quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Hoje saberemos um pouco à respeito Xamanismo.

A lenda do Filtro dos Sonhos "Xamanisno"


Conta uma velha lenda dos nativos norte-americanos, que um velho índio ao fazer uma Busca da Visão no topo de uma montanha, lhe apareceu IKTOMI, a aranha, e comunicou-se em linguagem sagrada. A Aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo de cavalo e as oferendas recebidas. Enquanto tecia, o espírito da Aranha falou sobre os ciclos da vida, do nascimento á morte e das boas e más forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases. Ela dizia :

"Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para direção que causará dor e infortúnios".

No final a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro dizendo-lhe:

"No centro está a teia que representa o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas idéias, sonhos e visões. Eles vem de um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite com sonhos bons e ruins. A teia quando pendurada se move livremente e consegue pegar sonhos, quando eles ainda estão no ar. Os bons sonhos sabem o caminho e deslizam suavemente pelas penas até alcançar quem está dormindo. Já os ruins ficam presos no círculo até o nascer do sol, e desaparecem com a primeira luz do novo dia"

Esse círculo é conhecido como "dreamcatcher" (apanhador de sonhos). Aqui no Brasil é chamado de Filtro dos Sonhos ou Coletor de Sonhos.Trata-se de um instrumento de poder para assegurar bons sonhos para aqueles que dormem debaixo dele, e também para trazer visões.Geralmente são colocados onde a luz bate pela manhã, em frente a janela. Os nativos nos ensinam que os sonhos passam pelo furo no centro e os maus sonhos ficam presos na teia e se dissipam à luz do amanhecer. Você poderá colocá-lo no seu quarto, escritório, ou até no berço ou carrinho do bebê. Os nativos ensinam que os bebês ao verem a pena balançar com o vento, se entretêm e aprendem a importância do ar. Ele é feito na forma de um círculo, tradicionalmente com galhos de Salgueiro. É feita uma rede na forma de uma teia de aranha com uma abertura ao centro. Tem muitas lendas de origem, de acordo com cada tribo e também diferentes formas de tecer.
fonte: Blog ERVAS  E AROMAS

O que é Xamanismo? 


A Busca de uma Definição


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Atualmente quando a maioria das pessoas ouvem a palavra xamanismo pensam em culturas indígenas americanas, outros reclamam por que não pajelança se estão no Brasil. Sempre considerado como um programa de índio.
O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena. É certo que os indígenas foram os grandes responsáveis por manterem acessas as chamas da Medicina da Terra mas as práticas se originaram no homem primitivo, no paleolítico.
A palavra tem origem siberiana e não americana e é usada hoje como uma forma única para descrever as práticas no mundo todo. Ou seja, as práticas são universais, é um legado do Mundo Espiritual para a Humanidade. Não pode haver fronteiras.
A palavra xamanismo foi criada por antropólogos (ver em xamã) para definir um conjunto de crenças ancestrais. Para mim é um caminho de conhecimento. Nós podemos perceber traços do xamanismo em várias religiões.
As raízes do xamanismo são arcaicas e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana. As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Também na África, entre os povos aborígines da Austrália, Esquimós, Indonésia, Malásia, Senegal, Patagonia, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo Bon segue a linha do Budismo Tibetano, ou seja, em todos os lugares ao redor do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões.




Religião da Idade da Pedra



Piers Viebsky em "O xamã", cita que em 1991 foi encontrado o corpo mumificado de um homem preservado sob as neves dos Alpes Austríacos. Foi apanhado por um temporal ao cruzar um desfiladeiro da montanha há cerca de cinco mil anos. Poderia ser de um pastor (de ovelhas) mas as tatuagens na pele, um disco de pedra numa correia e alguns musgos secos medicinais encontrados em sua posse permite a suposição de que era um xamã numa viagem ritual.
Muito antes de ter sido descoberto esse "homem do gelo", no princípio do sec. XX, foram encontradas pinturas rupestres pré-históricas, no Sul da França, de figuras semi-humanas, semi-animais entre animais comuns, que foram consideradas como representando xamãs e que conduziram a suposição de que o xamanismo foi a religião humana original e primordial.

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Numa das gravuras um homem com o falo ereto está deitado ao lado de um bisonte com uma cabeça de pássaro ao seu lado; o próprio homem parece ter a cabeça de pássaro e presume-se que a gravura represente um xamã em transe. Essa interpretação foi popularizada na década de 60 por Lommel num livro profusamente ilustrado, Shamanism:The Beginnings Of The Art.


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A figura da gruta de Les Trois Frères nos Pirineus franceses que foi chamada de Feiticeiro Dançador, é considerada por alguns estudiosos como representando um xamã. Uma criatura masculina vista de perfil olha de frente para quem a contempla com os seus olhos muito redondos. Todas as partes da sua anatomia parecem pertencer a um determinado animal: orelhas de lobo, chifres de veado, rabo de cavalo e patas de urso. E no entanto o efeito geral é notoriamente humano. Outra interpretação possível é a de que represente um espírito Senhor dos Animais personificando simultaneamente a essência de todas as espécies.

O primeiro tratado vem da Sibéria (altaicos, iacutes, buriatas, tungues, vogul, samoiedos, etc.). Uma fonte acredita que os homens/xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações seguindo rebanhos de renas. Eles passaram pelo estreito de Bering ou por uma ponte terrestre que ligava os dois continentes e se espalharam pelo mundo.
Encontram-se fenômenos xamânicos similares entre os esquimós, índios das Américas; do Norte, Central e Sul; Oceania, Austrália, no sudeste asiático, na Índia, no Tibet e na China. Trata-se de um conjunto de práticas evidentemente adaptadas a cada cultura, a cada crença, mas que em toda parte apresenta o mesmo conteúdo mágico, religioso e simbólico. Faz pensar que todos vieram de uma mesma fonte de conhecimento.
Sintetizando, o xamanismo é a "Jornada da Consciência", um legado da humanidade além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não significa uma classificação nova no xamanismo, o xamanismo é universal. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o Espírito Essencial que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é e como se relaciona com o Universo.
No sentido do "religare" pode ser considerada uma religião, mas o xamanismo não é como um conjunto de ritos específicos que seguem seus mestres máximos como cristianismo (Cristo), budismo (Buda), islamismo (Maomé), Taoísmo (Lao-Tsé), etc; cujas práticas são determinadas e iguais e que possuem seus Livros Sagrados de conduta em todos os lugares do mundo.
Na essência são práticas religiosas. O xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local, é um fenômeno religioso. Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado e afetaram as tradições xamânicas continuadas ou marginalizadas nas culturas que dominaram. As práticas, os mitos, as entidades dependem da tribo, linha, geografia, crenças.
O xamã é sempre uma figura dominante e não um santo,avatar ou profeta. Ele é um intermediário entre o mundo espiritual, natureza e a comunidade.
A Medicina da Terra é derivada de conhecimentos medicinais passados pelos ancestrais que são honrados por aqueles que recebem a iniciação. O clichê mais ultrapassado é aquele em que o iniciado tenta matar simbolicamente seu iniciador ao invés de honrá-lo. Isso é enfraquecer a raiz pela qual ele foi formado, uma auto-sabotagem espiritual. O entendimento disso faz com que o discipulado crie conscientemente um movimento de afinidade que traz harmonia no resultado.
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O "conhecimento" é para todos mas "sabedoria" é para alguns. Por isso acho importante a divulgação do conhecimento e aplicação prática dele pois existe ainda uma minoria que se transforma. É como um garimpo! Entre esses buscadores do conhecimento sempre sai uma pepita de ouro que vai fazer o mundo mais brilhante. Por essas pepitas vale a pena. O coração do verdadeiro iniciado tem que se confortar com isso pois sempre é a minoria. Por outro lado existe um outro fenômeno, algumas pessoas lançam-se à determinadas práticas sem o devido conhecimento e sem as "bênçãos espirituais", ou seja: ação sem conhecimento. O que pode ser problemático.
Muitos iniciam a caminhada mas poucos atingem as maiores alturas. Este conhecimento não está limitado aos iluminados, é disponível para todos nós dependendo da sinceridade e humildade com que buscamos. Sabedoria xamânica é sabedoria da Mãe Terra e, a cada filho dela, é dado um presente, algum talento especial.
O xamã compreende o Círculo Sagrado da vida e recomenda, ajuda na cura, ensina o que é necessário para o bem da comunidade.Isto significa freqüentemente colocar a comunidade em primeiro plano. O caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor com a Mãe Terra. Não é possível praticar o verdadeiro xamanismo sem incluir os cuidados com a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta.
O xamanismo aparece como um reflexo de um Grande Espírito que pode ter vários nomes. É honrado o Criador e todas as suas criaturas, sejam pedras, animais, aves, plantas, peixes, insetos, águas, ventos e outras manifestações da natureza que compartilhamos a existência nesta vida. Essa consciência, esse alinhamento com as forças da natureza, transforma-se em poder de cura e expande habilidades psíquicas através da reconexão com a vida, com o Sagrado, com o mistério da Criação.
O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento, a complementaridade masculino e feminino, o contato pessoal individual com ambiente imediato da terra, com as forças da terra do sol, da lua e das estrelas. Um verdadeiro xamã enfrentou suas sombras e venceu seus medos da insanidade, solidão, orgulho, vaidade, vícios, doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso, escolhe tornar-se curador curado, auxiliador, visionário, à serviço das pessoas.

No xamanismo ao redor do mundo podemos ver as similaridades que definem as práticas :


  • A Busca por estados Alterados de Consciência, Vôo da Alma / Êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática

  • A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora-do-corpo. Este vôo mágico é um dos fundamentos do xamanismo

  • Viagem por mundos paralelos ( Reino dos Espíritos). Mundos invisíveis à realidade ordinária a fim de guiar espíritos e obter conhecimento espiritual.

  • O xamã atua como canal de cura. Tem conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza.

  • Devoção à Criação, Sol, Lua, Estrelas. Reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo

  • Interação com espíritos da natureza

  • Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe /estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc)

  • Conhecimento sobre o fogo

  • Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas)

  • Canções de Poder

  • Danças

  • Respiratórios e dietas

  • Contação de histórias, preleições.

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O Xamanismo como a mais antiga prática espiritual da humanidade tem como base em suas práticas o respeito pela ecologia, reconhecimento do Sagrado, necessidade de expandir a consciência e obter resposta em mundos paralelos, prática do amor incondicional . Suas práticas estabelecem contato com outros planos de consciência a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranqüilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual.
A interação harmônica dos elementos equilibra a Jornada da Nossa Alma, faz girar a Roda da Vida em harmonia. No xamanismo praticado na atualidade estudamos os talentos elementais:

  • A Terra é relacionada com o corpo físico e com as sensações.

  • A Água é relacionada com a alma e com as emoções e sentimentos.

  • O ar é relacionado com a mente e aos pensamentos e idéias.

  • O fogo é relacionado com o espírito e associado à consciência, a claridade, a inspirarão.


O reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão de que o verdadeiro poder está dentro de cada praticante e provém do desenvolvimento de seus próprios dons. Inspirados na sabedoria dos povos ancestrais temos o desafio de resgatar o conhecimento acumulado nas práticas xamânicas das diversas tradições do planeta para os dias atuais. Assim, pretendemos contribuir para a saúde, autoconhecimento e o bem-estar geral do nosso povo e resgatar valores para uma vida mais harmônica e ecológicamente correta.
Os ancestrais xamânicos viviam em harmonia e equilíbrio com todos os seres, pedras, plantas, animais, pássaros, peixes e até insetos.Para garantir sua sobrevivência em ambiente hostil os homens primitivos interpretavam os sinais e as mudanças da natureza a seu redor. Viviam de acordo com os ciclos do Sol e da Lua, das mudanças das estações, manifestações da natureza, vento, chuva, etc.
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Os caminhos do xamanismo são espirituais. A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados de consciência, de realidades não-ordinárias Os estados alterados de consciência não envolvem apenas o transe e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar espíritos animais, plantas, mentores, obter insights, promover curas, oráculos.
Os estados alterados de consciência incluem vários graus. Stanley Kryppner chega a classificar vinte estados diferentes de consciência. Elíade fala do êxtase, Castañeda fala do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supraconsciência, etc.,também são nomes para a mesma manifestação.
São através desses estados que conseguimos conexão com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior. Conseguimos expandir a percepção para mistérios que estão guardados em nós mesmos. Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia.Nos religamos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece. Através da consciência ordinária não conseguimos alcançar níveis profundos do nosso ser. Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder (enteógenos), respirações, posturas corporais, e outros.
Através desses estados especiais alcança-se uma experiência divina, acessa-se uma fonte de Sabedoria Superior, podemos curar nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência.
Aprende-se as influências e forças da Terra e como as energias naturais afetam a vida. Tudo na natureza cresce e muda. É um ciclo. Os povos antigos consideravam a viagem circular da Terra ao redor do Sol, uma roda, representando o eterno ciclo de nascimento e desabrochar, crescimento e florescimento, maturidade e frutificação, envelhecimento e decadência, morte e decomposição e novamente renascimento, refletido na vida humana e na natureza.
Os nativos reconhecem o círculo como o principal símbolo para o entendimento dos mistérios da vida. Observaram que ele estava impresso em toda a natureza. O homem olha o mundo através dos olhos que é um círculo. A Terra, a Lua, o Sol, os planetas; são todos circulares. O nascer e o por do Sol acompanham um movimento circular. As estações formam um círculo. Os pássaros constroem ninhos em círculos, animais marcam seus territórios em círculos. As cabanas, ocas, tipis são circulares.
O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), por exemplo, não marcam apenas a jornada do Sol, mas também os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas "Forças Verdadeira acessadas desde o princípio na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos sentí-las atuando em todos os momentos das cerimônias.
Podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida, nos tornarmos parte de uma comunidade global, propomos o Vôo da Consciência em busca de novos horizontes, de novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão.
As religiões do mundo moderno não têm tempo para a ecologia espiritual assim como a cultura e o modelo de pensamento consumista atuante. As Grandes Religiões inspiram e apontam para uma vida eterna fora deste planeta e pouco se preocupam em honrar as realidades do espaço sagrado em que vivemos. Atualmente muitos vivem com uma sensação de separação, isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida. Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de somos apenas um "microcosmo", que somos parte de "algo maior", que somos filhos da Terra, parte de uma Terra Viva.

