; certamente, com tal juramento, eles proferiram algo iníquo e falso; porém, Deus é Absolvedor, Indulgentíssimo. (Cap. 58:1-2)
Este relato se refere Khawlah, esposa de Auss Ibn Assámet, que havia se divorciado dela, seguindo um costume idólatra, apesar de ele ser muçulmano. O expediente era conhecido como zihar e consistia em dizer para a esposa que a partir daquele momento ela era considerada sua mãe. Isto liberava o marido de qualquer responsabilidade conjugal sem dar, no entanto, liberdade para ela abandonar o lar ou contrair novo matrimônio. Tendo ouvido estas palavras de seu marido, a mulher foi ter com o Profeta, na esperança de que ele resolvesse o seu caso. O Profeta era de opinião que ela deveria ser paciente, desde que parecesse que não havia outro caminho. No entanto, ela continuou questionando Mohammad quando veio a revelação que constitui os versículos acima. Portanto, como vemos, a mulher no Islam tem o direito de argumentar, mesmo que seja com o Profeta do Islam. Ninguém tem o direito de instruí-la a se calar.
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Em primeiro lugar, deve ser esclarecido que o Islam entende que o papel da mulher na sociedade como mãe e esposa, é o mais sagrado de todos. Nenhuma babá ou empregada pode substituir a mãe no seu papel de educadora de uma criança.
A regra geral na vida política e social é a participação e a colaboração de homens e mulheres nas questões públicas. O Islam não exige, como algumas pessoas pensam, que a mulher fique confinada em sua casa até a morte. Em toda a história do Islam há relatos suficientes que comprovam a participação da muçulmana nas questões públicas, nas funções administrativas, na erudição e ensinamentos e mesmo nos campos de batalha, ao lado do Profeta.. Não há no Alcorão, ou nas sunas do Profeta, qualquer texto que impeça a mulher de exercer qualquer posição de liderança, exceto na condução da prece, por motivos óbvios que serão vistos mais adiante, e na liderança do estado. Um chefe de estado não é apenas decorativo. Ele exerce funções inerentes ao cargo, viaja, negocia com outras autoridades, participa de encontros confidenciais com tais autoridades. São atividades, muitas das vezes, não são condizentes com as diretrizes traçadas pelo Islam para a interação entre os sexos.
Registros históricos comprovam que as mulheres participavam da vida pública em igualdade de condições com os muçulmanos, principalmente em tempos de emergência. Elas combatiam nas guerras, cuidavam dos feridos, preparavam suprimentos, ajudavam os guerreiros, consultavam diretamente o Profeta a respeito de assuntos pessoais e até íntimos, etc. Jamais houve qualquer barreira que impedisse a integração da mulher na sociedade islâmica. Jamais foram consideradas criaturas desprovidas de alma ou de qualquer mérito. O aconselhamento, o ensinamento religioso, a educação espiritual são atividades exercidas pelas mulheres desde os primórdios do Islam.
3.5 - Direito de contratar
O Islam garante à mulher direitos iguais para contratar, para assumir empreendimentos, para ter ganhos e posses independentemente. Somente no século passado a Europa reconheceu o direito da mulher de contrair obrigações. No Islam, vida, propriedade, honra são tão sagrados para ela quanto para o homem. Se ela cometer qualquer falta sua pena não é maior ou menor do que para o homem, em casos semelhantes, estabelecida pela shariah islâmica. Conta a tradição que certa vez alguém veio ter com o Profeta solicitando a sua intercessão para a filha de uma autoridade que havia sido apanhada praticando roubo. O Profeta então respondeu que ainda que fosse Fátima, sua filha muito amada, que estivesse naquela situação, ele não poderia impedir que a lei fosse aplicada. No Islam, a lei é igual para todos e não exime ninguém em razão de sua posição social.
Estes direitos não estão estabelecidos de uma forma apenas retórica. O Islam tomou medidas para salvaguardá-los e colocá-los em prática como artigos de fé. O Islam não tolera o preconceito contra a mulher ou a discriminação entre os sexos. O Islam reprova todo aquele que considera a mulher inferior ao homem.
3.6 - Direito à Herança
Além do reconhecimento da mulher como um ser independente, considerada como essencial para a sobrevivência da humanidade, o Islam deu à mulher o direito à herança. Antes do Islam, ela não só era privada desta participação como era considerada propriedade do homem.
Seja ela esposa ou mãe, irmã ou filha, a mulher tem participação na herança, e esta participação depende do seu grau de relação com o morto e o número de herdeiros. Esta quota é dela e ninguém tem poder para negar-lhe esta participação, ainda que o morto quisesse deserdá-la. Qualquer um pode, legalmente, dispor de 1/3 dos seus bens, não afetando, assim, o direito de herdeiros, sejam homens ou mulheres. Em alguns casos, o homem recebe 2 quotas na herança ao passo que a mulher fica com uma. Isto não é sinal de preferência ou supremacia do homem sobre a mulher. Eis algumas razões que justificam a medida:
. No Islam o homem assume as responsabilidades financeiras da completa manutenção de sua esposa e família. É sua obrigação perante a lei assumir todos os encargos financeiros e manter seus dependentes adequadamente. Isto significa que ele herda mais, mas ele é responsável financeiramente por outras mulheres: filhas, esposas, mãe e irmãs.
. A mulher no Islam está protegida e segura do ponto de vista material. Se ela é esposa, o marido é o provedor. Se ela é mãe, cabe ao filho o encargo. Se ela é filha, o pai se reponsabiliza por sua manutenção, se ela é irmã, o irmão, e assim por diante. Quando ela é sozinha, não tem ninguém, é evidente que não tem herança a ser recebida e ela passa a ser responsabilidade da sociedade como um todo, cabendo, portanto, ao Estado, prover sua mantença através de ajuda, arrumando trabalho para que ela ganhe seu próprio sustento.
3.7 - Privilégios
A mulher no Islam usufrui de certos privilégios. Durante o período menstrual ela está isenta das preces e do jejum. Ela está isenta, também, de todas as responsabilidades financeiras. Ela não precisa trabalhar ou dividir com o marido as despesas domésticas. Todos os bens de família que ela leva para o casamento são seus e o marido não tem qualquer direito sobre aqueles pertences. Cabe notar que somente no século passado a Europa reconheceu o direito de propriedade à mulher casada, em igualdades de condições com as solteiras, viúvas e divorciadas, com a Lei da Propriedade da Mulher Casada, de 1879. Nenhuma mulher casada é obrigada a gastar um tostão de seus bens para manter a casa. Em geral, a muçulmana tem garantido o sustento em todas as fases de sua vida, seja como filha, esposa, mãe ou irmã. Como filha e irmã ela tem garantido o sustento pelo pai ou irmão respectivamente. Ela também é livre para trabalhar, se assim o quiser, e participar com o seu trabalho das responsabilidades familiares. Não ohá no Alcorão ou na Suna qualquer texto explícito que categoricamente proíba a muçulmana de procurar um emprego lícito. Inclusive, algumas podem ser forçadas a buscar emprego a fim de sobreviverem, principalmente em países onde inexistam medidas que assegurem a estabilidade financeira das viúvas ou divorciadas.
4. DIVÓRCIO
O Islam garantiu aos casais o direito ao divórcio. Aqui cabem algumas explicações a respeito do assunto, uma vez que também o divórcio é objeto de falsas interpretações. Não é verdade que a qualquer tempo basta um marido dizer à sua esposa "Eu quero o divórcio" e pronto, ele está divorciado, largando a mulher (e provavelmente os filhos) à própria sorte, em menos de 1 minuto. O sistema de divórcio no Islam é o mais justo que existe. Se o casal decide se separar, o marido pede o divórcio dizendo "Eu quero o divórcio". A partir de então, começa um tempo de espera que dura 3 períodos menstruais para que seja certificado que a mulher não está grávida. Este períodoo permite ao casal ter um tempo para pensar sobre o que estão fazendo e se é isso mesmo que eles querem. Durante este período, o marido é obrigado a alimentar, vestir e abrigar a esposa. Não há ninguém, nem mesmo advogado, envolvido nesta questão. Findo os três meses, e comprovado que a mulher não está grávida, o divórcio se consuma. Se, por um acaso, a mulher estiver grávida, o marido é obrigado a prover a ex-esposa do necessário até o período do desmame, normalmente 2 anos.
Como podemos observar, não há como comparar as diferentes abordagens, uma vez que o comum no ocidente, pelo menos no Brasil, é a mulher sair sempre lesada de uma separação, sem garantia de direitos mínimos para a sua sobrevivência. Pior, até bem pouco tempo atrás, ela entrava nessa sociedade conjugal com seus próprios bens, que acabava perdendo pelo instituito da comunhão universal de bens, no caso de separação. Somente em 1977, com a lei do divórcio é que a dissolução do casamento favoreceu um pouco mais a mulher, com a introdução do regime da comunhão parcial de bens. Mas, ainda assim, prevalece o conceito de que a obrigação alimentar devida pelo ex-marido fica diretamente relacionada à "conduta moral" da esposa, o que no Brasil, como bem sabemos, quer dizer, essa mulher não pode se casar de novo.
Por outro lado, só a partir de 1962, com a Lei 4.121, conhecida como o Estatuto da Mulher Casada, é que a mulher brasileira alcançou sua capacidade jurídica plena. Até então, ela era considerada relativamente incapaz, do ponto de vista jurídico.
O casamento no Islam é uma bênção santificada, que não deve ser quebrado, exceto por razões relevantes. Os casais são instruídos a procurar salvar a instituição do casamento, por todos os meios possíveis. O divórcio não é comum, a não ser que não haja outra solução. Em outras palavras, o Islam reconhece o divórcio mas não o encoraja. O Islam dá à mulher muçulmana o direito de pedir o divórcio pois reconhece que ela não pode ser refém de um mau marido. Finalmente, é bom lembrar que o divórcio só muito mais tarde foi introduzido na Europa e, no Brasil, há apenas muito pouco tempo, através da Lei nº 65l5, de 26.12.77, do Sen. Nelson Carneiro.
5. O SEXO
Outra questão polêmica com relação ao Islam é a que se refere ao sexo. O Islam não nega, em hipótese alguma, a sexualidade do ser humano, antes pelo contrário. O Islam não advoga a supressão do anseio sexual através do celibato ou do monasticismo. O homem é dotado por seu Criador de impulsos que o impelem às várias atividades que garantem a sua sobrevivência. O principal objetivo do sexo é a própria espécie. O Islam reconhece que o ser humano é tomado por emoções inexplicáveis que o atraem irresistivelmente para o sexo oposto e, por isso mesmo, normatiza as relações entre homens e mulheres. O Islam reconhece a importância do instinto sexual, mas só admite a sua realização através do casamento lícito, proibindo rigorosamente o sexo fora do casamento e tudo aquilo que possa conduzir à sua prática de modo ilícito.
Há uma tradição do Profeta onde ele menciona que a relação sexual entre um casal é recompensada por Deus. Os companheiros ficaram espantados: como era possível ter os desejos e prazeres completamente satisfeitos e, ainda assim, obter recompensa divina? O Profeta, então, respondeu que da mesma forma que uma relação extraconjugal era punida.
O Islam se baseia na crença na revelação divina. A sua lei e a sua moral estão baseadas nos mandamentos divinos. Dentro desse contexto, homens e mulheres devem obedecer a certas regras de comportamento e disciplina, a fim de evitar que o ilícito seja praticado. O Islam tem imposto, recomendado e encorajado certos hábitos com o fim de reduzir as oportunidades para a prática do ilícito. Além disso, toma as precauções necessárias e possíveis, no tocante a sanções materiais, tais como, proibição da promiscuidade, dos encontros reservados entre pessoas do sexo oposto sem a presença de terceiros, etc.
O fato de a mulher ficar atrás do homem durante as orações não indica que ela seja inferior ao homem. Faz parte da disciplina da oração o muçulmano se colocar em fila, ombro a ombro com o seu irmão. As preces islâmicas envolvem atos, movimentos, posturas de prostração, genuflexões que ocasionam contatos corporais e toque involuntário na pessoa que está ao lado, diminuindo a concentração daquele que está em prece. Além do mais, seria inapropriado e desconfortável para uma mulher ficar em tal posição, prostra-se, inclinar-se e colocar a testa no chão, tendo atrás de si uma fileira de homens. Assim, para evitar qualquer embaraço de ambas as partes, o Islam ordenou a organização de filas, homens na frente, e mulheres atrás.
O que deve ser ressaltado é que as proibições são dirigidas a ambos os sexos. O que o Islam proíbe para a mulher, também o faz para o homem. A modéstia é recomendada tanto para homens como para mulheres. A castidade até a realização do casamento é imperativo para homens e mulheres, igualmente. O adultério é proibido tanto para homens como para as mulheres.
Em suma, a forma como Islam encara o sexo é uma linha muito estreita entre dois extremos. O primeiro é desqualificá-lo ao ponto de sua total abstenção, através do celibato ou monasticismo, negando a própria natureza humana, e o segundo é achar que é muito natural fazer sexo com quem quer que seja, em qualquer lugar, sempre que se quiser. Enquanto no ocidente a sensualidade, o amor entre um homem e uma mulher, atributos humanos concedidos por Deus, são reduzidos à sua condição mais baixa e se transformam em libertinagem, pornografia, o Islam não aceita, em hipótese nenhuma, a superexposição do sexo, o sexo pelo sexo, com qualquer um, em qualquer lugar.
6. HIJAB
Finalmente, cabem algumas palavras sobre um dos pontos que mais suscita controvérsias, qual seja o uso do hijab. Por que a mulher deve cobrir a cabeça? Em tese, a resposta é simples: as mulheres devem cobrir a cabeça porque assim Deus o determinou. (Cap. 33:59) Os parâmetros para a modéstia adequada tanto para homens como para mulheres (roupa e comportamento) são baseados nas fontes revelatórias (Alcorão e a Suna autêntica) e, como tal, devem ser respeitados por homens e mulheres crentes por ser de orientação divina com objetivos legítimos.
