domingo, 31 de julho de 2011

Hoje vamos viajar até Itália.
Lá conheceremos sua História, seus costumes, sua divina culinária, os seus filmes, escritores, enfim tudo o que for possível.
Assim começaremos por Roma.

 História de Roma
 
 Da Monarquia à República
Roma: fundamentos
 
Principais períodos da história de Roma. Situada na planície do Lácio, às margens do rio Tibre e próxima ao litoral (mar Tirreno), a cidade de Roma originou-se a partir da fusão de dois povos: os latinos e os sabinos. Inicialmente uma aldeia pequena e pobre, numa data difícil de precisar Roma foi conquistada pelos seus vizinhos do norte, os etruscos, que dela fizeram uma verdadeira cidade. Os romanos eram também vizinhos dos gregos, que, ao sul, haviam criado a chamada Magna Grécia, onde habitavam desde a época da fundação de Roma.
Dos etruscos e dos gregos os romanos receberam importantes influências e, com base nelas, elaboraram a sua própria civilização.
A sociedade romana, como a grega, é exemplo de sociedade escravista, embora difira desta em alguns aspectos fundamentais. O processo de concentração de terras pela aristocracia patrícia jamais foi bloqueado, e o poder e a influência daquela camada social permaneceram praticamente inalterados a o fim.
O elemento central da grande estabilidade desfrutada por Roma foi a instituição do latifúndio escravista, que, estabelecido ali numa escala desconhecida pelos gregos, proporcionou aos patrícios o controle sobre os rumos da sociedade. À solidez econômica e política da situação dos patrícios somou-se o talento militar dos romanos, que fez de Roma, uma cidade-Estado, a sede de um poderoso império.
Como os gregos, os romanos iniciaram sua história sob o regime monárquico (fundado por Rômulo, segundo a lenda), experimentaram a república e terminaram os seus dias sob o domínio de um império universal despótico e muito parecido com os modelos orientais.
Monarquia (753 - 509 a.C.), República (509 - 27 a.C.) e Império (27 a.C.- 476 d.C.) são os três períodos em que se costuma dividir a história de Roma. O período do Império, por sua vez, é subdividido em Alto Império e Baixo Império. O Alto Império (27 a.C.- 235 d.C.) é a fase em que esteve em vigor o regime político do principado. O Baixo Império (235-476), o regime político do dominato.
 
Monarquia

1. Patrícios e plebeus. Desde o tempo da Monarquia, a sociedade romana encontrava-se dividida em patrícios e plebeus. Os patrícios pertenciam à camada superior da sociedade, e os plebeus, à camada inferior. O que distinguia a ambos era a gens uma instituição análoga ao genos grego. Somente os patrícios pertenciam às gentes (plural de gens). Uma gens congregava os indivíduos que descendiam, pela linha masculina, de um antepassado comum. Portanto, a gens nada mais era do que família em sentido amplo. Em outras palavras, gens era o nome que os romanos davam àquilo que conhecemos como clã. E, como qualquer clã, a gens era composta de várias famílias individuais. Uma gens distinguia-se de outra pelo nome: gens Lívia, gens Fábia, etc. e todos os seus membros traziam o nome da gens. O nome dos patrícios era composto de três elementos: o prenome, o nome gentílico, ou da gens, e o cognome ou designação especial, uma espécie de apelido. Exemplos: Lúcio Cornélio Sila, Caio Júlio César, etc. Quer dizer: Sila era membro da gens Cornélia, e César, da gens Júlia.
Com a conquista etrusca de Roma e ao longo do governo dos três últimos reis etruscos, a desigualdade entre patrícios e plebeus se aprofundou. Os patrícios não cessavam de ampliar o seu poder com o recrutamento de clientes. Essa palavra, para nós sinônimo de “freguês”, designava, para os romanos, um conjunto de dependentes que, em troca de lealdade e serviços, recebia favores das famílias patrícias. A clientela formava uma categoria social especial de agregados dessas famílias, cuja origem parece não ser a mesma dos plebeus. Primitivamente, clientes e plebeus eram duas categorias diferentes que acabaram, com o tempo, fundindo-se numa só, como veremos adiante. Toda grande família patrícia tinha a sua clientela. Em 479 a.C., a gens Fábia, por exemplo, era constituída por 306 membros e tinha de 4 a 5 mil clientes. Porém, por volta do ano 100 a.C., era freqüente plebeus se dizerem clientes de uma família rica para receber dela algum amparo. Como categoria social, os plebeus continuaram sendo os que não pertenciam a nenhuma gens.
A menor unidade social era, pois, a gens. Um certo número de gentes formava uma cúria, e dez cúrias formavam uma tribo. Há portanto nessa organização certo paralelismo com a da Grécia:
 
Roma: gens  -  cúria - tribo
 
Grécia: genos - fratria - tribo
 
* As tribos romanas
Existiam em Roma, primitivamente, três tribos étnicas. Por volta de 470 a.C., elas foram substituídas por tribos territoriais. Em 241 a.C., atingiu-se, no total, 35 tribos territoriais (quatro urbanas e 31 rurais). Esse total não foi mais ultrapassado.
 
Cada gens era chefiada por um pater (“pai”). Os membros das cúrias reuniam-se em assembléias denominadas comícios curiatos, que votavam as leis. Os chefes das gentes, os patres (plural de pater e palavra da qual se origina patrício), formavam o Senado, ou seja, o conselho superior que atuava com o rei na época da Monarquia e que se converteu, durante a República, no órgão dirigente supremo. A palavra senado deriva do latim senex, que significa “velho”. O Senado era, pois, um conselho de anciãos, uma instituição muito comum na Antiguidade. Seu equivalente, na Grécia, era a Gerúsia, em Esparta. Inicialmente composto de cem membros, o Senado passou a ter depois trezentos e, mais tarde, seiscentos membros.
Os que não pertenciam a nenhuma gens eram plebeus e, por esse motivo, estavam excluídos da vida política. Sem direitos políticos, eram considerados cidaos de segunda classe. Mas, atenção, ser plebeu não significava ter uma condição econômica inferior ou de pobreza.
 
2. As reformas servianas. Sérvio Túlio, o segundo rei etrusco, é tido como o realizador de diversas reformas que favoreceram os plebeus. Ele criou várias gentes, promovendo famílias plebéias à condição de nobres, organizou assembléias militares, os comícios centuriatos, e estimulou o comércio e o artesanato visando fortalecer economicamente os plebeus. Essas medidas, que a tradição atribuiu a Sérvio Túlio, ficaram conhecidas como reformas servianas. O objetivo do rei, entretanto, não era propriamente beneficiar os plebeus, mas fortalecer o poder monárquico. A criação de uma classe plebéia vigorosa tinha por fim a neutralização do poder dos patrícios, ou seja, algo semelhante ao pretendido pelos tiranos, como Pisístrato, na Grécia. Mas em Roma essa política o teve o mesmo efeito.
 
 
 
*        Comícios Centuriatos
Centúria era o nome de uma unidade de infantaria com oitenta combatentes e não cem, como a denominação sugere. Dos comícios centuriatos participavam todos os cidaos mobilizáveis para o exército, incluindo os plebeus: Ao criar essas assembléias, Sérvio Túlio deu aos plebeus os meios para sua expressão política.
 
 
3. A queda da Monarquia. Foi um movimento dos patrícios desejosos de manter seus privilégios contra a política “popular” de Sérvio Túlio. Tarquínio, chamado de “O Soberbo”, deu continuidade à política de seu antecessor. Os patrícios reagiram em 509 a.C. contra aquela política, destronando Tarquínio e dando fim à Monarquia. Para a felicidade dos patrícios, o êxito do movimento foi assegurado em boa parte pelo declínio da civilização etrusca, que não conseguiu realizar uma intervenção pronta e eficaz em Roma. Assim nasceu a República romana.
 

A fundação da República

 
1. A reorganização dos poderes na República. Vitoriosos, os patrícios fizeram algumas modificações nas instituições de poder. O Senado e os comícios curiatos e centuriatos permaneceram como estavam. Mas o poder antes exercido pelo rei foi dividido e entregue a dois cônsules, que permaneciam apenas um ano no cargo. Desse modo, os patrícios tentaram eliminar o risco de retorno da Monarquia.
 
2. A conquista dos plebeus. As principais instituições políticas da República eram, portanto, o Senado, a magistratura (desempenhada pelos cônsules) e os comícios curiatos e centuriatos. Mas somente os patrícios podiam ser senadores, cônsules e membros dos comícios curiatos. Os plebeus tinham acesso unicamente aos comícios centuriatos, criados por Sérvio Túlio. Nessas assembléias tinham direito de participação todos os cidaos que serviam ao exército, o que incluía tanto plebeus quanto patrícios. Os plebeus tinham, assim, uma participação ínfima na vida política romana. Por isso, nos duzentos anos seguintes à criação da República, eles lutaram insistentemente pela ampliação de seus direitos.
Os plebeus não eram, entretanto, um grupo social homogêneo. Embora a maioria fosse pobre, existiam plebeus muito ricos. Na luta contra os patrícios, enquanto os pobres exigiam leis escritas, abolição da escravidão por dívidas e distribuição de terras, os ricos reclamavam uma lei que permitisse o casamento entre patrícios e plebeus e o acesso às magistraturas. Ao longo de duzentos anos, com muita luta, os plebeus atingiram seus objetivos. O primeiro passo foi a conquista de um órgão político de defesa de seus interesses, o tribunato da plebe. Essa conquista ocorreu depois que os plebeus ameaçaram criar, em 494 a. C ., uma sociedade plebéia separada da dos patrícios, nas vizinhaas de Roma.
Os tribunos da plebe, a princípio dois e mais tarde dez, eram considerados sacrossantos, isto é, invioláveis. Fazer ameaças ou resistir a eles pela foa era considerado um sacrilégio. Os tribunos tinham o direito de intercessio, o que significava poder socorrer o cidao ameaçado por um magistrado e interceder para anular atos ou decisões que julgassem prejudiciais aos plebeus. Podiam também reunir a assembléia da plebe e fazer votar o plebiscito, que tinha o valor de lei para os plebeus. Por volta de 450 a.C., depois de uma revolta plebéia, uma comissão de dez membros (decênviros) publicou pela primeira vez um código de leis válido para todos a. Em 445 a.C., com a Lei de Canuleio, foi autorizada a união matrimonial entre patrícios e plebeus. Mas no ano seguinte, com o fim de impedir que os plebeus conseguissem o direito de se tornar cônsules, essa magistratura foi abolida pelos patrícios.
O consulado, entretanto, foi restabelecido em 366 a.C., e o acesso a ele foi permitido aos plebeus pelas Leis de Licínio e Sextio, ambos tribunos da plebe. Foram ainda criadas duas novas magistraturas (funções políticas) – a dos pretores e a dos censores –, reservadas com exclusividade aos patrícios e às quais foi transferida parte dos poderes do antigo consulado. Os plebeus, contudo, continuaram sua luta, exigindo acesso a todas as magistraturas, o que lhes foi concedido em 300 a.C. Por fim, em 286 a.C., através da Lei Hortênsia, os plebiscitos tornaram-se leis válidas também para os patrícios. A partir de então passou a ocorrer o comício das tribos ou assembléia tribal, com a participação de patrícios e plebeus. Em 326 a.C., outra medida importante abolira a escravidão por dívidas que pesava sobre os plebeus empobrecidos.
 
3. As instituições políticas da República. Apresentamos a seguir um esquema dos principais órgãos de governo, das relações que mantinham entre si e de seu funcionamento. Em seguida, descreveremos as funções de cada um.
 
Funções Públicas em Roma
 
Os comícios elegiam os magistrados. Estes ingressavam no Senado, após cumprir o mandato de magistrado. O Senado aconselhava os magistrados. Senatus consultum (“decreto”) era o nome dado às decisões do Senado. Além de reunir e presidir os comícios, os magistrados propunham as leis, que os comícios votavam. Os comícios ou assembléias curiatas, reunidos por cúrias, segundo a tradicional organização gentílica, tornaram-se meras formalidades em meados do século III (250 a.C.). Também perderam foa os comícios centuriatos. Ao longo do tempo destacou-se o comício das tribos ou assembléia tribal.
 
 
Lutas por Reformas Sociais
 
Transformações econômicas e sociais
1. A primitiva economia romana. A palavra pecúnia significa, em latim, “riqueza”, e é derivada de pecus (“gado”) . Essa constatação levou os historiadores a deduzirem que os romanos foram primitivamente criadores de gado, antes de, sob a influência dos gregos e principalmente dos etruscos, terem se convertido em agricultores. Quando República foi fundada, em 509 a.C., a agricultura, baseada na policultura, era praticada em propriedades familiais, juntamente com o artesanato. A produção destinava-se ao auto-abastecimento, havendo aquisições ocasionais, por compra, de ferramentas de metais.
 
2. O expansionismo no tempo da República. No início da República, nada distinguia Roma de outras sociedades antigas. Mas, aos poucos, ela foi se destacando como potência militar. Esse processo começou com guerras defensivas, travadas contra os vizinhos que cobiçavam seus produtos e suas terras. Gradualmente essas guerras se converteram em guerras de conquista, até que, em 272 a.C., depois de duzentos anos de luta, toda a Península Itálica ficou finalmente sob dominação romana.
Com a conquista e a unificação da Península Itálica, Roma se transformou numa respeitável potência. O problema é que o seu território passou a fazer fronteira com Cartago, outra grande e temível potência da época.
Cartago era uma cidade de origem fenícia (punicus, em latim), situada no norte da África. Contra ela, entre os anos 264 e 146 a.C., Roma travou três guerras, na segunda das quais teve que enfrentar o lendário general cartaginês Aníbal. Esses confrontos ficaram conhecidos como Guerras Púnicas, e os romanos venceram todos eles.
A vitória contra Cartago possibilitou a Roma o domínio das ilhas de Sardenha, Córsega e Sicília, além da Espanha e do norte da África.
Roma o parou mais de se expandir depois disso. Voltou os olhos para o Leste, onde conquistou o reino macedônico da Grécia, e levou a guerra a o mar Negro, onde reinava Mitridate, um formidável opositor, que resistiu aos romanos por mais de vinte anos, até ser derrotado, em 66 a.C.
 
3. O ager publicus. Com as conquistas, tanto a economia quanto a sociedade romana foram se transformando. Até 202 a.C., quando terminou a Segunda Guerra Púnica, Roma ainda o havia se voltado para o Oriente. Naquele momento, os domínios romanos limitavam-se ao Ocidente, que, em comparação com o Oriente Helenístico (antigo domínio de Alexandre Magno), era pouco desenvolvido e muito pobre. Mas os povos do Ocidente        Itália, sul da Gália e parte da Espanha tinham uma riqueza que despertava a cobiça dos patrícios: terras. Essas terras foram confiscadas e convertidas em terras públicas (ager publicus). Apesar de públicas, foram vendidas ou arrendadas aos patrícios     os únicos que, na prática, tinham acesso a elas. Foi justamente essa privatização das terras públicas que impulsionou o processo de concentração de terras nas mãos dos patrícios.
Esse processo jamais teve seu desenvolvimento bloqueado em Roma, diferentemente do que ocorreu na Grécia, onde as maiores extensões iam de 12 a 24 hectares. Os latifúndios romanos eram freqüentemente superiores a 120 hectares. Houve os que chegaram a atingir 1.200 e até mesmo 80.000 hectares. A maioria dos latifúndios, entretanto, não era constituída por terras contínuas, mas por terras dispersas, situadas em regiões diferentes.
Mas não foram apenas as terras conquistadas aos povos do Ocidente que fizeram a fortuna e o poder dos patrícios. Com a conquista do Oriente e a imposição da administração romana, um imenso volume de dinheiro começou a fluir para as mãos dos patrícios e para os cofres do Estado, a ponto de este se dar ao luxo de abrir mão do imposto fundiário e do tributam cobrado do povo em tempo de guerra.
 
4. Latifúndio e escravidão. Contudo, a transformação crucial do período foi a constituição do escravismo. Trazidos do Ocidente e do Oriente, os escravos tornaram-se a principal mão-de-obra, tanto na agricultura quanto no artesanato, como já havia ocorrido na Grécia. Mas a grande originalidade de Roma foi a combinação inédita de latifúndio e escravidão. Em comparação com o escravismo grego, o romano mostrou-se muito mais amplo e profundo, atingindo um número surpreendente de pessoas, proporcionalmente ao de pessoas livres:
• em 225 a.C., para 4 milhões e quatrocentos mil homens livres, havia 60 mil escravos;
• em 43 a.C., para 4 milhões e quinhentos mil homens livres, havia 3 milhões de escravos.
Nunca a Antiguidade tinha visto algo semelhante.
 