Harmonia - Amor - Paz e Luz
Fonte: Xamanismo.com.br

Universo Xamânico


Atualmente o xamanismo pode ser dividido em duas escolas. O xamanismo tradicional*que segue as tradições nativas e *o neo-xamanismo que adapta a essência com práticas terapêuticas e de linhas diversas numa realidade urbana. O xamanismo cobre práticas de cura de ancestrais primitivos e indígenas ao redor do mundo. Gosto de trabalhar num conceito de Xamanismo Universal, que une o xamanismo tradicional e o neo-xamanismo num só movimento para uma " Nova Consciência", fazendo conexões entre os conhecimentos esotéricos do Oriente e do Ocidente, sem cair na xenofobia dos povos do passado e nem na banalização típica de muitos movimentos New Age. Atualmente muitos xamãs, inclusive no Peru, rezam para Cristo e aceitam que Jesus foi um Xamã Iluminado. Podemos numa abordagem mais abrangente dizer que a Doutrina Santo Daime é um xamanismo cristão, assim como a Native American Church nos EUA, a Umbanda , a União do Vegetal, a Barquinha, o Catimbó, os cerimoniais com cogumelos de Maria Sabina, e outros. Existem traços do xamanismo em todas as religiões: no Budismo Tibetano, no Judaísmo, no Tantrismo, no Cristianismo. Isso torna muito desafiante a tarefa de separar o que é e o que não é xamanismo, pois tudo está conectado!
Quando percebemos a conexão Universal entre nós e todos os que viveram e que estamos todos ligados, conectados, compreendemos que todas as histórias fazem parte da nossa história. A consciência da conexão é vital ao aprendizado da convivência mútua. Ninguém vence sozinho. Todos temos a necessidade de nos conectar com algo fora de nós, com nossos companheiros de caminhada e com algo maior que nós todos.
No xamanismo, procuramos aprender com as vozes dos ancestrais, dos velhos, das tradições, das crenças.
Esse aprendizado é básico para podermos traçar o mapa de nosso caminho de acordo com o livre arbítrio.


O que é Xamanismo?

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O Xamã

xama3.jpg O xamã, não se autoproclama. Ele é chamado para suas tarefas espirituais, passa por treinamentos e então é reconhecido pelas pessoas de sua comunidade.

Cosmologia Xamânica

arv.jpg No xamanismo sempre saúdo o Mundo Subterrâneo, o Mundo Intermediário, o Mundo Superior. Os xamãs são os viajantes capazes de atravessar essas Zonas Cósmicas, de uma para a outra.

A MISSÃO


A BUSCA DA MISSÃO DA ALMA


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Entendo que ter nascido aqui neste planeta, nestes tempos, foi por algum motivo ou propósito, esta certeza foi o que tornou imprescindível, para o meu autoconhecimento, saber qual é a minha missão.
Quando as metas que traçamos, estão em consonância com a missão da alma, o Universo conspira à favor. Quando se aproxima o verdadeiro propósito da alma, tudo da natureza interior vem a tona. A pessoa entra em um processo mais rápido de transformação pessoal. Quando convidamos o amor para despertar poderes mais profundos, trabalhar nos desafios torna-se uma aventura.
No xamanismo treinamos para assumir a responsabilidade final pelas nossas criações. Culpar outros pelas nossas frustrações humilha nosso espírito, e nos faz sentir desesperançados e fracos. Nesta era em que vivemos, buscamos compreender Deus não somente nos Grandes Mestres, mas integrando o Seu Poder em nossas mentes e corações. Isso é uma grande responsabilidade! Assumindo essa responsabilidade pessoal, nos capacitamos a tomar decisões lúcidas sobre o que queremos e desejamos. Quando perguntamos :

  • Devo mudar de trabalho/carreira ?
  • Porque meus relacionamentos não dão certo ?
  • Porque não acho a pessoa certa ?
  • Qual é a finalidade de minha vida ?
  • Porque eu mereci isto ?
  • Porque sinto um vazio ?
Na verdade, estamos perguntando a nós mesmos qual é a direção de nossa alma e como podemos unir essa direção à nossa personalidade, ou seja, buscamos harmonizar o nosso caminho com o nosso destino. Cada um de nós tem seus impulsos, sentimentos e necessidades específicas, e cada um tem sua direção correspondente para alma viajar na "Estrada da Vida", assim como um Destino para atingir (toda a viagem tem um destino!!!) dentro de um determinado tempo de vida.
Nessa jornada nos deparamos com desafios, obstáculos, relacionamentos, provas, família, etc, que influenciam na direção da nossa personalidade e que podem nos tirar do verdadeiro caminho que a alma traçou para viajar. Nos deparamos com bifurcações.
Nossos conflitos internos surgem quando a alma se distancia do caminho verdadeiro, nos levando a tristeza, depressão, raiva, impotência, um vazio profundo. Dizemos até a expressão popular "vontade de sumir do mapa".
Nosso grande desafio é descobrir a estrada da alma na qual a nossa personalidade possa prosperar. A prosperidade é o sinal de que foi feita uma integração entre a alma e a personalidade. Nossa alma, que conhece o passado, sabe o que a vida precisa, para continuar o estudo que foi deixado em outras vidas. Nossa alma é a força primordial, por trás de nós, que forja o nosso destino infinito.
Uma missão não é algo que se force a fazer, ou são criadas a partir de suas preocupações atuais. É algo profundo que só pode ser descoberto interiormente. Ao descobrir sua missão você pode ter a certeza de que as metas buscadas são suas. Descobrindo a sua missão, e vivendo-a, ela unificará seus interesses , ao mesmo tempo em que se desenvolve. A lição fundamental :

Faça o que gosta de fazer


Li uma interessante pesquisa do Dr. Bronnie Ware. Ele trabalhava em cuidados paliativos melhorando a qualidade de vida para pacientes terminais que deixavam o hospital e voltavam para morrerem em suas casas. Ele ouvia as pessoas nas últimas semanas de vida, quando abandonam qualquer pretensão e estavam totalmente honestas no seu leito de morte compartilharem seus maiores arrependimentos. Ele cita os cinco maiores:

1.) Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo e não a vida que os outros esperavam de mim.


Este é o lamento mais comum, e geralmente vem de pessoas cujos sonhos não são alcançados. Quando as pessoas percebem que sua vida está terminando e olham para trás é fácil ver como muitos sonhos não foram cumpridos. A maioria das pessoas não tinham honrado nem a metade dos seus sonhos e morreram sabendo que era devido às escolhas que fizeram ou não fizeram.


2.) Eu gostaria de não ter trabalhado tanto.


Este foi o lamento mais comum dos pacientes do sexo masculino. Eles perderam seus filhos jovens como parceiros e companheiros. E, criando mais espaço em sua vida, você se torna e mais aberto a novas oportunidades mais felizes, mais adaptadas ao seu estilo.
Não era dinheiro ou status que tinham a verdadeira importância. Eles queriam ter feito as coisas de forma a beneficiar mais aqueles que amam. Isso é tudo o que resta no final, amor e relacionamentos.


3.) Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.

Bronnie encontrou pessoas que reprimiam seus sentimentos para tentar manter a paz. . . mas, isso as tornaram infelizes e percebiam viver uma vida medíocre, sentiam que colecionavam ressentimentos e amarguras na vida. Como resultado, viveram uma existência medíocre e nunca se tornaram o quem eram realmente.


4.) Eu gostaria de ter permanecido em contato com meus amigos.

As pessoas ficaram mais velhas e deixaram amizades escapar. Em suas últimas semanas, muitas pessoas tentavam frenéticamente rastrear seus amigos perdidos no tempo.


5.) Eu gostaria de me permitir ser feliz.

Perceberam que eles poderiam quebrar seus padrões e hábitos antigos e optar por ser feliz. Essa é surpreendemente comum. A maioria não percebe que felicidade é uma escolha. Ficaram presos em velhos padrões e hábitos. O chamado "conforto" da familiaridade sobrepôs suas emoções, assim como suas vidas físicas. Medo da mudança os levaram a fingir para os outros, e para si mesmos, de que estavam contentes.
Lá no fundo, sentiram falta de dar boas risadas e de ter um pouco de amenidades na suas vidas novamente.
Por essa pesquisa podemos refletir que a vida que levamos está relacionada com as nossas escolhas e atitudes.

Nossa missão na vida reflete quem somos e orienta nossa maneira de agir no mundo. Aproveite o tempo de plantar da Primavera para semear seus sonhos. Nunca é tarde demais enquanto lhe resta tempo para viver. Ela é o propósito que o atrai para o seu futuro, unifica suas crenças, é a noção de quem você é.
Quando você vive sua missão, fica entusiasmado, concentra-se em desenvolver habilidades, busca realizar incansavelmente essa missão com todo o vigor, que cria um poder. E fará isto dia por dia. O descontentamento de tanta gente com seu trabalho os leva a uma vida dividida. A missão é um motivo profundo para estarmos vivos. Pergunte a si mesmo se tem um emprego, ou está realizando um sonho.Você possui uma combinação única de desejos, interesses, habilidades desenvolvidas, e também vastos talentos por serem desenvolvidos. Descobrindo a missão e vivendo-a ela unificará seus interesses , ao mesmo tempo em que se desenvolve.
As vezes as pessoas não acreditam que possam ser pagas para fazerem aquilo que elas gostam. O fato pode ser simplesmente : não sabem como fazer isto !
Relacione : O que valorizo nesta meta ?

  • viajar : aprendizado ou diversão
  • novo emprego : desafio / hesitação
O que é importante para mim em todos esses valores ?
A resposta que vier na cabeça será um valor ainda mais importante .

DESENVOLVENDO A VISÃO


Pense quais são os valores mais significativos. Veja você fazendo coisas que goste de fazer Veja-se fazendo coisas nobres, que você gostaria de fazer. Veja-se como gostaria de ser. Veja imagens que despertem a sua paixão. Permita que sua sabedoria interior guie o cenário que se desenrola dentro de você Veja-se rico(a), colorido(a). Sinta a sensação corporal. Desfrute desse futuro glorioso que está vendo. Enquanto observa o cenário, faça uma relação dos seus valores. Peça ao seu animal para orientar sua visão. Veja as cenas, guardando as imagens que representam seu propósito e sua missão


ESCREVA


Agora que sabe de que forma contribuir, pode fazer dessa visão uma causa para se dedicar.


ALINHANDO-SE


  • Veja seu futuro e a vida que está vivendo
  • Ouça objeções de uma parte de você ! Respeitosamente.
  • Veja as intenções positivas por detrás ? ( valor )
  • Crie alternativas para alcançar, fazendo acordo que favoreça todas as partes.
Pergunte a si mesmo :Isto representa o que sou ?
De que forma, cumprindo minha missão, eu vou ter uma boa vida ?
Agora declare a missão : Minha missão na vida reflete quem sou, e orienta minha maneira de agir no mundo.
No meu aprendizado a busca de uma declaração, que sintetiza a missão, afirma o propósito de vida, traz uma dinâmica, clareza e foco e ajuda a enfrentar os desafios transformando-os numa aventura a ser vivida. É a clareza de que precisamos para tempos incertos.Por exemplo:

A minha missão é inspirar as pessoas para que elas possam se conhecer melhor, buscar a felicidade, se conectarem com o Sagrado e viver em harmonia com todas as relações e com todos os reinos.


Essa declaração de minha missão também me traz a consciência de que uma missão não é como uma meta, objetivo, que você se propõe a fazer e realizar e sim uma bandeira para carregar por toda a vida. Ou seja, não realizamos a missão, mas vivemos por ela.
A missão não é definida, ela é descoberta pelo próprio indivíduo. Quando identificada impulsiona a fazer tudo na vida buscando viver essa missão.É uma força para alcançar objetivos e atender a necessidade de crescimento e evolução. A missão reúne talentos e capacidades, os valores mais importantes, o que gostamos e o que fazemos por amor. Quando descobrimos a missão, direcionamos a vida para atendê-la, na compreensão de que ela é o motivo da existência, do nascimento, do porque estar aqui e agora.
Os elogios e incentivos que recebemos por nossas atitudes são indícios claros que comprovam que estamos vivendo a nossa missão. O Universo toma conta dos detalhes, nos enviando sinais e mensagens secretas que percebemos aos prestarmos atenção e conspiram a favor da realização da nossa missão. Observe as sincronicidades, sinais, o que você vê, ouve, sente, lê, seus encontros, pode ser a sua alma falando, trazendo orientação e clareza nesses momentos.
Quando percebermos que caminhamos com clareza na nossa missão, vivenciamos um estado de contentamento interior bem profundo, com a consciência de que as experiências pelas quais passamos é um fator de alinhamento com nossos propósitos da alma. Após formular a sua declaração de missão, traga-a consigo, escreva e coloque em lugares visíveis e repita-a todos os dias em voz alta, com energia, força, vitalidade, para que as palavras ressoem em sua alma.
Para construir sua declaração, procure meditar nas seguintes respostas:

1 – Quem sou Eu?


Essa é a raiz de nossa busca espiritual. É importante meditarmos a pergunta: “Quem Sou Eu? “, diariamente para provocarmos nosso diálogo interior e nos religarmos ao nosso verdadeiro eu. È preciso não confundirmos o “quem sou eu” com os papéis que desempenhamos tais como, filho, pai, amigo, professor, médico, mestre, etc.

Preste atenção aos sinais} coincidências) e sincronicidades. Pergunte a si mesmo as seguintes informações sobre cada experiência de hoje: (Se este evento tinha uma mensagem para a minha vida) o que seria?

Pergunte "Por que estou aqui?"


Quando você tiver tempo para ouvir, mensagens valiosas irão aparecer nas formas mais inesperadas.
"O propósito da minha vida é ..."; começe a escrever
A alma ama a verdade, quando acerta sua verdadeira missão, cada parte de você se expande com vitalidade e energia. Pode demorar um pouco e querer continuar a definir e refinar sua declaração sobre o trabalho da sua alma durante as próximas semanas.

Quando a pessoa identifica a razão de existir na Terra, uma sensação de paz invade seu ser. Poucas pessoas sabem o seu verdadeiro propósito de existência, sua missão de alma. Não há uma metodologia educacional que nos ensina a aprender a nossa missão. Geralmente nossa educação procura buscar o que queremos ser quando crescemos, qual é a nossa formação. Porém nunca somos estimulados para descobrirmos a nossa razão de viver, qual será a contribuição que deixaremos para o planeta, para a humanidade, para nosso pais, família. Dê asas à sua criatividade. Veja-se como gostaria de estar no futuro. O que gostaria de fazer em todas as áreas de sua vida. Reconhecer seus dons, talentos e capacidades naturais. Tenha a clareza de quais são os seus principais valores,,,virtudes, os seus interesses principais, seus desejos
A sua missão sempre tem a ver com seus talentos. Você vai sentir que contribui com um propósito maior quando usa esses talentos. Você pode usar para a sua satisfação pessoal, para contribuir para a humanidade, etc. De qualquer forma ao cumprir seus talentos estará contribuindo para o Universo de alguma forma.

O Xamã

Léo Artése
O xamã, não se autoproclama. Ele é chamado para suas tarefas espirituais, passa por treinamentos e então é reconhecido pelas pessoas de sua comunidade.

