quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vamos conhecer ainda hoje a história do vinho, a bebida que enebriou, enebria e enebriará por muito anos os povos.





                                       







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A HISTÓRIA DO VINHO

Não se pode apontar precisamente o local a época em que o vinho foi feito pela primeira vez, do mesmo modo que não sabemos quem foi o inventor da roda. Uma pedra que rola é um tipo de roda; um cacho de uvas caído, potencialmente, torna-se, um tipo de vinho. O vinho não teve que esperar para ser inventado: ele estava lá, onde quer que uvas fossem colhidas e armazenadas em um recipiente que pudesse reter seu suco. Há 2 milhões de anos já coexistiam as uvas e o homem que as podia colher. Seria, portanto, estranho se o "acidente" do vinho nunca tivesse acontecido ao homem nômade primitivo. Antes da última Era Glacial houve sêres humanos cujas mentes estavam longe de ser primitivas como os povos Cro-Magnon que pintaram obras primas nas cavernas de Lascaux, na França, onde os vinhedos ainda crescem selvagem. Esses fatos fazem supor que, mesmo não existindo evidências claras, esses povos conheceram o vinho, .
Os arqueologistas aceitam acúmulo de sementes de uva como evidência (pelo menos de probabilidade) de elaboração de vinhos. Escavações em Catal Hüyük (talvez a primeira das cidades da humanidade) na Turquia, em Damasco na Síria, Byblos no Líbano e na Jordânia revelaram sementes de uvas da Idade da Pedra (Período Neolítico B), cerca de 8000 a.C. As mais antigas sementes de uvas cultivadas foram descobertas na Georgia (Rússia) e datam de 7000 - 5000 a.C. (datadas por marcação de carbono). Certas características da forma são peculiares a uvas cultivadas e as sementes descobertas são do tipo de transição entre a selvagem e a cultivada.
A videira para vinificação pertence a espécie Vitis vinifera e suas parentes são a Vitis rupestris, a Vitis riparia e a Vitis aestivalis, mas nenhuma delas possue a mesma capacidade de acumular açúcar na proporção de 1/3 do seu volume, nem os elementos necessários para a confecção do vinho. A videira selvagem possue flores machos e fêmeas, mas raramente ambas na mesma planta. A minoria das plantas são hermafroditas e podem gerar uvas, mas quase a metade do número produzido pelas fêmeas. Os primeiros povos a cultivar a videira teriam selecionado as plantas hermafroditas para o cultivo. A forma selvagem pertence a subespécie sylvestris e a cultivada à subespécie sativa.
As sementes encontradas na Georgia foram classificadas como Vitis vinifera variedade sativa, o que serve de base para o argumento de que as uvas eram cultivadas e o vinho presumívelmente elaborado. A idade dessas coincide com a passagem das culturas avançadas da Europa e do Oriente Próximo de uma vida nômade para uma vida sedentária, começando a cultivar tanto quanto caçavam. Nesse período começam também a surgir, além da pedra, utensílios de cobre e as primeiras cerâmicas nas margens do Mar Cáspio.
O kwervri (um jarro de argila), existente no museu de Tbilisi, na Georgia, datado de 50000 - 6000 a.C, é outra evidência desse período. No mesmo museu existem pequenos segmentos e galhos de videiras, datadas de 3000 a.C., e que parecem ter sido parte dos adornos de sepultamento, talvez com significado místico de serem transportadas para o mundo da morte onde poderia ser plantada e dar novamente prazer.
Além das regiões ao norte dos Caucásos (Georgia e Armenia), a videira também era nativa na maioria das regiões mais ao sul, existindo na Anatólia (Tur-quia), na Pérsia (Irã) e no sul da Mesopotâmia (Iraque), nas montanhas de Zagros, entre o Mar Cáspio e o Golfo Pérsico. É possível que as videiras da região dos Cáucasos, tenham sido levadas pelos fenícios da região onde hoje é o Líbano para toda a Europa e seriam as ancestrais de várias das atuais uvas brancas. Recentemente, foi encontrada no Irã (Pérsia), uma ânfora de 3.500 anos de contendo no seu interior uma mancha residual de vinho.
