sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vamos ver agora algumas fotos do País - Iêmen.

Arábia Feliz deu ao mundo construções encantadas e… o café


Resolvi tirar do baú algumas fotos de um país que me impressionou muito quando o visitei. Na época, esse pequeno enclave montanhoso na península Arábica se encontrava dividido em duas nações: a República Árabe do Iêmen (ou Iêmen do Norte), que tinha se tornado independente do império otomano em 1918, e a República Democrática do Iêmen, criada em torno do porto de Aden, ao sul, protetorado britânico até 1967. Com orientações políticas radicalmente opostas, as nações vizinhas mantiveram uma relação tensa durante 20 anos. Em 1990, se unificaram baixo a mesma bandeira da Republica do Iêmen. Ironicamente, apesar de ser o país mais pobre do Oriente Médio, o Iêmen é a região da península Arábica mais irrigada, mais verde e mais propícia para a agricultura. Esse contraste com o imenso deserto lhe deu o nome de “Arábia Feliz”.
yem-78-north-yemen-manakah-terraces-web60.jpgPara chegar até Manakah, no norte do país, caminhei várias horas beirando os terraços de agricultura, típicos da Arábia Feliz.
Foram essas montanhas férteis do Iêmen que ofereceram ao mundo uma das bebidas mais populares, o café. Uma lenda conta que, quando as cabras comiam os frutos vermelhos do arbusto nativo, elas ficavam mais alertas e excitadas. Um religioso, desejando se manter acordado para suas leituras e orações noturnas, resolveu imitar as cabras e preparou uma infusão com os frutos.  Deu certo. O conto propagou-se pelo mundo e, a partir de 1630, os primeiros grãos de café iemenita chegaram à Holanda, enlouquecendo os europeus. Pouco depois, foram inauguradas Casas de Café em Londres, Paris e Marselha.
A partir de então, o Iêmen manteve o monopólio do café Arábica, até que o cultivo desse grão chegasse às terras férteis das Américas e da Ásia. Frente a uma concorrência imbatível, a importância do café iemenita desapareceu e poucos conhecem a verdadeira origem.
yem-82-north-yemen-manakah-caravan-of-camels-web60.jpgNo Iêmen, o café plantado nas montanhas era transportado até o Mar Vermelho por camelos. O embarque era feito no porto de Al Mokha, nome que ficou até hoje associado com o café.
Não fui para o Iêmen em busca de café, mas sim de sua arquitetura, uma das mais surpreendentes do mundo árabe. Cada cidade ou vilarejo possui seu estilo próprio de construção, baseado na matéria prima predominante no local, barro ou pedra. Essa arquitetura extraordinária transformou-se em tradição e orgulho nacional.
Percorri várias trilhas entre vales e montanhas para apreciar essas construções que parecem sair de contos de fadas. Muitos dos prédios eram, como frutos da imaginação infantil, semelhantes a palácios de caramelo e creme chantilly. As construções altas e finamente projetadas apresentavam decorações em cada uma das janelas – ressaltando figuras geométricas – os famosos arabescos, jóias da arte islâmica.
O mais intrigante era que, nessa arquitetura vertical, nada se parecia com nossos edifícios ocidentais capazes de reunir varias famílias sem relação entre si. O prédio iemenita é a casa de uma só família – a grande família árabe, onde primos, irmãos casados e várias gerações convivem no mesmo local.
Para alcançar os andares superiores das casas é preciso subir uma escada estreita e pouco iluminada. Cada andar tem seu uso especifico: habitações para as mulheres, crianças, refeições e cozinha. No último piso, o muffredge é o salão de honra com a melhor vista e uma brisa agradável que penetra pelas janelas semicirculares. A decoração interior é a mais elaborada, pois é o lugar onde o chefe da família recebe seus convidados.
yem-02-north-yemn-typical-architecture-of-sanaa-web60.jpgAs construções iemenitas da capital Sana’a parecem verdadeiros palácios, dignos de um conto de 1001 noites.
Graças a uma abertura do país para o mundo exterior durante os anos 70, as riquezas e a originalidade da arquitetura iemenita passaram a ser redescobertas e valorizadas. O conjunto arquitetônico da capital Sana’a, uma das mais antigas cidades do mundo, foi reconhecido, em 1986, como Patrimônio Mundial pela UNESCO. Com isso, o Iêmen passou a receber um pouco mais de apoio para conservar seus palácios que ainda parecem ser de mentira.


Os mais antigos arranha-céus do mundo - Shibam, Iêmen Photography Discussions

Os mais antigos arranha-céus do mundo - Shibam, Iêmen - Photography Discussions


Shibam, no Iêmen é uma cidade de 7000 habitantes, que ficou famosa por sua arquitetura e tornou-se patrimônio mundial pela Unesco em 1982.

Também conhecida como a “Manhattan do deserto” ou “a mais antiga cidade de arranha-céus do mundo“, Shibam, existe há aproximadamente 2000 anos mas, a maioria de seus edifícios datam do século XVI, época em que a cidade era assolada por ataques de beduínos e era necessário desenvolver uma técnica de construção que posibilitasse proteger seus habitantes.

Os edifícios, são os mais altos do mundo construídos com blocos de terra, e o mais alto deles atinge 53 metros. A cidade também é citada como o mais antigo exemplo de planejamento urbano baseado nos princípios da construção vertical.

Devido a relativa fragilidade do material dos blocos e a antiga técnica de construção, os prédios necessitam manutenção constante para protegê-los da chuva e da erosão.

A cidade foi muito afetada pelas inundações de 2008 que atingiram o Iêmen e encontra-se em processo de restauração.

Veja algumas fotos desse belo exemplo de arquitetura antiga que resiste até os dias de hoje.

Os mais antigos arranha-céus do mundo - Shibam, Iêmen - Photography Discussions

Os mais antigos arranha-céus do mundo - Shibam, Iêmen - Photography Discussions

Os mais antigos arranha-céus do mundo - Shibam, Iêmen - Photography Discussions

Os mais antigos arranha-céus do mundo - Shibam, Iêmen - Photography Discussions.
Fonte: Blog Bocaberta


Al-Hajjara, um vilarejo do século XI escavado da paisagem rochosa.
CréditoS: Evelyn Hockstein / The New York Times.
Al-Hajjara, um vilarejo do século XI escavado da paisagem rochosa.
CréditoS: Evelyn Hockstein / The New York Times.
             

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