Nos primórdios da humanidade, os seres humanos, sentiam-se frágeis perante as forças da natureza e temiam aqueles que não pertenciam aos seus clãs, animais, etc. Para suprir essas carências, surge o xamã como um "organizador do caos" para despertar a consciência. Assim eles recorriam àquele que era concebido como um guerreiro que atuava com armas espirituais, que faziam a ponte entre o mundo dos homens e espíritos.

A palavra xamã tem sua raiz na Sibéria, vinda da palavra "saman", aparentado com o termo sânscrito "sramana" que significa: inspirado pelos espíritos.

O xamã pode ser homem ou mulher.

O termo xamã foi adotado, pela antropologia, para se referir a pessoas de uma grande variedade de culturas não ocidentais, que antes eram conhecidas como : bruxo, feiticeiro, curandeiro, mago, mágico, vidente, sacerdote, pajé, homem da medicina, o terapeuta, o conselheiro, o contador de estórias, o líder espiritual e outros.
Defini-se o xamanismo como um conjunto de crenças ancestrais que estabelecem contato com uma realidade oculta, ou estados especiais (alterados) de consciência, a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio saúde para si mesmo e para as pessoas
O xamã, não se autoproclama. Ele é chamado para suas tarefas espirituais, passa por treinamentos e então é reconhecido pelas pessoas de sua comunidade. A iniciação tem um fundamento nas bênçãos recebidas pelos instrutores que passam uma espécie de "autorização espiritual" para conduzir cerimônias. Isso é honrar o conhecimento e não usurpar, e nem banalizar o processo de iniciação espiritual. Trata-se de um sacerdócio. É uma missão de utilidade pública.
Parte-se de um princípio que neste mundo nada é dado de presente, tem que ser aprendido. Tudo é troca. Aquele que tem por destino ser xamã experimenta um certo mal estar, um certo tédio pela vida, tédio de viver num mundo demasiadamente seguro, sensibilidade voltada para o misticismo e para as forças do inconsciente.
Sua vocação é demonstrada por perturbações no comportamento ( loucura controlada), vem também por transmissão hereditária, por decisão pessoal onde passa por provas (jejuns, recolhimentos, sacrifícios corporais...) ou é eleito pelo clã. Iniciado pelos espíritos tem uma vivencia de morte simbólica para posterior ressureição. Permanece dias em locais isolados sem falar, comer, e, quase sem respirar. Geralmente conta em suas provas, ao regressar de sua viagens que seus ossos foram arrancados, sua carne raspada, tem a cabeça decepada, isto é o coma iniciático. Ele deve morrer em seu corpo terrestre para renascer em corpo astral. Esqueletos de pessoas, pássaros ou animais, são alguns dos ornamentos dos siberianos. Simboliza o tempo do nascimento do xamã - meio homem - meio animal.
Muitas iniciações também envolvem atravesssar brasas ( Manchus), nadar sobre o gelo, beber sangue (goldos). Entre os Iacutes, no alto de uma montanha, com o mestre no território das doenças, ensina-se a reconhecer a doença e curá-las. Para cada parte do corpo ele cospé na boca do outro, que deve engolir o seu cuspe para diagnosticar a doença. Os Buriatas faziam a purificação pela água (batismo) com plantas aromáticas e algumas gotas de sangue de bode, para invocar os ancestrais. img Segundo Mircea Eliade uma pessoa torna-se xamã por:
1) vocação espontânea (chamamento ou eleição)
2) transmissão hereditária da profissão xamânica
3) por decisão pessoal ou, mais raramente pela vontade do clã.
Mas independentemente do método de seleção, um xamã só é reconhecido como tal no fim de uma dupla instrução:
1) de ordem extática (sonhos, visões, transes, etc.) e
2) de ordem tradicional (técnicas xamânicas, nomes e funções dos espíritos, mitologia e genealogia do clã, linguagem secreta, etc.). É sobretudo a síndrome da vocação mística que nos interessa. O futuro xamã singulariza-se por um comportamento estranho; procura a solidão, torna-se sonhador, adora vaguear nos bosques ou lugares desertos, tem visões, canta durante o sono, etc


Faziam também parte das iniciações o calor (tenda do suor) e com plantas de poder, que proporcionavam o arrebatamento místico, viagens astris etc. Parte-se de um princípio que neste mundo nada é dado de presente, tem que ser aprendido.Aquele que tem por destino ser xamã experimenta um certo mal estar, um certo tédio pela vida, tédio de viver num mundo demasiadamente seguro, sensibilidade voltada para o misticismo e para as forças do inconsciente.
Trata-se de um sacerdócio. Muitas pessoas querem ser xamãs sem conhecerem as obrigações inerentes a essa função, a entrega. É uma missão de utilidade pública. Várias pessoas se denominam, mas o que determina é o trabalho espiritual. Tem gente que se denomina ator político, técnico de futebol, terapeuta, professor. Tem gente que se denomina espiritualista. Tem gente que se denomina Pai-de-Santo. Enfim, no xamanismo também!

Atualmente existem muitas pessoas que se autodenominam xamãs, que no final das contas aprenderam alguns conceitos, mas nunca foram numa floresta, nunca foram a estados profundos de consciência, não estão inseridos numa comunidade espiritual, mas estão dando aulas.
É uma iniciação séria e não uma prática que se aprende em um final de semana. Um xamã transformou a sua vida, conseguiu a sua cura através de profundos processos de morte e renascimento, lidou com perdas, enfrentou entidades, enfrentou sua própria sombra, e obteve o conhecimento essencial e o reconhecimento de seus instrutores para poder compartilhar com os outros. Lembro também que xamanismo não é só praticas de rituais e cerimônias, e sim uma forma de vida, uma nova visão do mundo, que se aplica, primeiramente no condutor.

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São anos de preparação. Está além dos rituais é um jeito de viver .Ser um xamã é abraçar um sacerdócio, não é um trabalho somente terapêutico, é uma caridade de alto risco, é assumir uma responsabilidade com o Universo de viver em harmonia com a natureza, de ajudar o próximo, de transformar o ambiente em que vive, de ser aparelho de transformações nas pessoas que dele se aproximam. Uma mudança radical, profunda, verdadeira. Ser xamã não é uma profissão, é um dom.
Ninguém, entretanto, precisa ser um xamã para praticar xamanismo. Você pode ir à missa, sem se tornar um padre. Ser xamã Implica em iniciações e transformações de profundo significado que visam preparar o aprendiz para ajudar o próximo, e passar a sua vida nisso. Não são todos os que estão preparados para abrirem suas vidas para se dedicarem verdadeiramente ao outro. Não se aprende a ser xamã em salões de espaços esotéricos. Neles você encontrará as práticas xamânicas, que lhe colocarão em contato com a egrégora, isto, se o condutor for realmente um iniciado e não um oportunista que nunca se entregou a processos de morte e transformação e só fez o caminho das flores sem tocar nos espinhos. No xamanismo também aprendemos a lidar com o Mundo da ilusão.
Perante a sociedade atual em que vivemos é a mesma coisa. Não basta ter conhecimentos médicos, se a sociedade não dá um diploma não é possível exercer a medicina de forma legal. Não basta ter conhecimento sobre as emoções, se não receber um diploma, ou melhor, se não há uma formatura, é possível ser conselheiro, mas não psicólogo ou psiquiatra. Tudo que é sério requer um ritual de passagem, uma iniciação.

Os xamãs carregam o conhecimento espiritual e da vida, passados oralmente, lembrando a sabedoria dos antepassados. Eles conduzem os ritos de passagem, encorajam a comunidade para enfrentar os desafios, aglutinam a consciência comunitária, criando uma identidade grupal. O xamã é um especialista do Sagrado. Ele é capaz de mover-se entre os diversos estados de consciência. O xamã é uma pessoa que trabalha em Estado Alterado de Consciência ( estado extático, transe, estado transcendente - onde a pessoa percebe uma "realidade incomum".) e deve conhecer os métodos básicos para realizar esse trabalho. Os xamãs são grandes conhecedores da floresta e das propriedades das plantas .
O xamã é o especialista do invisível.

O que é um xamã?


img Em cada clima e cultura surgem almas que vivem a hora mágica da realidade. No texto, Craig Chalquist , fala que Os xamãs são iniciados numa maneira consagrada de ser, sua ocupação está no não ordinário, no interior, na iluminaçao pelos sonhos, no intangível. Não sendo nem sacerdotes, nem curandeiros, algumas vezes funcionam como tal, são chamados de feiticeiros, magos, psíquicos, yogis, médiuns, místicos, videntes, bruxos.
Têm sido tocadores de tambor e dançarinos, artistas e atletas, treinadores e embusteiros, sábios e guerreiros. Mas, qualquer que seja seu papel, caminham pela Senda da mediação entre a paisagem cotidiana e o reino dos arquétipos. Com um pé em cada cavalo, aventuram-se, entrando e saindo de estados alterados de consciência.
"Xamã" é a versão de "Saman" (shah-man), substantivo e verbo dos Tungus da Sibéria. Onde quer que se encontre, o Xamã, feminino ou masculino, é o especialista da comunidade nas relações do além, do outro mundo, o mundo superior e o mundo interior, um esgrimista do mundo sobrenatural, um expert do êxtase. Seja curando, guerreando, predizendo, mudando o clima, cozinhando ervas, fazendo máscaras, acompanhando as almas mortas ou localizando as perdidas, executa um papel de mestre das operações do inconsciente.
A consciência xamânica não é simples hipnose, fantasia, possessão, contorção, depressão, terror ou intoxicação, ainda que possa se apropriar dessas coisas. Tocando o tambor ou ingerindo uma planta de poder, sonhando lucidamente ou caindo em transe, o xamã permanece focado e consciente, sabendo bem que as viagens internas não significam nada a menos de que seus frutos são trazidos de volta e transformados em realidade mediante os rituais, danças, palavras, arte, música ou sessão de cura (especialidade mais frequente do xamã), vertendo o poder acumulado do outro lado em atividades úteis aqui.
Alguma das artes criadas pelos xamãs para tais realizações incluem : tocar tambores, música, acrobacia, teatro, arquitetura, escultura, entalhes, pintura, pintura em areia, pintura corporal, tatuagens, mudrás, talismãs, malabarismos, ilusionismos, ventriloquia, cultivo de plantas, astronomia, metalurgia, pirofagia, treinamento de animais, escrituras e as artes da navegação.
Tais proezas requerem um treinamento rigoroso e muitos anos de paciente prática. Por outro lado, a instrução xamânica tradicional é supervisionada externamente por outros xamãs e internamente por seres ou guardiães espirituais que oferecem sua amizade e outorgam poder ao aprendiz. Os seres espirituais são particularmente importantes : nenhum xamã se converte em xamã sem receber uma senha de aprovação transpessoal deles.
Algumas práticas da Nova Era dão a entender que converter-se em xamã implica simplesmente em acender incenso e fazer algumas visualizações dirigidas ( razão pela qual a maioria do que hoje em dia se anuncia como xamanismo, é mera conversa!!).
O sentido do chamado de um autêntico xamã não é um capricho e sim legado de uma vocação perigosa. É transformador, muda o curso da vida, esmaga temporariamente o ego, com meios, as vezes tão dolorosos, que chegam ao pânico. Como descreve Alce Negro :
"Quando chega uma visão dos seres do trono do Oeste, chega com terror como uma tormenta de relâmpagos. Mas quando passa a tormenta da visão, o mundo é mais verde e mais feliz, pois onde a verdade da visão cai sobre o mundo, é como uma chuva. Verá que o mundo é mais feliz depois do terror da tormenta. "
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Uma das formas de chamado chega como uma crise mental ou física, considerada incurável pelos métodos normais. Para assumir sua vocação o iniciado deve curar-se a sí próprio. Durante esse processo, a cura simboliza uma espécie de morte, particularmente a morte de uma parte de sí mesmo com a qual o iniciado tem a tendência de identificar-se; talvez hajam sonhos de enterros, desmembramentos, substituição dos olhos ou ouvidos, transformações de orgãos ou ossos.
O velho se expira e o novo assume a responsabilidade de aprender a geografia do não-ordinário que começa a abrir-se rapidamente frente a ele. Aprendizado que inclue nomear objetos, poderes, lugares e seres de outros mundos e transferir seus poderes para a vida cotidiana.
Desde que tais poderes abundam no mundo percebido pela consciência xamanística, o xamã vê a natureza como um sistema espiritual-energético e observa cuidadosamente seus equilíbios e interdependências. A princípio, os antropólogos atribuiam a perspectiva xamanística a um animismo primitivo. Hoje, na sinceridade do xamã , há os espíritos ou essencias das coisas animadas e inanimadas. Podemos ver que há um respeito pela vida, que o nosso mundo, tão devastado ecológicamente, não pode prescindir.
Ainda que os xamãs são encontrados em todos os lados, o grau de sua aceitação varia. A inquisição, por exemplo, os exterminava. Entretanto, muitas sociedades nativas tem honrado o xamã e valorizado seus conhecimentos.
Os ocidentais modernos que entendem literalmente o que escutam sobre os animais de poder e sobre as viagens da alma, ostentam uma idealização infantil das habilidades do xamã, menosprezam, considerando-os como remanescentes de outras épocas. Nenhuma dessas perspectivas compreende a vitalidade simbólica das práticas xamânicas, nem a profundidade insondável dos domínios do xamã : a psique arquetípica, tão extensamente inexplorada. Na linguagem de Jung: tal qual a alquimia, o xamanismo expressa uma forma projetada particularmente pura da psicologia do inconsciente coletivo.
Mesmo sendo a relação mais antiga da humanidade com o espirito, o xamanismo é um conjunto de habilidadee e práticas acumuladas pacientemente e não uma religião. Não há clero, igreja, credo, missão ou coleção de crenças eclesiásticamente corretas. O tecnicismo de seu estabelecimento empírico faz o espiritual se distinguir das facções tantos legalistas como liberal de uma religião, liberando-o para poder brindar com apoio e trabalhar ao lado dela.
Um místico, não é necessáriamente um xamã, ainda que muitos xamãs entendem de misticismo. A diferença entre os contemplaticos que chamam de "consciência divina", o êxtase do xamã (de ekstasis - ser colocado para fora, destacar-se) não busca o autoconhecimento ou a união com deus, sem trabalhar as forças para obras concretas aqui e agora, como a cura, a terapia, a arte e a restauração da harmonia comunitária. O xamã não é um santo e sim um condutor, um aparelho, um canal familiarizado com as polaridades internas, tanto luminosas como obscuras, que geram poder.
Os temas que se repetem nas vidas de xamãs autênticos são:

  • Uma pecepção de que é diferente; incapacidade de se encaixar completamente; uma postura intuitiva ou espiritual da vida , sente-a mais intrínseca do que aprendida.

  • Ser eleito por um chamado xamânico ao invés de eleição. O chamado manifesta-se como um sucesso que altera a vida, de intenso significado pessoal e espiritual; sentimentos de culpa, êxtase ou falta de mérito; temer a loucura; afirmações sincrônicas do chamado; enfermidades caso o chamado não seja atendido.