5. O impacto das conquistas sobre os plebeus. Para os plebeus, o expansionismo romano teve conseqüências funestas: quanto mais a República triunfava no exterior, mais os plebeus se arruinavam em Roma. Na realidade, a expansão romana prejudicou os plebeus de vários modos.
As guerras, ao mobilizarem constantemente os pequenos e médios proprietários plebeus (os assidui), provocaram a sua ruína. Os que não pereciam na guerra, ao retornar não tinham meios para retomar as suas atividades, pois não recebiam nenhum tipo de compensação pelos serviços prestados ao Estado, não sendo levado em conta nem mesmo o fato de que a eles se devia o êxito romano no exterior.
O expansionismo romano prejudicou os plebeus ainda de outro modo, em rao de um processo muito semelhante ao que ocorrera na Grécia. Com a importação maciça de trigo das províncias sicilianas e norte-africanas, o preço do produto despencou em Roma. Os pequenos e médios proprietários não tinham como concorrer com o baixo preço do trigo importado e logo ficaram sem meios para saldar as dívidas contraídas e prover o próprio sustento. Em geral acabavam perdendo as suas terras para os credores patrícios.
Os patrícios também foram atingidos pela entrada do trigo das províncias. Mas eles enfrentaram essa nova situação fazendo a reconversão das culturas: abandonaram o cultivo de cereais e se especializaram na plantação da vinha e da oliveira e na produção de vinho e azeite de oliva, além de árvores frutíferas.
Essa reconversão o estava ao alcance dos pequenos e médios proprietários, em virtude do tempo de maturação exigido pela nova cultura a as primeiras colheitas. Era necessário dispor de recursos para esperar o retorno do investimento feito na nova plantação.
Enquanto os patrícios dispunham de recursos para suportar a espera, aos plebeus estavam reservados destinos trágicos. Com os latifúndios sendo trabalhados por uma numerosa escravaria e 90% do artesanato sendo exercido por escravos, o campo de trabalho para eles havia se reduzido drasticamente. Arruinados pela guerra, pela importação do trigo, pelo latifúndio escravista, os plebeus foram foados a abandonar o campo e migrar para as cidades, onde engrossaram as fileiras da plebe urbana, sem propriedade e sem trabalho.
 
6. A plebe urbana. A plebe urbana, ociosa, tinha como único meio de sobrevivência colocar-se sob a proteção das grandes e ricas famílias, transformando-se em sua clientela. Toda manhã, dirigia-se à casa de seus patronos para receber mantimentos e algum dinheiro. Depois aguardava a distribuição de trigo feita pelo Estado, a baixo preço.
Para manter a plebe sob controle, o Estado oferecia também, além do trigo, espetáculos circenses. Submetida a essa política do o e circo (panem et circenses), a plebe urbana, desocupada e desmoralizada, perdeu toda a vontade de retornar ao campo e passou a ser um dócil instrumento nas mãos de nobres ambiciosos. Para os patrícios, praticar essa política era cômodo e custava menos que distribuir terras. A distribuição de terras era evitada porque se temia que sua posse pudesse devolver aos plebeus a antiga condição de assidui, não desejada devido ao senso cívico e participativo que lhes era próprio. Esse era um problema que os patrícios tudo faziam para contornar.
 
7. A nobreza senatorial. Enquanto o escravismo se impunha e a condição da plebe se degradava, ocorriam também transformações no estrato superior da sociedade romana.
No início da República, pertenciam ao estrato superior da sociedade apenas os membros das gentes – a nobreza gentílica. No final da República, existiam 47 dessas famílias patrícias tradicionais. Porém, no decurso da República, havia ocorrido um importante fenômeno em Roma: a ampliação da nobreza. Ao lado da tradicional nobreza gentílica, haviam surgido novas famílias de nobres, cujos membros eram os nobilitas. A conquista dessa posição devia-se ao fato de os chefes de algumas famílias plebéias terem pertencido ao Senado. Naturalmente, tratava-se de famílias plebéias bastante ricas. Com o tempo, a tradicional nobreza gentílica fundiu-se com a nova, dando origem à nobreza senatorial.
Desde o ano 366 a.C., quando o acesso ao Consulado foi aberto aos plebeus, teoricamente o ingresso à condição nobiliárquica ficou possibilitado a todos, pois os cônsules tornavam-se automaticamente membros do Senado. Mas, na prática, a nova nobreza senatorial fechou e impediu o acesso aos altos cargos da magistratura aos membros não pertencentes ao seu grupo. De 200 a.C. a 146 a.C., apenas três não integrantes da nobreza senatorial conseguiram a proeza de penetrar no fechado círculo daquela aristocracia.
 
8. Os cavaleiros e os homens novos. Os antigos e novos membros que compunham a nobreza senatorial monopolizavam as altas magistraturas e se apropriavam dos altos cargos militares e dos governos provinciais. Tinham a terra como base de sua riqueza e detinham uma fortuna em imóveis.
A sombra do fortalecimento da nobreza senatorial, fez também fortuna considerável um pequeno número de famílias plebéias ligadas ao mundo dos negócios. Essas famílias se enriqueceram como fornecedores do exército, como mercadores do comércio marítimo ou como chefes de organizações bancárias. Esse pequeno grupo de empreendedores tinha por base a riqueza mobiliária (dinheiro e mercadorias, portanto riqueza móvel em oposição à riqueza imóvel da nobreza senatorial). A sua importância econômica era enorme e, pela fortuna de que dispunha, estava muito acima da massa plebéia empobrecida. Os membros dessa nova camada social ganharam o nome de cavaleiros.
A eles os censores contratavam para construir obras públicas e, nas províncias, o Estado passava a responsabilidade de cobrar impostos, chamando-se publicanos os cobradores de impostos. Alguns dos cavaleiros haviam conseguido elevar-se um degrau a mais na escala social, tornando-se homens novos (homines novi). Esse título era conferido aos cavaleiros que tivessem exercido cargos na alta magistratura e aos integrantes de suas famílias. Socialmente elevada, essa posição era, porém, inferior à da nobreza senatorial.
 
Os irmãos Graco
 
1. O poder aristocrático. A carreira normal de um nobre era denominada, em latim, cursos honorum (“carreira de honras”), e seguia uma ordem em que se sucediam os cargos de questor, edil, pretor e cônsul. Os filhos dos senadores, a quem era permitido acompanhar, de pé, as sessões do Senado, beneficiados pela solidariedade e proteção de classe, eram praticamente os únicos a terem acesso ao cursus honorum.
Um pequeno número de famílias nobres controlava a totalidade dos altos cargos, graças à sua vasta clientela e à compra de votos de eleitores nos comícios. Por meio dos edis (responsáveis pela organização dos jogos), patrocinavam atividades de lazer, ganhando com isso popularidade entre as massas, facilmente iludíveis com promessas demagógicas. Assim, garantiram apoio para suas ambições políticas.
 
2. A política aristocrática. A nobreza senatorial, a que dominava na República, era muito mais poderosa e ciosa de seus interesses do que a similar grega, jamais tendo feito qualquer concessão que comprometesse levemente seus privilégios políticos e econômicos. Além de conservar o governo integralmente em suas mãos, não cedeu um palmo sequer de suas propriedades em favor dos plebeus, cuja condição foi se degradando continuamente ao longo da República.
A partir da conquista da Itália e das Guerras Púnicas, a nobreza foi se tornando proprietária de extensões cada vez maiores de terras e aumentando continuamente o número de seus escravos. Enquanto isso, o exército incorporava, entre 200 e 167 a.C., cerca de 10% ou mais dos camponeses adultos, uma porcentagem extremamente elevada e só possibilitada pelas conquistas, que garantiam um número crescente de escravos para substituir a o-de-obra camponesa.
Roma vivia um círculo vicioso, que beneficiava apenas a nobreza senatorial. As guerras de conquista proporcionavam terras, tributos e escravos, gerando recursos para equipar exércitos e financiar novas conquistas, que possibilitavam o confisco de mais terras e a obtenção de mais tributos e escravos.
Em 133 a.C., quando o rei de Pérgamo, Átalo III, legou em testamento o seu reino aos romanos, o sistema escravista estava firmemente instalado e, junto com ele, o inabalável poder da nobreza senatorial. Foi nesse momento que Roma viveu a sua última e mais importante experiência reformista, ao final fracassada.
 
3. A luta pela reforma; os irmãos Graco (133 - 121 a.C.). O ataque ao sistema aristocrático partiu de dois políticos que descendiam da mais alta nobreza romana Tibério e Caio Graco, os irmãos Graco.
A iniciativa partiu de Tibério, eleito tribuno da plebe em 133 a.C. Conhecedor da filosofia grega e admirador de Péricles, Tibério Graco ambicionava recriar a classe dos pequenos proprietários e, com essa finalidade, apresentou o projeto de uma lei agrária, que restabeleceria a prática de uma antiga lei. O projeto era bastante moderado e simples. Propunha a encampação das terras do Estado (ager publicus), indevidamente ocupadas pelos grandes proprietários e usadas para a criação de gado. A título de compensação, o projeto previa uma espécie de indenização a esses grandes proprietários, concedendo-lhes a posse de 125 hectares de terra, além de lotes suplementares de 62, 5 hectares por filho.
Apesar de moderado, o projeto dessa lei agrária foi violentamente rechaçado pela nobreza, que conseguiu eleger um dos seus representantes, Octavius, como tribuno, com a missão explícita de vetá-lo. Essa manobra dos nobres era perfeitamente legal. Tibério convenceu então a plebe a votar a deposição de Octavius e a aprovar seu projeto, o que era ilegal. Uma vez aprovada a lei agrária, foi nomeada uma comissão de três membros, composta por Tibério, seu irmão Caio e um cunhado seu, para executar o que a nova lei determinava.
Diante da ilegalidade do procedimento que levara à aprovação da lei e por ser contrário ao espírito da reforma de Tibério, o Senado recusou-se a autorizar os gastos necessários para a realização da reforma. Tibério voltou a desafiar os poderosos, promovendo uma assembléia tribal que votou um projeto pelo qual as despesas seriam cobertas pelo tesouro do rei Átalo III, de Pérgamo. Por último, quebrou a tradição ao tramar a sua reeleição como tribuno no ano seguinte. Com Tibério acusado pelos seus adversários de pretender tornar-se tirano, a eleição dos tribunos ocorreu num clima de grande turbulência. Decididos a impedir a qualquer custo a reeleição de Tibério, um grupo de senadores liderados por Cipião Nasica, um ex-cônsul e sumo sacerdote, invadiu com seus clientes o Capitólio, templo dedicado a Júpiter e situado na área central de Roma, onde se encontrava Tibério, que ali foi massacrado juntamente com os seus seguidores.
Se houvesse tido êxito, Tibério teria desempenhado em Roma um papel equivalente ao do tirano Pisístrato em Atenas. Mas a situação em Roma era outra. Os pequenos proprietários, arrancados de suas terras para servir ao exército, estavam ausentes, e os que residiam em suas terras encontravam-se dispersos. A plebe urbana, que teoricamente era o contingente a ser beneficiado pela lei agrária, já não manifestava interesse pela volta ao campo e ao trabalho, ociosa e corrompida que estava por sua transformação em clientela das grandes famílias. Na verdade, o projeto de Tibério era impraticável numa sociedade que havia assumido plenamente a feição escravista.
o obstante, dez anos depois, em 123 a.C., Caio Graco foi eleito tribuno, com a intenção de continuar a obra de Tibério. Beneficiado por uma lei de 125 a. C ., que dava ao tribuno o direito de reeleição, Caio Graco tinha, em tese, condições para concluir o projeto do irmão.
Eleito, Caio Graco reapresentou e aplicou a lei agrária, conseguindo distribuir os lotes públicos notadamente em Cápua e Tarento.
Uma de suas iniciativas foi a distribuição de trigo a baixo preço. Para conseguir esse feito, que posteriormente teve grande importância, foi preciso reorganizar o comércio do cereal. O trigo consumido em Roma era trazido da Sicília, da Sardenha e da África. Devido aos especuladores e à suspensão do transporte marítimo no inverno, seu preço ao chegar em Roma era alto. Caio decidiu armazenar o cereal em silos após a colheita, o que regularizou e barateou seu fornecimento ao longo de todo o ano, beneficiando a plebe urbana.
Para garantir a apuração das irregularidades administrativas e a corrupção, Caio Graco possibilitou aos ricos homens de negócios (os cavaleiros) o acesso a cargos nos tribunais, ao lado dos senadores. Es tabeleceu na província da Ásia (ex-Pérgamo) uma nova forma de cobraa de impostos, que iria depois se generalizar: os tributos passaram a ser recolhidos, pelo prazo de cinco anos, por aquele que comprasse esse direito pelo lance mais alto. Os concorrentes na disputa dessa concessão eram os publicanos (arrendadores de impostos), que formavam em Roma uma verdadeira sociedade, com administração e cargos próprios. Esse sistema de cobraa de impostos já era adotado na Sicília, sobre o trigo. A sua adoção na Ásia e em outras províncias distantes teve, entretanto, efeitos nefastos, pois a ganância dos publicanos os levou a cobrar impostos extorsivos, cujo excedente embolsavam. Reeleito em 122 a.C., Caio tomou duas medidas polêmicas: fundou uma colônia em Cartago e propôs a concessão de cidadania romana a todos os aliados latinos da Itália. A reação da nobreza foi imediata. Ela acusou Caio Graco de sacrilégio por fazer renascer Cartago, uma cidade considerada “maldita”. A proposta de concessão de cidadania o foi menos problemática. Enquanto a nobreza temia perder o controle sobre as eleições, os próprios beneficiários da medida a viam com desconfiaa. Os latinos ricos, por exemplo, tornando-se cidaos romanos, ficavam sujeitos à lei agrária dos Gracos. Os pobres viam na concessão a desvantagem de passarem a ser recrutados pelo exército romano. A nobreza romana aproveitou ainda para difundir entre a plebe urbana o comentário de que a concessão da cidadania proposta por Caio Graco implicaria, fatalmente, a divisão do trigo e dos lugares nos circos entre um número maior de pessoas, despertando, com isso, os mais baixos sentimentos de egoísmo nas massas.
Conduzidas com habilidade pelo Senado, as intrigas políticas surtiram efeito ao impedir uma nova reeleição de Caio Graco. No ano de 121 a.C., toda a legislação criada por ele foi anulada pelo novo tribuno. Em seguida, estourou uma desordem social e o Senado usou-a como pretexto para aprovar o senatus consultam ultimum (“último decreto”), que dava aos cônsules o poder de tomar as medidas necessárias para coibir a agitação. Caio Graco fugiu para o Aventino, onde reaglutinou as suas foas. Atacado pelo cônsul Opímio, Caio escapou, mas se fez matar por um escravo. Era ainda o ano de 121 a.C.
 
4. Mudaas políticas. Os irmãos Graco foram para os romanos a derradeira chance de encaminharem sua sociedade para a democracia. Mas as bases sociais para o êxito dessas reformas aquelas foas sociais que, na Grécia, se opuseram com sucesso ao egoísmo aristocrátic        estavam totalmente corroídas. Em Roma, a aliaa entre plebeus ricos (cavaleiros) e plebeus pobres era impossível no final do século 11 a.C. A distância entre ambos havia se aprofundado de tal modo, que nenhum acordo podia ser efetivado. Temendo a massa popular miserável e corrompida pelo clientelismo, os cavaleiros aliaram-se à nobreza senatorial, fortalecendo a posição dessa última.
Os irmãos Graco, formados na cultura grega e inspirando-se em seu exemplo político, pretendiam transformar o tribunato na magistratura suprema do Estado e torná-lo indefinidamente renovável tal como se dera, em Atenas, com o cargo estratego, que Péricles ocupou seguidamente. O fracasso dos Graco selou o destino de Roma.
 