Alguns muçulmanos acabam por assimilar culturas não islâmicas e adotam seus modos de vestir, de se comportar e acabam influenciando e abalando a integridade das famílias islâmicas. Por outro lado, algumas culturas muçulmanas acreditam que as restrições impróprias e excessivas impostas às mulheres, às vezes até reclusão, são o ideal. Ambos extremos conflitam com os ensinamentos normativos do Islam. A proximidade excessiva ou a reclusão total das mulheres não são condutas adotadas durante o período profético. As mulheres da época do Profeta participavam com os homens em atos de adoração tais como preces e peregrinação, nas praças públicas, na discussão de assuntos públicos (vida política) e nos campos de batalha, quando necessário.
O Islam não fixou padrões tais como estilo, cor, etc., que as muçulmanas devem vestir. No entanto, há alguns requisitos que devem ser atendidos. A roupa deve ser folgada, o tecido deve ser de uma espessura que impeça que a forma do corpo seja percebida. A roupa deve ser simples, nem excessivamente extravagante, para angariar a admiração das pessoas, nem andrajosa, desleixada ou suja. Mas, há outras razões que incluem a exigência da modéstia, como, por exemplo, o fato de que a mulher deve ser percebida por suas qualidades intrínsecas, capacidade e inteligência. Na verdade, o hijab não é apenas uma roupa ou um modo de vestir, mas sim todo um comportamento, uma forma de falar e de aparecer em público, que identifica aquela mulher como sendo muçulmana.
7. CONCLUSÃO
A condição da mulher no Islam é algo ímpar, novo, sem qualquer semelhança com qualquer outro sistema. Se olharmos para as nações democráticas do ocidente, vamos perceber que a mulher não desfruta dessa posição. Ela é mais subjugada a padrões e regras de comportamento do que se supõe que a mulher muçulmana o seja. Ela é o reflexo do poder masculino, onipresente na sociedade ocidental cristã, que tem por objetivo delimitar o papel das mulheres, normatizar seus corpos e almas, esvaziá-las de qualquer saber ou poder ameaçador. A mídia exerce hoje o monopólio, antes exercido pela Igreja, na construção (desconstrução) dessa mulher, impondo valores, regulamentando o cotidiano das pessoas, determinando o uso do corpo de uma perspectiva escatológica. No ocidente, a mulher é compelida a perseguir noções abstratas de beleza , e, muitas das vezes, não percebe que está sendo manipulada pelas companhias de cosméticos, indústrias de roupas e remédios. É um produto tão descartável quanto qualquer mercadoria de supermercado. O rótulo (a aparência) da mulher ocidental tem que obedecer a regras impostas de cima e ingenuamente ela supõe que é livre para escolher a sua roupa, o seu sapato, a cor do seu cabelo.
A mulher ocidental, desde criança, é ensinada que o seu valor é proporcional à sua beleza, aos seus atrativos. Só consegue um lugar ao sol aquela que se veste assim, que fala assado, que vai ao lugar tal. No Brasil, por exemplo, só consegue emprego quem tem "boa aparência". A mulher, desde cedo é empurrada para um mercado de trabalho selvagem, deslealmente competitivo, tendo de se submeter a toda sorte de humilhações para conseguir o seu sustento.
Foi através de muita luta que a mulher ocidental alcançou esse esboço de liberdade. Foram séculos de uma árdua luta para a mulher conquistar o direito de aprender, de trabalhar, de ganhar o seu próprio sustento, de ter a sua própria identidade, de ter personalidade e capacidade jurídica. Esta mulher pagou um alto preço para provar sua condição de ser humano, provido de alma. A posição que a mulher ocidental de nossos dias desfruta foi conquistada pela força e não por um processo de mútuo entendimento. Ela abriu o seu caminho à força, a custa de muitos sacrifícios, abrindo mão de sonhos e ideais. Muitas vezes as circunstâncias a empurraram para um campo de batalha até então desconhecido. E apesar disso tudo, de toda essa guerra, de tão pesados sacrifícios e lutas dolorosas, ela ainda não conquistou o que o Islam estabeleceu para a mulher muçulmana por decreto divino.
De tudo o que foi dito, podemos inferir que a condição das mulheres nas sociedades islâmicas atuais é a ideal? É compatível com o que estabelece o Islam? Não, é claro que não. Mas, rotular a condição da mulher no mundo muçulmano de hoje como "islâmica" está tão longe da verdade quanto imaginar que a condição da mulher ocidental é de total liberdade para usufruir direitos. Sabemos que em muitas partes do mundo muçulmano ainda proliferam as condições opressivas e injustas. Os erros de alguns muçulmanos na condução dos destinos de suas respectivas sociedades apenas provam que o ser humano tem suas limitações. É absurdo tomar como regra geral islâmica o que não passa de interpretações pessoais, contaminadas por todo um contexto sócio-cultural. Os muçulmanos não podem ser julgados com base nas ações de uns poucos e nem esses poucos são amostras significativas do verdadeiro significado do Islam.
O que precisa ficar claro é que não é o Alcorão que necessita ser reexaminado, ou a Suna, e sim a prática humana, que muitas vezes reflete aspectos culturais tão enraizados que distorcem o que foi decretado por Deus. É preciso confrontar o passado e rejeitar práticas e costumes que se contraponham aos preceitos do Islam. Assim, por exemplo, a condição da mulher no Afganistão, que está condenada a ficar reclusa dentro de casa, não reflete os ensinamentos do Alcorão nem tão pouco o exemplo de milhares de muçulmanas, que através da História, tiveram participação efetiva em suas respectivas comunidades. A mulher na Arábia Saudita está proibida de dirigir? Sim, está, mas esta é uma lei saudita, humana, que não vigora no Irã, por exemplo.
O que devemos compreender é que existe uma imensa diferença entre a crença propriamente dita, conforme revelada no Alcorão, e a prática de algumas sociedades supostamente islâmicas. Tais práticas atendem muito mais a aspectos culturais específicos, a interesses particulares, e não representam necessariamente o Islam e nem podem servir de base para se denegrir o verdadeiro sentido do Islam. O Islam ainda tem muito a oferecer à mulher de hoje, em termos de respeito, dignidade, reconhecimento. Basta que ela tenha consciência disso e lute para implantar os ensinamentos islâmicos. Para isso, ela tem todos os os instrumentos à sua disposição.
Fonte: Sociedade Beneficente Muçulmana
Bispo da Igreja Católica culpabiliza mulheres Estupradas
Amazonas e Icamiabas - "Vamos admitir até que a mulher tenha sido violentada, que foi vítima... É muito difícil uma violência sem o consentimento da mulher, é difícil", bispo dom Luiz Gonzaga Bergonzini
Esta mesma igreja que acoberta padres pedófilos em nome da preservação da imagem imaculada da "santa" madre igreja, ataca o kit anti-homofobia como sendo uma arma para "aliciamento e molestamento sexual", associando a orientação sexual dos homossexuais com pedofilia. Se a PL122 já tivesse sido aprovada, esse bispo poderia ser acusado de homofobia.
Mas como se não bastasse sua pregação homofóbica, esse representante da igreja, é capaz de sandices como afirmar que as mulheres estupradas são culpadas pelo estupro que sofrem, ou melhor dizendo, afirma que são cúmplices. Esse tipo de afirmação leviana, vindo de uma autoridade eclesial tem que ser repudiado, pois faz apologia ao estupro tanto quanto a piada sem graça e tosca do humorista Rafael Bastos.
No Brasil, a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada e menos de 10% dos casos julgados de estupro levam à condenação justamente porque a palavra da vítima é desqualificada. Embora o bispo minimize a violencia sexual de que são vítimas as mulheres, basta ler esse estudo para que se tenha uma noçao do quanto pode ser traumático o estupro. Mais uma vez, a piedosa igreja, demonstra que sua piedade e caridade não se dirige às mulheres e às crianças, pois são as mulheres as primeiras a serem sacrificadas (e na história do catolicismo, literalmente durante a inquisição) para a manutenção do dominio patriarcal que quer a apropriação dos corpos das mulheres e fica patente a hipocrisia desses representantes da "defesa" da vida, que sacrificam a dignidade das crianças aos seus interesses sempre que um padre de sua igreja se envolve em práticas condenáveis.
As religiões todas não tem outra função neste mundo a não ser a manutenção do patriarcado. Fica claro a cada vez que pastores e padres se pronunciam contra a legalização do aborto, banalizam o estupro enquanto violencia contra a mulher, a pregação homofóbica que fazem, a sua constante afirmação das diferenças de gênero, da heteronormatividade com a desculpa da defesa da família; nada tem a ver com amor, caridade e sim com a manutenção dos privilégios que esses líderes religiosos conquistaram perante a sociedade e do poder patriarcal.
E para isso não se furtam a atacar mulheres, homossexuais, lésbicas e famílias homoafetivas pois todos aqueles que desobedecem os seus preceitos (as mulheres que tem vida sexual ativa, as que engravidam fora do casamento, os gays e lésbicas) merecem segundo esses caridosos religiosos a condenação e a execração. E mulheres estupradas para a igreja são culpadas, porque sempre tratou o corpo feminino como a matriz do pecado original e por isso mesmo, condenam a mulher que sofre a violência ao invés de condenar a violência e o agressor. Solidariedade só para padres que abusam de crianças, esses são prontamente perdoados e protegidos pela igreja. Proteção essa, paga a peso de ouro com indenizações às custas do dinheiro dos dízimos e ofertas dos fiéis.
Infelizmente, é essa mesma igreja (e igrejas evangélicas incluídas) que está fazendo do governo e do legislativo reféns da imposição de sua visão de mundo retrógrada, que desrespeita os direitos humanos das mulheres e dos homossexuais e lésbicas.
Como se não fosse pouca coisa sofrermos o estupro, temos que lidar com a violência moral que a igreja com sua pregação misógina nos impõe com seu desprezo pela mulher vítima de violência sexual.
A defesa do estado laico, é uma necessidade hoje, como nunca antes no Brasil.
Fonte: Diário da Liberdade
21/06/2001
Guerras em 2010 provocaram recorde
O balanço inclui populações que fugiram em anos anteriores e não tiveram condições de retornar para suas casas.
Metade dos deslocados internos se concentram em cinco países - Colômbia, Sudão, República Democrática do Congo (RDC), Iraque e Somália - e 60% dos refugiados procedem dos territórios palestinos, Afeganistão, Somália e RDC.
Copyright AFP - Todos os direitos de reprodução e representação reservado
Mas como se não bastasse sua pregação homofóbica, esse representante da igreja, é capaz de sandices como afirmar que as mulheres estupradas são culpadas pelo estupro que sofrem, ou melhor dizendo, afirma que são cúmplices. Esse tipo de afirmação leviana, vindo de uma autoridade eclesial tem que ser repudiado, pois faz apologia ao estupro tanto quanto a piada sem graça e tosca do humorista Rafael Bastos.
No Brasil, a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada e menos de 10% dos casos julgados de estupro levam à condenação justamente porque a palavra da vítima é desqualificada. Embora o bispo minimize a violencia sexual de que são vítimas as mulheres, basta ler esse estudo para que se tenha uma noçao do quanto pode ser traumático o estupro. Mais uma vez, a piedosa igreja, demonstra que sua piedade e caridade não se dirige às mulheres e às crianças, pois são as mulheres as primeiras a serem sacrificadas (e na história do catolicismo, literalmente durante a inquisição) para a manutenção do dominio patriarcal que quer a apropriação dos corpos das mulheres e fica patente a hipocrisia desses representantes da "defesa" da vida, que sacrificam a dignidade das crianças aos seus interesses sempre que um padre de sua igreja se envolve em práticas condenáveis.
As religiões todas não tem outra função neste mundo a não ser a manutenção do patriarcado. Fica claro a cada vez que pastores e padres se pronunciam contra a legalização do aborto, banalizam o estupro enquanto violencia contra a mulher, a pregação homofóbica que fazem, a sua constante afirmação das diferenças de gênero, da heteronormatividade com a desculpa da defesa da família; nada tem a ver com amor, caridade e sim com a manutenção dos privilégios que esses líderes religiosos conquistaram perante a sociedade e do poder patriarcal.
E para isso não se furtam a atacar mulheres, homossexuais, lésbicas e famílias homoafetivas pois todos aqueles que desobedecem os seus preceitos (as mulheres que tem vida sexual ativa, as que engravidam fora do casamento, os gays e lésbicas) merecem segundo esses caridosos religiosos a condenação e a execração. E mulheres estupradas para a igreja são culpadas, porque sempre tratou o corpo feminino como a matriz do pecado original e por isso mesmo, condenam a mulher que sofre a violência ao invés de condenar a violência e o agressor. Solidariedade só para padres que abusam de crianças, esses são prontamente perdoados e protegidos pela igreja. Proteção essa, paga a peso de ouro com indenizações às custas do dinheiro dos dízimos e ofertas dos fiéis.
Infelizmente, é essa mesma igreja (e igrejas evangélicas incluídas) que está fazendo do governo e do legislativo reféns da imposição de sua visão de mundo retrógrada, que desrespeita os direitos humanos das mulheres e dos homossexuais e lésbicas.
Como se não fosse pouca coisa sofrermos o estupro, temos que lidar com a violência moral que a igreja com sua pregação misógina nos impõe com seu desprezo pela mulher vítima de violência sexual.
A defesa do estado laico, é uma necessidade hoje, como nunca antes no Brasil.
Fonte: Diário da Liberdade
21/06/2001
Guerras em 2010 provocaram recorde
de deslocados e refugiados
Colômbia, Sudão, Congo, Iraque e Somália concentram metade do total, diz ONG
Aref Karimi/AFP
Mulher refugiada caminha em campo em Herat (Afeganistão), nesta segunda-feira (20). Mais de 4,6 milhões de refugiados afegãos já voltaram a suas casas desde 2002, segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados
O planeta tinha quase 44 milhões de deslocados internos e refugiados em consequência das guerras e conflitos em 2010, um número recorde desde o início do século, destaca um relatório da ONG (organização não governamental) Conselho Norueguês para os Refugiados. Das 43,7 milhões de pessoas deslocadas, 27,5 milhões estavam em seu próprio país, enquanto 16,2 milhões foram obrigadas a fugir para o exterior, destaca o documento, publicado por ocasião do Dia Mundial dos Refugiados.