  • Largo período de enfermidade física ou psicológica incurável pelos métodos tradicionais: se o xamã potencial pode curar-se a sí próprio, penetrando suficientemente dentro de sí mesmo, passa a verdadeira iniciação, mesmo que depois atravesse por outras menores.

  • Possuir um histórico familiar de iniciações xamânicas (por exemplo: um avô que foi um xamã), ou referências internas de seus ancestrais ( por exemplo uma figura nos sonhos que declara : Antes foi seu avô, agora é a sua vez)

  • Treinamento de técnicas de alteração de consciência, sob a condução de guias tanto internos como externos.

  • Manifestações espontâneas de cura dentro da comunidade, sem ou não a proximidade física do xamã; um nítido aumento de incidentes positivos que desaparecem quando o xamã abandona a área.

  • Fácil reconhecimento de sucessos sincrônicos ( considerados sinais ou augúrios).

  • Tatuagens, perfurações, escarificações ou outras marcas, podem signiificar uma importante lição de vida, cura ou iniciação.

Xamã por Mircea



Mircea Eliade - Mitos, Sonhos e Mistérios


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Capítulo V - Experiência sensorial e experiência mística entre os primitivos

(trechos)
(...) Uma pessoa torna-se xamã por: 1) vocação espontânea (chamamento ou eleição); 2) transmissão hereditária da profissão xamânica e 3) por decisão pessoal ou, mais raramente pela vontade do clã. Mas independentemente do método de seleção, um xamã só é reconhecido como tal no fim de uma dupla instrução: 1) de ordem extática (sonhos, visões, transes, etc.) e 2) de ordem tradicional (técnicas xamânicas, nomes e funções dos espíritos, mitologia e genealogia do clã, linguagem secreta, etc.). Essa dupla instrução, que está a cargo dos espíritos e dos velhos mestres xamãs, equivale a uma iniciação. Esta pode ser pública e constituir em si mesma um ritual autônomo. Mas a ausência de um ritual deste gênero não implica, de forma alguma, a ausência de iniciação: esta pode muito bem ter-se operado em sonhos ou através da experiência extática do neófito.
É sobretudo a síndrome da vocação mística que nos interessa. O futuro xamã singulariza-se por um comportamento estranho; procura a solidão, torna-se sonhador, adora vaguear nos bosques ou lugares desertos, tem visões, canta durante o sono, etc. Por vezes, este período de incubação caracteriza-se por sintomas bastante graves: entre os Yakoutes, sucede que o jovem se torna furioso e perde facilmente o conhecimento, refugia-se nas florestas, alimentando-se de cascas de árvores, atira-se à água e ao fogo, fere-se com facas. Segundo Shirokogorov, os futuros xamãs tongouses atravessam, com a aproximação de sua maturidade, uma crise histérica ou histeróide, mas a vocação pode se manifestar numa idade mais tenra; o rapaz foge para as montanhas e fica lá por sete dias ou mais, alimentando-se de animais "capturados diretamente por ele com seus dentes" e regressando à aldeia, sujo, a sangrar, com as roupas em farrapos e os cabelos em desordem, "como um selvagem". Só após uma dezena de dias o candidato se põe a balbuciar palavras incoerentes.
(...) não é exato que os xamãs sejam ou devam ser sempre neuropatas: um grande número deles goza, pelo contrário, de uma perfeita saúde mental; por outro lado, aqueles que eram doentes tornaram-se xamãs justamente porque tinham conseguido curar-se. Inúmeras vezes, quando a vocação se revela através de uma doença ou de um ataque epiléptico, a iniciação equivale a uma cura. A obtenção do dom do xamanismo pressupõe justamente o desenlace da crise psíquica desencadeada pelos primeiros sintomas da vocação. A iniciação traduz-se, entre outras coisas, por uma nova integração psíquica.
(...) Os rituais iniciáticos específicos do xamanismo comportam uma ascensão simbólica ao Céu, pela escalada de uma árvore ou de um poste; o "doente" escolhido pelos deuses ou pelos demônios assiste em sonhos acordado, à sua viagem celeste até ao pé da Árvore do Mundo. A morte ritual, sem a qual não existe iniciação possível, é experimentada pelo "doente" sob a forma de descida aos Infernos: ele assiste em sonhos à sua própria ruptura em pedaços, vê os demônios cortarem-lhe a cabeça, arrancarem-lhe os olhos, etc.
(...) Grosso modo, pode dizer-se que o processo ao qual acabamos de aludir - a "doença" enquanto iniciação - conduz a uma alteração de regime sensorial, uma transformação qualitativa de experiência sensorial: de "profana", ela torna-se "eleita". Durante a sua iniciação, o xamã aprende a penetrar em outras dimensões do real e aí se manter: as suas provas, sejam elas quais forem, forjam-lhe uma "sensibilidade" capaz de perceber e integrar essas novas experiências.
(...) Tocado pelo raio, o Yakoute Bükes Ullejeen é reduzido e disperso em mil pedaços, o seu companheiro corre à aldeia e regressa com alguns homens para recolher os restos e preparar o enterro, mas encontra Bükes Ullejeen são e salvo. "O Deus do Raio desceu do Céu e cortou-me o corpo em bocadinhos, di-lhe Bükes. Agora ressuscitei como xamã e vejo o que se passa à minha volta até uma distância de trinta verstas".
(...) Ora esta modificação da sensibilidade obtida espontaneamente pela prova de um acontecimento insólito, é laboriosamente procurada durante o período de aprendizagem por aqueles que buscam a obtenção do dom xamânico. Entre os Esquimós Iglulik, o jovem ou a rapariga que desejam tornar-se xamãs apresentam-se diante do mestre com um presente e declaram: "Venho a tua casa porque quero ver". Instruído pelo mestre, o aprendiz passa longas horas na solidão: esfrega uma pedra sobre outra ou fica sentado na sua cabana de neve a meditar. Mas deve passar pela experiência da morte e da ressureição místicas; cai "morto" e fica inanimado três dias e três noites, ou é devorado por um enorme urso branco, etc. "Sairá então o urso do lago, devorará toda a carne e fará de ti um esqueleto, e tu morrerás. Mas recuperarás a tua carne, despertarás e as tuas roupas voarão para ti". O candidato acaba por obter a "luz" ou a "iluminação" (qaumaneq), e essa experiência mística, que é decisiva, dá ao mesmo tempo origem a uma nova "sensibilidade" e revela-lhe capacidades de percepção extra-sensorial. O qaumaneq consiste numa "luz misteriosa" que o xamã sente subitamente no corpo, no interior da cabeça, no próprio coração do cérebro, um inexplicável farol, um fogo luminoso, que o torna capaz de ver no escuro, tanto o concreto como o visualizado, porque ele consegue agora, mesmo de olhos fechados, ver através das trevas e aperceber-se de coisas e acontecimentos futuros, escondidos aos outros seres humanos.
(...) Esta experiência está relacionada com a contemplação do seu próprio esqueleto, exercício espiritual de uma grande importância no xamanismo esquimó, mas que se encontra igualmente na Ásia Central e no tantrismo indo-tibetano. (...) Eis o que relata Rasmussen: "Ainda que nenhum xamã possa explicar como e porquê, apesar disso, consegue pelo poder que o seu pensamento recebe do sobrenatural, despojar o seu corpo da carne e do sangue, de tal maneira que não lhe restem senão ossos. Deve então mencionar toda as partes do seu corpo, indicar cada osso pelo seu nome; para isso não deve utilizar a linguagem ordinária humana, mas unicamente a especial e sagrada dos xamãs, que aprendeu com o seu mestre.Vendo-se assim, nu e completamente privado da carne e do sangue perecíveis e efêmeros, consagra-se à si próprio, sempre na linguagem sagrada dos xamãs, à sua grande tarefa, através da parte do seu corpo que está destinada a resistir mais tempo à ação do sol, do vento e das intempéries"
(...) Tal exercício espiritual implica a "saida do tempo', porque o xamã não só antecipa por uma visão interior a sua morte física, como recupera aquilo a que poderíamos chamar a fonte intemporal da Vida.
(...) Por vezes o simbolismo da agonia, da morte e da ressurreição místicas é representado de uma maneira brutal e orientado diretamente para a alteração da sensibilidade: certas operações dos aprendizes xamãs denunciam a intenção de "mudar de pele"ou modificar radicalmente a sensibilidade por torturas e intoxicações sem conta. Assim os neófitos Yamana da Terra do Fogo esfregam a cara até criarem uma segunda e mesmo uam terceira camada de pele, "a pele nova", visível apenas aos iniciados.
(...) Entre os Caribes da Guiana Holandesa, os xamãs aprendizes sofrem uma intoxicação progressiva com sumo de tabaco e cigarros que fumam sem parar; mestras esfregam-lhes todas as noites os corpos com um líquido vermelho; escutam lições dos mestre com os olhos bem esfregados com suco de pimenteiro; finalmente, dançam, um de cada vez, sobre cordas estendidas a diferentes alturas ou balançam-se no ar pendurados pelas mãos. Atingem finalmente o êxtase sobre uma plataforma "suspensa do teto da cabana por várias cordas torcidas em conjunto que, ao desenrolarem-se, fazem girar a plataforma cada vez mais depressa".
(...) Uma das provas iniciáticas própria do xamanismo implica a capacidade de resistir tanto ao frio extremo quanto à temperatura da brasa. Assim, por exemplo, entre os Manchus, o futuro do xamã deve passar pela seguinte prova: cavam-se, no Inverno, nove buracos no gelo; o candidato deve mergulhar por um destes buracos evoltar a sair, nadando sob o gelo, pelo segundo, e assim sucessivamente, até ao nono buraco. Ora, certas provas iniciáticas indo-tibetanas consistem justamente em verificar o grau de preparação de um discípulo pela sua capacidade de secar por meio do seu corpo nu em pleno nevão, durante uam noite de inverno, um grande número de tecidos encharcados. Este "calor psíquico" tem, em tibetano, o nome de gtúmno (pronuncia-se: tumô ). Mergulham-se panos em água gelada; eles congelam e saem de lá tesos. Cada um dos discípulos enrola em torno de si um deles e deve descongelá-lo e secá-lo sobre o corpo. Logo que a roupa esteja seca, volta-se a mergulhá-la na água e o candidato envolve-se de novo com ela. a operação reproduz-se assim até ao nascer do dia. Então aquele que secou o maior número de panos é proclamado vencedor da competição.
(...) O "calor mágico" está relacionado com uma outra técnica que se poderia chamar "domínio do fogo" e que torna o praticante insensível à temperatura da brasa, Quase por todo o lado no mundo xamânico se registram tais explorações, que fazem lembrar os prodígos do faquirismo: preparando o seu transe, o xamã brinca com carvões em brasa, engole-os, toca em ferro ao rubro, etc.
(...) O "domínio do fogo" e a insensibilidade, tanto ao frio extremo quanto à temperatura da brasa, traduzem materialmente o fato de o xamã ter ultrapassado a condição humana e participado já da condição dos "espíritos". Ao nível das religiões arcaicas, participar na condição dos "espíritos" é o prestígio por excelência dos místicos e dos mágicos. Da mesma forma que os "espíritos", os xamãs são "incombustíveis", "voam" pelos ares, tornam-se invisíveis. Torna-se-nos aqui necessário chamar a atenção para um fato que é importante: é que a experiência suprema do xamã resulta no êxtase, no "transe". É durante o seu êxtase que ele empreende, em espírito, longas e perigosas viagens místicas até aos mais altos céus, para se encontrar com Deus, ou até à Lua, ou descendo aos Infernos, etc.
(...) Tudo isto é muito natural: tendo já conhecido, através da sua iniciação, a morte e a ressurreição, o xamã pode assumir impunemente a condição de desencarnado; pode existir como "alma" sem que a separação de seu corpo lhe seja fatal. Cada "transe" é uma nova "morte", durante a qual a alma abandona o corpo e viaja em todas as regiões cósmicas.





Retorno dos Xamãs


Meu grande irmãos espiritual, o jornalista Romeo Graciano escreveu um texto muito bonito em 1993, para o Guia do Buscador, sobre o Retorno dos Xamãs, que compartilho abaixo :
img O xamanismo figura na origem das práticas de tratamento da alma, da mente e do corpo, tendo deixado influências em todos os continentes. A notável criatividade de suas técnicas vem ressurgindo no enfoque holístico de muitas terapias, além de promover a aliança do homem moderno com as forças naturais.
O xamã é um especialista do mundo invisível com um talento muito particular, que lhe permite entrar e sair dele com liberdade e conhecimento para curar, fazer adivinhações, ver o passado, o presente ou futuro, conciliar o homem com o sobrenatural e as forças mágicas.
Ele é o manipulador do "Sagrado" e mestre do êxtase, do transe extático, um dos aliado dos espíritos da natureza, dos ancestrais, que trava contato com as potências celestes como com as infernais, de acordo com a necessidade do grupo a que serve.
Classificá-lo apenas como feiticeiro, pajé, curandeiro ou mago é limitar a ação desse agente da força mana universal e impessoal, responsável pelo sistema mais antigo de tratamento da mente e do corpo.

Acredita-se que o xamanismo tenha pelo menos 30.000 anos de história, tendo surgido no período Paleolítico. Seu desenvolvimento transcorreu de modo paralelo à consciência religiosa, fortalecendo-se por meio dela.
Todos os continentes receberam influências da tradição xamânica, especialmente as regiões do norte e do centro-asiático, as regiões árticas e as norte-européias. Países como a Índia, Tibete, China, Japão, Austrália, África, toda a América do Norte, a Central e a Sul tem vestígios de suas práticas.
No Brasil, onde existem várias nações indígenas, a imagem do xamã equivale-se à do pajé, à do curandeiro e à do conselheiro espiritual da tribo.
Na língua dos povos Tungus, da Sibéria, vamos encontrar o termo saman e, em sânscrito sramana, que muito provavelmente registram a origem da expressão xamã, traduzida como "homem inspirado pelos espíritos". Não que o xamanismo fosse um fenômeno exclusivamente masculino, pois tudo indica que através do tempo a participação das mulheres diminuiu muito, pla inpossibilidade de conciliar as exigências da vida familiar com as funções designadas a esse mestre do mundo invisível. img
Os xamãs foram os primeiros professores, profetas, contadores de histórias, artistas místicos e investigadores da natureza. Tinham desenvolvidas no mais alto grau as suas capacidades mentais e aplicavam o conhecimento intuitivo animal, que reside em nosso sistema límbico - area primitiva co cérebro conectada com a memória animal, que diz respeito à mente prólógica. Daí o xamã trabalhar com seus animais de poder, que são seres espirituais que lhe protegem e servem, manifestações da sua outra identidade, e que podem ser descobertos por todas as pessoas em seu mundo interno.