 
O Império: origens e declínio
 
Ditaduras
 
1. Mário, Sila e César. A história de Roma depois do fracasso da experiência reformista dos irmãos Graco foi marcada por dois processos interligados: o exército substituiu o Senado como núcleo de poder e o exercício desse poder passou dos senadores para um ditador e, mais tarde, para um imperador. Em suma, a República foi substituída pelo Império.
O declínio do poder dos patrícios foi produto de sua própria ambição e egoísmo. Desde o começo, eles haviam utilizado o exército como instrumento para conseguir mais terras e mais escravos. O expansionismo tinha como base um exército cívico composto pelos assidui (pequenos proprietários), mas com o tempo foi se tornando imprescindível o recrutamento dos proletários aqueles que nada possuíam, a o ser seus filhos (prole). O exército cívico o se mantinha organizado permanentemente e os soldados não eram remunerados. Com a integração dos proletários, esse exército converteu-se gradualmente em exército profissional, pois os soldados passaram a ser pagos para combater. O general Mário foi o autor dessa mudaa, que pouco a pouco levou os soldados a colocarem os seus interesses acima dos interesses do Estado e a prestar mais apoio a um chefe militar que os beneficiasse do que ao governo constituído da República. Não foi por outro motivo que Mário, instituindo uma ditadura informal, converteu-se no homem forte de Roma. Eleito cônsul pela primeira vez em 107 a.C., ele só poderia ser reeleito dez anos depois, como estabelecia a lei. Mas se reelegeu em 104 a.C. e em todos os anos seguintes a o ano 100 a.C. Ele foi, assim, cônsul seis vezes seguidas e ainda chegou a ser reeleito novamente em 87 a.C.
As leis republicanas previam a ditadura uma magistratura extraordinária, com poderes ilimitados, mas para atuar apenas em momentos de grave crise e por tempo determinado.
Era esse tipo de poder que os novos e ambiciosos generais estavam buscando. Depois do primeiro passo dado por Mário, vieram Sila e César, que adotaram formalmente o título de ditador. A ditadura foi aos poucos corroendo as bases da República e preparando terreno para a implantação da monarquia imperial.
Contudo, nenhum dos ditadores, mesmo o poderosíssimo César, ousou abolir oficialmente a República. A situação manteve-se ambígua: de Mário a César, para todos os efeitos, a República continuou existindo, embora funcionasse cada vez menos como forma de governo. Mas esse declínio relativo o anulou o sentimento republicano, que continuou muito vivo em Roma. E a isso se deveu o assassinato de César, em 44 a.C., ocorrido em conseqüência de uma conspiração liderada por Brutus (seu filho adotivo) e Cássio.
 
 A ascensão de César
Antes de César assumir o governo como ditador, houve um curto período em que vigorou o triunvirato (governo de três) integrado por ele, Pompeu e Crasso. Depois de uma luta interna, César venceu os rivais e assumiu o poder sozinho em 48 a.C. César era tio-avô e pai adotivo de Otaviano, que o sucedeu.
 
 
2. A ascensão de Otávio. Na seqüência dos acontecimentos, entretanto, a República o levou a melhor. O poder transferiu-se para as mãos de três homens ligados a César: Otaviano, Marco Antônio e Lépido, que formaram o segundo triunvirato. Brutus e Cássio fugiram de Roma e foram derrotados em 42 a.C.
Ó general Lépido, o mais inexpressivo, perdeu logo seu poder para Otaviano, em 36 a.C. Por esse tempo, Otaviano fazia-se chamar de Otávio e apresentava-se em Roma como herdeiro legítimo de César, enquanto seu rival, Marco Antônio, governava o Oriente a partir do Egito e se preparava para enfrentá-lo, caso a ocasião para isso se oferecesse. Essa ocasião chegou em 31 a.C. e terminou com a vitória de Otávio.
 
O Império
 
1. O Principado. Nos anos que se seguiram à vitória contra Marco Antônio, Otávio, através de títulos e mudaas no próprio nome, foi cumulado de honrarias, a última delas como fundador do Império. Em 40 a.C., ele recebeu do exército o título de Imperator, que transformou em seu prenome. E, para ressaltar a sua relação de parentesco com César, divinizado após a morte, e para significar que dele havia adquirido o direito de comando do exército, Otávio conservou para si a denominação César. O nome que adotou foi, então, Imperator Caesar Divi Filius, significando “Imperador Filho de César Divino”.
Depois de ter exercido o governo com poderes excepcionais desde a guerra contra Marco Antônio, Otávio executou em 27 a.C. uma manobra política bem-sucedida: renunciou aos seus poderes numa sessão do Senado e declarou restaurada a República. Nessa mesma reunião, o Senado o apenas reafirmou seus poderes, como concedeu-lhe novos títulos, como princeps, que significava “primeiro cidao romano”. Além disso, conferiu-lhe o título Augusto, dado apenas aos deuses. Otávio, que daí em diante passou a ser conhecido por Augusto, saiu, portanto, mais fortalecido desse episódio.
Os quatro primeiros imperadores que sucederam Augusto eram todos parentes entre si e fizeram parte da dinastia conhecida como Júlio-Cláudia ou Júlio-Claudiana (2 7 a. C . - 69 d. C . ) . Vieram depois as dinastias Flaviana (70 - 96), Antonina (96 - 193) e Severiana (193 - 235).
A crescente influência do exército na vida política foi a principal característica do Principado. Sua primeira intervenção ocorreu no reinado de Calígula, um imperador cujo comportamento mostrava claros sinais de desequilíbrio mental, morto em decorrência de um complô dirigido contra ele pelos oficiais da guarda pretoriana.
Apesar dessa tendência, o Principado conheceu uma fase de grande estabilidade com a dinastia Antonina, durante a qual vigorou a chamada Pax Romana (paz romana), que perdurou por quase cem anos.
Com a chegada dos Severos ao poder imperial, teve início outro período de turbulência, que chegou ao auge em 235 d.C. Esse foi o ano em que começou a mais profunda crise do Império Romano, da qual ele saiu completamente transformado cinqüenta anos depois. Nesse conturbado período conhecido como anarquia militar”, de 235 a 285, Roma conheceu uma rápida sucessão de mais de vinte imperadores, dos quais apenas um morreu do morte natural. Em constantes motins, o exército romano estava dividido em facções rivais, que proclamavam os imperadores com a mesma facilidade com que os assassinavam.
 
2. As duas fases do Império. O Principado (27 a.C. -  235 d.C) e o Dominato (284 - 476) constituem as duas fases do Império, separadas uma da outra por um período conhecido como anarquia militar” (235 - 284). O primeiro período é também chamado de Alto Império e o segundo, de Baixo Império.
O Império começou com Augusto tendo nas mãos os poderes civil, militar e religioso. Ele vinculou a posição social do indivíduo à renda e restringiu a competência do Senado e das magistraturas aos assuntos civis relativos a Roma e à Itália. Por fim, reorganizou o exército profissional e tornou-o permanente. A intervenção dos militares na política foi o traço marcante do Principado e continuou a sê-lo ainda mais no Baixo Império.
 
De principado a dominato
A obra de restauração do Império esteve ligada a dois grandes imperadores do período: Diocleciano e Constantino. Mas o Império restaurado já não era o mesmo do tempo de Augusto. Desde Domício Aureliano (270 - 275) o imperador deixara de ser o princeps, ou seja, o primeiro cidao, e passara a ser dominus et deus (“senhor e deus”). Com ele o Império passou de principado a dominato.
Coube a Diocleciano e Constantino dar a forma final ao dominato. Um dos traços característicos do novo regime foi a introdução do direito divino dos imperadores. Ao mesmo tempo, o poder do Senado declinou, até transformar-se numa instituição meramente decorativa.
Em 235, com a morte do imperador Alexandre Severo, começou um novo período de “anarquia militar” que perdurou a a ascensão de Diocleciano, em 284. Esse novo imperador dividiu o Império em duas metades, a ocidental (Roma) e a oriental (Nicomédia), e instituiu a tetrarquia (dois impera dores com os respectivos vices para cada parte). O Império foi reunificado por Constantino (306 - 337), que fundou no Oriente a cidade de Constantinopla no lugar da antiga cidade grega de Bizâncio. Com Teodósio ( 379 - 395), o Império foi de novo dividido, dessa vez definitivamente.
 
3. A crise econômica. O indiscutível êxito da reorganização política do Império, com Diocleciano e Constantino, não foi acompanhado pelo revigoramento da economia. O declínio da população havia atingido quase todas as províncias, trazendo problemas tanto para o exército quanto para a agricultura, devido à falta de soldados e de braços para a lavoura. Por essa rao, germânicos pacíficos que viviam próximo à fronteira tiveram permissão para se instalar Império como agricultores ou foram recrutados como soldados. Uma das principais conseqüências foi que o exército se tornou cada dia menos romano.
 
Se a vasta extensão foi o principal motivo da grandeza de Roma, com o tempo ela se tornou a causa de sua fraqueza.
 
A crise econômica era mais visível nas cidades, onde o artesanato e o comércio sofreram uma paralisia, generalizando-se o processo de decadência urbana vivido pelo Império. Essa crise refletiu se claramente na depreciação da moeda, cujo teor de prata fora reduzido a 5% na época de Galieno (258 - 267).
 
4. O Império acuado. A substituição do Principado pelo Dominato (em 284) não foi mais que a adaptação do poder imperial a uma nova realidade socioeconômica, transformada profundamente no decorrer dos três séculos da Era Cristã. Durante esse período, Roma passou de potência conquistadora e expansionista a império acuado e voltado para a própria defesa. Sua capacidade de expansão atingira o limite já no tempo de Trajano (98 - 117), quando as fronteiras se haviam estabiblizado.
As conseqüências do fim do processo de expansão foram muitas. A primeira delas consistiu no fato de Roma ter deixado de receber as fortunas antes tomadas aos povos conquistados, que haviam promovido outrora o fácil enriquecimento da nobreza patrícia. A segunda, não menos importante, foi a diminuição da entrada de escravos, em geral prisioneiros de guerra. Na prática, a estabilização das fronteiras e o fim das conquistas assinalaram o início da crise do escravismo e do sistema imperial. A elevação do preço dos escravos nos séculos I e II d.C. foi o claro sintoma do escasseamento de sua oferta. Com o fim das conquistas, terminou também a repartição dos despojos de guerra entre o exército e a nobreza senatorial, o que só fez crescer a turbulência militar. Complicando esse quadro, a instabilidade política foi agravada pelas ameaças externas, tanto no Oriente, com os persas sassânidas, quanto no Ocidente, com os germânicos.
 
5. O intervencionismo estatal. A solução para esse conjunto de problemas apareceu com Diocleciano, que adotou como práticas a centralização do poder e o intervencionismo do Estado em todas as esferas da sociedade. Sua preocupação central, assim como a de seus sucessores, passou a ser a recuperação econômica e a melhora do sistema de arrecadação de impostos.
A recuperação econômica era uma tarefa particularmente difícil depois das ações predatórias do exército nas províncias, onde os constantes enfrentamentos entre facções rivais do próprio exército agravavam ainda mais a vida econômica local.
O comércio e as operações de crédito, que eram atividades parasitárias das conquistas, refluíram com o fim da expansão imperial e se retraíram ainda mais em virtude das ações militares destrutivas. Disso resultou a desvalorização da moeda, que fez o comércio retroceder para formas primitivas de trocas naturais. Essa regressão para uma economia natural, sem o uso do dinheiro, ocorrida durante o período de “anarquia militar”, havia destruído o sistema fiscal do Império, obrigando também o Estado a recolher os impostos em espécie.
A fim de garantir a eficácia do recolhimento in natura, Diocleciano ordenou um rigoroso recenseamento para conhecer a capacidade real dos contribuintes e determinar a proporção de bens a serem entregues ao Estado. Para facilitar o trabalho dos recenseadores e coletores de impostos, instituiu a obrigatoriedade da permanência dos indivíduos em sua profissão e em suas terras, e determinou que os comerciantes só poderiam negociar em locais definidos pelas autoridades.
A progressiva perda de liberdade devida ao aumento do controle do Estado sobre as pessoas tinha em vista o apenas garantir certo volume de impostos, mas também manter o funcionamento da economia em níveis satisfatórios. Os pesados encargos a que estavam sujeitos principalmente os pequenos proprietários rurais e urbanos acabaram, porém, provocando o abandono do trabalho e a fuga para locais inatingíveis pelo fisco, o que levou o Estado a redobrar as formas de controle sobre a população.
 
6. O enrijecimento da estrutura social. No século III, ao lado da escravidão, surgiu um novo tipo de trabalhador rural, o colono. Este, a princípio livre para abandonar a terra em que trabalhava, perdeu essa liberdade em 332, com o decreto de Constantino, que fixou o trabalhador na terra. Em caso de fuga, estava sujeito a ser acorrentado como os escravos. No tempo de Valentiniano I (364 - 375), foi formalmente proibida a venda do escravo separadamente da terra em que ele trabalhava, tornando a terra e o escravo indissociáveis. Assim, com a deterioração da condição dos trabalhadores livres, estes se tornaram, na prática, servos da gleba. Ficaram, desse modo, impedidos de abandonar a terra e, ao mesmo tempo, protegidos de serem despojados dela.
Os pequenos proprietários também tiveram sua liberdade restringida ao ficarem proibidos de deixar a sua aldeia.
O mesmo fenômeno repetiu-se nas cidades. A fim de evitar o abandono do trabalho e garantir a regularidade no exercício de certos ofícios, os artesãos foram reunidos em corporações (collegia), e tornou-se obrigatório o filho seguir a profissão do pai, criando-se um regime característico de castas. Os comerciantes, pertencentes agora à categoria dos chamados curiais, ficaram também presos à sua atividade e impedidos de transferir-se para o campo, como muitos desejavam.
Em suma, para fazer a economia funcionar e atender às necessidades mínimas de consumo da sociedade e pagar os impostos, o Estado restringiu drasticamente a liberdade de todos. Para executar essa nova política, o Estado ampliou o seu quadro de funcionários, aumentando consideravelmente a burocracia. A despesa que disso resultava, somada aos gastos militares com a defesa, elevou os custos de manutenção do Estado a níveis superiores à capacidade de uma economia arruinada e decadente. A longo prazo, a reorganização do Império em bases materiais tão debilitadas não poderia ter outro resultado senão o de enfraquecer o próprio Estado, tornando-o cada vez mais vulnerável aos ataques externos.




 
7. A ruralização da economia. O esfoo de recuperação econômica feito pelo Dominato, apesar de toda a dificuldade, teve o mérito de manter o Império de pé por mais de duzentos anos ainda. Contudo, a sua obra estava sendo minada também por dentro, pois desde o século III a ruralização da economia se convertera numa tendência irreversível, refoada pela consolidação das grandes propriedades, pertencentes à nobreza senatorial. Chamados agora de Claríssimos, os membros da nobreza senatorial eram os únicos que prosperavam em meio à crise econômica e militar, pois a terra era a última riqueza sólida que restara. Para as grandes propriedades, denominadas villas, convergiam fugitivos, escravos ou homens livres, em busca de proteção. O poder e a autoridade dos Claríssimos cresciam na mesma proporção em que o poder do Estado diminuía. Essa camada era suficientemente forte para o prestar contas às autoridades municipais e, muitas vezes, ignorava os próprios governos provinciais. O seu poder e autoridade se ampliaram ainda mais quando os pobres do campo e da cidade, que fugiam dos coletores de impostos ou de bandos armados, passaram a ser colonos dos grandes proprietários. Essa proteção que os proprietários davam aos colonos recebia o nome de patrocínio. Por esse meio, um número cada vez maior de pessoas era subtraído à autoridade do Dominato, motivando as tensões entre o Estado e os Claríssimos. A partir de 360, decretos imperiais proibiram o patrocínio. Com isso, camponeses e grandes proprietários chegaram a ser punidos. Mas toda a ação do Estado nesse sentido foi inútil. A foa descentralizadora dos grandes proprietários contribuía para reduzir o Estado à completa impotência, preparando o caminho para a derrocada final do Império.
 