O balanço inclui populações que fugiram em anos anteriores e não tiveram condições de retornar para suas casas.
Metade dos deslocados internos se concentram em cinco países - Colômbia, Sudão, República Democrática do Congo (RDC), Iraque e Somália - e 60% dos refugiados procedem dos territórios palestinos, Afeganistão, Somália e RDC.
Copyright AFP - Todos os direitos de reprodução e representação reservado
Fonte: R7 NOTÍCIAS
As 48 Leis do Poder
Segundo o repórter Rodrigo Rangel, documentos mostram que Palocci ajudou a Camargo Corrêa a vender ao fundo de pensão Petros, dos funcionários da Petrobrás, por R$ 3 bilhões, ações da holding do Banco Itaú que estavam em poder da construtora. Palocci e a Camargo Corrêa negaram à revista que ele tenha colaborado na concretização do negócio.
A revista insiste. Em resumo, Palocci teria prometido ajudar a construtora em troca de doação para a campanha de Dilma que teria ocorrido “após julho de 2010”. Rangel entrevistou um executivo não identificado “envolvido na operação”. Usa uma frase entre aspas desse personagem desconhecido (técnica no mínimo discutível, que se generalizou): “O fechamento do negócio dependia do resultado da eleição”.
Conclusão da reportagem:
E o que aconteceu depois da publicação da matéria? Nada. Nenhuma repercussão. Como se a novela Palocci já tivesse chegado ao último capítulo, o que não faz o menor sentido, na chamada ordem das coisas. Porque, como notaram tantos, o então ministro (não) deu as explicações que quis, da maneira que escolheu (ver, abaixo, “Além do bem e do mal”).
Há duas interpretações principais desse silêncio que tanto interessa aos donos do poder. São convergentes. Primeira, Palocci é (ou foi; a conferir) uma figura muito querida também na oposição, nos meios empresariais e entre os dirigentes dos principais meios de comunicação, que teriam acolhido apelos tanto do governo como de empresas para não fazer escarcéu (ver “O protegido dos deuses”). Segunda, ninguém tem interesse em avançar num caminho que se imagina saber onde começa mas não se pode ter ideia de onde termina: escrutinar as doações feitas às campanhas eleitorais de 2010.
Uma terceira possibilidade é que os outros grandes jornais, revistas e portais tenham considerado inconfiáveis as fontes da reportagem da Veja e o tratamento dado à matéria. É pouco plausível. De todo modo, até agora não houve manifestação nem de Palocci, nem da Camargo Corrêa a respeito do texto publicado.
O abraço do atraso
A pior consequência da queda de Palocci (sim, é possível que sem ele seja pior do que com ele; foi o que sinalizaram Lula e Dilma, sem em nenhum momento dizê-lo) é o recuo do governo diante de velhos e poderosos interesses que a nebulosa PMDB encarna. Visto de maneira mais pedestre: se dou mais espaço aos aliados, perco poder.
O preço da comovente defesa de Palocci feita por aliados do governo (e negligenciada por amplos setores do PT) se traduz, por exemplo, no recuo da presidente em face da tramitação da Lei Geral de Acesso às Informações Públicas (manchete do Estadão de 13/6, chamada na capa da Folha de 14/6). Noticia-se que Dilma aceitará a manutenção do sigilo eterno (renovável a cada 25 anos) para documentos classificados como ultrassecretos.
Quem interrompeu o trânsito da lei foram os senadores Fernando Collor e José Sarney. O prazo para abertura dos documentos produzidos durante a passagem deles pela presidência da República já se esgotou ou está próximo do fim.
É uma pauta jornalística no mínimo interessante tentar saber o que está documentado e eles querem esconder do público.
Atrás dos punhos de renda
Outra resistência conhecida à lei partiu do Ministério das Relações Exteriores, que estaria preocupado com a abertura de documentos nos quais se evidencia a participação da instituição na Operação Condor, de repressão, tortura e assassinato de opositores das ditaduras de Argentina, Uruguai, Brasil, Chile e Bolívia, na década de 70.
Outra hipótese para a preferência do Itamaraty pelo sigilo é prosaica: desvios de recursos cometidos por embaixadores e outros funcionários foram objeto de inquéritos administrativos que, ipso facto, estão documentados, mas não vieram a público. Sua exposição à luz, mais do que manchar a memória de antigos itamaratianos, afetaria a imagem da Casa de Rio Branco.
Fonte: Observatório da Imprensa
Uma denúncia levou policiais civis da 3ª Delegacia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente (DIIMA) a encontrarem, às 13h de sexta-feira (17), uma oficina de costura que funcionava de maneira irregular no bairro do Pari, região central da Capital.
Um dos funcionários do local compareceu à delegacia, onde falou que trabalhou, juntamente com sua mulher, sem ter o devido registro em carteira, pois o proprietário alegava que não havia necessidade. Também contou que ganhava por produção, sem receber os valores devidos, acarretando um prejuízo de aproximadamente R$ 10 mil.
Os policiais civis foram até a oficina, onde confirmaram a denúncia e verificaram as más condições de segurança de trabalho e higiene oferecidas aos trabalhadores.
Além do proprietário, estavam no local cinco funcionários, sendo três homens e duas mulheres. Todos, incluindo o proprietário, são bolivianos. O responsável responderá pela acusação em liberdade.
Fonte: Secretária da Segurança Pública de São Paulo
A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar prenderam o soldado Celso Ricardo Correia, de 39 anos, na manhã desta segunda-feira (20). Ele é investigado por integrantes da 5ª Patrimônio (Delegacia de Repressão a Roubo a Bancos) do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado).
Correia é apontado como um dos homens responsáveis por arrombamentos e explosões de caixas eletrônicos em diversas cidades da Grande São Paulo. O policial, que trabalhava na 2ª Companhia do 14º Batalhão, foi preso em Osasco. As equipes cumpriram mandado de prisão expedido pela Justiça.
Fonte: Secretária de Segurança Pública de São Paulo
A ecologia humana
De fato, o mundo só melhora com a mudança de nós mesmos. Precisamos mudar os critérios de relacionamento com Deus, conosco mesmos, com os outros e com as coisas. Descendo a escada nós podemos novamente galgá-la. Deus, o homem, os outros e as coisas. As coisas, os outros, o homem e Deus.
Como respeitar a criatura se não respeitamos o Criador? Como respeitar o Criador se não respeitamos a criatura? O homem só será capaz de respeitar as criaturas na medida em que tiver respeito pela vida. Em todos os sentidos e em todos os níveis: vida humana, vida animal, vida mineral, vida vegetal. Caso contrário, será levado a desprezar-se a si mesmo e aquilo que o circunda, a não ter respeito ao ambiente em que vive, respeito pela criação.
Por isso, a primeira ecologia a ser defendida é a “ecologia humana” (cf. Bento XVI, Encíclica Caritas in Veritate, 51). Respeito à vida humana, desde a sua concepção até o seu fim natural. Senão, a defesa da vida em outros níveis será artificial, momentânea, somente enquanto convém. É preciso considerar e observar a hierarquia de valores. Ter, poder e prazer não são fins. Por isso mesmo a Igreja nos propõe os Conselhos Evangélicos: para o ter, a pobreza; para o poder, o serviço; para o prazer, a castidade.
Ser pobre não é não ter; ser pobre é ter e viver como se não tivesse, mesmo porque é possível “ser sem ter”; ser obediente não é ser subserviente, é saber que o nosso poder tem limites; ser casto não é “abrir mão” da sexualidade e, sim, colocá-la como meio e não como fim.
O mundo só melhora se melhorarmos a nós mesmos. Não há pecado social sem o pecado pessoal. Não há conversão social sem conversão pessoal. Sem conversão pessoal não há reforma na sociedade e, muito menos, na Igreja. É o que nos propõe o espírito da Quaresma, como um longo retiro, tempo de mudança e de conversão. Escutar a voz de Deus que nos convida: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc. 1,15).
A terra é a morada dos filhos de Deus. No entanto, o nosso planeta está tão maltratado por aqueles que deveriam ser os seus defensores: os homens. Depredamos o jardim e fizemos dele um deserto, árido, superaquecido, com mudanças climáticas incontroláveis. Mas ainda é tempo de recuperar alguma coisa, de consertar os estragos feitos pela mão humana.
E, novamente o Papa nos exorta e nos lembra que “cuidar do meio ambiente é um imperativo que nasce da consciência de que Deus confia a sua criação ao homem, não para que este exerça sobre ela um domínio arbitrário, mas que a conserve e cuide como um filho cuida da herança de seu pai”.
As 48 Leis do Poder
O livro As 48 Leis do Poder, escrito por Robert Greene, possui 452 páginas e foi publicado nos EUA pela Editora Viking Penguim em 1998. Para cada uma das 48 Leis de Poder, contidas no livro, é atribuído um capítulo. O livro contém idéias valiosas e informações que podem ser úteis para aqueles que almejam o poder com a finalidade de não caírem vítimas da absoluta demonstração e exercício de autoridade.O autor, neste livro, cuidadosamente detalha os acontecimentos, as teorias e práticas do poder, cobrindo cerca de 300 anos de história, distribuindo explicadamente pelas 48 leis. Este trabalho de pesquisa objetivamente descreve as leis em sua pura essência. Greene também procura sintetizar as filosofias de Maquiavel, Sun-Tzu, Carl von Clausewitz e outros grandes pensadores. O livro enfoca e conscientiza sobre a natureza do poder e como ele é exercido pelas pessoas que detém o poder. Ele argumenta que algumas leis requerem prudência, algumas furtividades e outras total ausência de misericórdia. Todas essencialmente têm implicações em situações da vida real.Ele ilustra isto mais adiante, usando exemplos da Rainha Elizabeth I, Henry Kissinger, P.T. Barnum e outras figuras famosas que usaram o poder no passado ou que foram vítimas do jogo do poder. Sua descrição do poder é compreensível e bem elaborada. Ele considera que o poder é amoral e uma das mais importantes habilidades para, segundo ele, obter poder é a habilidade de ver as circunstâncias em vez de apenas ver lado bom e o lado ruim. Ele vê o poder como um jogo no qual vc não pode julgar seu inimigo pelas suas intenções e sim pelas conseqüências de suas ações. Segundo ele, você deve analisar a estratégia e poder de seu inimigo pelo o que você vê e sente. As leis são extraídas de escritos de homens e mulheres que estudaram e dominaram a arte do poder. Estes escritos, nas palavras do autor, "se estendem a um período de mais de 300 anos atrás e foram feitos por civilizações tão diferentes como a antiga China e a Itália da Renascença, não obstante, elas compartilham histórias e temas semelhantes". É um produto de sabedoria acumulada destilada dos escritos dos mais ilustres estrategistas tais como Sun-Tzu, Bismarck, Castiglione, etc. As 48 Leis do Poder, após serem lidas, podem não ter efeito direto na sua vida, mas certamente terão alguma aplicação. Podem servir de orientação para aqueles que tenham interesse em avaliar a extensão do poder que possuem e sua maestria no jogo do poder. Francamente, uma leitura completa do livro irá inspirar uma reflexão e reavaliação do passado, presente e possivelmente levar a projetar um futuro mais atraente para as pessoas que buscam o poder. O livro, na realidade, não estabelece um limite para o poder absoluto e poderia expor alguém a um algo ato de maldade.As estratégias, para a obtenção do poder que foram salientadas no livro, são passíveis de serem executadas. Portanto, o livro é recomendado para políticos e estudantes de estratégia.
No Egito antigo, existiam algumas formas de oráculo, mas nenhuma conhecida que usasse modelos, cartas, lâminas ou qualquer coisas do gênero semelhante ao tarô. Mas então como surgiu a idéia de um jogo de tarô egípcio?
Bem, ao que parece, Court de Gebelin, no seu livro Monde Primitif, editado em 1781, tornou-se o primeiro a registrar uma relação entre o tarô e o Egito antigo.
Na obra, o autor citou um suposto Livro de Thot, que possuía 77 ou 78 folhas (ou imagens) que de certa forma estavam ligadas aos segredos desse tipo de oráculo. Entretanto, nada disso é comprovado cientificamente, mantendo-se assim na esfera da tradição mística.
Logo, tal idéia se espalhou pela Europa e nos séculos 19 e 20 diversos tipos de tarôs egípcios foram produzidos. Isso demonstra, em um certo sentido, a fascinação que o misterioso Egito exercia (e ainda exerce) nas diversas sociedades ao longo do tempo.
Para a egiptologia, isso é conhecido como egiptomania e pode ser traduzido como o reúso de elementos da civilização egípcia em um novo contexto. Com o advento da egiptologia como ciência no século 19, os tarôs passaram a ter uma maior sofisticação nos seus elementos egípcios, provavelmente em função das novas descobertas e publicações científicas. Afinal de contas, nessa época já era possível compreender os hieróglifos e parte da religião egípcia.
Os oráculos, no período dos faraós e ptolomeus, possuíam uma relação com os deuses, que lhes respondiam auxiliados pelos sacerdotes. Tomando por base a pesquisa de uma colega brasileira, oráculos mais populares escreviam a resposta positiva e negativa separadamente em pedaços de papiro. Elas deveriam ser lançadas em um determinado local sobre as paredes do templo. O sacerdote do outro lado devolvia uma delas (teoricamente ao acaso) e esta então se tornava a ?resposta do deus? para aquela situação.
O uso de oráculos parece ser uma saída (e prevenção também) para os dilemas da vida a que os grupos humanos são submetidos. Elas estão presentes em diversas culturas, tanto do passado, cujo exemplo aqui é o Egito dos faraós, quanto do presente. Nisto podemos ver um ponto de contato das várias formas de predição.
Fonte: Ciências Humanas
O que é o impeachment?