Na jornada às outras dimensões os xamãs tem os seus animais como seus cúmplices e as plantas de poder como seus agentes secretos; a percepção aguda dos seus animais auxiliares permite-lhe rastrear a enfermidade do paciente, e o vínculo com os seres vegetais lhe empresta o poder da cura. Para eles só existem os limites da imaginação.
A natureza é a sua grande aliada, e nela todos os seres são vivos e podem agir com finalidade certa. Afinal, almas e espíritos animam todas as coisas do universo por obra do sagrado.
O neófito é o possuidor de uma vocação xamânica, normalmente aflorada em meio a alguma espécie de crise, de prova, que simboliza o seu chamado. A tradição é repleta de histórias que narram o processo de iniciação ritual na arte do xamanismo, sendo muito conhecida a de Carlos Castañeda com seu mestre Dom Juan. O indivíduo com o destino de ser um xamã deve voltar sua sensibilidade para o misticismo, e para isso a realidade se encarrega de defrontá-lo com o sentido profundo da vida. Muitas vezes isso acontece com o surgimento de uma doença, que o futuro xamã conseguirá superar, vivendo o arquétipo junguiano do "curador ferido" - sua morte simbólica para o renascimento em outra consciência.
A entrada no transe que conduz à viagem xamânica exige uma alteração do estado de consciência. Nesse processo, o som, a dança, o canto e os objetos de poder vão criar os estímulos para isso. Com a consciência alterada, o xamã recebe impressões inacessíveis aos sentidos comuns, penetra na dimensão astral, em outros mundos. Esses mundos não são artificiais, mas tão reais quanto o mundo comum; artificiais podem ser os meios para se chegar até eles. A ciência tem estudado a natureza do transe xamânico, constatando a superioridade de certos estados de consciência alterada sobre o estado de consciência comum em que vivemos a maior parte do tempo.
A abordagem holística que caracteriza a cultura aquariana emergente tem conciliado com grande felicidade o terapêutico e o espiritual, o tradicional e o contemporâneo. Muitas técnicas multimilenares do xamanismo estão retornando ao presente, expressando-se na psicologia e em diversas modalidades de terapias alternativas, com a criatividade típica desse conhecimento arcaico. E a criatividade é uma condição essencial para o resgate do nosso ser original, para enfrentarmos - como bons xamãs modernos - a morte ritual do pequeno ego que nos fará renascer inteiros.

Estranhos Poderes


OS ESTRANHOS PODERES DOS XAMÃS
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Atualmente, a suposição de que há poderes misteriosos tende a ser vista com uma boa dose de ceticismo. Muitas culturas, porém, aceitam o contato com as forças sobrenaturais sem questioná-las.
Desde a aurora dos tempos, as sociedades tribais veneram indivíduos que supostamente possuem a capacidade de comunicar-se com espíritos e divindades.
Chamados profetas, curandeiros ou médicos - mas, de um modo mais amplo são conhecidos como xamãs.
Eles são requisitados para curar enfermidades físicas ou emocionais, obter alimento quando há fome, ajudar a encontrar objetos perdidos ou roubados, prever o futuro, controlar o tempo, trazer de volta almas fugitivas dos enfermos e guiar a dos mortos.
Em geral os xamãs entram em transe para tenta fazer contato com o mundo espiritual.

Para atingir esse estado alterado de consciência empregam meios semelhantes aos adotados em certos experimentos da moderna parapsicologia. às vezes meditam no isolamento ou se concentram nos sons rítmicos de tambores, cantos ou danças, outras jejuam ou usam plantas psicoativas.
Uma vez que a mente e o copro rendem-se ao transe, o xamã fica à vontade para visitar o mundo espiritual.
Muitas vêzes, dizem, através do vôo mágico. Lá o xamã recebe uma mensagem que pode vir sob a forma de uma canção, de uma oração ou de um ritual a ser executado; a mensagem também, pode vir como uma visão esclarecedora sobre a natureza da vida.
Em raras ocasiões, os xamãs tentaram descrever, através de palavras e imagens, algumas das mensagens frequentemente inefáveis que receberam durante suas odisséias mentais no mundo dos espíritos.
´Vejamos exemplos de três culturas tribais : os esquimós iglulik, os índios sioux oglala e os índios huichol, do México nas próximas mensagens
OS ESPÍRITOS DE ANARQAQ img
Quando o explorador dinamarquês Knud Rasmussem chegou à região ártica da América do Norte em 1921 para estudar os esquimós iglulik, encontrou uma cultura que girava quase que exclusivamente em torno de uma multidão de seres invisíveis.
Além dos espíritos que habitavam cada pessoa, animal e objeto havia aqueles não especificados, responsáveis por acontecimentos aparentemente inexplicáveis, como a doença e o tempo ruim. Anarqâq, um xamã, auxiliou-o evocando seres. Rasmussem ficou sabendo que havia espíritos bondosos e prestativos, outros agressivos e maldosos, e outros decididamente maus. A comunidade inteira procurva manter os maus espíritos ao largo através de rituais e tabus, mas só os xamãs tinham o poder de baní-los por completo.
Enquanto xamã, Anarqâq era ajudado por espíritos benfazejos, que entravam em seu corpo, ou simplesmente chamavam-no Ao responder, o xamã absorvia os poderes deles. Muitos espíritos bons faziam sua primeira aparição sob a forma de monstros ou animais ferozes que deviam ser conquistados ou subjulgados, mas ao conquistar sua boa vontade, mostravam uma lealdade sem limite.

Para Anarqâc, o espírito Igtuk era responsável pelos estrondos que às vezes se ouviam vindos das montanhas articas. Na descrição do xamã, Igtuk tinha apenas um grande olho, situado entre os braços. Sua boca imensa abria-se para um abismo negro e seu queixo era coberto por pêlos espessos.

img Anarqâq contou que pouco depois de seus pais morrerem, um espírito melancólico chamado Issiotôq, ou Olho Gigante, apareceu. " Não tenha medo de mim", disse o espírito, "pois eu também me debato com pensamentos tristes. Assim, ficarei a seu lado para ser seu espírito benfazejo. " Issitôq tinmha um `pêlo curto e eriçado, braços extremamente compridos e uma boca vertical com um dente longo e dois curtos; ele ajudava Anarqâq a encontrar aqueles que infringiam os tabus da tribo.

Anarqâq teve uma visão num dia de primavera. Um espírito feminino chamado Qungiaruvlik tentava roubar uma criança escondendo-a em sua parka. Não houve tempo, porém, para ela conseguir o que queria: dois espíritos benfazejos bem armados salvaram a criança e mataram a sequestradora.
Kigutilik, um dos muitos espíritos que Anarqâq afirmava ter encontrado em suas caçadas, era um ser monstruoso, do tamanho de um urso. Com um rugido, Kigutilik surgira de um buraco no gelo, assustando Anarqâq, que caçava focas. De medo, o xamã fugiu sem se entender com o espírito.
Certo dia caçando caribus, Anarqâq deu de cara com esse espírito rotundo, chamado Nârtôq. Ao ver Anarqâq o espírito investiu como se quisesse atacá-lo, mas quando o xamã se preparou para a defesa, ele sumiu. Mais tarde, Nârtôk voltou e disse a Anarqâq que se ele aprendesse a controlar seu temperamento esquentado, Nârtôq passaria a ser seu espírito benfazejo.

Cosmologia Xamânica


No xamanismo sempre saúdo o Mundo Subterrâneo, o Mundo Intermediário, o Mundo Superior. Os xamãs são os viajantes capazes de atravessar essas Zonas Cósmicas, de uma para a outra.

VIAGEM NAS TRÊS DIMENSÕES DA CONSCIÊNCIA


Cosmologia é a opinião da estrutura do universo e do sistema que compõem as palavras da criação, é visão da natureza do universo. Este tipo de simbolismo no xamanismo, de uma forma geral, mostra a conexão de três mundos que pode variar segundo as diferentes tradições.
Interessante notar que para obter um processo de transcendência para muitas religiões, pressupõe passar por uma trindade sagrada, que possuem um eixo central, ou se unificam num só. Segundo Pitágoras o três reina em toda parte, e a Mônada é o seu princípio”.Corpo, Alma e Espírito é a classificação básica do ser humano. No próprio corpo físico temos cabeça, tronco e membros. Segundo a teosofia (Blawatsky), existem três representações distintas do Universo programadas em nossa mente: o pré-existente (evoluído de) o sempre-existente; e o fenomênico – o mundo de ilusão, o reflexo e sua sombra. Segundo muitas concepções religiões há o Deus Uno , o Logos, onde tudo procede, desdobra-se, em seguida, numa Sagrada Trindade.: Espírito – Consciência – Matéria, ou Pai Divino – Filho Divino – Mãe Divina.
Na antiguidade, os deuses era agrupados em três, se estendendo no Egito, na Grécia, e em Roma nos séculos antes, durante e depois de Cristo. E após a morte dos apóstolos, também no cristianismo.
No Cristianismo, alude-se a Pai, Filho e Espírito Santo e também Jesus, Maria e José. No Hinduísmo, Shiva (o Destruidor ou Regenerador), Vishnu (o Conservador) e Brahma (o Criador) ou, Agni, Surya e Vayu. No Egito: Osíris - o Pai Solar, Ísis - a Deusa Mãe Lunar e Hórus, o Filho e, também Amon-Rá, Ramsés II e Mut . Na Babilônia : Anú, Hea e Bel . Na Cabala as três supremas Sephiroth (ou Emanações) da Árvore da Vida: Kether (Coroa ou Poder), Chokmah (Sabedoria) e Binah (Inteligência, Compreensão ou Entendimento).No xintoísmo o grande Kami-natureza é de certa forma o CAOS, o ABSOLUTO, a fonte e origem de tudo, ou o Não-Ser, o princípio fundamental. Deles saiu os Kami, que são a "via", a luz, e o ser humano.O ser humano é dotado com a capacidade de incorporar o grande Kami-natureza e atingir a "via", então essas 3 entidades, o ser Humano, a "via" e o Absoluto tornam-se um só..
Jorge Adoum, o Mago de Jefa, ensinava que o Homem Deus é a trindade manifestada no corpo. Em seu livro " As Chaves do Reino " colocou que por todos os centros magnéticos do Homem fluem tres energias : Eletricidade, Fogo Serpentino e Energia da Vida. Eliphas Lévi dizia: " Há tres Mundos inteligíveis, que se correspondem uns aos outros. O Mundo Natural ou Físico, o Mundo Espiritual ou Metafísico, e o Mundo Divino.
Entretanto, a idéia central é a mesma. É composta de três mundos e de uma linha central, onde há um portal, ou abertura. É por essa abertura que, no xamanismo, a alma em êxtase, pode voar para cima ou para baixo durante suas viagens.

Segundo Mircea Eliade, a técnica xamânica, por excelência, consiste em passar de uma região cósmica para a outra : da Terra ao Céu, ou da Terra aos Infernos. Essa comunicação é possível porque as três regiões são unidas entre sí por um eixo central. Esse eixo passa por uma abertura onde os mortos baixam às regiões subterrâneas e, por onde os Deuses descem a Terra, e, também, a alma do xamã em êxtase pode subir ou baixar durante sua viagem ao Céu ou aos Infernos.
Este eixo central ou Centro representa o Espaço Sagrado
Segundo diversas crenças xamânicas, existem aberturas para viajar no mundo espiritual, geralmente as entradas são em formas circulares. Essas aberturas, rodas, túneis, buracos ou cavernas também existem dentro de nós mesmos. Através de desenhos em paredes de cavernas, estátuas, pinturas, os xamãs de diversos povos retratam o mundo espiritual dentro de nós. O exemplo são os chakras.Os centros de energia humanos estão localizados ao longo da linha da espinha, que acumula fina luz de energia, de cuja aura é composta.

No xamanismo sempre saúdo o Mundo Subterrâneo, o Mundo Intermediário, o Mundo Superior. Os xamãs são os viajantes capazes de atravessar essas Zonas Cósmicas, de uma para a outra. A viagem que me refiro é o vôo da alma, que é conseguida através do transe. Nessas viagens os xamãs recuperam almas perdidas, buscam poder e conhecimento, encontram-se com espíritos, etc.
Nas minhas jornadas inicio relaxando meu corpo físico e me desprendendo dele, com a visualização do local de poder . Um espaço sagrado da nossa mente. Lugar de repouso e tranqüilidade. Com meus olhos internos vejo meu corpo mental passeando pelo local de poder até encontrar um lugar para repousar.
Aos poucos vou visualizando e sentindo que meu corpo espiritual vai de desprendendo do meu corpo mental e assim vai caminhando pelo local até encontrar uma abertura na terra.Entro por essa abertura que dá num túnel até a entrada de um outro mundo. Um mundo paralelo. A partir desse mundo, posso ir para onde quiser. Nesse mundo estão os animais de poder, por exemplo.
Os Kahunas, xamãs havaianos, tratavam a mente consciente como Uhane = Eu Médio, a mente subconsciente de Unihipili = Eu Básico,e, Aumakua = Eu Superior. Max Fredon Long, em suas cartas aos estudantes da filosofia Huna, afirmava que quando os três estão em harmonia e trabalham juntos, podem operar verdadeiros milagres. Explicou aos seus alunos que o "Eu Médio" é o que reconhece a sua própria existência, é a razão e a habilidade de raciocínio. O "Eu Básico" é sujeito a sugestão, é o subconsciente, controla as funções do corpo. O "Eu Superior" é o superconsciente, o próprio Anjo da Guarda, é onde se expressa toda a qualidade divina.
Um outro princípio xamânico para as Zonas Cósmicas é a "*Arvore da Vida*", onde nos troncos se encontra o Mundo Intermediário, e se relaciona com a realidade ordinária. Nas raízes o Mundo Subterrâneo, o local dos ancestrais, onde nos ligamos aos arquétipos. Nos ramos, o Mundo Superior, que é o lugar da inspiração, da União com a Divindade
Para os incas o Mundo Intermediário era representado pelo Puma, que simboliza a Terra. É. É a força e poder. É o mundo que vivemos.O Mundo Subterrâneo é representado pela Serpente, da onde parte a energia. E, o Mundo do Alto, o Mundo Celestial, é representado pelo Condor.

MUNDO INFERIOR OU SUBTERRÂNEO


Neste mundo conectamo-nos com os espíritos das plantas, dos animais, dos minerais, e espíritos humanos. É aonde reside os mistérios da Mãe-Terra. Nesta viagem podemos aprender sobre a utilização de ervas medicinais, o uso de cristais e sobre o talento dos animais.
Também encontramos com a nossa sombra. A parte mais obscura do nosso ser. Também estão nossos instintos. É o mundo dos símbolos, dos arquétipos.
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MUNDO iNTERMEDIÁRIO


Onde é possível viajar no passado e no futuro. Respostas para diversas questões da realidade ordinária podem ser obtidas nessa Zona.