A queda do Império Romano
 
1. A chegada dos hunos e a ameaça visigótica. As antigas crônicas chinesas mencionavam um povo nômade e guerreiro das estepes asiáticas, denominado Xiong-Nu os hunos. Parentes dos turcos, os hunos ganharam a fama de guerreiros invencíveis. Com seus inseparáveis cavalos, eram também considerados os mais hábeis cavaleiros do mundo. No século IV, apesar da Grande Muralha chinesa, os hunos conquistaram o norte da China. Enquanto isso, outro grupo, o dos hunos ocidentais, rumava para o oeste. Em 370, depois de atravessarem os rios Volga e Don, esses hunos entraram em contato com os ostrogodos, no sul da Rússia, e derrotaram-nos em 375. Os ostrogodos que não aceitaram submeter-se fugiram para o Ocidente e se juntaram aos visigodos. Mas estes, pressionados pelos hunos, inimigos que julgavam incapazes de vencer, suplicaram ao imperador da parte oriental do Império Romano, Valente (364 - 378), a permissão para ingressar em seus domínios. Perto de 200 mil visigodos atravessaram o Danúbio, com autorização imperial, para se instalar no território romano da Ilíria. Foi um erro do imperador. Uma vez em seguraa, os visigodos marcharam em direção ao Mediterrâneo, pilhando o que encontravam pelo caminho. Valente deu-se conta do erro e, confiante, resolveu enfrentar os visigodos em Adrianópolis, em 9 de agosto de 378, mas teve seu exército aniquilado pela cavalaria visigótica e ele próprio foi morto. Felizmente para os romanos, Teodósio (379 - 395), sucessor de Valente, impediu que os visigodos tomassem Constantinopla, foando-os a fazer um acordo pelo qual deveriam instalar-se na Trácia como federados.
 
2. Saque de Roma por Alarico (410). Com a morte de Teodósio em 395, os visigodos, chefiados por Alarico, reiniciaram os ataques, ameaçando Constantinopla. Mediante negociação diplomática, foram desviados para a Grécia, que saquearam e destruíram durante anos, sobretudo Corinto e as cidades do Peloponeso. Em 401, após novas negociações diplomáticas, as autoridades de Constantinopla fizeram com que Alarico fosse para a Itália. Lá chegando, depois de duas tentativas, os visigodos cercaram a cidade de Roma, nela penetrando na noite de 24 de agosto de 410. Durante três dias Roma foi saqueada e incendiada. No dia 27, Alarico evacuou a cidade, levando consigo reféns, entre os quais a irmã do imperador. Tomando a direção sul, destruiu Cápua e atingiu o estreito de Messina. De lá pretendia passar para a Sicília e tomar depois o rumo da África, onde pretendia se fixar. Porém, sua morte súbita, ainda naquele ano, fez os visigodos mudarem de plano.
Enquanto o Império estava ocupado em defender-se dos visigodos, uma série de ondas invasoras se iniciava no norte, o que acabaria resultando na queda do Império Romano Ocidente.
 
3. A primeira onda: a grande invao de 406. No dia 31 de dezembro de 406, em meio a um rigoroso inverno, uma federação informal de tribos germânicas, composta pelos suevos, vândalos e alanos, pressionada pelos hunos, atravessou o Reno e devastou a Gália. Pela brecha aberta entraram em seguida os burgúndios, que se instalaram entre Worms e Spira, na Alemanha atual, e os alanos, que ocuparam a Alsácia.
Em 409, os germânicos daquela federação informal passaram para a Espanha. Essa província era mais pobre do que a Gália e, submetida à pilhagem, nela espalhou-se a fome, que dois anos depois atingiu também os invasores. Sem alternativas, os germânicos viram-se obrigados a negociar com o Império e aceitar a condição de federados. Os suevos se estabeleceram ao norte do rio Douro, os vândalos na região de Sevilha e os alanos no planalto central da Espanha.
 
4. A reconciliação dos visigodos. Alarico teve como sucessor Ataulfo, seu cunhado, que procurou reconciliar os visigodos com o Império. Depois de demonstrar sua lealdade aos romanos combatendo um rival de Honório (395 - 423), imperador do Ocidente, os visigodos foram admitidos como federados na Aquitânia, no sul da Gália. Ataulfo foi assassinado por um de seus criados em 415 e sucedido por Wallia, que reafirmou lealdade a Roma.
A partir de 415, o Império se conformou com a presença germânica em seu território e procurou incorporá-los, colocando-os a seu serviço, como outrora fizera com tanto sucesso nas províncias.
 
5. A desintegração do Império Romano do Ocidente. A partir de 406, com a grande invao, a unidade do Império Romano do Ocidente encontrava-se seriamente comprometida. Depois de se instalarem na Espanha e serem admitidos como federados, os vândalos romperam o tratado com o Império e reiniciaram seu movimento expansionista. Chefiados por Genserico, um rei enérgico, os vândalos – os únicos bárbaros que possuíam uma frota – cruzaram o estreito de Gibraltar em 429 e chegaram dez anos depois a Cartago, estabelecendo um extenso domínio no norte da África.
Os visigodos, que haviam ocupado a Aquitânia, expandiram o seu domínio para a Espanha (418). Os burgúndios (nome do qual veio Borgonha) penetraram na Gália, no rastro da grande invao de 406, e se estabeleceram na Sabóia, incorporando a partir de 458 os vales do Saona e do Ródano, fundando aí o seu reino.
Esses invasores germânicos, teoricamente federados e obedientes a Roma, haviam estabelecido, na realidade, domínios soberanos e independentes. A unidade imperial do Ocidente tornara-se, de fato, uma ficção.
Contudo, essa primeira onda invasora germânica foi levada a cabo por povos que haviam sofrido forte influência romana. Não tinham, por esse motivo, o objetivo de destruir o Império. Esse fato foi demonstrado por ocasião dos perigosos ataques desferidos pelos hunos.
 
6. A invao dos hunos no Ocidente. Depois de terem atacado os germânicos na Europa oriental, provocando a grande invao de 406, os hunos se estabeleceram na região atual da Hungria, na bacia do Danúbio. O Império do Oriente temia ser atacado e, para prevenir essa eventualidade, Constantinopla comprou a paz, literalmente a peso de ouro, entregando 6 mil libras desse metal aos hunos, em 443. Em 450, tendo à frente um imperador com maior firmeza, Marciano (450 - 457), Constantinopla recusou-se a renovar o pagamento daquele tributo.
Desde 439, os hunos eram governados por um rei de forte personalidade, chamado Átila. Por razões desconhecidas, sob sua lideraa os hunos renunciaram às suas pretensões no Oriente e decidiram invadir o Ocidente. Assim, pela segunda vez, o Império Romano do Oriente se salvou à custa do Império Romano do Ocidente.
Contra esses invasores asiáticos formou-se no Ocidente uma forte coligação romano-bárbara. Quando os hunos chegaram à Gália, em 451, eram esperados por esse exército de foas conjugadas, que incluía alanos, burgúndios, francos, saxões e visigodos – os aliados bárbaros de Roma.
Repelidos da Gália, os hunos, depois de refazer as suas foas, voltaram à Itália, em 452, sitiando, destruindo e saqueando suas cidades. Caminharam diretamente para Roma, cujos habitantes entraram em pânico. Para incredulidade geral, o papa Leão I, o Grande (440 - 461), tomou a iniciativa de negociar com Átila, ao qual ofereceu uma enorme riqueza para abster-se do ataque a Roma. Para surpresa de todos, Átila aceitou a oferta e se retirou da Itália. Dois anos depois, quando se preparava para novas campanhas no Oriente, sofreu morte súbita na noite de núpcias de mais um de seus casamentos. Com a morte de Átila, a unidade dos hunos se desintegrou.
 
7. A queda de Roma. A união temporária romano-bárbara contra os hunos não eliminou a instabilidade interna em que se encontrava a parte ocidental do Império. Em 476, um grupo de bárbaros composto por hérulos e godos, que serviam como mercenários em Roma, estava reivindicando o estatuto de federados, o que lhe daria o direito de obter terras e, aos chefes, o direito de receber tributos. Diante da negativa imperial, um desses chefes, Odoacro, um hérulo, tomou a iniciativa de derrubar o fraco imperador Rômulo Augústulo (475 - 476) e assenhoreou-se da Itália, coroando-se rei. Desaparecia, assim, o Império Romano do Ocidente.
 
8. Os fatores da queda de Roma. Desde a morte de Teodósio, em 395, as duas partes do Império ocidental e oriental   foram se diferenciando. Essa diferença era particularmente notável em relação à capacidade de defesa diante das ameaças germânicas. Exemplo disso foi a incapacidade do Ocidente romano de livrar-se da crescente importância dos germânicos nas foas armadas. Constantinopla conseguiu afastar os germânicos do comando e retomou o controle sobre o exército. Em Roma, ao contrário, o exército permaneceu estruturalmente germanizado, apesar dos esfoos em contrário.
Um dos fatos decisivos para a queda de Roma foi a amplitude das fronteiras do Ocidente romano, o que impossibilitava que fossem totalmente guarnecidas. Para sua infelicidade, ocorreu também que as migrações germânicas tomaram clara e decididamente a direção ocidental. Nesse ponto, a divisão do Império consumada por Teodósio foi altamente negativa para o Ocidente, pois a defesa dos ataques germânicos contra o Ocidente não contou com uma ação coordenada diante de um inimigo comum. Para piorar a situação, a parte oriental, encabeçada por Constantinopla, usava meios diplomáticos para desviar os germânicos para o Ocidente, como aconteceu com os visigodos.
Desde o tempo de Teodósio (378 - 395), a pressão germânica sobre o Ocidente não parou de crescer. Naturalmente, para fazer frente às ameaças externas, Roma viu-se na contingência de assegurar a arrecadação de impostos. Porém, a sua base econômica debilitada suportava cada vez menos o ônus da defesa. Como conseqüência, o peso da situação foi minando gradualmente a parte ocidental, acarretando um grave processo de decomposição. Assim, Roma viu-se num terrível círculo vicioso: as incursões germânicas desorganizavam a economia, reduzindo a capacidade dos romanos de pagar impostos e, em conseqüência, enfraqueciam o poder militar do Estado. Paralelamente, outro fator, não menos importante, atuava contra a parte ocidental: à medida que o Estado se enfraquecia, a nobreza latifundiária, muitas vezes aliada aos chefes militares, refoava a sua autonomia, aprofunda aprofundando a debilidade do governo imperial. Tudo isso ocorria no exato momento em que as ameaças germânicas requeriam, mais do que nunca, uma ação coesa e coordenada do Estado. Essa desintegração interna do Império Romano do Ocidente contribuiu decisivamente para o êxito dos ataques germânicos. A facilidade com que Odoacro se apossou de Roma, depondo Rômulo Augústulo em 476, mostrou a extrema vulnerabilidade a que havia chegado o Império Romano do Ocidente.
 
9. O fim do mundo antigo e o início da Idade Média.  A metade oriental do Império Romano sobreviveu até 1453. Desapareceu, portanto, 977 anos depois da queda de Roma e da fundação do reino de Odoacro na Itália, em 476. Nessa última data, segundo os historiadores, terminou o mundo antigo e teve início a era medieval. Esta situa-se entre a queda de Roma (476) e de Constantinopla (1453), isto é, entre o fim do Império Romano do Ocidente e o fim do Império Romano do Oriente, também chamado Império Bizantino.
Quando Roma desapareceu como centro do Império, ainda sobrevivia no Mediterrâneo oriental uma grande civilização da Antiguidade, a dos persas, que a partir de 226 constituiu o Império Sassânida. Este, juntamente com o Império Romano do Oriente, representava a continuidade do mundo antigo.
Já na parte ocidental, com achegada dos germânicos, iniciou-se um longo processo de fusão entre estes e a tradição romana, que só iria ganhar contornos precisos com a constituição do feudalismo, a partir do século IX.
A região do Mediterrâneo, que era o centro em torno do qual girava o mundo antigo, não havia sofrido, apesar da invao germânica, uma ruptura com a Antiguidade. Esta ocorreu, efetivamente, a partir de meados do século VIII, com a expansão árabe-islâmica. Os árabes representaram um dado completamente novo no cenário mediterrânico. Sua inesperada irrupção levou de roldão o Império Sassânida, pondo fim a uma história de doze séculos da antiga Pérsia, e conquistou também dois terços dos territórios do Império Bizantino. Foram, portanto, os árabes que alteraram por completo o quadro político vigente até então no Mediterrâneo, colocando um ponto final na história do mundo antigo.

Como Surgiu Roma
    Na Antiguidade, a península Itálica era dividida em várias regiões, habitadas por diferentes povos. Foi em uma dessas regiões em que Roma foi fundada e de onde, posteriormente, expandiu seus domínios, conquistando toda a península e outras áreas do mundo antigo.
    Por volta do segundo milênio antes de Cristo, o latinos findaram varias aldeias na proximidade do rio Tibre, entre elas, Roma. Posteriormente, os etruscos invadiram e conquistaram as regiões do Lácio. Durante o domínio etrusco, Roma consolidou-se como cidade e expandiu seus domínios pelo mundo inteiro.

Lenda do Surgimento de Roma

   Uma antiga lenda conta que Roma foi fundada por dois irmãos gêmeos, chamados Rômulo e Remo. Eles eram netos do rei Numitor, de Alba Longa, que foi Destronado
    Ainda Recém-nascidos, Rômulo e Remo foram colocados dentro de um cesto e abandonados no rio Tibre. Levado pela correnteza, o cesto com os irmãos parou junto ao monte Palatino. Ali, eles foram encontrados por um estranha loba, que os amamentou. Depois conta a lenda, que um pastor nomeado de Faustolo acolheu-as e cuidou de sua educação
    Quando adultos, Rômulo e Remo reconquistaram o trono de Alba Longa paras eu Avô. Receberam, então, premissão para fundar Roma na região onde a loba encontrou-os. Mas surgiu uma disputa entre os irmãos, para saber quem iria reinar Roma. Por causa disso Rômulo matou Remo e tornou-se o rei da cidade fundada em 753a.C.

Pão e Circo
   
    Foi uma idéia genial (para os ricos) para enganar os pobres, eles distribuiam comida (pão) e diversos espetáculos públicos (circo). Eram tantas festas que o calendário Romano chegou a ter 175 feriados.
    Umas das diversões eram lutas com animas ou entre gladiadores. Gladiadores eram prisioneiros de guerra ou escravos treinados em escolas especiais de luta (ludus gladiatorius). Eles eram obrigados a lutar até que o adversário caísse morto ou ferido, nesse caso, o gladiador ferido que estava no chão implorava pela vida. Se o imperador apontasse o polegar para cima o gladiador merecia viver, se ele apontasse o polegar pra baixo o gladiador vencido era morto. Um dos anfiteatros masi usados para espetáculos violentos era o Coliseu, que tinha lugar para 90 mil pessoas.
Localização Geográfica
 
     Roma localizava-se na região do Lácio,perto do rio Tibre e   na Itália Central.
    A Penínsual Itálica era formada pela Itália do Norte, do Sul, Italia Central e Insular. Que era habitada pelos seguintes povos:
    -    Italiotas - Chegaram por volta do 2º milênio a.C. e ocuparam a Itália Central, tinha várias tribos coma dos latinos.
    -    Etruscos - Chegaram o século XIII a.C. e ocuparam a Itália central e depois expandiu seus territórios até o norte.
    -    Gregos - Chegaram no século XIII a.C. e ocuparam a Itália do Sul durante o movimento de colonização grega.
Fonte: CulturaBrasil

Fundação de Roma


Loba capitolina: Segundo a lenda, o animal teria amamentado os gêmeos Rômulo e Remo.
A data da fundação de Roma é, a rigor, desconhecida. Durante o reinado de Augusto, o historiador Marco Terêncio Varrão (116 a.C.-27 a.C.) estabeleceu a data como 21 de abril de 753 a.C..[1] Embora a data exata seja desconhecida, há consenso entre os historiadores de que a cidade teria sido fundada no século VIII a.C.
Os romanos elaboraram um complexo conto mitológico sobre a origem da cidade e do estado, que se uniu à obra histórica de Tito Lívio e à obra poética de Virgílio e Ovídio, todos da era de Augusto. Naquela época, as lendas oriundas de textos mais antigos foram trabalhadas e fundidas num conto único, no qual o passado mítico foi interpretado em função dos interesses do império.
Os modernos estudos históricos e arqueológicos, que se baseiam nestas e em outras fontes escritas, além de objetos e restos de construções obtidos em vários momentos das escavações, tentam reconstruir a realidade que existe no conto mítico, no qual se reconhecem alguns elementos de verdade.

A lenda

Os mitos e as lendas são importantes fontes para conhecermos a história de Roma. O poeta romano Virgílio e o historiador Tito Lívio encarregaram-se de imortalizar a lenda que narra a fundação de Roma. Segundo essa lenda, Roma foi fundada por Rômulo, cuja origem remonta à guerra de Troia.

A fuga de Troia

Eneias abandona Troia em chamas,
Federico Barocci, 1598, Galleria Borghese, Roma.
Na Eneida de Virgílio e na Ab Urbe condita libri de Tito Lívio, Eneias, filho da deusa Vênus, foge de Troia, derrotada pelos aqueus, com seu pai Anquises e seu filho Ascânio, enquanto sua mulher Creúsa, filha do rei Príamo, desaparece enquanto deixam a cidade. Quando Eneias se dirige à Itália, uma tempestade atinge o navio, por desejo de Juno, e o obriga a aportar em Cartago, onde é recebido por Dido, rainha da cidade.