Bem, ao que parece, Court de Gebelin, no seu livro Monde Primitif, editado em 1781, tornou-se o primeiro a registrar uma relação entre o tarô e o Egito antigo.
Na obra, o autor citou um suposto Livro de Thot, que possuía 77 ou 78 folhas (ou imagens) que de certa forma estavam ligadas aos segredos desse tipo de oráculo. Entretanto, nada disso é comprovado cientificamente, mantendo-se assim na esfera da tradição mística.
Logo, tal idéia se espalhou pela Europa e nos séculos 19 e 20 diversos tipos de tarôs egípcios foram produzidos. Isso demonstra, em um certo sentido, a fascinação que o misterioso Egito exercia (e ainda exerce) nas diversas sociedades ao longo do tempo.
Para a egiptologia, isso é conhecido como egiptomania e pode ser traduzido como o reúso de elementos da civilização egípcia em um novo contexto. Com o advento da egiptologia como ciência no século 19, os tarôs passaram a ter uma maior sofisticação nos seus elementos egípcios, provavelmente em função das novas descobertas e publicações científicas. Afinal de contas, nessa época já era possível compreender os hieróglifos e parte da religião egípcia.
Os oráculos, no período dos faraós e ptolomeus, possuíam uma relação com os deuses, que lhes respondiam auxiliados pelos sacerdotes. Tomando por base a pesquisa de uma colega brasileira, oráculos mais populares escreviam a resposta positiva e negativa separadamente em pedaços de papiro. Elas deveriam ser lançadas em um determinado local sobre as paredes do templo. O sacerdote do outro lado devolvia uma delas (teoricamente ao acaso) e esta então se tornava a ?resposta do deus? para aquela situação.
O uso de oráculos parece ser uma saída (e prevenção também) para os dilemas da vida a que os grupos humanos são submetidos. Elas estão presentes em diversas culturas, tanto do passado, cujo exemplo aqui é o Egito dos faraós, quanto do presente. Nisto podemos ver um ponto de contato das várias formas de predição.
Fonte: Ciências Humanas
O que é o impeachment?
Processo legal que permite a remoção de pessoas indesejáveis do exercício de uma função pública. Originário da Inglaterra medieval, foi reevocado no século 17 naquele país. Em geral, cabe ao poder legislativo decidir sobre o impedimento de uma autoridade, definido por votação da maioria. É de consenso que deve serve ser empregado como recurso extremo. Os presidentes Nixon e Collor, envolvidos em acusações de corrupção, renunciaram pouco antes da confirmação de seus respectivos processos.
Fonte: Ciências Humanas
O coração do negócio
A Veja chegou ao coração do business de consultoria do então deputado Antônio Palocci com uma reportagem (“Sem contrato”, edição 2.221, 15/6) onde se substanciam informações difusas propagadas desde a publicação das reportagens da Folha de S. Paulo que levaram à demissão do primeiro ministro da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff.Segundo o repórter Rodrigo Rangel, documentos mostram que Palocci ajudou a Camargo Corrêa a vender ao fundo de pensão Petros, dos funcionários da Petrobrás, por R$ 3 bilhões, ações da holding do Banco Itaú que estavam em poder da construtora. Palocci e a Camargo Corrêa negaram à revista que ele tenha colaborado na concretização do negócio.
A revista insiste. Em resumo, Palocci teria prometido ajudar a construtora em troca de doação para a campanha de Dilma que teria ocorrido “após julho de 2010”. Rangel entrevistou um executivo não identificado “envolvido na operação”. Usa uma frase entre aspas desse personagem desconhecido (técnica no mínimo discutível, que se generalizou): “O fechamento do negócio dependia do resultado da eleição”.
Conclusão da reportagem:
“A compra das ações foi aprovada por unanimidade pelos conselheiros do fundo em 5 de outubro, dias depois da votação em primeiro turno, e concretizada em 30 de dezembro, a dois dias da posse de Dilma”.
Silêncio intriganteE o que aconteceu depois da publicação da matéria? Nada. Nenhuma repercussão. Como se a novela Palocci já tivesse chegado ao último capítulo, o que não faz o menor sentido, na chamada ordem das coisas. Porque, como notaram tantos, o então ministro (não) deu as explicações que quis, da maneira que escolheu (ver, abaixo, “Além do bem e do mal”).
Há duas interpretações principais desse silêncio que tanto interessa aos donos do poder. São convergentes. Primeira, Palocci é (ou foi; a conferir) uma figura muito querida também na oposição, nos meios empresariais e entre os dirigentes dos principais meios de comunicação, que teriam acolhido apelos tanto do governo como de empresas para não fazer escarcéu (ver “O protegido dos deuses”). Segunda, ninguém tem interesse em avançar num caminho que se imagina saber onde começa mas não se pode ter ideia de onde termina: escrutinar as doações feitas às campanhas eleitorais de 2010.
Uma terceira possibilidade é que os outros grandes jornais, revistas e portais tenham considerado inconfiáveis as fontes da reportagem da Veja e o tratamento dado à matéria. É pouco plausível. De todo modo, até agora não houve manifestação nem de Palocci, nem da Camargo Corrêa a respeito do texto publicado.
O abraço do atraso
A pior consequência da queda de Palocci (sim, é possível que sem ele seja pior do que com ele; foi o que sinalizaram Lula e Dilma, sem em nenhum momento dizê-lo) é o recuo do governo diante de velhos e poderosos interesses que a nebulosa PMDB encarna. Visto de maneira mais pedestre: se dou mais espaço aos aliados, perco poder.
O preço da comovente defesa de Palocci feita por aliados do governo (e negligenciada por amplos setores do PT) se traduz, por exemplo, no recuo da presidente em face da tramitação da Lei Geral de Acesso às Informações Públicas (manchete do Estadão de 13/6, chamada na capa da Folha de 14/6). Noticia-se que Dilma aceitará a manutenção do sigilo eterno (renovável a cada 25 anos) para documentos classificados como ultrassecretos.
Quem interrompeu o trânsito da lei foram os senadores Fernando Collor e José Sarney. O prazo para abertura dos documentos produzidos durante a passagem deles pela presidência da República já se esgotou ou está próximo do fim.
É uma pauta jornalística no mínimo interessante tentar saber o que está documentado e eles querem esconder do público.
Atrás dos punhos de renda
Outra resistência conhecida à lei partiu do Ministério das Relações Exteriores, que estaria preocupado com a abertura de documentos nos quais se evidencia a participação da instituição na Operação Condor, de repressão, tortura e assassinato de opositores das ditaduras de Argentina, Uruguai, Brasil, Chile e Bolívia, na década de 70.
Outra hipótese para a preferência do Itamaraty pelo sigilo é prosaica: desvios de recursos cometidos por embaixadores e outros funcionários foram objeto de inquéritos administrativos que, ipso facto, estão documentados, mas não vieram a público. Sua exposição à luz, mais do que manchar a memória de antigos itamaratianos, afetaria a imagem da Casa de Rio Branco.
Fonte: Observatório da Imprensa
Polícia Civil fecha oficina de costura irregular no Pari
Uma denúncia levou policiais civis da 3ª Delegacia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente (DIIMA) a encontrarem, às 13h de sexta-feira (17), uma oficina de costura que funcionava de maneira irregular no bairro do Pari, região central da Capital.
Um dos funcionários do local compareceu à delegacia, onde falou que trabalhou, juntamente com sua mulher, sem ter o devido registro em carteira, pois o proprietário alegava que não havia necessidade. Também contou que ganhava por produção, sem receber os valores devidos, acarretando um prejuízo de aproximadamente R$ 10 mil.
Os policiais civis foram até a oficina, onde confirmaram a denúncia e verificaram as más condições de segurança de trabalho e higiene oferecidas aos trabalhadores.
Além do proprietário, estavam no local cinco funcionários, sendo três homens e duas mulheres. Todos, incluindo o proprietário, são bolivianos. O responsável responderá pela acusação em liberdade.
Fonte: Secretária da Segurança Pública de São Paulo
PM suspeito de furtos em caixas eletrônicos é preso em Osasco
A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar prenderam o soldado Celso Ricardo Correia, de 39 anos, na manhã desta segunda-feira (20). Ele é investigado por integrantes da 5ª Patrimônio (Delegacia de Repressão a Roubo a Bancos) do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado).
Correia é apontado como um dos homens responsáveis por arrombamentos e explosões de caixas eletrônicos em diversas cidades da Grande São Paulo. O policial, que trabalhava na 2ª Companhia do 14º Batalhão, foi preso em Osasco. As equipes cumpriram mandado de prisão expedido pela Justiça.
Fonte: Secretária de Segurança Pública de São Paulo
22/06/2011
Hoje farei a abordagem de um dos temas mais tristes, as quais as pessoas que sobreviveram, trazem tristes lembranças em suas memórias.
Imagens que jamais serão esquecidas.
Uma maneira de tentar conscientizar as pessoas a evitarem tantas guerras.
Uma maneira de tentar conscientizar as pessoas a evitarem tantas guerras.
A Guerra, deixo aqui alguns textos, para aqueles que pensam em fazer guerra de alguma forma, pensem antes.
A americana Laura Forman, 29 anos, trabalhou numa organização da Bósnia que prestava serviços médicos a mulheres em clínicas ambulantes nos Bálcãs (ex-Iugoslávia). Após a experiência, que aconteceu em 1996, ela terminou a faculdade de letras e foi estudar medicina "Eu já tinha passado períodos de férias em campos de refugiados na Bósnia, Croácia, Sérvia e Kosovo, antes dessa minha experiência em 1996. Vi que muitos dos impactos da guerra sobre as mulheres também são sentidos por crianças, homens e idosos. Mas os efeitos são sentidos de forma diferente pelas mulheres que conheci. Pouco instruídas, não sabiam de muitos de seus direitos, achavam que combatentes deviam ter prioridade na assistência médica e humanitária. Assim, usavam os recursos que tinham para proteger seus filhos. O remédio ou a comida que conseguiam iam para as crianças. Nos Bálcãs, a violência sexual era promovida de forma sistemática e planejada. Conheci mulheres que sofreram essa situação. Uma delas já tinha uma filha de 3 anos, cujo pai morreu por causa da guerra, quando um soldado inimigo a engravidou. Ao nascer o bebê, ela o afogou num rio. Ouvi histórias como essa todos os dias, e até hoje não sei como viver com elas." Jane Mocellin, 52 anos, consultora da ONU para situações de emergência, participou de missões para ajudar sobreviventes em vários países "Estive na Somália em 1992 e 1993, em regiões onde havia conflitos. Ouvi relatos de mulheres que, depois de estupradas, acabaram trocando sexo por proteção. Era a arma delas para que o agressor não as matasse ou levasse o pouco que tinham. Conheci uma viúva que me contou ter sido estuprada várias vezes e dizia aos soldados: 'Se quiserem sexo, eu dou, mas não me matem'. É um mecanismo de adaptação, porque não há o que fazer. Essa mulher me impressionou muito. Na Tchechênia, que é islâmica, mas moderada, conheci mulheres alfabetizadas, de um nível socioeconômico superior ao das africanas. Muitas eram de Grozni, capital, mas tinham perdido tudo e estavam em campos de refugiados das Nações Unidas. Lá conheci uma moça de 22 anos, que se abraçava em mim e chorava muito. Ela teve de dar o filho, porque o marido foi morto antes de o filho nascer. Não tinha chance nenhuma de casar, se ficasse com a criança. A cultura de lá não permite que uma mulher case novamente, mesmo viúva, se tiver um filho. E, se não casa, é escorraçada da sociedade. A única esperança dessa moça era que outro rapaz se interessasse por ela." Os combustíveis As causas das guerras têm sido atribuídas em grande parte à fé e aos conflitos étnicos. Mas nem religião nem identidade étnica têm capacidade de levantar recursos. De onde vem, então, o dinheiro para a manutenção dos conflitos? Tudo indica que venha de recursos naturais e drogas. Segundo o Banco Mundial, dos 30 conflitos em curso, um quarto é travado por causa deles ou financiados pelos mesmos. Nos anos 90, as guerras motivadas por recursos naturais deixaram um saldo de 5 milhões de mortos e outros milhares de refugiados. Entenda por que e como essas guerras acontecem. DIAMANTES: o valor dessas pedras fala alto em tempos de guerra. Em Angola, estima-se que a extração de diamantes, de 1992 a 2001, tenha gerado receita de US$ 4 bilhões. Grande parte desse comércio acontece de forma ilegal. Também foi desse comércio que viveu a guerra civil de Serra Leoa -os diamantes forneciam entre US$ 25 milhões e US$ 125 milhões ao conflito. PETRÓLEO: analistas afirmam que seja uma das motivações do desejo dos EUA de atacar o Iraque. Em 1973, os EUA importavam 36% do petróleo que consumiam. Hoje, importam 60%. Os principais fornecedores estão no Golfo Pérsico, e grande parte da matéria-prima está no solo de Arábia Saudita, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Kuait. Antigo aliado dos EUA, o Iraque passou a ser uma pedra no sapato do governo americano após 1990, quando traiu os interesses de Washington ao invadir o Kuait. Nos outros três países, conflitos de interesses político e religiosos colocam o fornecimento do petróleo em risco. O combustível também é o estopim da guerra do Sudão -alimenta com US$ 400 milhões por ano o país. Descoberto numa parte do Sudão, que há décadas é palco de lutas separatistas, o petróleo reacendeu um conflito que parecia superado. COCA E ÓPIO: as drogas são moeda forte em países como a Colômbia e o Afeganistão. No primeiro, as plantações de coca são controladas pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e rendem cerca de US$ 140 milhões por ano aos guerrilheiros. Ópio e pedras preciosas também patrocinaram conflitos no Afeganistão. Antes da ocupação americana e européia, o grupo extremista islâmico Taleban e seu adversário, Aliança do Norte, lucravam cerca de US$ 100 milhões com o comércio da droga, do lápis-lazúli e de esmeraldas. ÁGUA: além das disputas por território, a luta pelo controle da água é uma das causas da crise envolvendo israelenses e palestinos. Israel controla o aqueduto que deveria servir aos dois lados. É esse aqueduto que fornece metade da água potável consumida pelos israelenses. Para fazendeiros palestinos, a situação é trágica: os que necessitam de água para irrigar suas terras ficam na dependência da boa vontade de Israel, já que perfurar poços é proibido.Residentes árabes nos territórios ocupados só recebem água duas vezes por semana. Recentemente Israel ameaçou agir contra o Líbano, caso o país concretize planos de bloquear o fluxo do rio Jordão. A importância da água naquela parte do mundo se faz presente também no Egito, que ameaçou bombardear a Etiópia e o Sudão, se fosse construída uma barragem no rio Nilo. MINERAIS: o coltano é um mineral usado na fabricação de bilhões de aparelhos celulares, computadores e pagers. Foi também uma das principais fontes de financiamento da guerra civil da República Democrática do Congo, África. O país detém 80% das reservas mundiais do mineral, que, além de financiar conflitos sangrentos, é extraído por meio da exploração de crianças. Os US$ 250 milhões gerados pelo coltano acabaram envolvendo na disputa também países vizinhos, como Ruanda e Uganda. Fonte: Portal das Curiosidades | ||
Guerras dos Balcãs
Designam-se Guerra dos Balcãs (português europeu) ou Bálcãs (português brasileiro) (ou ainda Guerras Balcânicas) os conflitos bélicos que ocorreram na região do sudeste europeu dos Bálcãs, no início do século XX. Consistiram de duas guerras curtas, entre Sérvia, Montenegro, Grécia, Romênia, Turquia (sucessor do Império Otomano) e Bulgária pela posse dos territórios remanescentes do Império Otomano. Em 1912, Grécia, Sérvia, Bulgária e Montenegro formaram a Liga Balcânica, oficialmente para reivindicar melhor tratamento aos cristãos na Macedônia turca, mas na realidade para cercar o território turco remanescente na Europa enquanto a Turquia estava enredada em uma guerra com a Itália; iniciou-se então a Primeira Guerra dos Balcãs.