É provável que o Egito recebia suas videiras, pelo rio Nilo, de Canaã (Líbano, Israel, Jordânia e parte da Síria) ou da Assíria (Parte do Iraque e da Arábia Saudita) ou, ainda da região montanhosa da Núbia ou da costa norte da África.
Há inúmeras lendas sobre onde teria começado a produção de vinhos e a primeira delas está no Velho Testamento. O capítulo 9 do Gênesis diz que Noé, após ter desembarcado os animais, plantou um vinhedo do qual fez vinho, bebeu e se embriagou. Entre outros aspectos interessantes sobre a história de Noé, está o Monte Ararat, onde a Arca ancorou durante o dilúvio. Essa montanha de 5.166 metros de altura é o ápice dos Cáucasos e fica entre a Armênia e a Turquia. Entre as muitas expedições que subiram o monte a procura dos restos da Arca, apenas uma, em 1951, encontrou uma peça de madeira.
A questão mais complicada é onde morou Noé antes do dilúvio. Onde quer que ele tenha construído a Arca, ele tinha vinhedos e já sabia fazer o vinho. As videiras, lógicamente faziam parte da carga da Arca. Uma especulação interessante é que Noé teria sido um dos muitos sobreviventes da submersão de Atlântida. Uma lenda basca celebra un herói chamado Ano que teria trazido a videira e outras plantas num barco. Curiosamente, o basco é uma das mais antigas línguas ocidentais e "ano" , em basco, também significa vinho. Na Galícia também existe uma figura legendária denominada Noya que os sumérios da Mesopotâmia diziam ser uma espécie de deus do mar denominado Oannes. Também interessante é que, na mitologia grega, Dionísio, deus do vinho, foi criado por sua tia Ino, uma deusa do mar, e a palavra grega para vinho é "oinos".
O épico babilônico Gilgamesh, o mais antigo trabalho literário conhecido (1.800 a.C.) também conta também uma história de Upnapishtim, a versão babilônica de Noé. Esse homem também construiu uma Arca, encheu-a de animais, atracou-a numa montanha, soltou sucessivamente três pássaros sobre as águas e finalmente sacrificou um animal em oferenda aos deuses. No entanto, Upnapishtim não fez vinho. O vinho aparece em outra parte dos escritos, na qual o herói Gilgamesh entra no reino do sol e lá encontra um vinhedo encantado de cujo vinho obteria, se lhe fosse permitido bebê-lo, a imortalidade que ele procurava.
O vinho está relacionado à mitologia grega. Um dos vários significados do Festival de Dionísio em Atenas era a comemoração do grande dilúvio com que Zeus (Júpiter) castigou o pecado da raça humana primitiva. Apenas um casal sobreviveu. Seus filhos eram: Orestheus, que teria plantado a primeira vinha; Amphictyon, de quem Dionísio era amigo e ensinou sobre vinho; e Helena, a primogênita, de cujo que nome veio o nome da raça grega.
A mais citada de todas as lendas sobre a descoberta do vinho é uma versão persa que fala sobre Jamshid , um rei persa semi-mitológico que parece estar relacionado a Noé, pois teria construído um grande muro para salvar os animais do dilúvio. Na corte de Jamshid, as uvas eram mantidas em jarras para serem comidas fora da estação. Certa vez, uma das jarras estava cheia de suco e as uvas espumavam e exalavam um cheiro estranho sendo deixadas de lado por serem inapropriadas para comer e consideradas possível veneno. Uma donzela do harém tentou se matar ingerindo o possível veneno. Ao invés da morte ela encontrou alegria e um repousante sono. Ela narrou o ocorrido ao rei que ordenou, então, que uma grande quantidade de vinho fosse feita e Jamshid e sua corte beberam da nova bebida.