Eneias em Cartago

Durante um banquete em sua homenagem, Eneias começa a contar suas aventuras: a queda de Troia, o estratagema do cavalo e a fuga com o pai e o filho. Depois que fogem, refugiam-se no monte Ida, onde permaneceram durante o inverno à espera da construção de uma frota, partindo em seguida para uma nova pátria.
No fim de sua narrativa, Dido está apaixonada por Eneias, porque Vênus substituiu o filho dele por Cupido, que acerta Dido com uma de suas flechas. Dido pede a Eneias que permaneça com ela e reine em Cartago. Eneias e seus companheiros, depois de ficarem um ano em Cartago, partem por ordem de Júpiter para o Lácio. Dido, vendo ao longe os navios de Enéias, maldiz a estirpe troiana e se suicida.

Eneias chega ao Lácio

Depois de várias peregrinações no Mediterrâneo, Eneias aporta no Lácio, como sua mãe previra, dizendo que fundaria uma cidade na pátria de Dárdano (seu antepassado que, segundo a lenda, havia fundado Troia). No Lácio, Eneias é acolhido amavelmente pelo rei Latino, que lhe oferece sua filha Lavínia em casamento. Entretanto, a princesa já tinha sido prometida a Turno, rei dos rútulos.
A disputa pela mão da jovem torna-se uma verdadeira guerra, da qual participam as várias populações itálicas, compreendendo etruscos e volscos. Eneias se alia a algumas populações gregas provenientes de Argos e estabelecidas na cidade de Palante, sobre o monte Palatino, reino do árcade Evandro e de seu filho Palante. A guerra é sangrenta, Palante morre logo, atingido por Turno e, para evitar mais vítimas, a disputa entre Eneias e Turno deve resolver-se em um combate entre os dois comandantes e pretendentes. Eneias mata Turno, casa-se com Lavínia e funda a cidade de Lavínio (Lavinium), a atual Pratica di Mare).

Alba Longa

Trinta anos mais tarde, Ascânio funda uma nova cidade, Alba Longa, sobre a qual reinam seus descendentes. Cerca de 400 anos depois, o filho e legítimo herdeiro do décimo-segundo rei de Alba (Procas), Numitor, é deposto pelo irmão Amúlio. Com medo de perder o trono para os descendentes de Numitor, Amúlio matou seu sobrinho Lauso e obrigou sua sobrinha, Reia Sílvia, à virgindade perpétua, tornando-a Vestal (sacerdotisa virgem, consagrada à deusa Vesta).[2] e a fazer voto de castidade. No entanto, é fecundada e, para atenuar sua falta, diz que foi seduzida pelo deus Marte (deus romano da guerra); Réia deu a luz aos gêmeos Rômulo e Remo.

O nascimento de Rômulo e Remo

Amúlio, para punir Reia Sílvia, a prende em um calabouço e por medo destes heróis, filhos de um deus, quererem tomar seu lugar, mandou um servo executá-los, mas o servo encarregado não tem coragem de fazê-lo e os abandona em uma cesta no rio Tibre. Ora, é primavera, período de cheias em que o rio sai de seu leito. O servo deposita o cesto que contém os bebês nas águas do rio que sobe e elevam o cesto. Quando as águas da cheia recuam, este fica em terra, ao pé do Palatino. Atraída pelo choro dos recém-nascidos, uma loba sai do bosque e os encontra. Como ela acabou de perder seus filhotes, ofereceu suas tetas às crianças e, como fez com seus filhotes, os lambe com sua longa língua. Algum tempo depois, um pastor de ovelhas chamado Fáustulo encontrou os meninos e levou-os para casa, onde sua mulher Aca Laurência os criou.
Rômulo e Remo cresceram na cabana de seus pais adotivos. A caça dos animais selvagens, a corrida e os exercícios físicos enrijeceram seus corpos e suas almas. Tinham como companheiros pastores e, com eles, atacavam os salteadores de passagem para roubar-lhes seus espólios.
Acusado de roubo, Remo foi capturado e levado à presença do rei Amúlio. Fáustulo, o pastor, resolveu então contar a Rômulo a história de sua origem. Rômulo foi até Alba Longa, libertou seu irmão, matou Amúlio, devolveu o trono a seu avô Numitor e à sua mãe as honras que lhe eram devidas.

Roma: a nova cidade

Os gêmeos compreenderam que não havia futuro para eles em Alba Longa. Acompanhados de todos os indesejáveis da cidade, voltaram para o local onde foram abandonados e decidiram então fundar uma cidade. Rômulo quer chamá-la Roma e edificá-la sobre o Palatino, enquanto Remo deseja batizá-la como Remora e fundá-la sobre o Aventino. É o próprio Tito Lívio quem se refere às duas versões de maior credibilidade dos fatos:
"Como eram gêmeos e o respeito à progenitura não podia funcionar como critério eletivo, cabia aos que protegiam aqueles lugares indicar, através dos auspícios, quem seria escolhido para dar o nome à nova cidade e reinar depois da fundação. Assim, para interpretar os auspícios, Rômulo escolheu o Palatino e Remo escolheu o Aventino. O primeiro presságio teria cabido a Remo. Como Rômulo estava afastado quando o presságio foi anunciado, os respectivos grupos proclamaram um e outro como reis ao mesmo tempo. Uns sustentavam que tinham direito ao poder com base na prioridade no tempo, outros com base no número de pássaros vistos. Surgiu assim uma discussão e da luta raivosa de palavras se passou ao sangue: Remo, golpeado na cabeça, caiu por terra. É mais notável a versão segundo a qual Remo, para surpreender o irmão, teria escalado os muros recém-construídos (pomerium), e Rômulo, com raiva, teria ameaçado com estas palavras: "Assim, de agora em diante, morra quem escalar os meus muros". Deste modo, Rômulo se apossou sozinho do poder e a cidade fundada tomou o nome do fundador."
Segunda a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C.

História e arqueologia

Todos os historiadores romanos referiram-se à loba cuidando dos gêmeos. Os relatos de Tito Lívio, Plutarco e de Dionísio de Halicarnasso, se inspiram em fragmentos da obra de Helânico de Mitilene, autor grego do século V a.C., que já falava de Rômulo. Alguns desses autores tentaram encontrar interpretações racionais para explicar detalhes tidos como improváveis. É assim que a loba que salvou os gêmeos é reinterpretada. Os romanos designam pela mesma palavra, lupa, a fêmea do lobo e a prostituta. Por isso, os historiadores afirmam que na realidade a ama dos gêmeos teria sido Aca Laurência, mulher do pastor Fáustulo, que teria exercido o ofício de prostituta. A fantástica lenda do animal que os socorre teria surgido, portanto, da ambiguidade da palavra lupa.
Os primeiros habitantes de Roma, os latinos e os sabinos, pertenciam ao grupo de populações indo-europeias originárias da Europa Central.[3] Vieram a Itália em ondas sucessivas chegando a se estabelecer em meados do 2º milênio a.C.[3] Latim Vetus era o antigo território dos latinos, atualmente o sul do Lácio.
Com os latinos e sabinos, os vênetos, que se estabeleceram ao norte da península,[3] os umbros, oscos, tadiates, tadinates, ausônios, samnitas, lucanos, rútulos, picenos, bretões, etc. na Itália Central,[3] os sículos, sicanos e elimos na Sicília, forma-se um agrupamento denominado itálico ou italiota.[3] Suas línguas, das quais derivou o latim, têm origens comuns.[3] Entre os séculos X e VIII a.C., a população da Península Itálica consistia em dois grupos itálicos principais: os osco-úmbrios e os latinos. Todos praticavam a incineração de seus mortos.[3] Em contrapartida, os lígures, que os precederam na Itália do norte durante o neolítico,[3] praticavam o enterro de defuntos.[3] Outro povo indo-europeu chegou a região no século XII a.C., os aqueus, que se dispersaram por diversas regiões do Mediterrâneo após sua civilização (Civilização Micênica) ser destruido na Grécia. Dois outros povos, ocuparam o resto da península nos séculos posteriores: os etruscos (que não eram indo-europeus) instalados ao norte do Tibre[3] e os colonos gregos na Campânia e na Itália Meridional.[3]
Mapa com as Sete colinas de Roma.
A ocupação das colinas de Roma remonta aos primórdios do 1º milênio a.C.[3] A descoberta de fossas de incineração no Forum romano e no Palatino prova que aldeias existiam no lugar de Roma desde o século X a.C.[3] As urnas funerárias etruscas em forma de cabanas redondas reproduzem as choupanas dos habitantes das colinas no início da Idade do Ferro.[3] Antes do século VIII a.C., existiam, portanto, aldeias dispersas nas colinas e eram ocupadas por latinos.[3] Em caso de perigo, os habitantes desses vilarejos se confederavam para enfrentar os inimigos.[3]
Os latinos originalmente ocupavam os Colli Albani (colinas Albanas), atual Castelli, entre 30 e 80 quilômetros a sudeste do monte Capitolino. Mais tarde se mudaram em direção aos vales, que tinham terras melhores para o gado e a agricultura.
Na época clássica,[3] os romanos festejavam no mês de dezembro,[3] mais especificamente no dia 11, o Septimontium[3], que inicialmente foi considerado como relacionado a fundação da cidade.[3] Mas, como 21 de abril é a única data de fundação comum a todas as lendas, surgiu recentemente a argumentação de que Septimontium estava mais provavelmente associada a arcaica liga Septimontiale (Septimontium ou Septomoncial) que agrupava as comunidades latinas dos sete montes, o monte Palatino (Palatual e Germal), o Velia, o Cispis, o Fugutal, o Oppius e o Caelius.[3] Eram excluídas da liga as colinas do Quirinal, do Viminal, do Capitólio e do Aventino.[3] Essas colinas tinham nomes expressivos: Celio era chamada Querquetulanus, de quercus (carvalho), enquanto Fagutal aponta para florestas de nozes, de fagus = noz.
Uma federação semelhante foi celebrada pelos latinos em Cave (uma vila ao sudeste de Roma) ou no Monte Cavo (em Castelli).
Embora estudos recentes sugiram que o Quirinal era a colina mais importante nos tempos antigos, parece que a primeira colina a ser habitada foi o Palatino (confirmando, portanto, a lenda), que era também o centro da Roma antiga. Seus três picos, colinas menores (Palatino, Viminal e Germal), unidos aos três picos do Esquilino (Oppius, Cispius e Fagutal) e às vilas sobre a colina Celio e Suburra (entre o atual monte Rione e a colina Oppius), juntaram-se a eles.
Aos etruscos que se estabeleceram na região no século VI a.C. muitas vezes foi creditado a construção da cidade propriamente dita.[3] No entanto, as recentes descobertas arqueológicas desmentem à tese da fundação etrusca de Roma.[3] Descobertas recentes revelam que Germal, na parte norte do Palatino, mais precisamente no Fórum Romano, era o local de uma vila (datada do século IX a.C.) com choupanas circulares ou elípticas. Era protegida por uma muralha de terra (talvez reforçada por madeira) eregida no século VIII a.C., e é provável que este seja o local real da fundação de Roma. Na localidade desta vila foram descobertos três recintos sucessivos sobrepostos.[3] A mais recente das muralhas do recinto datam dos séculos VII - VI a.C.[3] sendo que as outras duas mais antigas são dos séculos VIII - VII a.C.[3]
Outros vestígios descobertos no Palatino permitem hoje aos arqueólogos afirmar que a primeira cidade de Roma, propriamente dita, remonta ao século VIII a.C.[3] dando a parecer que a vila encontrada em Germal seja a vila que originou Roma. Esses fatores provam os relatos dos historiadores romanos de outrora.[3]
O território dessa vila era cercado por uma fronteira sagrada chamada Pomério, que enclausurava a chamada Roma Quadrata (Roma Quadrada). Esta teria sido ampliada com a inclusão do Capitolino e da ilha Tiberina no tempo em que Roma se tornou uma cidade fortificada. O monte Esquilino era uma vila-satélite que foi incorporada no tempo da expansão por Sérvio Túlio.
De acordo com o historiador Francis Owen, em "Os povos germânicos", o povo que colonizou Roma pode ter imigrado de fora da península Itálica, possivelmente derivado do mesmo grupo que formou os celtas ou germânicos. Traços da população fundadora seriam evidentes na aparência da aristocracia na época da República. Segundo Owens, as evidências disponíveis na literatura romana, nos registros históricos, nas estátuas e nos nomes de pessoas mostram que, na aparência física, a aristocracia romana diferia da maioria da população do resto da península. Os registros descrevem uma grande quantidade de personalidades históricas como louras. Adicionalmente, 250 indivíduos são registrados com o nome de Flavius, que significa "loiro", e há muitos chamados Rufus e Rutilius, que significam cabelo vermelho ou avermelhado. Os deuses romanos seguintes são citados como tendo cabelos loiros: Cupido, Apolo, Aurora, Baco, Ceres, Diana, Júpiter, Marte, Minerva e Vênus.[4]

Localização

Roma no ano de sua fundação, 753 a.C.
Roma cresceu na margem esquerda do rio Tibre, a cerca de 25 quilômetros de sua foz[5], num trecho navegável do rio, portanto com acesso fácil ao mar Tirreno. Tinha as vantagens de uma posição ao mesmo tempo marítima e do interior. No interior tinha a proteção contra os piratas e o fácil acesso ao mar lhe trazia a facilidade do comércio marítimo[5]. A historiadora Maria Beatriz Florenzano confirma essa ideia: "Situada no vale inferior do Tibre, Roma tinha uma grande vantagem: realizava-se ali a junção de várias vias naturais de comunicação com todas as regiões vizinhas e em especial com a Magna Grécia e a Etrúria. (...) esta posição geográfica permitia o contato cultural e a recepção de influências de todos os lados".
A escolha do local de Roma foi justificado de diversas formas. Tito Lívio e Plutarco levaram em conta a razão emocional (sentimentalismo dos irmãos em homenagear a loba) enquanto Cícero levou em conta as vantagens geográficas. Roma está estabelecida ao pé das colinas Albanas que constituem uma defesa natural e numa planície suficientemente afastada do mar, de modo que a cidade não tinha a temer inscursões dos piratas.
A área em torno do rio Tibre era particularmente favorável e oferecia recursos estratégicos notáveis, já que o rio era uma fronteira natural de um lado, enquanto as colinas do Capitólio e do Palatino, relativamente escarpadas, ofereciam cidadelas naturais facilmente defensáveis. Essa posição teria capacitado os latinos a controlar o rio (bem como o tráfego comercial e militar sobre ele), do ponto natural de observação na ilha Tiberina.
O maior triunfo de Roma é o de ter sido edificada às margens do Tibre, no local onde foi depois construída a primeira ponte que permitia passar da margem esquerda para à direita. O rio desempenhou papel fundamental no desenvolvimento econômico romano porque todas as mercadorias que provinham do mar tinham de subir pelo curso do rio para serem dirigidas quer para a Etrúria, quer para a Campânia grega (Magna Grécia), quer para o Lácio Central (Sabinun e regiões adjacentes). Os romanos dominavam o tráfego terrestre, uma vez que Roma estava na intersecção das principais rodovias do interior italiano. Uma das estradas que parte do norte de Roma, a via Salária, relembra o papel de Roma no abastecimento, no interior da Itália, de sal, mercadoria essencial para a conservação de alimentos. Tinha ainda a vantagem de ficar numa região central onde encontravam-se etruscos, sabinos e latinos[5].