Em outubro de 1912 os exércitos da Liga, vitoriosos nas batalhas de Kumanovo, Kirk-Kilisse e Lule Burgas, capturaram esses territórios, exceto Constantinopla (hoje Istambul). Embaixadores europeus intervieram (Tratado de Londres (1913)) para redesenhar o mapa dos Bálcãs com vantagem para a Bulgária e em detrimento da Sérvia. Um mês depois, o governo de Sófia lançou um ataque preventivo contra os sérvios e gregos, que cobiçavam as conquistas búlgaras. Embora vitoriosos contra os sérvios em Kalimantsi (18 de julho), a Bulgária sofreu um ataque inesperado. A Romênia, até então neutra, ocupou o território litigioso da Dobrudja e ameaçou marchar para Sófia. E para tornar as coisas piores, os otomanos aproveitaram a ocasião para retomar Andrinopla (hoje Edirne, na Turquia). A Bulgária viu-se perdida.
No Tratado de Bucareste (agosto de 1913), Grécia e Sérvia dividiram a Macedônia, e a Romênia ganhou parte da Bulgária. A Albânia, que estava sob suseranato turco, tornou-se um principado muçulmano independente. A Grande Sérvia agora representava uma ameaça à Áustria-Hungria. A Rússia prometeu apoiar a Sérvia em seu esforço nacionalista, e a Alemanha prometeu ajuda militar à Austria-Hungria. O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro em Sarajevo (1914) deu à Áustria-Hungria o pretexto para invadir a Sérvia, levando à deflagração da Primeira Guerra Mundial, seis meses depois.
Fonte: Wikipédia
A guerra civil terminou com grande parte da antiga Iugoslávia reduzida à pobreza, enormes perturbações económicas e persistente instabilidade em todo o território onde ocorreu os piores combates. As guerras foram os conflitos mais sangrentos em solo europeu desde o final da II Guerra Mundial, tornaram-se famosas pelos crimes de guerra que envolveu, inclusive a limpeza étnica em massa.[1] Foram também os primeiros conflitos desde a Segunda Guerra Mundial onde foi formalmente julgado genocidios de carácter fundamental e muitos participantes individuais foram posteriormente acusados de crimes.[2] O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIJ) foi criado pela ONU para julgar esses crimes..[3]
Ao longo dos anos começou a tomar forma a hipótese, defendida por alguns meios de comunicação que várias potências mundiais, especialmente a Alemanha e os Estados Unidos criaram um ambiente propício para a fragmentação do país, através da venda de armas para as repúblicas separatistas e manipulação da mídia, especialmente com fins financeiros .[4]
Fonte: Wikipédia
Guerra Civil Iugoslava
A guerra civil terminou com grande parte da antiga Iugoslávia reduzida à pobreza, enormes perturbações económicas e persistente instabilidade em todo o território onde ocorreu os piores combates. As guerras foram os conflitos mais sangrentos em solo europeu desde o final da II Guerra Mundial, tornaram-se famosas pelos crimes de guerra que envolveu, inclusive a limpeza étnica em massa.[1] Foram também os primeiros conflitos desde a Segunda Guerra Mundial onde foi formalmente julgado genocidios de carácter fundamental e muitos participantes individuais foram posteriormente acusados de crimes.[2] O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPIJ) foi criado pela ONU para julgar esses crimes..[3]
Ao longo dos anos começou a tomar forma a hipótese, defendida por alguns meios de comunicação que várias potências mundiais, especialmente a Alemanha e os Estados Unidos criaram um ambiente propício para a fragmentação do país, através da venda de armas para as repúblicas separatistas e manipulação da mídia, especialmente com fins financeiros .[4]
Fonte: Wikipédia
Guerra da Bósnia
Guerra Civil Iugoslava | ||||||||
![]() O parlamento bósnio em chamas após ser bombardeado pela artilharia sérvia em maio de 1992; Ratko Mladić com soldados sérvios da Bósnia; um soldado norueguês da ONU em Sarajevo. Fotos de Mikhail Evstafiev. | ||||||||
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Combatentes | ||||||||
![]() OTAN | ![]() ![]() | ![]() ![]() Província Autónoma da Bósnia Ocidental | ||||||
Comandantes | ||||||||
Alija Izetbegović (Presidente da Bósnia e Herzegovina) Sefer Halilović (comandante-geral do ARBiH, 1992-1993) Rasim Delić (comandante-geral do ARBiH, 1993-1995) | Franjo Tuđman (Presidente da Croácia) Mate Boban (President da República Herzeg-Bósnia) Milivoj Petković (comandante-geral do CDC) Dario Kordić (líder político dos croatas na Bósnia central) | Slobodan Milošević (Presidente da Sérvia) Radovan Karadžić (Presidente da Republika Srpska) Ratko Mladić (comandante-geral do VRS) Fikret Abdić (Presidente da Republica Zapadna Bosna) | ||||||
Baixas | ||||||||
31 270 (militares) 32 723 (civis) | 5 439 (militares) 1 899 (civis) | 20 649 (militares) 3 555 (civis) |
A Guerra da Bósnia foi um conflito armado que ocorreu entre abril de 1992 e dezembro de 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. A guerra envolveu vários lados. De acordo com numerosos relatos do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia os países envolvidos no conflito foram a Bósnia e a República Federal da Iugoslávia (Sérvia e Montenegro, mais tarde), bem como a Croácia. De acordo com uma setença do Tribunal Internacional de Justiça, a Sérvia deu apoio militar e financeiro para as forças sérvias que consistiam no Exército Popular Iugoslavo, o Exército da República Srpska, o Ministério do Interior Sérvio, o Ministério do Interior da República Srpska, e Forças de Defesa Territorial da Sérvia. A Croácia deu apoio militar às forças croatas da auto-proclamada República Croata de Herzeg-Bósnia. As forças do governo bósnio foram lideradas pelo Exército da República da Bósnia-Herzegovina. Estas facções mudaram objetivos e fidelidades diversas vezes em várias fases da guerra.
A guerra foi causada por uma combinação complexa de fatores políticos e religiosos: o fervor nacionalista, crises políticas, sociais e de segurança que se seguiu ao fim da Guerra Fria e a queda do comunismo na ex-Iugoslávia. E também, devido ao envolvimento dos países vizinhos como a Croácia e a Sérvia e Montenegro; houve longa discussão sobre se o conflito foi uma guerra civil ou uma guerra de agressão. A maioria dos bosníacos, croatas, muitos políticos ocidentais e organizações de direitos humanos alegam que a guerra foi uma guerra de agressão com base no acordo Karadjordjevo entre os sérvios e croatas, enquanto os sérvios geralmente consideram que se tratou de uma guerra civil.
Com o inicio da desintegração da ex-Iugoslávia em 1991 com a independência da Croácia e Eslovénia, os líderes nacionalistas servo-bósnios como Radovan Karadžić e sérvios como Slobodan Milošević tinham como objetivo principal é fazer com que todos os sérvios - espalhados por todas as repúblicas que formavam a antiga Iugoslávia - viverem em um mesmo país. Em Fevereiro de 1992, o povo da Bósnia-Herzegovina decide em referendo a independência da República Socialista Federativa da Iugoslávia, em uma votação boicotada pelos servo-bósnios. A secção do Exército Popular Iugoslavo na Bósnia-Herzegovina fiel ao referendo foi realizado no Exército da República da Bósnia-Herzegovina (ARBH), enquanto os sérvios formaram o Exército da República Srpska (ERS). No início, os sérvios ocuparam 70% do território da Bósnia-Herzegovina, porém ao unir forças do Conselho de Defesa da Croácia e da Armada da República da Bósnia e Herzegovina a guerra tomou outro rumo e as forças sérvias foram derrotados na batalha da Bósnia Ocidental. O envolvimento da OTAN em 1995 contra posições do Exército da República Srpska internacionalizou o conflito, mas apenas na sua fase final. A aliança bosníaco-croata ocupou 51% do território da Bósnia-Herzegovina e chegou às portas de Banja Luka. Vendo sua capital de fato ameaçada, os líderes sérvios assinaram o armistício e a guerra terminou oficialmente com a assinatura do Acordo de Dayton em Paris, em 14 de dezembro de 1995.
Envolveu os três grupos étnicos e religiosos da região: os sérvios cristãos ortodoxos, os croatas católicos romanos e os bósnios muçulmanos. É o conflito mais prolongado e violento da Europa desde o fim da II Guerra Mundial, com duração de 1.606 dias. A guerra durou pouco mais de três anos e causou cerca de 200.000 vítimas entre civis e militares e 1,8 milhões de deslocados, de acordo com relatórios recentes. Do total de 97.207 vítimas documentadas, 65% eram muçulmanos bósnios, 25% sérvios e 8% croatas. Entre as vítimas civis, 83% eram bosníacos, 10% sérvios e mais de 5% eram croatas, seguido por um pequeno número de outros, como os albaneses ou povo Romani. Pelo menos 30% das vítimas civis bósnias eram mulheres e crianças.
De acordo com um relatório de 1995 detalhados sobre a guerra feitos pela Agência Central de Inteligência, 90% dos crimes de guerra da Guerra da Bósnia foram cometidos pelos sérvios. De acordo com especialistas jurídicos, a partir de início de 2008, 45 sérvios, 12 croatas e 4 bosníacos foram condenados por crimes de guerra pelo TPI em conexão com as guerras balcânicas da década de 1990. Ambos, os sérvios e croatas, foram indiciados e condenados por crimes de guerra sistemáticos (empresa mista penal), enquanto os bosníacos apenas dos entes individuais. Alguns líderes do alto escalão político dos sérvios (Momcilo Krajisnik e Biljana Plavšić), bem como croatas (Dario Kordić) foram condenados por crimes de guerra, enquanto outros estão atualmente em julgamento (Radovan Karadzic e Jadranko Bozovic). Genocídio é o mais grave crime de guerra em que os sérvios foram condenados; crimes contra a humanidade, uma segunda acusação apenas na gravidade do genocídio (ou seja, a "limpeza étnica"), para os croatas; e violações das Convenções de Genebra para os bosníacos.
Fonte: Wikipédia
Dissolução da Iugoslávia
Este processo acelerou a entrada de Slobodan Milošević à cena política na Sérvia, um homem que começou sua carreira política como uma resposta ao despertar de ideologias nacionalistas e se posicionou como um líder moral dos sérvios no Kosovo em 1989. Os objectivos da política de Milosevic eram consolidar seu próprio poder e conseguir o domínio da Federação Iugoslava, incluindo o domínio da Sérvia que era a república mais populosas da federação. Logo, cimentaria um controle rigoroso das políticas sérvias.
Para atingir estes objetivos, Milosevic planejou vários processos que levaram à instalação de seu gabinete político, principalmente em Voivodina e Montenegro. A crise na ex-Iugoslávia se aprofundou após o colapso do governo do Kosovo, que tinha uma maioria albanesa. Continuando este processo, Milosevic tomou o controle de quase a metade da Iugoslávia e com os votos adicionais facilmente influenciou as decisões do governo federal. A esta situação outras repúblicas reagem, começando com a Eslovénia.
No 14ª Congresso do Partido Comunista, realizado em 20 de janeiro de 1990, Milosevic implementou o seu domínio pela primeira vez, bloqueando várias emendas constitucionais propostas pela delegação eslovena em uma tentativa de restaurar o equilíbrio de poder na Federação. O Congresso terminou com as delegações eslovena e croata deixando a reunião, o que pode ser considerado como o início da dissolução da Iugoslávia.
A crise se aprofundou quando elementos nacionalistas tomaram o poder para ir contra a política de Milosevic, incluindo o croata Franjo Tudjman que foi o mais proeminente. A Eslovénia e a Croácia iniciaram logo após, um processo que levou à sua independência, provocando um conflito armado. Este foi particularmente intenso na Croácia, que tinha uma substancial população sérvia.