Os mesopotâmios também eram bebedores de vinho. A Mesopotâmia (Iraque) está situada entre os rios Tigre e Eufrates que correm ao sul dos Cáucasos (o Eufrates nasce no Monte Ararat) e correm até o Golfo Pérsico, numa região plana, quente e árida, uma antítese da região adequada para vitivinicultura. Os sumérios aí se estabeleceram entre 4.000 a 3.000 a.C. e fundaram as cidades de Kish e Ur. De Kish provém as primeiras forma de escrita, os pictogramas, desenhados com estilete em argila úmida. Entre estes escritos há uma folha de uva. Os mesopotâmios tentaram mais tardiamente o plantio de videiras, mas, origininalmente, importavam o vinho de outras regiões. Há registros de que dois séculos e meio depois o rio Eufrates foi usado para transporte de vinho da região da Armenia para Babilônia, a cidade que sucedeu Kish e Ur.
Na Mesopotâmia os sumérios originaram os semitas e Mari foi sua principal cidade, até que o Imperador Hammurabi fundou Babilônia (próxima de Bagdá) em 1790 a.C.
Os hititas que ocuparam por volta de 2.000 a.C. a região da Anatolia (Turquia) parecem ter sido entusiastas do vinho, julgando-se pela exuberância dos frascos criados para servir e tomar o vinho (cálices e frascos em forma de cabeça de animal feitos em ouro).
A propósito, o código de Hammurabi e o código dos hititas são os dois primeiros livros sobre leis de que temos conhecimento e ambos fazem referência aos vinhos. No código de Hammurabi há tres tópicos relacionandos com as "casas de vinho". O primeiro diz que "a vendedora de vinhos que errar a conta será atirada à agua"; o segundo afirma que "se a vendedora não prender marginais que estiverem tramando e os levar ao palácio seria punida com a morte"; a última diz que "uma sacerdotiza abrir uma casa de vinhos ou nela entrar para tomar um drinque, será queimada viva".
Havia um grande intercâmbio comercial, incluindo-se aí a uva e o vinho, entre os impérios peri-mediterrâneos. Ugarit (agora Latakia) e Al-Mina, na Síria, e, posteriormente, Sidon e Tyre, mais ao sul, foram importantes portos comerciais e eram controlados pelos Cananeus a serviço do Império Assírio. Nessa região da costa mediterrânea, os fenícios, que sucederam os Cananeus e inventaram o alfabeto, fundaram outras cidades comerciais como Cartago e Cádiz. Alexandre o Grande conquistou toda a região e fundou Alexandria, um porto neutro no delta do Nilo, habitado por gregos, egípcios e judeus.
Os egípcios não foram os primeiros a fazer vinho, mas certamente foram os primeiros a saber como registrar e celebrar os os detalhes da vinificação em suas pinturas que datam de 1.000 a 3.000 a.C. Haviam, inclusive, expertos que diferenciavam as qualidades dos vinhos profissionalmente. Nas tumbas dos faraós foram encontradas pinturas retratando com detalhes várias etapas da elaboração do vinho, tais como: a colheita da uva, a prensagem e a fermentação. Também são vistas cenas mostrando como os vinhos eram bebidos: em taças ou em jarras, através de canudos, em um ambiente festivo, elegante, algumas vezes, licencioso. O consumo de vinho parece ter sido limitados aos ricos, nobres e sacerdotes. Os vinhedos e o vinho eram oferecidos ao deuses, especialmente pelos faraós, como mostram os registros do presente que Ramses III (1100 a.C.) fez ao deus Amun.
Um fato muito interessante e que mostra o cuidado que os egípcios dedicavam ao vinho é a descoberta feita em 1922 na tumba do jovem faraó Tutankamon (1371-1352 a.C.). Foram encontradas 36 ânforas de vinho algumas das quais continham inscrições da região, safra, nome do comerciante e até a inscrição "muito boa qualidade"!