A data de fundação de Roma

Durante a República Romana, muitas datas foram atribuídas à fundação da cidade, no intervalo entre 758 a.C. e 728 a.C.. Finalmente, no Império Romano, a data sugerida por Marco Terêncio Varrão (116 a.C. - 27 a.C.) foi considerada a oficial, mas nos Fasti Capitolini o ano é 752 a.C.. Embora o ano varie, todas as versões concordam que o dia é 21 de abril, data do festival de Pales, deusa do pastoreio. O calendário romano ab urbe condita, porém, começa com a data de Varrão (753 a.C.)
Entre a data convencional da Guerra de Troia (1182 a.C.) e a data aceita para a fundação de Roma (753) há um intervalo de quatro séculos, razão pela qual os romanos, durante a República, criaram a lenda da dinastia dos reis de Alba Longa, de forma a preencher o vazio de 400 anos entre Eneias e Rômulo. Os vestígios arqueológicos, no entanto, demonstram que Lavínio, Alba Longa e Roma no seu início são contemporâneas.[6]

O nome de Roma

O nome da cidade é geralmente relacionado com Rômulo, mas há outras hipóteses. Alguns sugeriram a palavra etrusca "rhome", com o significado de "duro", cognata com a palavra grega "ρώμη, rhōmē'’, força, vigor.[7]
Outros mencionam a Mitologia Romana, na qual se supõe que o nome se refere ao filho de Eneias ou Evandro. O estudioso basco Manuel de Larramendi pensa que a origem é a palavra basca "orma" (basco moderno "horma" = muro).
Roma é também chamada Urbs, nome que (no latim tardio geralmente significa qualquer cidade) veio de urvus, vala cavada por uma enxada, no caso a que foi aberta por Rômulo para marcar os limites da cidade.
Todo ano, no monte Capitolino, na noite de 21 de abril, um sino especial chamado Patarina toca do Campidoglio para comemorar a fundação de Roma. Na ocasião, o famoso canhão do Janículo permanece em silêncio, único dia do ano em que ele não soa.
Fonte: Wikipédia


Império Romano

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
































































Império Romano (em latim: Imperium Romanum) foi um um Estado que se desenvolveu a partir da península Itálica, durante o período pós-republicano da antiga civilização romana, caracterizado por uma forma autocrática de governo e de grandes propriedades territoriais na Europa e em torno do Mediterrâneo.[3]
Os 500 anos de idade da República Romana que o precedeu, foram enfraquecidos e subvertidos por várias guerras civis.[nota 2] Muitas datas são comumente propostas para marcar a transição da república ao império, incluindo a data da indicação de Júlio César como ditador perpétuo (44 a.C.), a vitória de seu herdeiro Otaviano na Batalha de Áccio (2 de setembro de 31 a.C.), ou a data em que o senado romano outorgou a Otaviano o título honorífico Augusto (16 de janeiro de 27 a.C.).[nota 3] Assim, Império Romano tornou-se a designação utilizada, por convenção, para referir ao Estado romano nos séculos que se seguiram à reorganização política efectuada pelo primeiro imperador, César Augusto. Embora Roma possuísse colónias e províncias antes desta data, o Estado pré-Augusto é conhecido como República Romana.
A expansão romana começou na época da república, mas o império alcançou sua maior extensão sob o imperador Trajano: durante o seu reinado o Império Romano controlava aproximadamente 6,5 milhões de km² da superfície terrestre.[4] Por causa da vasta extensão do Império e sua longa duração, as instituições e a cultura de Roma tiveram uma profunda e duradoura influência sobre o desenvolvimento dos idiomas, religião, arquitetura, filosofia, direito e formas de governo nos território governados, particularmente a Europa e, por meio do expansionismo europeu, em todo o mundo moderno.
No final do século III, Diocleciano estabeleceu a prática de dividir a autoridade entre quatro co-imperadores, a fim de melhor proteger o vasto território, pondo fim à crise do terceiro século. Durante as décadas seguintes o império era frequentemente dividido ao longo de um eixo Ocidental/Oriente. Após a morte de Teodósio I em 395, o império foi dividido pela última vez.[5] O Império Romano do Ocidente caiu em 476 quando Rômulo Augusto foi forçado a abdicar ao chefe militar germânico Odoacro.[6] O Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, em 1453 terminou com a morte de Constantino XI e da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos liderados por Mehmed II.[7]

Definição e conceito

As duas datas indicadas como início (27 a.C.) e fim (395) convencionais de um Império Romano unitário, como frequentemente sucede em definições de períodos históricos, são puramente arbitrários. Em particular por três razões: seja porque não houve jamais um fim verdadeiro e formal da res publica romana, cujas instituições jamais foram abolidas, mas simplesmente transferido o poder efetivo ao imperador; seja porque, nos 422 anos desse intervalo, se sucederam duas fases de organização e legitimação do poder imperial profundamente diferentes, o principado e o dominato; seja porque, mesmo depois da divisão do império em duas partes, as instituições continuaram a sobreviver, uma até a deposição do último césar do Ocidente, Rômulo Augusto, em 476 (ou mais precisamente até a morte do seu predecessor, Júlio Nepos, que se considerava ainda imperador), a outra se perpetuando por mais um milênio na entidade mais tarde chamada, por convenção, de Império Bizantino. O ano de 476 foi considerado, por convenção, como data de passagem entre a Antiguidade e a Idade Média.
Os historiadores fazem a distinção entre o principado, período que vai de Augusto até a crise do terceiro século e o domínio ou dominato, que se estende de Diocleciano até a queda do Império Romano do Ocidente. Durante o principado (do latim princeps, "primeiro"), a natureza autocrática do regime era velada por designações e conceitos da esfera republicana, manifestando os imperadores relutância em se assumir como poder imperial. No dominato (de dominus, "senhor"), pelo contrário, estes últimos exibiam claramente os sinais do seu poder, usando coroas, púrpuras e outros ornamentos simbólicos do seu status.
Ainda que não tenha sido o mais vasto império que existiu, título que pertence ao Império Mongol, o Império Romano é considerado o maior em termos de gestão e qualidade do território, de organização sociopolítica e de importância da marca deixada na história da humanidade. Em todos os territórios do império, os romanos construíram estradas, cidades, pontes, aquedutos, fortificações, exportando assim o seu modelo de civilização e, com o tempo, assimilando as populações e civilizações sujeitadas, em um processo tão profundo que, por séculos após o fim do império, estes povos continuaram a definir-se romanos. A civilização nascida sobre as margens do Tibre, crescida e difundida na época republicana e desenvolvida plenamente na época imperial, está na base da atual civilização ocidental.
Além do Império Romano do Oriente, único Estado sucessor a pleno título do Império Romano, outras entidades estatais reivindicaram esse título: no ocidente, o Reino Franco e o Sacro Império Romano-Germânico e, no oriente, o Império Búlgaro primeiro e depois o Império Russo dos czares, que continuaram a usar os títulos adotados do Império Romano. Ainda hoje, muito das instituições políticas, sociais e jurídicas no mundo inteiro se inspiram na Roma antiga.

História

Animação ilustrando a evolução territorial do Império Romano.
██ Herdando territórios do Império Bizantino
O império surgiu como consequência do esforço da defesa da cidade em relação às outras cidades vizinhas, e da expansão crescente da República Romana durante os séculos III e II a.C.. Segundo alguns historiadores, a população sob o domínio de Roma aumentou de 4 milhões em 250 a.C. para 60 milhões em 30 a.C., o que ilustra como Roma teve o seu poder ampliado nesse período, de 1,5% da população mundial, para 25%.
Nos últimos anos do século II a.C., Caio Mário transformou o exército romano num exército profissional, no qual a lealdade dos soldados de uma legião era declarada ao general que a liderava e não à sua pátria. Este facto, combinado com as numerosas guerras que Roma travou nos finais da República (invasão dos Cimbros e Teutões, Guerras Mitridáticas, entre outras, a culminar nas guerras civis do tempo de Júlio César e Augusto) favoreceu o surgimento de uma série de líderes militares (Lúcio Cornélio Sula, Pompeu, Júlio César), que, apercebendo-se da força à sua disposição, começam a utilizá-la como meio de obter ou reforçar o seu poder político.
As instituições republicanas encontravam-se em crise desde o princípio do século I a.C., quando Sula quebrou todas as regras constitucionais ao tomar a cidade de Roma com o seu exército, em 82 a.C., para se tornar ditador vitalício em seguida. Sula renunciou e devolveu o poder ao senado romano, mas no entanto, o precedente estava lançado.
Esta série de acontecimentos culminou no Primeiro Triunvirato, um acordo secreto entre Júlio César, Pompeu e Crasso. Tendo este sido desfeito após a derrota de Crasso em Carrhae (atual Harã) (53 a.C.), restavam dois líderes influentes, César e Pompeu. Como Pompeu estava no lado do senado, este declarou César "inimigo de Roma", ao que César respondeu, atravessando o Rubicão e iniciando a Guerra Civil. Tendo vencido Pompeu em Farsália (agosto 48 a.C.) e as restantes forças opositoras em Munda (45 a.C.), tornou-se efectivamente a primeira pessoa a governar unipessoalmente Roma, desde o tempo da Monarquia. O seu assassinato pouco tempo depois (março 44 a.C.), às mãos dos conspiradores liderados por Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino, terminou esta primeira experiência de governo unipessoal do Estado romano.
Por esta altura, já a república tinha sido decisivamente abalada, e após a derrota final dos conspiradores, o surgimento do Segundo Triunvirato, entre Otaviano, Marco António e Lépido, e a sua destruição na guerra civil seguinte, culminando na decisiva Batalha de Áccio (31 a.C.), deixou Otaviano como a única pessoa com poder para governar individualmente Roma, tornando-se efectivamente no primeiro imperador romano, fundando uma dinastia (Júlio-Claudiana) que só a morte de Nero (68 d.C.) viria a terminar.
Uma vez que o primeiro imperador, César Augusto, sempre recusou admitir-se como tal, apresentando-se sempre como defensor das instituições republicanas, é difícil determinar o momento em que o Império Romano começou. Por conveniência, coloca-se o fim da República em 27 a.C., data em que Otaviano adquiriu o cognome César Augusto e começou, oficialmente, a governar sem parceiros. Outra corrente de historiadores coloca o princípio do Império em 14 d.C., ano da morte de Augusto e da sua sucessão por Tibério.
Nos meios académicos, discutiu-se bastante a razão pela qual a sociedade romana, habituada a cerca de cinco séculos de república, aceitou a passagem a um regime monárquico sucessório. A resposta centra-se no estado endêmico de guerra civil que se vivia nos anos prévios a Augusto e no longo reinado de quarenta e cinco anos que se seguiu, notável pela paz interna. Com a esperança de vida média em cerca de quarenta e cinco anos, à data da morte de Augusto, o cidadão romano médio não conhecia outra forma de governação e estava já preparado para aceitar um sucessor.

Augusto (27 a.C. - 14 d.C.)

O reinado de Augusto é considerado por todos os historiadores como um período de prosperidade e expansão.[8] A nova estrutura política criada por Augusto designa-se por "principado", sendo o chefe do império designado por princeps civium (o primeiro dos cidadãos) e ao mesmo tempo princeps senatus (o primeiro do senado). O termo princeps está na origem da palavra "príncipe", que não era o título do chefe do Estado. O título era "césar" e foi este que Augusto e seus sucessores adoptaram.
Augusto era também comandante-chefe do exército e decidia a guerra ou a paz e auto-nomeou-se "tribuno por toda a vida". Augusto, que não era especialmente dotado para a estratégia, mas tinha bons generais como Agripa na sua confiança, anexou oficialmente o Egito, que já estava sob domínio romano havia 40 anos, toda a península Ibérica, a Panónia, a Judeia, a Germânia Inferior e Superior e colocou as fronteiras do Império nos rios Danúbio e Reno, onde permaneceram por 400 anos.
O império que Augusto recebeu era vasto e heterogêneo, com várias línguas e vários povos. O grego era a língua mais falada nos territórios orientais, e o latim progredia pouco nestes territórios, mas nos territórios ocidentais era a língua mais falada. Augusto passou a tratar todos os habitantes do império como iguais e visitou várias zonas para verificar quais os problemas de cada província, assim estas floresceram e atingiram o máximo do seu desenvolvimento.

Tibério a Alexandre Severo (14-235)

Os sucessores de Augusto são conhecidos como a Dinastia Julio-Claudiana (que inclui ele próprio), devido aos casamentos idealizados por ele entre a sua família, os Julii, e os patrícios Claudii. Nos primeiros anos do reinado de Tibério, não houve grandes mudanças políticas ou organizativas em relação aos princípios estabelecidos por Augusto. No entanto, com o passar do tempo, a instabilidade surgiu dentro da própria família imperial. Tibério tornou-se paranóico com possíveis conspirações e tentativas de golpe de estado, chegando, em 26 d.C., a retirar-se para a ilha de Capri de onde governou por procuração até ao fim da vida. Em consequência, mandou matar ou executar grande parte da sua família e senadores de destaque, provocando uma sensação de desconforto generalizada. O seu sucessor Calígula cresceu neste ambiente e mostrou-se um imperador igualmente instável.
Na organização do Estado, pouco mudou em relação ao estabelecido por Augusto. Apenas Cláudio introduziu algumas reformas e procurou a prosperidade do império, talvez porque à data da sua ascensão ao trono era já um homem maduro. Cláudio foi ainda o responsável pela iniciativa da invasão romana das ilhas britânicas em 43, que se saldou pela adição de mais uma província ao império. Em 64 d.C., durante o reinado de Nero, Roma foi consumida por um violento incêndio (do qual o próprio imperador é muitas vezes erroneamente considerado culpado) e começaram as perseguições aos cristãos. Os Julio-Claudianos foram eficazes em espalhar o culto imperial. Alguns deles, como Cláudio, foram deificados durante a sua vida e elevaram à dignidade divina muitos dos seus familiares (alguns subsequentemente assassinados).
Uma das mais notáveis obras de engenharia clássica, o Coliseu de Roma, mandado erigir por Vespasiano, serviu para vários espectáculos, inclusive dramatizações de batalhas navais.
Depois do suicídio de Nero, Sérvio Sulpício Galba, um velho senador pertencente aos Sulpicii, uma velha família aristocrática, tornou-se imperador por nomeação senatorial. O seu reinado não começou bem. Durante a viagem da Hispânia para Roma, Galba não hesitou em espalhar o caos e a destruição pelas cidades que não lhe prestaram honras imperiais de imediato. Em Roma, substituiu grande parte das chefias militares e depressa se revelou tão paranoico como os seus antecessores. A sua recusa em conceder os prémios monetários às legiões e guarda pretoriana que o apoiaram serviu de impulsionador à organização de um golpe de estado e, em janeiro de 69 d.C., Galba foi assassinado pelos pretorianos no Fórum, juntamente com o seu sucessor designado. Em Roma, saudou-se Marco Sálvio Otão como novo imperador, mas no Reno as legiões aclamaram Aulo Vitélio que de imediato iniciou a marcha para Roma. Em abril, Vitélio derrotou Otão e tornou-se o único imperador, embora pouco tempo depois o exército estacionado na Judeia aclamasse o seu comandante Vespasiano como imperador. Durante a segunda metade do ano, todas as províncias foram-se declarando por Vespasiano e, então, Vitélio perdeu terreno. Finalmente, a 20 de dezembro, as tropas de Vespasiano entraram em Roma e assassinaram Vitélio. Vespasiano tornou-se então o único imperador e deu início à dinastia Flaviana.
Quando em 96 d.C. Domiciano foi assassinado, Roma encontra-se bastante céptica quanto à validade do modelo dinástico e a sucessão imperial evoluiu para o conceito do mais apto. Esta mudança deu origem ao período dos cinco bons imperadores.
O Império Romano em 210 d.C. durante o reinado de Septímio Severo.
Depois do assassinato de Domiciano, o senado nomeou Nerva como imperador romano. Apesar de ser já de meia idade e de não ter descendentes, Nerva era um homem considerado capaz, quer do ponto de vista militar quer do ponto de vista administrativo, mas sobretudo racional e confiável. A falta de filhos revelou ser uma vantagem, pois a sua sucessão foi determinada pelo valor do candidato e não por critérios familiares - embora já Trajano tenha sido formalmente adoptado por Nerva. Trajano, Adriano e Antonino Pio seguiram a mesma política de nomear o sucessor mais apto, o que resultou num período de estabilidade conhecido como os cinco bons imperadores.
Durante o reinado destes cinco homens, Roma prosperou e atingiu o seu pico civilizacional, ao ponto de alguns analistas defenderem que o nível civilizacional alcançado durante este período só foi novamente alcançado na Inglaterra do século XVIII. Trajano foi o responsável pela extensão máxima do Império em 117 d.C., ao estender a fronteira oriental até incluir a Mesopotâmia na alçada de Roma. O seu sucessor, Adriano, soube manter a enorme área do império e reconhecer que não valia a pena estendê-lo mais. Deu as conquistas por terminadas e construiu a muralha de Adriano no Norte de Inglaterra como símbolo do fim do império. Este período de manutenção, por oposição à conquista, ficou conhecido como a Pax Romana.
O ciclo de prosperidade terminou quando Marco Aurélio designou, para sucessor, não o homem mais apto, mas o seu filho Cómodo, que se sabia pouco à altura do seu pai e seus antecessores. Como na dinastia Julio-Claudiana (Nero) e Flaviana (Domiciano), um período de prosperidade foi seguido por uma governação errática por um homem paranóico, neste caso Cómodo, que incentivaria a revolta dos seus súbditos. Cómodo foi assassinado em 192 d.C., mas o império caiu numa grave crise dinástica e social.
Tendo-se tornado imperador, Septímio Severo tornou o Império efectivamente numa monarquia militar, em mais um passo na direcção do Dominato; teve dois filhos, Caracala e Geta que, após a sua morte (211), digladiaram-se entre si, tendo Caracala assassinado Geta (Dezembro de 211).
Sob Alexandre Severo o império prosperou mas começaram os primeiros problemas: invasão dos persas sassânidas (233), invasões de povos germânicos e o imperador, que preferia negociar a paz em troca de tributo do que travar a guerra, foi morto na Mogúncia (março(?) de 235), junto com a sua mãe, por tropas revoltadas ao verem tanto ouro ser dado aos bárbaros.