Situação pré-guerra na Bósnia-Herzegovina
A Bósnia-Herzegovina é historicamente um Estado multiétnico. Segundo o censo de 1991, a Bósnia-Herzegovina tinha uma população de 4.354.911 habitantes, divididos da seguinte forma:
- Bósnios, 43,7%
- Sérvios, 31,3%
- Croatas, 17,3%
- Iugoslavos, 5,5% (consideram a si próprios como iugoslavos, na ex-Iugoslávia a população que se declarou a si próprio como iugoslavo foi de apenas 1%).
- 90% dos bósnios são muçulmanos;
- 93% dos sérvios-bósnios são cristãos ortodoxos;
- 88% dos croatas-bósnios são católicos.
As partes dividiram o poder entre grupos étnicos diferentes: enquanto o presidente de governo da República Socialista da Bósnia e Herzegovina foi um bósnio, o presidente do Parlamento um bósnio-sérvio e o Primeiro-Ministro um croata .
Nacionalismo
Com o fim dos regimes socialistas, a partir da desintegração da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), emergem as diferenças étnicas, culturais e religiosas entre as seis repúblicas que formam a Iugoslávia, impulsionando movimentos pela independência. Na Bósnia e Herzegovina cresce o nacionalismo sérvio que quer restaurar a chamada Grande Sérvia, formada por Sérvia e Montenegro, parte da Croácia e quase toda a Bósnia. Quando os bósnios decidem pela independência do país e os sérvios não aceitam, os combates entre os dois grupos intensificam-se. A situação de guerra civil é caracterizada em abril de 1992.Criação da "República Sérvia da Bósnia e Herzegovina"
Os membros sérvios do parlamento, que consistiam principalmente do Partido Democrático Sérvio e outros representantes dos partidos que formavam a Assembleia Independente dos Membros do Parlamento abandonaram o Parlamento central de Sarajevo, e formaram a Assembleia do povo sérvio da Bósnia e Herzegovina, em 24 de outubro de 1991, que marcou o final da coligação tri-étnica que governava após as eleições de 1990. Esta Assembleia estabeleceu a República Sérvia da Bósnia e Herzegovina, em 9 de Janeiro de 1992, que se converteu na República Srpska, em agosto de 1992. O propósito oficial deste ato, o que é afirmado no texto original da Constituição da República Srpska, e seria posteriormente alterada, era preservar a Federação Iugoslava.Criação da "República Croata da Herzeg-Bósnia"
Durante as guerras da Iugoslávia, os objetivos dos nacionalistas da Croácia foram compartilhados pelos nacionalistas croatas na Bósnia-Herzegovina. O governo da República da Croácia, a União Democrática Croata (HDZ), organizava e controlava a filial do partido na Bósnia e Herzegovina. No final de 1991, os elementos mais radicais do partido, liderados por Mate Boban, Kordic Dario, Bozovic Jadranko, Kostroma Ignac e líderes locais como Anto Valenta, e com o apoio de Franjo Tuđman e Susak Gojko, tomaram o controle efetivo do partido. Em 18 de novembro de 1991, o ramo partido na Bósnia e Herzegovina, proclamou a existência da República Croata da Herzeg-Bósnia, como uma separação "política, cultural, económica e territorial" no território da Bósnia-Herzegovina.
Referendo sobre a independência da Bósnia e Herzegovina
Depois da Eslovénia e da Croácia declararem, em 1991, sua independência da República Socialista Federativa da Iugoslávia, a Bósnia-Herzegovina também organizou um referendo sobre a independência. A decisão do Parlamento da República Socialista da Bósnia e Herzegovina, sobre a realização do referendo foi tomada depois de que a maioria dos membros sérvios haviam deixado a Assembleia Parlamentar em protesto.Esses servo-bósnios, membros da assembleia convidaramk a população sérvia para boicotar o referendo realizado em 29 de Fevereiro e 1 de Março de 1992. A participação no referendo foi de 67% e o resultado foi de 99,43% a favor da independência. Assim, a independência foi declarada em 5 de Março de 1992 pelo Parlamento. O referendo em si e o assassinato de um sérvio em um casamento no dia anterior ao referendo foram usados pelo líderes políticos sérvios como um pretexto para começarem a bloqueios de estradas em protesto.
Acordo Karadjordjevo
As discussões entre Franjo Tuđman e Slobodan Milosevic, que incluíam "… a divisão da Bósnia-Herzegovina entre a Sérvia e a Croácia.", ocorridas logo em março de 1991 ficaram conhecidas como acordo Karadjordjevo. Após a declaração de independência da República da Bósnia e Herzegovina, os sérvios atacaram diversas partes do país. A administração do Estado da Bósnia e Herzegovina efetivamente deixou de funcionar depois de ter perdido o controle sobre todo o território. Os sérvios queriam todas os territórios onde os sérvios eram a maioria, a leste e oeste da Bósnia. Os croatas e seu líder Franjo Tuđman também visam garantir partes da Bósnia e Herzegovina, à Croácia. As políticas da República da Croácia e de seu líder Franjo Tuđman para a Bósnia e Herzegovina nunca foram totalmente transparentes e sempre incluíram como objetivo final o de expandir as fronteiras da Croácia. Os bósnios foram um alvo fácil, porque as forças do governo bósnio estavam mal equipados e despreparados para a guerra.Ver também: Acordo de Graz.
Embargo de armas
Em 25 de Setembro de 1991, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução 713 do CSNU, que impôs um embargo de armas em toda a ex-Iugoslávia. O bloqueio prejudica o Exército da República da Bósnia e Herzegovina, principalmente porque a Sérvia herdou a maioria das armas do arsenal do antigo Exército Popular Iugoslavo e o Exército croata poderia conseguir armas contrabandeado através da sua costa. Mais de 55% dos arsenais e quartéis da ex-Iugoslávia seencontravam na Bósnia por causa de seu terreno montanhoso, em antecipação de uma guerra de guerrilha, mas muitas dessas fábricas estavam sob o controle sérvio (como a fábrica de Unis Pretis em Vogosca), e outros estavam inoperantes devido à falta de eletricidade e de matérias-primas. O governo bósnio pressionou para o levantamento do embargo, mas contra o Reino Unido, França e Rússia. O Congresso dos Estados Unidos aprovou duas resoluções pedindo o cancelamento do embargo, mas ambos foram vetados pelo presidente Bill Clinton, por medo de criar um racha entre os Estados Unidos e os países mencionados. No entanto, os EUA realizaram várias operações, incluindo os grupos islâmicos para o fornecimento de armas para as forças do governo bósnio através da Croácia.Curso da Guerra
O Exército Popular Iugoslavo deixou oficialmente a Bósnia e Herzegovina em 12 de maio de 1992, pouco após que a independência foi declarada em Abril de 1992. No entanto, a maior parte da cadeia de comando, armamento e altos militares, incluindo o general Ratko Mladic, permaneceram na Bósnia-Herzegovina no Exército da República Srpska. Os croatas organizaram uma formação militar defensiva própria chamada Conselho de Defesa Croata como as forças armadas da auto-proclamada Herzeg-Bósnia. A maioria dos bósnios organizaram o Exército da República da Bósnia e Herzegovina. Esse exército tinha um grande número de não-bósnios (cerca de 25%), especialmente no 1ª Corpo de Sarajevo. O vice-comandante do Quartel-General do Exército Bósnio, foi o general Jovan Divjak, a mais alta hierarquia de etnia sérvia no exército bósnio. O General Stjepan Siber, de etnia croata foi o segundo vice-comandante. O Presidente Alija Izetbegović também nomeou o coronel Blaž Kraljević, comandante das Forças de Defesa Croata na Herzegovina, como um membro do Quartel do Exército bósnio, sete dias antes do assassinato de Kraljević, a fim de montar uma Frente multi-étnica de Defesa bósnia.
Várias unidades paramilitares operavam na guerra da Bósnia: as sérvias "Águias Brancas" (Beli Orlovi), "Tigres de Arkan", "Voluntários da Guarda Sérvia" (Srpska Dobrovoljačka Garda); as bósnias "Liga Patriótica" (Patriotska Liga) e os "Boinas Verdes" (Zelene VSM) e as croatas "Forças de Defesa Croata" (Hrvatske Obrambene Snage). Os paramilitares sérvios e croatas que participaram voluntariamente foram apoiados por partidos políticos nacionalistas da Sérvia e Croácia. Existem alegações sobre o envolvimento da polícia secreta sérvia e croata no conflito.
Os sérvios receberam apoio de combatentes cristãos eslavos de países como a Rússia. Os Voluntários gregos são acusados de terem tomado parte no massacre de Srebrenica, pois içaram a bandeira da Grécia em Srebrenica, quando a cidade caiu para os sérvios.
Alguns combatentes radicais ocidentais, bem como numerosos indivíduos da área cultural do cristianismo ocidental lutaram como voluntários para os croatas, incluindo voluntários Neo-nazistas da Alemanha e da Áustria. O Neo-Nazista sueco Jackie Arklöv foi acusado de crimes de guerra após o seu regresso à Suécia. Mais tarde, ele confessou ter cometido crimes de guerra contra civis bósnios muçulmanos em campos croatas de Heliodrom e Dretelj como um membro das forças croatas.
Os bósnios receberam apoio de grupos islâmicos vulgarmente conhecidos como "guerreiros santos" (Mujahideen). Segundo alguns relatos de ONGs americanas, houve também várias centenas de Guardas Revolucionários Iranianos ajudando o governo bósnio durante a guerra.
No início da guerra da Bósnia, as forças servo-bósnias atacaram a população civil muçulmana no leste da Bósnia. Uma vez que as cidades e aldeias estavam firmemente em suas mãos, as forças sérvias - militares, policiais, paramilitares e, por vezes, os moradores sérvios - aplicou o mesmo padrão: casas e apartamentos foram sistematicamente saqueados ou queimados, os civis foram caçados ou capturados, e algumas vezes espancados ou mortos durante o processo. Homens e mulheres foram separados, com muitos dos homens detidos nos campos. As mulheres foram mantidas em diversos centros de detenção onde tiveram que viver em condições higiênicas intoleraveis, onde eram maltratadas em muitos aspectos, inclusive sendo violentadas repetidamente. Soldados ou políciais sérvios viriam a estes centros de detenção, selecionar uma ou mais mulheres, tirá-las e estuprá-las. Os sérvios tinham superioridade devido ao armamento pesado (apesar de menos recursos humanos) que lhes foi dado pelo antiga Exército Popular Iugoslavo e de controles estabelecidos na maioria das áreas onde os sérvios tinham maioria relativa, mas também em áreas onde eram uma minoria significativa em regiões urbanas e rurais, excluindo grandes cidades como Sarajevo e Mostar. Os líderes militares e políticos sérvios, receberam a maioria das denúncias de crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, muitos dos quais foram condenados após a guerra nos julgamentos.
A maior parte da capital Sarajevo esteve predominantemente em mãos bósnias, embora o governo oficial da República da Bósnia e Herzegovina continuou a funcionar na sua com relativa composição multiétnica. Nos 44 meses do cerco, o terror contra Sarajevo e seus moradores variaram em sua intensidade, mas o propósito sempre foi o mesmo: infligir o maior sofrimento possível aos civis a fim de forçar as autoridades bósnias a aceitar as exigências sérvias. O Exército da República Srpska cercou a cidade (alternativamente, as forças sérvias situam-se nos arredores de Sarajevo o chamado "Anel ao redor de Sarajevo"), colocando tropas e artilharia nas colinas circundantes, que se tornaria o mais longo cerco da história da guerra moderna, que durou quase 4 anos. (Veja: Cerco de Sarajevo).
Inúmeros acordos de cessar-fogo foram assinados, e violados novamente quando um dos lados sentiam se em desvantagem. As Nações Unidas repetidamente, mas sem sucesso, tentou parar a guerra e o muito elogiado Plano de Paz Vance-Owen teve pouco impacto.
Vítimas
O número de mortos após a guerra foi inicialmente estimado em cerca de 200.000 pelo governo bósnio. Também registrou-se cerca de 1.326.000 refugiados e exilados.Uma pesquisa realizada por Tibeau e Bijak em 2004, identificou um número de 102.000 óbitos e estimou a seguinte repartição: 55.261 eram civis e 47.360 soldados. De civis: foram 16.700 sérvios, enquanto 38.000 bósnios e croatas. Dos soldados, 14.000 foram os sérvios, os croatas foram 6.000, e os bósnios 28.000.
Outra investigação foi conduzida pelo Centro de Pesquisa e Documentação de Sarajevo (RDC), baseado na criação de listas e bases de dados, em vez de fornecer estimativas. Estudos Populacionais do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia na unidade de Haia, forneceu um número similar de mortes, mas um pouco diferente em distribuição étnica. Em Outubro de 2006, a contagem do número de vítimas chegou a 97.884. Outras investigações estão em curso.
Em 21 de Junho de 2007, o Centro de Pesquisa e Documentação de Sarajevo publicou a pesquisa mais ampla sobre as vítimas da guerra na Bósnia-Herzegovina intitulada "O Livro bósnio dos Mortos", um banco de dados que revela 97.207 nomes de cidadãos falecidos e desaparecidos durante a guerra de 1992-1995. Uma equipe internacional de especialistas avaliaram os resultados antes de serem publicados. Mais de 240.000 dados foram recolhidos, processados, analisados e avaliados por uma equipe internacional de especialistas para obter o número final de mais de 97.000 nomes de vítimas, pertencentes a todas as nacionalidades. Dos 97.207 óbitos documentados na Bósnia-Herzegovina, 83 por cento das vítimas eram civis bósnios, 10 por cento das vítimas eram civis sérvios e mais de 5 por cento das vítimas eram civis croatas, seguido por um pequeno número de outros, como Roma ou albaneses. A percentagem de vítimas bósnias poderia ser maior, pois há sobreviventes de Srebrenica, relataram seus entes queridos como 'soldados' para obterem acesso aos serviços e benefícios sociais do governo. O número total de mortes poderá aumentar para um máximo de 10.000 em todo o país por causa de investigações em curso.