Quando do surgimento do Egito (por volta de 3.000 a.C.), os precursores dos gregos ocuparam quatro áreas principais em volta do mar Egeu: o sul e centro--leste da Grécia, a ilha de Creta, as ilhas Cicládicas no sul do Egeu e a costa noroeste da Asia Menor. Nessas regiões foram cultivadas oliveiras e videiras, duas novas culturas que acrescentaram nova dimensão à dieta primitiva de milho e carne e que podiam crescer em terras pobres e pedregosas para o cultivo de grãos. O azeite de oliva e o vinho foram poderosos estímulos ao comércio e, consequentemente, à troca de idéias . O vinho, em particular, trouxe uma nova dimensão nas relações pessoais e comerciais, na medida em que leva naturalmente a festividades, confidencias e senso de oportunidade.
No ano 2.000 a.C. Creta era desenvolvida, em parte pelo contato com o Egito, mas por volta de 1.500 a.C. foi superada por Micena, situada no sul da Grécia, cujo povo era mais agressivo, inclusive como comérciantes e colonizadores. Os micênios visitaram desde a Sicília, no oeste, até a Síria, no Leste. Sob liderança de Agamenon, juntamente com seus vizinhos espartanos sitiaram Tróia. O gosto dos gregos pelo vinho pode ser avaliado pela descoberta recente da adega do rei Nestor, de Pilos, cidade da Peloponésia (sul da Grécia). A capacidade da adega do rei foi estimada em 6.000 litros, armazenados em grandes jarras denominadas "pithoi". O vinho era levado até a adega dentro de bolsas de pele de animal que deviam contribuir para a formação do buquê do vinho.
Na Ilíada Homero fala de vinhos e descreve com lirismo a colheita durante o outono. O poeta também fala de vinhos nas narrativas da guerra de Troia e cita a ilha de Lemnos, no mar Egeu, como a fornecedora de vinho para as tropas que sitiavam Troia, cujo vinho era proveniente da Frígia.
Homero também descreve os vinhos gregos ao narrar as viagens de Odis-seu e entre eles está o vinho do sacerdote Maro: vinho tinto, com doçura do mel e tão forte que era diluído com água na proporção de 1:20. Quando foi aprisionado na, costa da Sicília, pelo cíclope Polifemus, Odisseu ofereceu-lhe o vinho de Maro como digestivo. Como o cíclope estava acostumado com o fraco vinho da Sicília, após tomar o vinho forte caíu em sono profundo, o que permitiu a Odisseu extrair-lhe o ôlho.
Entre1.200 e 1.100 a.C. os dóricos, selvagens vindos do norte, devastaram Micena e outros impérios do Oriente Próximo, que, exceção feita ao Egito, caíram nessa época. Foi o período negro da história da Grécia. Até a arte de escrever foi perdida. Após esse período, os novos gregos tiveram mais energia e inteligência que os seus predecessores. Em dois séculos o Mar Egeu tornava-se novamente o centro das atividades criativas. O alfabeto é adotado e a linguagem escrita renasce entre 900 e 700 a.C. Nessa época os gregos, incluindo os refugiados de Micena transformaram as costas da Frígia (terra dos hititas) e da Lídia na "Grécia Oriental", trazendo sua agricultura de oliva e uva. Atenas, que não fora inteiramente destruída pelos dóricos, começava a sua liderança artística e cultural.
Um novo período se iniciou e os habitantes da Eubéia, na costa leste da Grécia Central chegaram a ilha de Chipre e a Al-Mina (na Síria) e fundaram na Itália as cidades de Cumae e Naxos, esta última na Sicília. Colonizadores de outras regiões da Grécia cruzaram o mar e fundaram outras cidades na Itália, como os corintos que fundaram Siracusa (na Sicília) e os habitantes de Rodes que fundaram Gela (na Sicília) e Naepolis (hoje Nápoles) . Os acênios, do norte da Peloponésia, fundaram Sybaris e Poseidonia (hoje Paestum) na Campania. Os espartanos fundaram Tarentum (hoje Taranto). Os ateniences chegaram à Lombardia onde fizeram contato com os etruscos.