A crise do século terceiro e imperadores posteriores

O fim do século II foi marcado por mais uma guerra civil de sucessão. Septímio Severo acabou por assegurar a coroa imperial e levar o iImpério para um breve período de estabilidade. Os seus sucessores, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Entre a morte de Severo em 211 e o início da tetrarquia em 285, o Império teve 28 imperadores, dos quais apenas 2 faleceram por causas naturais (de peste). Contemporaneamente, estão registados 38 usurpadores romanos, dos quais muitos se tornaram imperadores de pleno direito. Para além da crise política endémica, o século III foi marcado pelo início das invasões dos povos bárbaros que habitavam as zonas fronteiriças do Império.
Durante os cinquenta anos seguintes, o Império sofreu usurpações, derrotas e fragmentação; imperadores seriam assassinados, mortos em batalha ou pelos seus rivais, num desespero para encontrar uma solução e por fim, surgiria o Dominato, a monarquia absoluta, a qual removeria os poucos traços republicanos que Roma ainda conservava, por forma a dar ao império um último fôlego.
Os tetrarcas, uma escultura porfíria, saqueada de um palácio Bizantino em 1204, tesouro de São Marcos, Veneza.
Após a morte de Alexandre Severo, o império caía uma vez mais nas mãos dos generais. Maximino, o Trácio foi proclamado imperador pelas tropas e durante três anos prosseguiu com a guerra, devastando os povos germânicos. Como este esforço militar exigia muito dinheiro, começaram a aumentar os abusos por parte dos funcionários imperiais em relação aos impostos
Entretanto a situação do império complicava-se. No Oriente, Gordiano III combateu o Império Sassânida, mas foi derrotado e morto na Batalha de Misiche (244). O seu prefeito do pretório, Filipe, proclama-se imperador.
A recuperação do império veio por fases: Cláudio II, o sucessor de Galiano, começou por infligir uma grande derrota aos godos (270) mas, atingido pela peste, morreu antes de poder restaurar o império. Aureliano, o seu sucessor, será mais bem sucedido. Em quatro anos, reincorporou ao império as Gálias e derrotou Zenóbia, recuperando assim o Oriente. Sinal dos tempos, dotou Roma da sua primeira muralha desde as invasões gaulesas que haviam ocorrido há mais de 650 anos. Administrador duro e competente, estaria prestes a iniciar uma guerra contra os persas, quando é assassinado (275); com ele, pela primeira vez, os imperadores romanos são adorados como deuses em vida.
Após alguns anos, em que o Império mergulhou uma vez mais na anarquia e na invasão, surgiu um novo e eficaz imperador, Probo (276-282), que consegue estabilizar a situação. Após o seu assassínio e os breves reinados de Caro e dos seus filhos, surgiu o homem que enfim pôs ordem no império:Diocleciano (285).
A Tetrarquia foi um sistema de governo criado pelo imperador romano Diocleciano, como forma de resolver sérios problemas militares e econômicos do Império Romano. Diocleciano dividiu o seu poder sobre o império entre os sectores orientais (pars Orientis) e ocidentais (pars Occidentis). Manteve o controle pessoal do sector leste e o seu colega Maximiano controlou o ocidente. Diocleciano não dividiu propriamente o poder com seu companheiro de armas Maximiliano, pois, na realidade, Diocleciano estava colocado em posição superior à de Maximiliano. A partir de então, o império passou a ter dois augustos, cada qual com exército, administração e capital próprios, embora Diocleciano continuasse a ser o chefe do Estado, representando a unidade do mundo romano.
Em 305, Diocleciano retirou-se à vida privada e induziu Maximiano a fazer o mesmo.[9]

Declínio do Império Romano do Ocidente (395–476)

Invasões bárbaras do Império Romano (simplificado), mostrando a batalha de Adrianópolis.
A divisão do Império após a morte de Teodósio I, ca. 395 d.C. sobreposta às fronteiras modernas.
O Império Romano do Ocidente sofreu invasão dos povos bárbaros e, já enfraquecido internamente, caiu em 476 com a deposição do imperador Rômulo Augusto. Outros reis estabeleceram-se em Roma, embora não mais usassem o título de Imperador romano". O Império Oriental, com capital em Constantinopla, continuou a existir por quase mil anos, até 1453.
Teodósio foi o último imperador a reinar sobre todo o império.[10] Após sua morte em 395, seus dois filhos Arcádio e Honório herdaram as duas metades: Arcádio tornou-se governante no Oriente, com a capital em Constantinopla, e Honório tornou governante no Ocidente, com a capital em Mediolanum (atual Milão), e mais tarde em Ravena. O Estado romano continuaria com dois diferentes imperadores no poder até o século V, embora os imperadores orientais se consideravam governantes do todo. O latim era usado nos documentos oficiais tanto, se não mais, que o grego. As duas metades eram nominalmente, cultural e historicamente, se não politicamente, o mesmo estado.

Império Romano do Oriente

O centro administrativo do império tendia a voltar-se mais para o Oriente, por múltiplas razões. Primeiro pela necessidade de defesa das fronteiras orientais; depois porque o oriente havia se tornado a parte econômica mais vital do domínio romano; por fim Roma era uma cidade rica de vestígios pagãos, o que agora era inconveniente num império cristão: seus edifícios, sua nobreza senatorial, apegada à religião tradicional.
Assim Constantino I decretou a construção de uma nova capital, nas margens do Bósforo, onde havia a antiga fortaleza grega de Bizâncio, num ponto de grande importância estratégica, nas proximidades de dois importantes setores da limes: a região do baixo Danúbio e a fronteira do Império Sassânida.
A nova cidade, que recebeu o nome de Constantinopla, isto é, "cidade de Constantino", foi concebida como uma "nova Roma" e rapidamente tornou-se o centro político e econômico do Império. Sua criação teve repercussões também no plano eclesiástico: enquanto em Roma a Igreja Católica adquiriu mais autoridade, em Constantinopla o poder civil controlou a Igreja. O bispo de Roma pôde assim consolidar a influência que já possuía, enquanto em Constantinopla o bispo baseava seu poder no fato de ser bispo da capital e no fato de ser um homem de confiança do Imperador.[9]

Roma, as províncias e Constantinopla

A vida política, econômica e social durante os primeiros séculos do império gravitava em torno da Urbe, termo latino para "cidade", como se referiam a Roma. Roma era a sede da autoridade imperial e da administração, principal lugar de trocas comerciais entre Ocidente e Oriente, além de ser de longe a cidade mais populosa do mundo antigo, com mais de um milhão de habitantes. Por isso, milhares de pessoas afluíam diariamente à cidade, por mar e terra, enriquecendo-a de artistas e escritores de todas as regiões do império.
O Maison Carrée, na cidade galo-romana de Nemausus (atual Nîmes), é um dos mais bem conservados vestígios do Império Romano.
Existia uma clara diferença entre viver em Roma ou nas províncias: os habitantes da capital gozavam de privilégios, enquanto o peso fiscal era reservado pesadamente às províncias. Também entre a cidade e o campo, a qualidade de vida era melhor e mais agitada para os citadinos, que usufruíam de serviços públicos como termas romanas, aquedutos, teatros e circos.
Com a crise do terceiro século, recursos foram deslocados da região do Mediterrâneo para as regiões de fronteiras, onde os imperadores precisavam passar mais tempo. Assim, no século III, cidades como Augusta Treverorum (atual Trier), no vale do rio Mosela, e Sirmium (atual Sremska Mitrovica, na Sérvia), Naissus (atual Niš) e Serdica (atual Sófia) na região do Danúbio serviram como capitais temporárias do império. [11]
Na época do imperador Diocleciano, a cidade de Roma perdeu o seu papel de guia, em favor de outras sedes, como Mediolanum (atual Milão), Augusta Treverorum, Nicomedia (atual İzmit) e Sirmium (atual Sremska Mitrovica). No século V, como desejado antes por Constantino I, Constantinopla (atual Istambul) se impôs devido ao relacionamento de força entre um Oriente ainda próspero e um Ocidente às voltas com hordas bárbaras e sempre prostrado pela crise econômica, política e demográfica.
Depois da crise, que paralisou o império nos decênios centrais do século III, as fronteiras se tornaram mais seguras a partir do reinado de Diocleciano (284-305), o qual introduziu profundas mudanças na administração e no exército. O império pôde assim viver um período de relativa estabilidade ao menos até a batalha de Adrianópolis (378)[12] e, no Ocidente, até os primeiros anos do século V, quando iniciaram as perigosas incursões por parte dos visigodos de Alarico (401-402) que continuaram até culminarem no célebre saque de Roma em 410[12] , referido pelo contemporâneo Santo Agostinho de Hipona, como um acontecimento notável da época e, por alguns, como o fim do mundo. Os últimos dias do Império Romano do Ocidente (o do Oriente sobreviveu por mais um milênio) foram em um clima de morte e miséria pela população de muitas regiões do império, assoladas por guerra, carestia e epidemias. A consequência final foi a queda da própria estrutura imperial.

Demografia

Nos últimos anos, temas relativos às demografias de sociedades antigas têm recebido cada vez mais atenção acadêmica.[13] As estimativas do tamanho da população do Império Romano no seu auge demográfico agora variam entre 60 e 70 milhões ("baixa contagem") até mais de 100 milhões de habitantes ("alta contagem").[14] Aderindo ao valor mais tradicional de 55 milhões de habitantes, o Império Romano constituiu o mais populosa da unidade política ocidental até meados do século XIX e permaneceu insuperável em uma escala global por todo o primeiro milênio.[15]

Religião

O Panteão, a atual estrutura construída durante o reinado de Adriano, foi dedicado à adoração de todas as divindades romanas.
Como sua expansão, o império passou a incluir pessoas de uma variedade de culturas e a adoração de um número cada vez maior de divindades era tolerada e aceita. O governo imperial, e os romanos em geral, tendiam a ser tolerantes com a maioria das religiões e cultos, desde que eles não causassem problemas. A liturgia e cerimônias romanas foram frequentemente adaptadas para atender a cultura e a identidade local.
Um indivíduo podia atender a ambos os deuses romanos, representando a sua identidade romana, e sua própria fé pessoal, que era considerada parte da sua identidade pessoal. Houve perseguições periódicas de várias religiões em várias épocas, principalmente em relação aos cristãos. Como o historiador Edward Gibbon observou, no entanto, a maioria das histórias registradas de perseguições contra os cristãos vieram até hoje através da igreja cristã, que tinha um incentivo para exagerar o grau em que as perseguições ocorreram. As fontes não-cristãs contemporâneas apenas mencionam perseguições passageiras e sem atribuir grande importância para elas.

Idiomas

A língua de Roma antes de sua expansão foi o latim e esso se tornou a língua oficial do império. Até o momento do período imperial o latim tinha desenvolvido dois registros: o "alto", escrito em latim clássico, e o "baixo", o latim vulgar. Enquanto latim clássico permaneceu relativamente estável, mesmo durante a Idade Média, o latim vulgar como em qualquer língua falada era fluido e em constante evolução. O latim vulgar se tornou a língua franca nas províncias ocidentais, mais tarde evoluindo para as línguas românicas modernas: italiano, francês, português, espanhol, romeno, etc. O grego e o latim clássico eram as línguas da literatura e da educação.
Uma placa de mármore romana no Collegio degli Augustali em Herculano, Itália, com uma inscrição honorária em latim.
Embora o latim tenha continuado a ser a língua mais falada no Ocidente até a queda de Roma e por alguns séculos depois, no Oriente a língua grega era a língua literária e a língua franca.[16] Os romanos geralmente não tentaram suplantar as línguas locais. Eles geralmente deixaram costumes estabelecidos intactos e só gradualmente introduziam elementos culturais tipicamente romanos, incluindo a língua latina.[17] Juntamente com o grego, muitas outras línguas de tribos diferentes foram usadas, mas quase sem expressão na escrita.
O grego já era falado em muitas cidades no Oriente, e, como tal, os romanos eram mantiveram-na como a língua administrativa oriental ao invés de impedir a sua eficiência burocrática. Assim, dois secretários oficiais serviu no tribunal do Império Romano, um responsável de correspondência em latim e outro com a correspondência em grego para o Oriente.[18] Assim, na Província Oriental, como aconteceu com todas as províncias, as línguas originais foram mantidas.[19][20]
Além disso, o processo de helenização alargou o âmbito do idioma grego durante o período romano, sendo que os romanos perpetuaram a cultura "helênica",[21][22], mas com toda a pompa de melhorias romanas.[23][24][25] A propagação da cultura "helênica" (e, portanto, da linguagem) aconteceu em grande parte devido à extensa infra-estrutura romana (na forma de entretenimento, saúde, educação e extensas redes de transporte, etc) e pela tolerância dos romanos em incluir outras culturas, uma característica que os diferenciavam da natureza xenófoba dos gregos antigos.[17]

Governo

Imperador

Augusto, o primeiro imperador, na estátua da Prima Porta.
Os poderes do imperador (seu imperium) existiam, ao menos em teoria, em virtude de seus "poderes tribunícios" (potestas tribunicia) e seus "poderes proconsulares" (imperium proconsulare). Em teoria, os "poderes tribunícios" (que eram similares àqueles do tribuno do povo na república tornavam a pessoa e ofício do imperador sacrossantos, e lhe davam autoridade sobre o governo civil romano, inclusive o poder de presidir e controlar o senado.
Os poderes proconsulares (similar àqueles dos governadores militares, ou procônsules, na república) davam-lhe autoridade sobre o exército romano. Ele também tinha poderes que, na república, eram reservados ao senado romano e às assembleias romanas, inclusive o direito de declarar guerra, ratificar tratados e negociar com líderes estrangeiros.
O imperador também tinha autoridade para conduzir um conjunto de deveres que tinham sido conduzidos pelos censores, incluindo o poder de controlar os membros do senado. Adicionalmente, o imperador controlava a religião, uma vez que, como imperador, ele era sempre pontifex maximus e membro de cada uma das quatro amiores congregações. Enquanto estas funções eram claramente distinguíveis no início do império, com o tempo foram perdidas e o poder do imperador tornou-se menos constitucional e mais monárquico.
Realmente, o maior apoio do poder do imperador era o exército. Pago pelo tesouro imperial, os legionários prestavam anualmente juramento de lealdade ao imperador, chamado sacramentum.
A morte de um imperador iniciava um período de incerteza e crise. Em teoria, o senado devia escolher o novo imperador, mas a maioria dos imperadores escolhia seu próprio sucessor, usualmente um membro de sua família. O novo imperador tinha que buscar um conhecimento de seu novo status e autoridade, de forma a estabilizar o cenário político. Nenhum imperador podia ter esperança de sobreviver, muito menos de reinar, sem a aliança e lealdade da guarda pretoriana e das legiões. Para assegurar sua lealdade, vários imperadores lhes pagavam o donativum, uma recompensa monetária.

Senado

A Cúria Hostília no Fórum Romano, lugar de reunião do senado.
Embora as assembleias romanas da época da república continuassem a existir depois da fundação do império, seus poderes foram todos transferidos ao senado, e assim os decretos senatoriais (senatus consulta) adquiriram total força de lei.
Em teoria, o imperador e o senado eram dois ramos iguais do governo, mas a autoridade real do senado era pequena e mais um meio de o imperador disfarçar seus poderes autocráticos sob um manto de republicanismo. Ainda que prestigiado e respeitado, o senado era uma instituição glorificada que tinha sido subtraída da maioria de seus poderes e ficava à mercê do imperador.
Muitos imperadores mostraram certo grau de respeito com esta antiga instituição, enquanto outros foram notórios por ridicularizá-la. Durante as seções do senado, o imperador sentava entre os dois cônsules e usualmente atuava presidindo as seções. Senadores mais prestigiados falavam antes dos demais, embora o imperador pudesse falar a qualquer tempo. Por volta do século III, o senado tinha sido reduzido a um órgão municipal glorificado.