As grandes discrepâncias em todas estas estimativas são geralmente devido a definições inconsistentes do que pode ser considerado como vítimas da guerra. Alguns estudos estimam apenas as vítimas diretas da atividade militar, enquanto outros calculam também as vítimas indiretas, como aqueles que morreram como resultado de duras condições de vida, fome, frio, doença ou acidente causado indiretamente pela guerra. Também é usado valores mais elevados quando muitas das vítimas foram listados duas ou três vezes, em ambos os civis e militares, além de que pouca ou nenhuma comunicação e a coordenação entre essas listas podem estar em condições de guerra. No entanto, a maioria dos estudos independentes não foram aprovados nenhum dos governos envolvidos no conflito e não existem resultados oficiais aceitáveis para todas as partes.
Não se deve esquecer que também houve baixas significativas por tropas internacionais na Bósnia-Herzegovina. Cerca de 320 soldados da UNPROFOR foram mortos durante o conflito.
Crimes de Guerra
Limpeza étnica
Nas áreas ocupadas, os sérvios da Bósnia fazem a chamada "limpeza étnica": expulsão dos não sérvios, massacre de civis, prisão da população de outras etnias e reutilização dos campos de concentração da II Guerra Mundial. A "limpeza étnica" implicou também na intimidação, expulsão forçada e / ou morte de grupos étnicos indesejáveis, assim como a destruição dos restos físicos do grupo étnico, como locais de culto, cemitérios e edifícios culturais e históricos. A Bósnia e Herzegovina pede a intervenção militar internacional, mas só recebe ajuda humanitária, como alimento e medicamentos. A Croácia entra no conflito. No primeiro momento reivindica parte do território bósnio e, em uma segunda etapa, volta-se contra a Sérvia. Com o acirramento da guerra, a Otan envia tropas. A ONU manda uma força de paz, que, no fim de 1995, chega a 40 mil membros. Tentativas de cessar-fogo propostas pela ONU são repetidamente desrespeitadas. No início de 1995, os sérvios dominam 70% do território da Bósnia e Herzegovina. O quadro muda após a Batalha de Krajina, em Agosto, da qual os croatas saem vitoriosos. A relação de forças torna-se mais equilibrada e facilita a estratégia dos Estados Unidos de promover uma negociação de paz.De acordo com inúmeros relatos do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, as forças sérvias, croatas realizaram a "limpeza étnica" em seus territórios, como planejado por seus líderes políticos, a fim de criar estados etnicamente "puros" (República Sérvia e a República Croata da Herzeg-Bósnia). Por outro lado, as forças sérvias cometeram o massacre de Srebrenica, no final da guerra, descrita pelo Tribunal como genocídio. Além disso, as forças bósnias, especialmente paramilitares chegados de países árabes, mujahideens, também realizaram a "limpeza étnica" em aldeias de maioria sérvia.
Violações em massa
Durante a guerra da Bósnia, abusos sexuais de meninas e mulheres que mais tarde seriam conhecidos como fenômenos de estupros em massa. Entre 20.000 a 44.000 mulheres foram sistematicamente violentadas pelas forças sérvias. Estes atos foram realizados no leste da Bósnia, durante os massacres de Foca e em Grbavica, durante o cerco de Sarajevo. Em menor escala, há evidências de que unidades bósnias também realizaram esta prática com as mulheres sérvias em Kamenica, Rogatica, Kukavice, Milici, Klisa, Zvornik e outras cidades. Estes fatos não foram julgados pelo tribunal por serem considerados de forma isolada.Genocídio
Um julgamento foi realizado no Tribunal Internacional de Justiça, na sequência de um processo aberto em 1993 pela Bósnia e Herzegovina contra a Sérvia e Montenegro acusando-o de genocídio. O Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) em sua sentença de 26 de fevereiro de 2007 determinou que a Sérvia não foi responsável pelo genocídio cometido pelas forças sérvias-bósnias no massacre de Srebrenica em 1995. O TIJ concluiu, no entanto, que a Sérvia não conseguiu agir para evitar o massacre de Srebrenica, e não puniu aqueles considerados responsáveis, em particular o general Ratko Mladic e o primeiro-ministro sérvio-bósnio Radovan Karadzic. Ambos são acusados pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, sob a acusação de crimes de guerra e genocídio; o paradeiro de Mladic é desconhecido, e Karadžić espera veredicto, depois de ser preso em Belgrado pelo serviço secreto sérvio (BIA), em 21 de julho de 2008 e transferido para Haia para ser julgado nesse mesmo tribunal.Negociação

Sentados da esquerda para direita: Slobodan Milošević, Alija Izetbegović, Franjo Tuđman durante a assinatura do acordo de paz definitivo, em Paris, em 14 de dezembro de 1995.
Tribunal de Haia
Em Maio de 1996, o Tribunal Internacional de Haia inicia o julgamento de 57 suspeitos de crimes de guerra. Os acusados mais importantes são o líder sérvio Radovan Karadzic, presidente do Partido Democrático Sérvio e da República Sérvia (Srpska), e seu principal comandante militar, o general Ratko Mladic. Ambos são responsáveis pelo massacre ocorrido na cidade de Srebrenica, no qual 3 mil refugiados bósnios muçulmanos foram executados e enterrados em fossas e 6 mil encontram-se desaparecidos. Em Maio de 1997, o Tribunal de Haia condena o servo-bósnio Dusan Tadic a 20 anos de prisão por crime contra a humanidade em virtude da participação no extermínio de muçulmanos na Bósnia.Fonte: Wipédia
Ainda neste temas falaremos à respeito dos refugiados, quem são e como vivem.
Gasinci - Porque hoje é guerra... |
08 de February de 1994 | |
![]() Barracas onde viviam os refugiados bósnios Duas histórias na ex-Iugoslávia. - Senhora Šimic! Seu filho morreu! Essa foi a primeira notícia que Stephania Šimic, uma senhora bósnia de 82 de idade, recebeu no dia 14 de janeiro deste ano. Seus cabelos brancos, suavidade no falar e o hábito de sempre sorrir e oferecer pedaços de chocolate às pessoas que vêm visitá-la, davam a essa velhinha a imagem perfeita dessas avós simpáticas que todos têm. Porém naquele dia ela não conseguia dizer mais nada; a bomba parecia ter sido mais um golpe que a vida lhe dava, como o fizera nos últimos mêses. Stephania é um dos milhares de refugiados e vítimas da guerra sangrenta que assola os povos da ex-Iugoslávia. Conflito que não só lhe cobrou a casa, a vida na cidade natal, os amigos, como também acabou por lhe roubar o filho. Depois de expulsa de sua cidade por tropas sérvias, hoje ela está dividindo um barracão insalubre com outros cem idosos e deficientes num campo de refugiados na Croácia. Slavonski Brot, uma cidade localizada ao extremo leste da Croácia e 150 Km distante de Sarajevo, é também um lugar triste. A cidade foi seriamente atacada por tropas sérvias em outubro de 1992 e por todas as ruas ainda se vêem as feridas dos combates: buracos de balas e morteiros nas fachadas, casas e prédios inteiramente destruídos e muitos soldados croatas nas ruas. No meio do caos, os habitantes começam aos poucos a voltar ao ritmo normal de vida. Porém eles sabem que o perigo ainda está próximo, na verdade a poucos metros de distância. Na outra margem do rio Sava, que passa ao lado da cidade, existe uma outra cidade chamada Bosanski Brot, no momento ocupada por tropas e milícias sérvias. A ponte que unia as duas cidades foi bombardeada e hoje está partida ao meio, com a estrutura afundada nas águas do rio. Soldados sérvios atiram em qualquer pessoa que se coloque nas margens do rio para tentar se comunicar com os parentes e amigos isolados no outro lado. Não há mais comunicação entre as duas cidades. Duas histórias e duas tragédias na ex-Iugoslávia. Stephania Šimic é uma das 10 mil pessoas que tiveram de fugir de Bosanski Brot e hoje sabem que dificilmente poderão voltar. Em Gašinci Gašinci é um pequeno povoado de apenas uma rua, onde quase todos os habitantes se dedicam ao cultivo e a criação de animais. O vilarejo está localizado na Slavônia, uma belíssima região de planícies ao leste da Croácia, entre as fronteiras com a Hungria, a Bósnia-Herzegóvina e a atual Iugoslávia. O front de guerra não está muito distante: apenas 35 Km ao sul e ao leste, numa área ocupada por soldados e milícias sérvias armados como demônios. Depois de sair do povoado e atravessar dez minutos de estrada, vê-se ao longe, perdido no meio do campo, um estranho e gigantesco conjunto de blocos e centenas de pequenos barracos de madeira, lembrando uma pequena cidade. Após a passagem por um posto militar de controle, chega-se neste complexo e se percebe logo na porta de entrada um intenso fervilhar de pessoas. Na verdade o que se vê está muito longe de ser uma cidade: se trata do campo de refugiados de Gašinci, parte viva na guerra entre os territórios da ex-Iugoslávia. Esse outro "povoado" de Gašinci é um campo de refugiados criado dentro das instalações do antigo exército popular iugoslavo. Hoje, delimitado por cercas de arame e estando ao lado de uma área de treinamento militar do exército croata, Gašinci é o lugar onde 3 mil e 900 bósnios (97% muçulmanos) e alguns poucos sérvios encontraram proteção depois de terem sido expulsos de suas cidades, fugindo das batalhas sangrentas travadas entre as tropas oponentes. Hoje, todas essas famílias se apertam em pequenos barracos aquecidos à lenha, onde vivem de 6 até 14 pessoas dormindo um do lado do outro em beliches de ferro. A administração do campo é feita pelo governo croata e conta com a ajuda da Cruz Vermelha Internacional. Grande parte dos custos de manutenção e toda a alimentação fornecida em 2 grandes refeitórios é financiada pela "International Relief Organization", uma instituição islãmica com sede no Egito, que representa os grandes interesses que os países islãmicos têm nos muçulmanos bósnios. Por isso Gašinci tem dois chefes: um administrador croata e um "imã" (chefe islãmico) bósnio, que controla não só a vida religiosa como também serve de líder político dos bósnios muçulmanos. Barganhando com o dinheiro enviado pelos países islãmicos para o campo, o "imã" consegue impor algumas regras no intuito de proteger a integridade cultural do seu povo. Um exemplo desse poder é a escola montada no campo de Gašinci, com a participação de professores bósnios também refugiados, onde é ensinado não só as matérias comuns como também o árabe e o alcorão. A importância de um líder religioso é também explicada pela frequente assediação de seitas protestantes e outras religiões católicas sobre os muçulmanos. Aproveitando-se da difícil situação dos refugiado, esses grupos aparecem e tentam reconverter os bósnios para fés cristãs. Um voluntário americano já foi pego em flagrante distribuindo bíblias, por exemplo. E também em janeiro deste ano, um grupo com cerca de 14 italianos, todos pertencentes a organização católica Papa Giovanni XXIII, foi expulsa pelo administrador do campo. ![]() Localização do campo de refugiados em 1994. Apesar das proporções gigantescas, o campo de Gašinci é apenas uma gota no oceano da guerra nos Balcãs. Hoje quase todos os países da Europa ocidental acolhem levas crescentes de refugiados. Segundo estimativas do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados já vivem no exterior, espalhados pela Europa, cerca de 820 mil asilados. Porém nos antigos territórios da ex-Iugoslávia a situação é ainda pior: já são 3,8 milhões de seres humanos expulsos de suas cidades natais que estão habitando provisoriamente em campos de refugiados. Gašinci é um deles. * Eu, um brasileiro morando em Berlim, imaginava estar muito distante dessa realidade. Para mim não só a guerra na ex-Iugoslávia era um fato que eu só lia nos jornais, como também as possibilidades de ir me arriscar naquela região eram mais do que remotas. Porém um dia, enquanto eu passava os olhos por vários artigos num jornal alemão, tive a oportunidade de encontrar uma interessante reportagem. Ela falava sobre uma organização não governamental procurando voluntários para trabalhar em campos de refugiados na Croácia. Depois de ler a nota, eu pensei: o que eu tenho a ver com o conflito? Porém o fato de, assim como a grande maioria dos brasileiros, eu nunca ter participado de um trabalho voluntário com fins beneficentes, e também a expectativa de conhecer um povo diferente e além disso, ter a verdadeira visão do que é uma guerra, responderam a minha questão: vou para a Croácia. O trabalho era organizado por uma fundação chamada "Suncokret" (girassol em serbo-croata), que está presente com suas atividade em 7 diferentes campos de refugiados espalhados por todo o território croata. Esse grupo foi fundada em Zagreb no final de 1991, logo que iniciou o conflito entre as diferentes nações que compunham a antiga Iugoslávia. Os fundadores, pacifistas, defensores dos direitos humanos e outros oposicionistas ao belicismo vigente, pretendiam realizar um protesto permanente pela paz e tolerância, e do lado prático, minorar as dificuldades do número crescente de refugiados. A fundação, que vive através de doações do mundo inteiro, está ligada a outros grupos de trabalho voluntário como a "Pax Christi" e o "Serviço Civil Internacional", e envia voluntários croatas e de outras partes do mundo para trabalhar diretamente nos campos de refugiados. O trabalho não tem nada a ver com pregação ideológica, mas se resume praticamente à assistência social de crianças, homens e mulheres refugiados, em grande parte vivendo sob choque traumático depois de terem suas casas bombardeadas e expulsos pelos exércitos e milícias em guerra. Depois de passar dois dias em Frankfurt am Main, participando de um seminário sobre as origens históricas do conflito e as dificuldades do trabalho em situações críticas, eu embarquei no dia 26 de dezembro para Zagreb, capital da Croácia. Os voluntários estrangeiros se encontraram num albergue da Suncokret chamado "Peace Hostel" (albergue da paz) num subúrbio de Zagreb. Depois de dois dias de muita ansiedade e discussão, o grupo de 14 pessoas, entre italianos, alemães, espanhóis, croatas, suiços, holandeses e eu, como brasileiro, partiu para o campo de refugiados em Gašinci. A vida no campo Logo depois dos primeiros dias de trabalho no campo já é fácil para o voluntário perceber que a situação dos bósnios que moram lá é muito mais do que crítica. A maior parte perdeu membros da família e tudo o que possuiam. Todos