MUNDO SUPERIOR


É onde conectamo-nos com os mestres é o local da inspiração, da criatividade, da liberdade. Onde nos conectamos com nossos guias e mentores espirituais.
Para o xamã não existe uma preferência de zonas, pois todas elas tem sua importância no Universo.Eliade também descreve a Montanha Cósmica, que faz positivamente a relação entre a Terra é o Céu, assim como o Pilar do Mundo.A idéia da Montanha Cósmica era familiar para os povos primitivos da Sibéria e também em outras culturas.
A montanha cósmica é uma outra imagem mítica do centro do mundo. Narra uma lenda siberiana que o primeiro shaman, Bai Ulgan, está assentado no alto da montanha. A montanha cósmica faz a conexão entre a terra e o céu. Os buriatas dizem que a Estrela Polar está presa a seu topo. Os deuses agarraram esta montanha cósmica e agitaram o oceano primordial, dando o nascimento ao universo. Um futuro xamã pode escalar a montanha cósmica durante sua iniciação. Ascender à montanha significa sempre uma viagem ao mundo central.
No Egito, na Índia, tribos norte-americanas, China, Grécia, e outras também. Por exemplo; o Monte Olimpo para os gregos; o Monte Meru para os hindus, Machu Pichu para os peruanos, o Monte Fuji, para os japoneses; o Monte Shasta, para os norte-americanos. O seu significado é semelhante ao da Arvore Cósmica, o centro do mundo, e foi apresentado de muitas maneiras.

Estados Alterados


 Nós, seres humanos, passamos a maior parte de nossa vida,acordados num estado comum de consciência, porque a maior parte da nossa humanidade entende que é o estado "normal", mas avanços da ciência mostram que o nosso cérebro produz suas próprias substâncias, veiculos para alterar a mente.
Entendo que a busca por estados diferenciados de consciência faz parte da natureza humana. Podemos observar isso em crianças, nas brincadeiras de rodopiar até ficarem tontas, ao experimentarem prender a respiração, etc.
Acredito que o ser humano é um buscador de experiências, alguns buscam enfrentando perigos da natureza,no êxtase religioso, nos esportes radicais, no sexo, nas danças, na música, nos esportes. O mesmo acontece nas experiências psicodélicas, com as drogas permitidas como o álcool, com práticas de meditação. Ela é parte legítima da condição humana
Os estados alterados de consciência no xamanismo, que aqui prefiro chamar de Estados Sagrados de Consciência, não envolvem apenas o transe, e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar-se com espíritos animais, plantas, mentores, obter insights, para curas, etc. Estas incluem experiências fora- do- corpo, mudança de forma, transformação em animais, viagens através do tempo (passado ou futuro
Os estados alterados de consciência incluem vários graus; Stanley Kryppner chega a classificar vários estados diferentes de consciência. São através desses estados que conseguimos nos conectar com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior. Conseguimos expandir a nossa percepção para os mistérios que estão guardados em nós mesmos.Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia.
img Nos religamos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece, alcançamos níveis profundos do nosso ser.
Eliade fala do êxtase, Castañeda do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supra-consciência, e outros nomes, para a mesma manifestação.
Os xamãs compreendem a conexão o corpo, alma e mente, de forma sagrada, espiritual. O trabalho do xamã tem efeito terapêutico ao induzir estados alterados de consciência e criar imagens que comunicam-se com tecidos e orgãos, e até células para promoverem mudanças.
Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder, respirações, posturas corporais, e outras. Através desses estados sagrados nós alcançamos uma experiencia divina, acessamos uma fonte de Sabedoria Superior, curamos nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência.
Michael Harner no seu livro O Caminho do Xamã, , chama o estado alterado de consciência (EAC), como Estado Xamânico de Consciência (EXC). Ele compara o EXC e o Estado Comum de Consciência (ECC), ao que Castañeda chamava de " Realidade Incomum e Realidade Comum ".
Harner exemplifica a diferença entre esses estados, por meio de animais, dragões, grifos e outros animais que consideraríamos míticos quando estamos em ECC, mas que são "reais" quando estamos em EXC
Carlos Castañeda narrava um universo uno e ao mesmo tempo duplo : o tonal e o nagual. O tonal representa tudo aquilo que captamos e percebemos diariamente, o mundo ordinário.
O nagual é aquilo que existe, mas raramente conseguimos perceber, é o mundo não ordinário ou extraordinário, o reino do desconhecido.O nagual não pode ser percebido racionalmente. É a sensação que vai além da razão, tornando irrelevante qualquer tipo de questionamento. Se é verdade ou não !
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O "sonhar", que se referia Castañeda ,é a síntese da arte que aprendeu com Dom Juan Matus. É transpor os limites da percepção do dia-a-dia, penetrar pelas camadas do tonal e do nagual, poder voar deixando o corpo parado
Os caminhos do xamanismo são acima de tudo, espirituais. A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados alterados. No xamanismo considera-se a doença como originária do mundo espiritual. A maior atenção não é dada para os sintomas, ou a doença em si, mas a perda de poder pessoal que permitiu a invasão da doença.
Sentimentos, pensamentos e imagens podem, na realidade, causar liberação de substâncias químicas. Um equilíbrio químico é essencial à manutenção da saúde.As imagens e visões, são usadas como instrumentos para reestruturar o significado de uma situação, de modo que ela deixe de criar sofrimento.
As imagens transmitem mensagens compreendidas pelo sistema imunológico. Elas ligam os pensamentos conscientes aos glóbulos brancos.Saude é estar em harmonia com a visão do mundo. É uma percepção intiutiva do Universo e de Todas as Suas Relações.
No xamanismo aprendemos a nos comunicar com animais, plantas, estrelas e minerais, conhecemos a morte e a vida e não vemos diferença entre elas. Expandimos para além do estado ordinário de consciência para experimentar as vibrações do Universo.
Se eu tivesse que escolher umas palavras para definir o êxtase, eu diria: INDESCRITÍVEL. Posso dizer o que eu senti e que acho ser um êxtase: Um estado de fusão com o Universo, nada falta, não há tempo, espaço, formas. Um estado de plenitude, sentindo a alma voar, ver e sentir belezas, cores, sons. Um encontro com "Algo Superior", uma sensação de amor e de saúde. O encontro com o Eterno, lindas visões..... Um Estado Superior de Consciência que lhe proporciona mudança de valores, aperfeiçoamento pessoal nas virtudes, amor à vida e a natureza e ao próximo.

Estado Xamânico de Consciência


img Michael Harner coloca que o xamã tem uma vantagem: é capaz de mover-se entre estados de consciência à vontade. Pode entrar no ECC de alguém que não seja xamã e concordar, honestamente, com ele, sobre a natureza da realidade vista a partir daquela perspectiva. Então o xamã pode voltar ao EXC e obter uma informação direta do testemunho de outras pessoas, que relataram suas experiências quando naquele estado.
Pode-se argumentar que nós, seres humanos, passamos a maior parte de nossa vida, quando acordados em ECC, porque a seleção natural entende que assim deva ser, considerando que essa é a realidade real, e os outros estados de consciência, que não o sono, são aberrações que interferem na nossa sobrevivência.
Em outras palavras, tal argumento pode ser aceito, nós pecebemos a realidade da forma como costumamos percebê-la porque esse é sempre o melhor modo, em termos de sobrevivência. Todavia, avanços da neuroquímica mostram que o cérebro humano leva consigo suas próprias drogas para alterar a consciência, incluíndo alucinógenos tais como a dimetiltripdamina.
Em termos de seleção natural, parece pouco provável que esses alteradores da consciência viessem estar presentes, a menois que a sua capacidade de alterar o estado de consciência trouxesse alguma vantagem para a sobrevivência. Ao que parece, a própria natureza resolveu que um estado alterado de consciência é, as vêzes, superior ao estado comum.
No Ocidente estamos apenas começando a apreciar o importante impacto que o estado da mente pode ter sobre aquilo que foi antes, com excessiva frequência, tomado como questões de propriedade puramente "física".
Quando, numa emergência, um xamã aborígene australiano ou um lama tibetano empenha-se numa "viagem rápida" - um transe da técnica em EXC para percorrer longas distâncias a grande velocidade - isso é, claramente, uma técnica de sobrevivência que, por definição, não é possível em ECC.
Da mesma maneira, estamos aprendendo que muito dos nossos atletas mais bem sucedidos entram em estado alterado de consciência quando estão tendo os seus melhores desempenhos.
Levando tudo isso em conta, parece impróprio argumentar que apenas determinado estado de consciência é superior em todas as circunstâncias. De há muito o xamã sabe que essa suposição não sómente é falsa, mas também é perigosa para a saúde e o bem estar.
Usando milênios de conhecimentos acumulados, bem como suas experiências diretas, o xamã sabe quando a mudança de um estado de consciência é aconselhável ou mesmo necessária.
M.Harner acrescenta que em Estado Xamânico de Consciência, o xamã não só passa por experiências que são impossíveis em ECC, mas também as realiza. Mesmo que fosse provado que todas as experiências xamânicas em EXC estão apenas na mente do xamã, isso não faria esse domínio menos real para ele. Na verdade, tal conclusão significaria que as experiências e as realizações xamânicas não são impossíveis, seja qual for o seu sentido.
Continuando com M.Harner :
" O estado "extático" ou alterado de consciência e a sábia perspectiva que caracteriza o trabalho xamânico podem ser chamados, utilmente, de Estado Xamânico de Consciência (EXC).
Ele não envolve apenas um transe ou um estado transcendente de discernimento, mas também um sábio discernimento dos métodos e suposições quando se está nesse estado alterado. O EXC se opõe ao Estado Comum de Consciência (ECC) ao qual o xamã retorna depois de ter feito seu trabalho característico. O EXC é a condição cognitiva na qual a pessoa percebe a realidade incomum (Castañeda).
O que se sabe sobre o EXC inclui informação sobre a geografia cósmica da realidade incomum, para que seja possível saber para onde viajar no intuito de encontrar o animal, a planta ou outros poderes apropriados. Isso inclui o conhecimento de como o EXC dá acesso ao Mundo Profundo Xamânico.
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Esse conhecimento inclui discernimento, por parte do xamã, de que deve haver uma missão específica premeditada quando se está em EXC. A realidade incomum não é abordada por brincadeira, mas em virtude de sérios propósitos. O xamã é a pessoa que trabalha em EXC e deve conhecer os métodos básicos para realizar esse trabalho. Se, por exemplo, ele deseja um animal guardião de poder de um paciente e o tira do Mundo Profundo, deve conhecer a técnica para chegar lá, entrando nele, encontrando o animal de poder e levando-o de volta em segurança. Subsequente mente, em ECC, deve saber quais são as instruções a dar ao paciente.
Em EXC, o xamã sente, tipicamente, uma alegria inefável por aquilo que vê, um temor respeitoso pelos belos e misteriossos mundos que se abrem diante dele. Suas experiências são como sonhos, mas sonhos despertos que sentem como reais e nos quais ele pode controlar suas ações e dirigir suas aventuras. Enquanto está em EXC, muitas vezes fica estupefado pela realidade daquilo que se apresenta.
Ganha acesso a um Universo Novo, ainda que familiarmente antigo, que lhe dá profunda informação sobre a significação de sua própria vida e morte e de seu lugar na totalidade da existência como um todo.
Durante suas grandes aventuras em EXC, ele mantém o controle consciente do rumo de suas viagens , mas não sabe o que vai descobrir.
É um confiante explorador das infinitas mansões de um magnificiente universo oculto. Finalmente, traz de volta à mente suas descobertas para estruturar seus conhecimentos e ajudar outras pessoas.
O Estado Alterdo de Consciência, componente do EXC, inclui vários graus de transe, que vão desde o essencialmente leve (alfa) ao muito profundo (coma temporária). Normalmente o EXC permite plena recordação da experiência quando o xamã retorna ao ECC.
O componente aprendido no EXC inclui a atribuição de plena realidade às coisas que a pessoa vê, sente, ouve e que, de outra forma, experimenta em estado alterado de consciência
Essas experiência empíricas diretas não são vistas pelo xamã como fantasia, mas como realidade imediata. Ao mesmo tempo, o xamã identifica a distinção existente entre a realidadedo EXC da que existe em ECC e não confunde as duas. Sabe quando está num ou noutro desses estados, e entra em cada um deles por livre escolha.
Os preceitos aprendidos que usa enquanto está em EXC incluem a suposição de que animais, plantas, seres humanos e outros fenômenos vistos em estados alterados de consciência são inteiramente reais , dentro do conceito da realidade não material ou incomum, na qual eles são vistos.
O xamã entra em EXC para ver essas formas não materiais e interagir com elas. essas formas não são vistas em ECC e não constituem parte da realidade comum.
O aspecto aprendido em EXC envolve profundo respeito por todas as formas de vida, com humilde compreensão da nossa dependência em relação às plantas, animais e mesmo à materia inorgânica do nosso planeta.
O xamã sabe que o ser humano está relacionado com todas as formas de vida, que todos são "nossos parentes".
Tanto em EXC como em ECC, o xamã aproxima-se das outrs formas de vida com respeito familiale e compreensão.
Reconhece sua antiguidade, seu parentesco e seus poderes especiais.
Assim sendo, o xamã entra em EXC demonstrando reverência pela natureza.
Reverência pelos poderes inerentes aos animais selvagens e por todos os gêneros de plantas, pela sua insistente capacidade de sobreviver e florescer ao longo de uma existência que se afirma através dos incontáveis períodos planetários.
Quando procurada em estado alterado de consciência com respeito e amor - o xamã acredita -, a Natureza está preparada para revelar coisas que não podem ser conhecidas num estado comum de consciência.