Ordem  senatorial e ordem equestre

Nenhum imperador poderia governar sem a ordem senatorial e sem a ordem equestre. A maioria dos postos importantes do governo era reservada para os membros dessas duas ordens aristocráticas. Era entre elas que governadores provinciais, comandantes de legiões e oficiais similares eram escolhidos.
Estas duas classes eram hereditárias e majoritariamente fechadas a novos membros. Indivíduos de muito sucesso podiam entrar, mas esta era uma ocorrência rara. As carreiras dos jovens aristocratas eram influenciadas pelas suas conexões familiares e pelo favor dos patronos. Tão importante quanto habilidade, conhecimento ou competências, o patronato era considerado vital para uma carreira de sucesso e os postos mais altos requeriam o favor e a confiança do imperador.

Ordem senatorial

Era esperado que os filhos de senadores seguissem o Cursus honorum, um meio de ascensão, e as posições mais prestigiadas eram restritas somente a senadores. Também se esperava que um senador fosse rico; um dos requisitos básicos era a posse de doze mil áureos [8](cerca de 100 kg de ouro), uma quantia que seria aumentada nos séculos seguintes.

Ordem equestre

Abaixo da ordem senatorial estava a ordem equestre. Os requisitos e postos reservados a esta classe, embora não tão prestigiados, ainda eram muito importantes. Alguns postos vitais, como o governo do Egito, eram proibidos aos membros da ordem senatorial e permitidos somente a membros da ordem equestre.

Forças armadas

Legiões

O Império Romano durante o reinado de Adriano (117-138 d.C.) mostrando a localização das legiões romanas implantadas em 125 d.C.
Durante e depois da guerra civil, Otaviano reduziu o enorme número de legiões (acima de 60)[26] a um tamanho muito mais gerenciável e acessível (28).[26] Várias legiões, particularmente aquelas de lealdade duvidosa, foram simplesmente dissolvidas. Outras legiões outros foram amalgamadas, um fato sugerido pelo título Gemina (gêmeo).[26]
Em 9 d.C., tribos germânicas eliminaram três legiões na Batalha da Floresta de Teutoburgo. Este evento desastroso reduziu o número das legiões a 25. O total de legiões voltaria a aumentar posteriormente e nos próximos trezentos anos manteve-se por volta de trinta.[27]
Augusto também criou a guarda pretoriana: nove coortes ostensivas para manter a paz pública, que foram guarnecidas na Itália. Melhor remunerados do que os legionários, a pretorianos também serviam menos tempo: em vez de servir o padrão de 25 anos dos legionários, eles se aposentavam após 16 anos de serviço.[28]

Auxilia

Mesmo as auxilia (em português: apoio) não sendo tão famosas quanto as legiões, foram de grande importância para o império. Ao contrário dos legionários, os auxilia foram recrutados entre os não-cidadãos. Organizados em unidades menores com a força bruta dos coortes, recebiam pagamentos piores do que os dos legionários e depois de 25 anos de serviço eram recompensados ​​com a cidadania romana, que também se estendia a seus filhos. De acordo com Tácito,[29] havia tantos auxilias quanto legionários. Enquanto que neste momento havia 25 legiões de cerca de 5.000 homens cada uma, os auxilia tinham cerca de 125.000 homens, o que implica cerca de 250 regimentos auxiliares.[30]

Marinha

A marinha romana (em latim: classis, lit. "frota".), não só ajudava no fornecimento e no transporte das legiões, mas também ajudaram na proteção das fronteiras nos rios Reno e Danúbio. Outra das suas funções era a proteção das rotas marítimas de comércio mais importantes contra a ameaça dos piratas. Por isso, patrulhava todo o Mediterrâneo, partes do Atlântico Norte (costa da Hispânia, Gália e Britânia) e teve também uma presença naval no mar Negro. No entanto, o exército foi considerado o ramo mais antigo e mais prestigiado das forças militares romanas.[31]

Subdivisões

O Império Romano sob Trajano em 117 d.C.; Províncias imperiais são sombreadas em verde, províncias senatoriais são sombreadas em bege e estados-clientes são sombreados em cinza.
Nos velhos tempos da república, o governo das províncias era tradicionalmente um prêmio aos membros da classe senatorial [8] . As reformas de Augusto mudaram essa política.
Províncias imperiais
Augusto criou as províncias imperiais.[8] A maioria, mas não todas, as províncias imperiais eram conquistas relativamente recentes localizadas nas fronteiras. Desta forma, a maioria esmagadora das legiões, que estavam estacionadas na fronteiras, estavam sob controle imperial direto. Muito importante era a província imperial do Egito (atual Egito), o "celeiro" do império, cujo suprimento de grãos era vital para alimentar o povo em Roma. Era considerado domínio pessoal do imperador e senadores eram proibidos até mesmo de visitar a província. O governador do Egito e os comandantes de qualquer legião lá estacionada não eram membros do senado, mas eram escolhidos pelo imperador entre os membros da ordem equestre.
Províncias senatoriais
A política tradicional continuou largamente utilizadas nas províncias senatoriais. Devido à sua localização, longe das fronteiras, e ao fato de que estavam há mais tempo sob soberania e controle romanos, estas províncias estavam há muito pacificadas e estáveis. Uma única legião estava baseada em uma província senatorial: Legio III Augusta, estacionada na província senatorial da África (atual norte da Argélia).
O status de uma província podia mudar de senatorial a imperial e vice-versa. Aconteceu várias vezes durante o reinado de Augusto. Outra tendência era a criação de novas provícias, ou pela divisão das existentes ou pela expansão do império.[8]

Economia

Mercado de Trajano à noite, construído por Apolodoro de Damasco.

Indústria

A invenção e aplicação generalizada de mineração hidráulica, auxiliada pela capacidade romana de planejar e executar operações de mineração em grande escala, permitiu a extração de vários e metais preciosos de modo proto-industrial.[32]
Por ano, a produção total de ferro era estimada em 82.500 toneladas,[33] assumindo uma capacidade produtiva de c. 1,5 kg per capita.[34] O cobre foi produzido a uma taxa anual de 15.000 t[35] e chumbo em oitenta mil toneladas,[36] ambos os níveis de produção não seriam emparelhados até a Revolução Industrial;[37] a Espanha sozinha tinha 40% de quota de produção de chumbo mundial.[38] A alta saída de chumbo foi um subproduto da extensa mineração de prata que atingiu um montante de duzentas toneladas por ano.[39] Em seu pico por volta do século 2 a.C., o estoque romano de prata é estimado em 10.000 t, de cinco a dez vezes maior do que a massa de prata combinado da Europa medieval e do Califado cerca de 800 a.C..[40] Qualquer uma das principais províncias mineradoras do Império produzia tanta prata quanto o contemporâneo Império Han e mais ouro por toda uma ordem de magnitude.[41]
A elevada quantidade de moedas metálicas em circulação fez com que mais dinheiro cunhado estivesse disponível para negociação ou poupança na economia.[42]

Moeda

Áureo de Augusto.
O governo imperial era, como todos os governos, interessado na emissão e no controle da moeda em circulação. Cunhar moedas era um ato político: a imagem do imperador da época aparecia na maioria das emissões e moedas eram um meio de mostrar a sua imagem por todo o império. Caracterizados também foram antecessores, imperatrizes, outros membros da família e herdeiros aparentes do imperador. Mediante a emissão de moedas com a imagem de um herdeiro, a sua legitimidade e sucessão futura era proclamada e reforçada. Mensagens políticas e de propaganda imperial, como proclamações de vitória e reconhecimentos de lealdade também apareciam em algumas moedas.
Legalmente somente o imperador e o senado tinham autoridade para cunhar moedas no interior do império.[43] No entanto a autoridade do senado era principalmente e apenas no nome. Em geral, o governo imperial emitia moedas de ouro e prata, enquanto o senado emitia moedas de bronze marcadas pela legenda "SC", abreviação de Senatus Consulto ("por decreto do senado"). No entanto, moedas de bronze poderiam ser emitidas sem essa legenda. Algumas cidades gregas foram autorizados a emitir moedas de prata e bronze, que hoje são conhecidos como o "Imperiais Gregas".[44] Casas da moeda imperiais estavam sob o controle de um ministro-chefe financeiro e as emissões provinciais estavam sob o controle dos procuradores imperiais provinciais. As casas da moeda senatoriais eram governadas por funcionários da tesouraria do senado.

Cultura

Marco Aurélio vestido com toga - estátua no Museu Britânico
A vida no Império Romano girava em torno da cidade de Roma e suas famosas sete colinas. A cidade também tinha vários teatros,[45] ginásios e muitas tabernas, termas e bordéis. Em todo o território sob o controle de Roma, a arquitetura residencial variou de casas muito modestas até vilas rurais e, na cidade capital de Roma, elegantes residências no monte Palatino, da qual a palavra "palácio" é derivada. A grande maioria da população vivia no centro da cidade, morando em blocos de apartamentos.
A maioria das cidades e vilas romanas tinham um fórum e templos, assim como a própria cidade de Roma. Aquedutos foram construídos para levar água para os centros urbanos[46] e serviram como uma via para importação de vinho e óleo a partir do estrangeiro. Senhorios geralmente residiam nas cidades e suas propriedades eram deixadas sob os cuidados de dirigentes agrícolas. Para estimular uma maior produtividade do trabalho, muitos proprietários libertaram um grande número de escravos. No reinado de Augusto, escravos domésticos gregos ensinaram os jovens romanos (às vezes até mesmo as meninas). Esculturas gregas adornaram o paisagismo helenístico no Palatino ou nas vilas.
Muitos aspectos da cultura romana foram retirados da cultura grega.[47] Na arquitetura e na escultura, a diferença entre os modelos gregos e romanos são aparentes. As principais contribuições para a arquitetura romana eram o arco e a cúpula.
O centro da estrutura social inicial era a família,[48] que não foi apenas marcado por relações de sangue, mas também pela relação legalmente construída de patria potestas.[49] O pater familias era o chefe absoluto da família; ele era o mestre sobre sua esposa, seus filhos, as esposas de seus filhos, os sobrinhos, os escravos e os libertos, eliminando os seus bens à vontade ou, até mesmo, colocando-os à morte.[50] Inicialmente, apenas a aristocracia patrícia o privilégio de formação de clãs familiares, ou gens, como pessoas jurídicas; mais tarde, na esteira das lutas políticas e de guerra, os clientes também foram alistados. Assim, tais gentes plebeus foram os primeiros formados, imitando os seus homólogos patrícios.[51]
A escravidão e os escravos eram parte da ordem social; havia mercados de escravos, onde eles poderiam ser comprados e vendidos. Muitos escravos foram libertados pelos mestres por serviços prestados, alguns escravos podiam economizar dinheiro para comprar sua liberdade. Geralmente a mutilação e o assassinato de escravos era proibido pela legislação. Estima-se que mais de 25% da população romana era escravizado.[52][53] O professor Gerhard Rempel do Western New England College, Estados Unidos, afirma que apenas na cidade de Roma, durante o Império, havia cerca de 400 mil escravos.[54]
A cidade de Roma tinha um lugar chamado Campo de Marte (Campus Martius), que era uma espécie de terra de perfuração para os soldados romanos. Mais tarde, o campo tornou-se uma área de entretenimento. Lá os jovens se reuniram para jogar e se exercitar, o que incluía salto, luta livre, boxe e corridas. Equitação e natação também eram algumas das atividades físicas preferidas.[55] No campo, os passatempos incluíam também a pesca e a caça. Jogos de tabuleiro jogados em Roma incluíam o dado (tesserae ou tali), o xadrez romano (ludus latrunculorum), o damas romano (Calculi), jogo da velha (terni lapilli) e ludus duodecim scriptorum e tabula, antecessores do gamão.[55] Também havia várias outras atividades para manter as pessoas entretidas, como corridas de bigas, performances musicais e teatrais.

Legado

Línguas românicas no mundo:
AzulFrancês; VerdeEspanhol;
LaranjaPortuguês; AmareloItaliano; VermelhoRomeno
Distribuição mundial do alfabeto latino.
Cristianismo por percentagem da população em cada país
A revista estadunidense National Geographic descreveu o legado do Império Romano em O Mundo Segundo a Roma:
Cquote1.png A influência duradoura romana é refletida difusamente na linguagem, literatura, códigos legais, governos, arquitetura, engenharia, medicina, esportes, artes, entre muitos outros aspectos da vida contemporânea. Muito disso está tão intricado à nossa cultura que mal nos damos conta da nossa dívida com a Roma antiga. Considerando a linguagem, por exemplo. Cada vez menos pessoas hoje afirmam conhecer o latim e ainda assim, voltam para a primeira frase deste parágrafo. Se nós removermos todas as palavras tiradas diretamente do latim, a sentença seria lida: "A"[56] Cquote2.png
Vários Estados alegaram ser os sucessores do Império Romano, depois da queda do Império Romano do Ocidente. O Sacro Império Romano, uma tentativa de ressuscitar o Império no Ocidente, foi criado em 800, quando o Papa Leão III coroou o rei franco Carlos Magno como imperador romano no dia de Natal, embora o império e o escritório imperial não se tornou formalizada por algumas décadas. Após a queda de Constantinopla, o Principado de Moscou, como herdeiro da tradição ortodoxa cristã do Império Bizantino, proclamava a si mesmo como a Terceira Roma (Constantinopla teria sido a segunda). Estes conceitos são conhecidos como translatio imperii.
Quando os otomanos, que baseou seu estado no modelo bizantino, tomaram Constantinopla em 1453, Mehmed II estabeleceram sua capital lá e alegaram para se sentar no trono do Império Romano. Ele foi tão longe a ponto de lançar uma invasão à Itália com o propósito de "re-unir o Império", embora os exércitos Papal e Napolitano pararam a sua marcha sobre Roma em Otranto em 1480. Constantinopla não foi oficialmente renomeada para Istambul até 28 de março de 1930.
Excluindo esses estados que reivindicam a herança romana, se a data tradicional para a fundação de Roma for aceita como verdade, pode-se dizer que o Estado romano durou, em alguma forma, de 753 a.C. até a queda em 1461 do Império de Trebizonda (um Estado sucessor e fragmento do Império Bizantino, que escapou da conquista pelos otomanos em 1453), totalizando 2.214 anos de existência. O impacto romano sobre as civilizações ocidental e Oriental existe até os dias atuais. Com o tempo a maioria das conquistas romanas foram duplicadas por civilizações posteriores. Por exemplo, a tecnologia do cimento foi redescoberto por John Smeaton 1755-1759.
O Império contribuiu com muitas coisas para o mundo, como um calendário com anos bissextos, as instituições do cristianismo e aspectos da moderna arquitetura do neoclassicismo e bizantina. O extenso sistema de estradas que foi construído pelo exército romano dura até hoje. Devido a esta rede de estradas, o tempo necessário para viagens entre os destinos na Europa não diminuiu até o século XIX, quando a energia a vapor foi inventada. Mesmo a astrologia moderna veio a nós diretamente dos romanos.
O Império Romano também contribuiu com sua forma de governo, o que influencia constituições diferentes, incluindo as da maioria dos países europeus e muitas das ex-colônias europeias. Nos Estados Unidos, por exemplo, os autores da Constituição observaram, na criação da presidência, que eles queriam inaugurar uma "Era Augusta". O mundo moderno também herdou o pensamento jurídico de direito romano, totalmente codificada na antiguidade tardia. Regendo um vasto território, os romanos desenvolveram a ciência da administração pública de um modo nunca antes concebido ou necessário, criando um amplo serviço civil e métodos formais de cobrança de impostos.
Enquanto no ocidente, o termo "romano" adquiriu um novo significado em conexão com a Igreja e o Papa de Roma. A forma grega romaioi permaneceu ligada à população cristã de língua grega do Império Romano do Oriente e ainda é usada pelos gregos, além de sua denominação comum.[57]
O legado territorial do Império Romano de controlar a península Itálica serviria como uma influência para o nacionalismo italiano e a unificação (Risorgimento) da Itália em 1861.
Fonte: Wikipédia



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