viveram e viram atrocidades que carregam até hoje dentro de si. Nessas condições os voluntários estrangeiros chegam para trabalhar e viver no barracão vermelho da Suncokret. Cerca de 25 voluntários, entre idades que variam dos 19 aos 30 anos, se encarregam de oferecer várias atividades aos refugiados como jardim de infância, aulas de inglês e francês, dança, costura, grupos de convivência para adultos, jogos e criatividade para crianças e ainda visita e assistência aos idosos e deficientes que habitam no asilo do campo. Assim eu passei três semanas, como o primeiro brasileiro voluntário no campo de refugiados de Gašinci. ![]() Dinner at the Refugee Camp'Gasinci' - Croatia Apesar de ser um país muito distante para a realidade dos bósnios, o Brasil não é deconhecido para os refugiados. Todos conhecem os grandes jogadores de futebol; o café que se bebe no campo é brasileiro e afinal, os bósnios afirmam ser o Brasil um país simpático onde as pessoas festejam felizes o carnaval. Por isso não foram poucos os refugiados em Gašinci que me perguntaram se haviam possibilidade de conseguir asilo político no Brasil. Talvez exista uma grande semelhança entre o espírito dos brasileiros e dos bósnios: algo de temperamento forte e caloroso. Por isso não é difícil para os estrangeiros se tornarem apaixonados pelo povo da Bósnia-Herzegovina. Primeiramente, devido a uma história plena de guerras e longos períodos vivendo sob o domínio de outras culturas, percebe-se logo nos primeiros contatos que os bósnios têm características inteiramente específicas dos outros habitantes dos Balcãs. Apesar da aparência européia, todos eles estão impregnados até a raiz dos cabelos pela cultura oriental, deixada pelos quase 600 anos de dominação pelo império Otomano. Esse período não só os fez muçulmanos, como se traduz numa forma diferente de pensar, de convívio social e também uma paixão irresistível pela música e dança. Uma acentuada crença no fatalismo da vida, faz com que eles encarem a guerra como uma realidade inevitável, a qual se levanta os braços e se diz:-"apesar de tudo, temos de continuar. E por isso se festeja, festeja-se muito no campo de Gašinci como se fosse uma tentativa desesperada de provar a si mesmo que a vida ainda vale a pena ser vivida apesar do ódio e da guerra. Nesses momentos pode-se perceber até algumas peculiaridades dos Bósnios: em festas os homens se abraçam, se tocam e até mesmo dançam juntos em par músicas românticas. Principalmente quando o tocador de acordeom inicia as primeiras notas dos hinos folclóricos, é a hora onde todos se abraçam e cantam juntos a saudade dos vilarejos e cidades destruídas. Para muitos bósnios, as músicas mais lindas vêm de Mostar, a cidade famosa pela sua belíssima ponte contruída pelos turcos nos períodos de dominação. A ponte foi bombardeada por tropas croatas. Ela não só representava uma ligação entre o oriente e o ocidente, mas como também havia dado o próprio nome da cidade: "Mostar" que significa "ponte". E hoje, os refugiados não só cantam forte para lembrá-la, como também a desenham nos seus barracos, colocando lágrimas em baixo do vão aberto pelas granadas. Outra qualidade do povo bósnio, percebido nas pessoas que estão em Gašinci é uma generosidade sem tamanho e no esforços feitos para agradar os convidados em casa. Nas três semanas que passe no campo eu visitava diariamente de duas a quatro famílias. Não só me era ofertado um cafezinho, como também tudo que estivesse de bom na casa para comer. A cena mais tocante que vivi, com relação a esta generosidade, foi quando visitei uma senhora de 87 anos que está internada no asilo de idosos. Quando prometi que iria tentar encontrar o filho dela, que estava em algum lugar da Alemanha, ela abriu uma barra de chocolate, partiu-a em pedaços e depois de arrumá-los numa bandeja, colocou açúcar em cima como se fosse um bolo. Depois, essa senhora tirou três maçâs de baixo da cama e me ofereceu apesar da minha recusa. "Você é jovem e precisa de vitaminas", disse ela. * Além de generosos, os bósnios em Gašinci apreciam a presença de estrangeiros. Para eles, de forma geral, os estrangeiros representam segurança no campo de refugiados, pois enquanto a Cruz Vermelha e outros voluntários estiverem por lá, não ocorrerão atos de violência por parte dos soldados croatas. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, depois que o exército croata começou a se confrontar com tropas muçulmanas na Bósnia, aumentou drasticamente o número de controles policiais, em geral à noite, nos centros de refugiados e associações humanitárias muçulmanas em território croata. Além disso, é de conhecimento do Alto Comisariado que muitos bósnios já foram expulsos sem julgamento e recaminhados para as zonas de combate. No Campo de Gašinci também é constante a presença da polícia, não só num posto localizado à entrada do campo como circulando e acompanhando as refeições nos refeitórios. O controle não é violento, mas se faz sutilmente no dia a dia. Para sair do campo, por exemplo, o refugiado precisa pedir uma autorização com um dia de antecedência. Se a pessoa não voltar, perde o status de refugiado e pode ser expulso da Croácia. Além da polícia, existe um outro fator dá aos refugiados a impressão de estarem vivendo permanentemete nos campos de batalha: é a presença da polícia dos militares no campo. Sendo também um campo militar de exercício, Gašinci vive permanentemente as manobras de guerra que o exército croata realiza em volta do campo. Assim é comum acordar pela manhã com o barulho de dezenas de tanques de guerra passando próximos aos barracões. Minutos mais tarde pode-se escutar as bombas explodindo e barulho de metralhadoras a menos de 200 metros do campo. ![]() Interior of the Refugee Room - Camp 'Gasinci' - Croatia Os prisioneiros de campos de concentração têm inclusive, uma história a parte em Gašinci. Três mêses atrás, haviam somente mulheres, idosos e crianças vivendo no campo -a grande maioria dos homens estava prisioneira nesses campos de concentração sérvios ou croatas. Durante um período de 6 mêses a um ano, esse homens estiveram internados em celas, ficaram sujeitos ao trabalho forçado nas linhas de combate, foram constantemente torturados e ainda obrigador a passar longos períodos sem comer ou beber. Nomes de campos de concentração como "Gabela" ou "Heliodrom", onde foram internados uma grande parte da população masculina de Mostar e outros povoados ao sul da Bósnia-Herzegovina, lembram os piores pesadelos da população civil. Esses prisioneiros foram libertados graças à intermediação da Cruz Vermelha Internacional, e chegaram à Gašinci só carregando as roupas do corpo. Alguns encontraram suas mulheres e filhos no campo, mas para a grande maioria o paradeiro de suas famílias é desconhecido. Viver a guerra Para um voluntário o mais difícil não é exatemente saber se comportar nesse território permanente em tensão. O mais difícil é simplesmente escutar as tragédias e injustiças provocadas à pessoas, que não conseguem compreender o jogo político no qual se embatem os líderes políticos das nações da antiga Ioguslávia. Um dia em que eu estava sentado no refeitório do campo, apareceu um garoto que havia conhecido numa visita a uma família. Ele se chama Sanel e é um jovem bósnio de 12 anos de idade. Depois de cumprimentá-lo, ele sentou-se ao meu lado e me ofereceu um pedaço de um doce. Por curiosidade, eu decidi perguntar se ele morava com os pais em Gašinci. Com um sorriso no rosto, ele se levantou e fez o gesto de estar segurando uma metralhadora; assim ele explicou que os dois haviam sido assassinados na guerra. Minutos depois ele se levantou, comeu o último pedaço de chocolate e saiu para brincar com as outras crianças. E esse é uma história comum no campo. Também Ivana, uma menina de 10 anos de idade, perdeu toda a família depois que uma bomba destruiu a sua casa. Depois que ela chegou sozinha em Gašinci no final de 92, ela passou quase seis meses sem poder falar devido ao grande trauma sofrido nos combates. Hoje ela mora num barracão com outra família, mas foi instalada num quarto independente. Para os médicos, o grande motivo de alegria é que ela recuperou a fala e ainda se mostra capaz, apesar da pouca idade, de cuidar sozinha de si. Para quem a visita, ela prepara um café, oferece alguns biscoitos e depois ainda tem a chance de ver os diversos trabalhos escolares, elogiados pelas professores. O mistério é ver no rosto dessa menina, um sorriso permanente e uma alegria de viver, em alguém cujo o mundo não está dividido em sérvios, croatas ou bósnios. Mesmo que a grande maioria dos bósnios que vivam em Gašinci consigam superar as dificuldades e ainda ter forças para manter sua dignidade e otimismo, há vários casos de problemas psicológicos causados pela guerra. Alguns refugiados, principalmente aqueles que estiveram em campos de concentração, sofrem de sérios problemas de insônia, pesadelos noturnos e depressão. No campo havia o caso de um jovem de 29 anos chamado Ahzur, que depois de ter sido torturado por soldados croatas em Gabela, não conseguia mais dormir e passava por momentos de alucinações. Ele andava pelo campo à noite fazendo vigília, pois imaginava que por todos os lados estariam possíveis inimigos. Quando o seu corpo não conseguia mais suportar a falta de descanço, ele terminava por dormir sob os bancos ou depósitos no campo. A esperança em outras terras Depois que chegam num campo de refugiados como Gašinci, o sonho de todos os bósnios é de encontrar asilo nos países abastados da Europa. Eles sabem que não podem voltar para a Bósnia-Herzegovina pois a guerra continua. Porém mesmo o pensamento de uma possível paz não os torna mais felizes, pois quando pensam nas casas destruídas e vidas que foram deixadas para trás, o sentimento mais forte é de ir o mais longe possível da terra natal e começar uma nova vida em um outro país qualquer. Um outro elemento que explica a forte vontade de todos refugiados de partir é o fato dos bósnios terem se tornados estrangeiros nos outros países da ex-Iugoslávia. Isso significa que na Croácia eles não só não têm o direito de residência e de trabalho como ainda, ao contrário dos refugiados croatas, não recebem nenhuma ajuda financeira do governo. Assim, somente aquelas pessoas que recebem dinheiro dos parentes no exterior podem ter meios de assegurar uma existência digna e mesmo refazer os próprios documentos. Isso porque documentos como o passaporte, necessários para viagens aos outro países, custa atualmente cerca de 100 dólares nos serviços burocráticos bósnios,o que é uma quantia que representa a renda mensal média de um trabalhador. Porém, o assunto atualmente mais comentado em Gašinci é relacionado aos problemas econômicos enfrentados por grande parte dos países europeus. Os refugiados sabem que, por esses fatores, não são exatamente desejados. Dessa forma são poucos os que continuam visitando o barracão da Cruz Vermelha para saber se seus pedidos de asilos foram aceitos e se chegaram convidates por parte um país qualquer, para abandonar o campo de refugiados. A realidade é que os convites vindos de países como a Alemanha, Suécia ou Noruega se tornaram cada vez mais escassos e hoje, só estão sendo feitos para os homens que saíram há três mêses atrás de campos de concentração na Bósnia. Sem documentos, sem esperança e sem asilo na Europa, os bósnios passam o tempo no campo de Gašinci esperando dias melhores, fumando numa média de seis maços de cigarro por dia e bebendo litros e litros de café numa sucessão de dias tediosos. Em Gašinci não há nada para fazer. Apertados em barracos insalubre sem direito à privacidade, muitos escolhem a única rua do campo para fazer uma caminhada solitária mesmo nos dias mais frios do inverno. Outra parte do tempo é usada no refeitório para buscar comida. As famílias, geralmente, encarregam as crianças ou alguém de levar um balde, onde eles despejam a comida das bandejas e levam para casa, onde irão reaquecer e depois todos comerem juntos. A dieta carece de qualquer base vitamínica: são sete dias de sopas com carnes gordurosas, pão e enlatados.Por isso os voluntários compreendem mais tarde porque muitas das criancas tem profundas olheiras e uma grande apatia para estudar e brincar. ![]() Gasinci Camp O desprezo pela guerra Um importante descoberta que qualquer observador tem num campo de refugiados como o de Gašinci é que o ódio que existe entre os diferentes povos da ex-Iugoslávia tem suas origens mais num preconceito fundado por séculos de disputas e rivalidade política, do que realmente na questão das diferenças culturais entre os povos nos Balcãs. Na esfera individual, os bósnios não conseguem compreender porque seus vizinhos croatas e sérvios, em gerações de convívio mútuo, tenham se tornado em dois anos inimigos mortais. No campo existem alguns barracões, onde bósnios, croatas e sérvios habitam juntos pelo fato de terem laços familiares ou por terem crescido juntos em cidades como Sarajevo. É comum, quando eles se abraçam para demonstrar o profundo desprezo que todos têm pela política nos seus países. Como Boris Vukobrat, um especialista no conflito dos Balcãs, disse num artigo para a revista do Instituto Francês de Relações Internacionais (2/92): -"Em nenhum momento, em nenhuma região do país os povos entraram no cenário dos combates para se combater corpo a corpo. Os combatentes na ex-Iugoslávia pertencentencem seja às milícias organizadas, seja a bandos que chefes de guerra improvisados lançam ao ataque das posições adversárias. Mas por todos os lados, onde as populações viviam imbricadas uma nas outras, o desprezo pelas facções que se opõem é idêntico; por todos os lados os habitantes das cidades e povoados devastados se juntam solidariamente na tragédia, fazendo prova de uma coragem admirável e testemunhando frente ao mundo uma vontade de viver mais forte do que nunca". E assim Gašinci continua a existir, como se fosse uma ferida permanente para as pessoas civilizadas no mundo. Porém os bósnios, mais do que qualquer povo do mundo, insistem em viver, e em viver felizes. Para quem pergunta qual é o seu sonho mais forte, eles podem facilmente responder: ver mais uma vez a ponte de Mostar cruzar o rio. Fonte: Athoele.Com |
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