Tonal e Nagual


Carlos Castañeda narrava um universo uno e ao mesmo tempo duplo : o tonal e o nagual. O tonal representa tudo aquilo que captamos e percebemos diariamente, o mundo ordinário.
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O nagual é aquilo que existe, mas raramente conseguimos perceber, é o mundo não ordinário ou extraordinário, o reino do desconhecido.
O nagual não pode ser percebido racionalmente. É a sensação que vai além da razão, tornando irrelevante qualquer tipo de questionamento. Se é verdade ou não !
O "sonhar", que se referia Castañeda ,é a síntese da arte que aprendeu com Dom Juan Matus. É transpor os limites da percepção do dia-a-dia, penetrar pelas camadas do tonal e do nagual, poder voar deixando o corpo parado.
Dom Juan dizia que a essência do ser é o ato de perceber, e a magia do ser, o ato da consciência. Percepção e consciência formam uma unidade que possui dois domínios : a primeira e a segunda atenção.
A primeira atenção consiste na capacidade de organizar o mundo cotidiano; a segunda, na capacidade que todos tem (mas pouco utilizam) de organizar o mundo não comum.
Para sonhar é preciso desenvolver a segunda atenção, e apenas sonhando essa capacidade se desenvolve.
Não existem fórmulas para se chegar à segunda atenção, do mesmo modo que não foi através delas que alcançamos a primeira.
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Os passos necessários vão sendo encontrados no próprio caminho de quem a busca.
Ver o mundo nagual significa enxergar a energia vital que se esconde por trás de tudo.
A percepção nagual nos permite observar as linhas energéticas da terra, os pontos de maior poder.
O nagual está em nós e em todo o Universo, podendo ser percebido de diversas maneiras.
Uma das formas é a utilização de plantas de poder. Os índios feiticeiros do México, fazem uso do peiote para desenvolver a segunda atenção.
Alix de Montal narra que o fecho do corpo dos ensinamentos de Dom Juan são o tonal e o nagual :
"Assinalemos desde já que essas duas noções não são específicas do xamanismo em seu conjunto, muito embora elas surgiram, de um ângulo mais geral e místico, planos de consciência que um xamã, ao entrar em transe extático, infalivelmente experimenta.
Os naguais eram outrora membros de uma sociedade secreta cuja influência junto às tribos maias era considerável. Como o grande xamanismo, o nagualismo implicava a iniciação em certos poderes ocultos, devendo cada feiticeiro formar, durante a sua vida, um ou mais aprendizes. Mas do México a guatemala, como em toda parte onde se praticavam cultos mágico religiosos, quase todos os naguais desapareceram. "
Dom Juan dizia que o nagual é essa parte de nmós para a qual não existe nem descrição, nem palavras, nem sentimentos, nem conhecimento. Todas as realidades são possíveis e coexistem numa infinidade de universos.

EAC - Stanley Krippner


Stanley Krippner é um dos grandes pesquisadores mundiais sobre estados alterados de consciência. Ele deu uma entrevista em 1990, que quero compartilhar alguns trechos:
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Fiz pesquisas no campo das curas entre povos nativos e indígenas e curas entre distintas culturas, quando escreví um livro sobre estados Alterados de Consciência. essa obra contém um capítulo chamado : "Um chamado para curar", que é o resultado de meus encontros com 40 curadores populares do Brasil, ligados ao candomblé, à umbanda, ao kardecismo e a várias outras tradições. Pude então identificar cinco meios diferentes pelos quais tais pessoas são motivadas a curar, e os que são mais frequentes.
As motivações mais comuns são os "Chamados" em sonhos e em Estados Alterados de Consciência. Defino xamãs como homens e mulheres que foram socialmente designidados por uma tribo ou comunidade para praticar aconselhamento, curas, terpias e coisdas assim. Essas pessoas alteram deliberadamente suas consciências para entrar no mundo espiritual, de onde trazem poder e informações para servir ao seu grupo.
Os EAC´s são indispensáveis para o xamanismo e podem surgir de várias maneiras, tais como por plantas de poder, pelo jejum, sonhos controlados, danças ritualísticas. Os xamãs que fazem uso de plantas de poder, ao meu ver, procuram fazê-lo de modo seguro, visando fins espirituais. Não tenho nenhuma objeção a isso.
Nas Américas, é, certamente, um meio frequente e bem eficiente para os xamãs, e tem propiciado a realização de beelíssimos trabalhos artísticos e interessantes aprofundamentos filosóficos.
Toda a realidade é uma. Penso que os xamãs que usam plantas de poder para chegar eem EAC, ou por qualquer outro meio, conseguem notar fenômenos que não perceberiam de outra maneira. É costumeiro verem cores e formas diferentes, aromas e odores diversos e sons distintos. Eles tem maneiras diferenciadas de sentr a natureza e de compreender as outras pessoas. Trata-se de uma expansão da percepção da realidade que está sempre ao nosso redor.
Considero o Dr. Albert Hoffman, o descobridor do LSD, um dos grandes sábios do mundo ocidental. Grande inteligência, é que é mais importante, de grande integridade. Não foi apenas o descobridor do LSD, mas colaborou em estudos históricos, sugerindo, por exemplo, que os rituais misticos da antiha Grécia eram dinamizados por um fungo alucinógeno que cresce no centeio. Seus escritos filosóficos acerca de suas experiências com o LSD são muito profundos e repletos de sabedoria. Pessoas como o Dr. Hoffman poderiam ensinar aos demais indivíduos o caminho apropriado de usar tais substâncias. Apesar de não ser um xamã, ele tem o que chamaria de "sensibilidade xamânica", num grau inigualado por qualquer outra pessoa no Ocidente.
Ao ser questionado se já tinha experimentado alucinógenos, Krippner respondeu :
Experimentei todos ! Nas poucas vêzes que tomei tais substânciass felizmente me saí muito bem, com uma ampliada apreciação da natureza. Devo dizer que sempre fiz as experiências ao ar livre, após uma preparação e sob supervisão de pessoas experientes, capazes de nos guiar no caso de qualqer emergência.
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Certamente, as experiências aumentaram a minha consciência social, tornando-me mais ativo na defesa do meio ambiente, das florestas tropicais e dos povos indígenas. Melhoraram a minha maneira de apreciar as artes e a música, uma vez que afetaram a minha sensibilidade estética.
Tive ainda muitas idéias criativas que pude empregar na vida cotidiana e sentí que meu relacionamento com os amigos que me acompanharam na experiência tornou-se mais fluido.
Continuando a entrevista com Krippner, foi perguntado a ele, se existe alguma perspectiva de a humanidade aprender a usar corretamente substâncias psicoativas :
" Reparei o abuso dessas substâncias em quase todos os lugares pelos quais venho viajado, principalmente nos paises chamados "civilizados" ou industrializados, e não vejo muita esperança (13 anos atrás) de que uma abordagem mais racional possa ser feita, até porque envolve questões políticas. Existem pouquíssimos lugares no mundo em que aluicinógenos podem ser usados, por exemplo em psicoterapia. A Suiça é um deles, graças ao Dr. Hoffman.
Em países como os EUA, os alucinógenos tem sido igualados e confundidos com outras drogas, quase que ignorando as grandes diferenças entre as várias substâncias psicoativas. Lá, a reação das autoridades tem sido incorreta, a meu ver. Gasta-se muito dinheiro para perseguir fabricantes, traficantes e consumidores de drogas, bem como para destruir depósitos e plantações, mas pouco é destinado para a educação e tratamento dos drogados.
Muitos confundem drogas como a heroína e a cocaína com a subbstância advinda dos cogumelos sagrados, do cacto peiote e a ayahuasca, que são coisas bem distintas.
Não sou, óbviamente simpatizante dos traficantes, mas não posso virar as costas para o fato de que, por exemplo, os EUA vendem muitos cigarros de tabaco para a Colombia e matam mais colombianos com o tabaco do que estes matam americanos com cocaína.
Não sou defensor irrestrito da maconha, mas sou obrigado a encarar o fato de que é uma droga incomparavelmente menos prejudicial em sua capacidade de viciar e matar pessoas do que o cigarro.
Tomei ayahuasca e tive uma experiência muito agradável, num ambiente muito propício. Acho que os ayahuasqueiros do Amazonas estão usando a planta de uma forma muito séria e sábia, embasados numa longa tradição.
O movimento Santo Daime é muito interessante, apesar de não ser o autêntico ritual usado no Amazonas. Fico satisfeito em saber que os grupos de Daime não estão sendo perseguidos no Brasil.
Lí todas as obras de Carlos Castañeda. Trata-se de uma literatura muito boa, mas não enquanto estudo antropológico. Há erros de cronologia e na descrição de costumes indígenas. Tenho dúvidas que tenha existido um Dom Juan, mas acho que os livros contém maravilhosos ensinamentos e podem ajudar as pessoas a encontrar seus caminhos neste mundo tão confuso e conturbado.

FISICA XAMÂNICA E REALIDADE MÍTICA

img As ondas quânticas são invisíveis. São indutos do pensamento humano necessários ao nosso mundo moderno para permitir a compreensão da matéria atômica e subatômica. Sem embargo, ainda que cremos nelas, não as temos observado realmente. São parte de um sistema físico mítico. Por mítico que sejam, são vitais. Sem elas não há como compreender o universo.
Num sentido real, as ondas quânticas são fantamas no seio de uma maquina da realidade.
Para os físicos sua existência é parecida com a existência de espíritos para os xamãs.

Atualmente poucas pessoas do mundo moderno crêem nos espíritos do xamanismo. Os xamãs vêem o mundo de um modo distinto. De algum modo os xamãs são capazes de observar o mundo através de mitos e visões que em princípio, parecem contrários às leis físicas. São capazes de observar além da barreiras habituais que reprimem nossas mentes ocidentais. Em que consistem as visões dos xamãs ? Como se criam ? Estas visões xamânicas configuram a base para nossos mitos e histórias ?

Suspeito que no nível mítico da realidade, desde que foi escrito durante milênios, pode falar-se nas percepções dos xamãs sobre passado e futuro. Talvez em cenas míticas, visto que essas cenas são superposições de acontecimentos tomados dos passafos e futuros da cultura.
Como alguém pode ver o futuro ? Tenho algumas idéias a respeito. Escrevi algo em meu livro : Universos Paralelos. Resumindo, segundo a interpretação transacional da física quântica, estas ondas de probabilidade quântica invisíveis se originam no presente, no passado e futuro. Para que se manifeste qualquer acontecimento, estas ondas provenientes do futuro e do presente, do passado e presente, devem interferir uma com as outras no presente.
O padrão dessa interferência cria então, a matéria e a energia tal como percebemos.
De algum modo os xamãs são capazes de ver tanto as fontes passadas como futuras destas ondas. Desta forma são capazes de construir visões que tenham, proporções míticas e aparecem ante a eles como arquétipos no sentido junguiano.
Todos nós sonhamos. Segundo Jung, em muitas ocasiões nossos sonhos estão cheios de imagens arquetípicas. Por exemplo, todos nós temos sonhado algumas vezes que voamos pelo ar, sem nenhum tipo de instrumento mecânico. Suspeito que os xamãs são capazes de alterar a sua consciência invocando à vontade imagens arquetípicas.

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Creio que todos temos essa capacidade, mas para isso necessitamos aprender a alterar nossa consciência, um tema delicado para nós.
Algumas culturas tem utilizado, através da história, de substâncias que alteram a mente como guia visionária e espiritual .
Nossa cultura parece ter perdido o propósito que se manifesta como desejo por drogas e alcool.

Os xamãs percebem a realidade em estado de consciência alterada. Penso que se requer um papel para a consciência ordinária em qualquer modelo correto da física quântica. Nada pode escapar ao efeito do observador; em todo o momento há a eleição do observador para medir uma propriedade particular de um sistema de força e emergir um estado de probabilidade real. Isso é um ato de observação de um acontecimento quântico. Então, a consciência é capaz de ser compreendida, possivelmente do mesmo modo que entendemos a matéria, por meio da física quântica.
Assim, os xamãs se movem em distintos e amplos estados de consciência. Talvez os xamãs manipulem a matéria e a energia mediante certo poder observador quando estão num estado alterado de consciência.
Seguindo a senda que nos proporciona o efeito de observador, surge outra hipótese : os xamãs utilizam qualquer estratégiapara alterar a crença de seus pacientes acerca da realidade. O velho provérbio diz "ver para crer". A realidade xamânica dá uma volta : A gente só vê o que crê.
Os xamãs podem trabalhar no cerne das estruturas das crenças de um paciente com o fim de colocá-los além delas. Na hora de curar um paciente difícil, podem criar um truque com o fim de alterar as fixações.
Comprovei que alguns xamãs utilizam alguns truques, mas esses truques não são o que parecem para ascéticos. pelo contrário, talvez o truque é o efeito do observador em ação.
Tanto o xamã como a pessoa curada devem estar convencidos de que os poderes xamânicos existem, ainda que se utilizem truques com pacientes particularmente difíceis.
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Fred Alan Wolf é um fisico quântico que viajou nas asas da Ayahuasca, aos reinos do inconsciente humano e no mundo dos xamãs.
Seu livro "The Eaglés Quest" narra sua apaixonante viagem, descrevendo as diversas cerimônias que participou, e descubrindo verdades científicas no mundo do xamanismo
Vamos seguir com seu texto :
" Uma outra hipótese : os xamãs elegem o que é fisicamente significativo e vêem todos os acontecimentos como universalmente comunicados. A chave parece estar em como escolhem a a realidade que percebem como verdade. A resposta é que elegem prestar atenção àqueles acontecimentos de suas vidas que consideram significativos. Mas, o que significa isto ? O que é significativo ? Existe uma significativa quântica no significativo ?
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Creio que o significado surge como a relação entre os acontecimentos, e o que alguns xamãs podem experimentar como uma relação entre dois acontecimentos quaisquer, como se fosse os fios de uma teia de aranha.
Os xamãs anglo-saxões vêem o universo como uma gigantesca teia de aranha vibrante.
Alguns físicos como David Bohn, vêem o universo como um holograma. Talvez o holograma e a teia de aranha são os mesmos, à partir de distintos pontos de vista culturais.
Uma teia de Aranha é formada por fios vibrantes. Um holograma é formado por ondas de luz, vibrações de energia. Ao capturar as ondas de luz do laser que se emitiram desde uma cena que contia objetos, e ao fazer-las com ondas de luz pura de referência, apanha-se a informação e congela em uma emulsão de película. Quando a outra onda de referência volta a emitir sobre a película, vê-se a cena original em tres dimensões.
Bohm denomina o holograma na ordem na ordem desencadeada. esta ordem normalmente é visível mas, já contém todos os fenômenos possíveis que podem ser experimentados. Quando se produz uma experiência, a ordem varia. A esta nova ordem se denomina ordem manifesta. Visto que o manifesto é o que se observa.
Outra hipótese levantada por Wolf é : " os xamãs penetram mundos paralelos. Segundo uma interpretação da fisica quântica denominada a "Interpretação de Mundos Múltiplos", existem outros mundos presentes que afetam nosso mundo. Por mundo, entendo um conjunto de experiências que têm lugar numa região do espaço em um dado período de tempo. img
A região espacial pode ser muito grande ou muito pequena; tão grande como uma casa ou tão pequena como uma fibra muscular. Podem ter lugar no cérebro e no sistema nervoso.
De um modo semelhante, o intervalo temporal em que sucedem as experiências podem durar dias ou serem curtos como milésimos de segundos; o tempo que se necessita para enviar um impulso neuronal.
Portanto, o mundo que normalmente experimentamos é realmente uma realidade múltipla, um composto de muitas outras realidades.
Algumas delas são muito prováveis, e portanto, se temos acesso a elas, não observamos a diferença de uma à outra.
Estas realidades indistintas formam o que chamamos nossas experiências passadas, comuns, nossas recordações. A dita realidade múltipla, composta de realidades simples não diferenciadas, a chamamos, simplesmente, realidade : "o mundo tal qual o vemos".
Mas, algumas dessas realidades indistintas não são tão prováveis. Normalmente não lhes damos atenção.

Por assim dizer, está fora dos caminhos trilhados. Quando as experimentamos, decidimos que temos acesso a uma realidade, o conjunto de experiências extraordinárias.
Estas realidades extraordinárias implicam processos que não são muito comuns, e nasceram no seio da nossa realidade comum, diríamos que as leis da física clássica seriam violadas. Mas, na física quântica devemos ter em conta estas estranhas realidades, com fim de explicar de um modo adequado os processos atômicos e moleculares mais simples.
Os xamãs são conscientes de um número de distintas, e improváveis, realidades paralelas. Estas incluem experiências fora- do- corpo, mudança de forma, transformação em animais, viagens através do tempo (passado ou futuro). Creio que suas realidades não-ordinárias, ou mundo paralelos, são similiares ao que foi descoberto pela física.

Wolf percebia que havia algo parecido com uma base de física quântica para interpretar como curava o xamã : img - Consistia em vibraçãoes quânticas, o efeito do observador e mundos paralelos.
Todos juntos equivaleria a arte de curar dos xamãs ?
Era capaz de construir um modelo ?
Este modelo devia explicar como o xamã e o paciente alcançam juntos um estado alterado de consciência.
Para construir um modelo necessitava de outra hipótese :
"todos os xamãs trabalham com uma sensação de grande poder".
Qual era o grande poder e como se manifestava ? Sabia que os xamãs viam-se a sí mesmos como parte de um grande Universo-Mãe. Tinham a sensação de que eram capazes de sintonizarem-se com um grande poder, quem sabe a Mente de Deus.
Eram capazes de reconstruir a realidade usando esse poder.
Mas, daonde vem esse grande poder ? Certamente todos podemos falar de um grande poder associado com o Céu e o inferior associado ao inferno. Mas, tenho a suspeita que os xamãs manejam poderes que estão entre os extremos.
Tenho a idéia que : o grande poder que experimenta provém de algum lugar do "intermédio"; a terra mesmo. Os xamãs são, em certo sentido, materialistas. Utilizam o planeta para melhorar seus poderes mágicos e de cura. Talvez utilizar seja uma palavra muito forte.
Comunicam com nosso planeta utilizando plantas sagradas e vivendo na cercania de lugares sagrados.
Na realidade, suspeito que os xamãs obtém seus poderes a partir das plantas sagradas e lugares sagrados.

Portas da Percepção


img Nossa consciência habitualmente registra somente uma parcela da realidade, aquela que aprendemos a ver e a definir através da educação e da linguagem. Mas há outros estados de consciência que abrem as portas de nossas percepções para mundos desconhecidos, maravilhosos ou fantasmagóricos. * Thamara Hormaechea *
A consciência é o estado mais comum de nossa mente. estamos conscientes quando estamos acordados e é através da consciência que percebemos a realidade que nos rodeia. Quando estamos profundamente adormecidos, não nos damos conta se faz frio ou calor, se há ruídos por perto de nós ou se alguém nos toca suavemente. Nesses momentos é o inconsciente que tem o controle da situação.
Ainda que nossa percepções sofram ligeiras modificações, na maior parte das vezes determinadas pelas emoções que sentimos.
Um minuto pode passar voando ou parecer eterno, os ruídos podem nos parecer fortíssimos se estamos em alerta ou inexistentes, se estamos distraídos, etc.
Nosso estado de consciência pode sofrer modificações muito mais profundas, que determinam uma percepção totalmente diferente da realidade. Este comportamento, este "entrar num mundo diferente", tem uma denominação não muito clara, porém bastante útil para definí-lo como estado alterado de consciência.
Ainda que possamos cair espontaneamente num desses estados e o sonho é um exemplo disso - há situações que propiciam a aparição dos mesmos, como assinala Arnold M. Ludwig, que colaborou no livro Altered state of Consciousness.
Quando os estímulos que nos chegam do exterior são excessivos, é como nossa mente não tivesse tempo para processá-los corretamente. Muitas pessoas que estiveram em bombardeios, que passaram por interrogatórios violentos ou que sofreram os horrores de uma batalha começam a vagar sem rumo, sem sber onde estão e, logicamente, sem formular pensamentos coerentes. Mas, sem chegar a esses casos extremos, pensemos nas vezes em que uma notícia má ou boa nos deixa, ainda que por poucos segundos, completamente estarrecidos. É como se acontecesse uma espécie de curto circuito mental. Se alguém falasse conosco nesse momento, não conseguiríamos compreender nem prestar atenção em uma só palavra.
Assim como um excesso de estímulos pode nos levar a um estado alterado de consciência, também a falta deles pode dar igual resultado. Isto ´o que acontece com navegadores solitários ou com exploradores perdidos num deserto, vendo somente areia, ou seja, uma paisagem uniforme e monótona. A ausência de sons ou elementos que chamem nossa atenção visual provoca estados alucinatórios. img
Hoje em dia existem câmaras de privação sensorial ou "bolhas de flutuação" onde o sujeito se submerge em água temperada (à temperatura corporal" e não entra som nem luz. Nesses lugares as pessoas experimentam estranhas e agradáveis sensações.
Quando a mente se submete a uma tensão excessiva, a uma constante e prolongada atenção - como é o caso de quem está diante de uma tela de radar ou dos sentinelas com grandes períodos de vigilância - pode começar a funcionar de maneira diferente. Ao contrário, qualquer um que tenha passado vários dias muito concentrado sobre um tema apara fazer, um exame, ao terminar esse exame (ou seja quando coloca um ponto final numa tensão de muitas horas) não somente se sente liberado como também um pouco tont ou esquisito, diferente do normal. Sem que isto constitua uma alteração profunda da consciência, poderíamos dizer que a percepção de realidade é ligeiramente diferente da normal. Isto é apenas uma pequena amostra do que poderia acontecer se houvesse um estado mental realmente alterado.
O relaxamento e a supressão das faculdades críticas (o zerar a mente) podem nos levar a idênticos resultados. Quem conhece muito bem estas técnicas são os místicos das diferentes religiões, já que as utilizam em seus estados de contemplação, tais como o satori e nirvana.
Além dos fatores psíquicos, há também causas físicas que podem provocar alguma alteração de consciência. Segundo alguns estudiosos, os castigos físicos involuntários dos místicos tem como finalidade estimular as secreções de certas glândulas, favorecendo assim a aparição destes estados mentais.


img O médico psiquiatra Paulo Urban, escreveu uma matéria sobre Stanislav Grof, o psiquiatra tcheco que desenvolveu a prática da respiração holotrópicas, que leva o homem a vivenciar estados alterados de consciência. Grof, pesquisador de estados incomuns da consciência, cunhou o termo respiração holotrópica, "holos" em grego significa totalidade;" tropein" traduz-se por dirigir-se a, orienta-se para. Respiração Holotrópica é aquela cuja prática amplia a consciência, levando-a a uma experiência de transcendência e inteireza.
Tudo começou em 1956, quando a Faculdade de Medicina de Praga, da qual Grof era médico residente, recebeu do laboratório Sandoz uma substância recentemente sintetizada em Basel (Suiça) pelo quimico Albert Hofmann, que propunha aplicar o fármaco no tratamento de psicoses. Grof foi um dos voluntários para experimentar a nova droga, cujas propriedades psicoativas revelaram-se notáveis. Era o LSD-25, ou ácido lisérgico.
O jovem médico refere-se à sua primeira sessão psicodélica como algo indiscritível, cuja culminância o levou à consciência cósmica.

Grof coordenou mais de quatro mil sessões de LSD em dezenas de milhares de pessoas, pacientes ou voluntários, os quais lhes forneceram extenso material, que o levou a descoberts revolunionárias sobre o psiquismo. Ele concuiu que o LSD e demais alucinógenos, como a psilocibina, a mescalina, a triptamina e semelhantes, funcionam como amplificadores e catalisadores das atividades psíquicas, capazes que são de abrir a consciência para percepções incomuns e precipitar experiências espirituais extraordinárias, fazendo emergir conteúdos inconscientes que jamais seriam explorados de outra forma. img
Além disso, o espírito investigador de Grof o levou ao contato com xamãs de toda a América e a trocar informações com antropólogos e representantes de antigas doutrinas, como o yoga, o budismo, o tantrismo, o zen e a ordem beneditina, entre outras. O médico interessou-se ainda pela parapsicologia, focalizando-se em experiências do quase-morte. Na mecânica quântica, encontrou base científica para várias concepções cosmológicas religiosas, incluindo a possibilidade de curas espirituais, além da crença fundamental de que algo, de alguma forma, sobrevive à morte física.
Em fins dos anos 60 e início dos anos 70, aplicou a terapia psicodélica em pacientes cancerosos terminais.
Em Psicoterapia pelo LSD, 1980 (não traduzido), descreveu detalhadamente as pesquisas que o conduziram à certeza de que os alucinógenos, longe de seu propagado caráter tóxico, podem ser administrados de modo diligente, não indiscriminadamente a todo e qualquer caso, mas sob supervisão de terapeuitas preparados, visandop a uma profunda reformulação do universo psicológico daqueles que os usam, de modo que muitos aspectos da personalidade que requeiram tratamento possam ser especialmente trabalhados.
As portas da percepção são os sentidos, quando se os transcende, tudo o que resta é o infinito, escreveu o poeta britânico William Blake, adepto do haxixe. A frase inspirou seu conterrâneo Aldouus Huxley que intitulou Portas da Percepção o livro em que narra suas experiências sistemáticas com a mescalina. O tema fora introduzido no Admirável Mundo Novo e voltaria a ser explorado no romance A Ilha. A mescalina é o alucinógeno extraído do peiote, o mesmo cacto mexicano que proporcionou a Carlos Castañeda compor sua extensa obra de ensinamentos recebidos de seu mestre índio Don Juan. Mas Huxley também experimentaria o LSD; quem ofereceu a ele foi o psiquiatra inglês Humphry Osmond, outro pesquisador que se valia do ácido para fins terapêuticos, na Universidade de Saskatchewan, criador do termo "psicodélico" (do grego psico = alma, mente+delos = manidfestação, evidência).

Ritos e Cerimônias


É fundamental nas práticas xamânicas, a criação de uma atmosfera sagrada que proporcione um estado de consciência para garantir a entrada numa determinada Rede de Poder, a Criação do Espaço Sagrado.
O estabelecimento de um momento mágico .
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Para atingir seus objetivos, o xamã viaja por mundos invisíveis à realidade ordinária, recupera traços perdidos da alma de seus pacientes , conhece o funcionamento da energia universal, usa o poder das pedras e das plantas e dos animais, evoca espíritos ancestrais, utiliza instrumentos de poder, círculos, totens, danças, meditações, sacrifícios, etc.
Segundo Stephen Larsen, os mitos surgem dos rituais, ou estão nele encerrados. Os rituais são a materialização dos mitos. Se não temos consciência dos nossos mitos, estes podem transformar em rituais não deliberados.
Os rituais muito repetitivos tornam-se crenças míticas, ou as provocam, razão pela qual são usados para a perpetuação de sistemas religiosos.
Campbell escreveu : "Os mitos são o apoio mental dos ritos; estes, a representação física dos mitos. Ou seja, o ritual é uma forma de vivenciar o mito.
Nas sociedades tradicionais, a relação do mito com a vida é evidenciada por grupos. Do ventre ao túmulo, as fases interiores de maturação são marcadas por ritos correspondentes - entre os quais a puberdade, o casamento e o nascimento.
Nossos ancestrais conheciam as fases de desenvolvimento e os rituais necessários para criar uma estrutura mítica de transformações para a psique em crescimento.
Ritos, rituais, celebrações e cerimônias fazem parte da história humana desde os primórdios, e existem até hoje.Cerimônias e e rituais estão expressos na arte, nos artefatos, e nas inscrições em rochas
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Através dos rituais, lidamos com o subconsciente ou inconsciente, e entramos em contato com realidades invisíveis, que não são acessadas através da mente ordinária.
Os rituais podem ser classificados bem amplamente : os rituais sazonais (assinalam acontecimentos especiais na Terra (solstícios e equinócios), de encenação (onde se adere um simbolismo específico de um m determinado grupo), de passagem, sociais, de libertação, de aperfeiçoamento (aperfeiçoamento do caráter), de cura, celebrações, louvores, etc.
Quando os seres humanos realizam cerimoniais e rituais, em um grupo ou individualmente, há uma conexão feita com um campo antigo do consciência. Cria-se um espaço sagrado para a passagem de energia. Através da consistência em acessar esses campos cada pessoa ou grupo transformam-se numa ponte entre o céu e a terra; o coração individual abre-se de modo a criar um ambiente para que todos os corações humanos abram e expandam. Invocar e caminhar no sagrado é uma linguagem que transcende explicações e são compreendidas pelo coração.
Quando participamos de cerimônias, entramos num espaço sagrado . Tudo fora desse espaço desvanece-se na importância. Sentimos o tempo numa dimensão diferente. As emoções fluem mais livremente. Os corpos dos participantes abastecem-se de energia de vida, bênçãos chegam até eles, e os alcances desta energia para fora e preces a criação em torno deles. Tudo é envolto numa atmosfera sagrada.
Percebemos que não há separação, e que o Eterno reside dentro de cada um de nós.
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A maneira que vivemos nossas vidas, nossas rotinas diárias, podem se consideradas cerimônias : nos aniversários, casamentos, batismos, inaugurações, etc e rituais : nas ações repetitivas e eventos diários tais como : escovar os dentes, almoçar, pentear os cabelos, rezar, etc.
Povos de muitas culturas têm múltiplas maneiras para expressar o ritual e cerimônias através de costumes, trajes, danças, alimentos ou bebidas, instrumentos musicais, festivais e assim por diante.
Usando uma definição clássica de cerimônia : um ato ou uma série formal de atos prescritos por rituais, protocolos, convenções. Atividades formais conduzidas em alguma ocasião solene ou importante. Gestos coletivos formais.
Ritual : ordem das palavras e atos prescritos para uma cerimônia. Um ato ou uma série formal repetida de atos. Uma ação cerimonial. Um procedimento estabelecido para um rito religioso ou outro. Um sistema de ritos religiosos.
Desta forma, o ritual e a cerimônia são usados para servir, adorar, honrar ou imprimir a Deus, Deusas, Ser Supremo, Gurus, Santos, guias ou mestres para elogios, louvores, agradecimentos e suplicas.
Um ritual é composto por uma seqüência de palavras e atos que interligam os participantes com uma determinada rede de poder (egrégora). Nos rituais religiosos renova-se a aliança entre os homens e a Divindade. No seu propósito de auxiliar a concentração, a visualização e força do pensamento, onde é fundamental o estado mental e o conhecimento dos condutores.
Fonte: xamanismo.com.br 

Deixo aqui algumas imagens do Xamanismo, apenas para conhecimento.

 






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