Deste modo, a expansão da cultura grega fez com que a Sicília e a "ponta da bota" da Italia fossem designadas, nessa época, "a Magna Grécia", também chamada de "Oenotri", a terra dos vinhos.
Nessa era de intensa procura por novas terras, ocorreu também a colonização do sul da França pelos gregos habitantes da Lídia, que fugiam da invasão dos persas e fundaram Massalia (hoje Marselha) e se estabeleceram também na Córsega. em 500 a.C. Eles controlaram rotas do Rhône, do Saône, através da Borgonha, do Sena e do Loire. Massalia fazia seu próprio vinho e as ânforas para exportá-lo. Segundo o historiador romano Justiniano, "os gauleses aprenderam com os gregos uma forma civilizada de vida, cultivando olivas e videiras."
Historiadores acreditam que o primeiro vinho bebido na Borgonha foi provavelmente trazido de Marsellha ou diretamente da Grécia. É importante lembrar que em 1952, entre Paris e a Borgonha, na cidade de Vix, foi descoberta uma imensa jarra grega de fino bronze com cerca de 2 metros de altura e com capacidade de 1.200 litros originária de 600 a.C.
As ilhas gregas foram provavelmente os principais exportadores de vinho, sendo a ilha de Chios, situada ao leste, próxima ao litoral da Lídia, a mais importante delas e a que possuía o melhor vinho. As suas ânforas características foram encontradas em quase todas as regiões por onde os gregos fizeram comércio, tais como: Egito, França, Bulgária, Itália e Russia. Também a ilha de Lesbos, ao norte de Chios possuía um vinho famoso e, provavelmente, foi a fonte do Pramnian, o equivalente grego do fantástico vinho búlgaro Tokay Essenczia.
Provavelmente havia predileção pelos vinhos doces (Homero descreve uvas secadas ao sol), mas haviam vários tipos diferentes de vinho. Laerte, o pai de Odisseu, cujos vinhedos eram seu orgulho e alegria, vangloriava-se de ter 50 tipos cada um de um tipo diferente de uva. Com relação à prática de adicionar resina de pinheiro no vinho, utilizada na elaboração do moderno Retsina, parece que era rara na Grécia Antiga. No entanto, era comum fazer outras misturas com os vinhos e, na verdade, raramente eram bebidos puros. Era normal adicionar-se pelo menos água e, quanto mais formal a ocasião e mais sofisticada a comida, mais especiárias aro-máticas eram adicionadas ao vinho.
O amor dos gregos pelos vinhos pode ser avaliado pelos "Simpósios", cujo significado literal é "bebendo junto". Eram reuniões (daí o significado atual) onde as pessoas se reuniam para beber vinho em salas especiais, reclinados confortavelmente em divãs, onde conversas se desenrolavam num ambiente de alegre convívio. Todo Simpósio tinha um presidente cuja função era estimular a conversação. Embora muitos Simpósios fossem sérios e constituídos por homens nobres e sábios, havia outros que se desenvolviam em clima de festa, com jovens dançarinas ao som de flautas.
Entre as muitas evidências da sabedoria grega para o uso do vinho são os escritos atribuídos a Eubulus por volta de 375 a.C. : "Eu preparo tres taças para o moderado: uma para a saúde, que ele sorverá primeiro, a segunda para o amor e o prazer e a terceira para o sono. Quando essa taça acabou, os convidados sábios vão para casa. A quarta taça é a menos demorada, mas é a da violência; a quinta é a do tumulto, a sexta da orgia, a sétima a do olho roxo, a oitava é a do policial, a nona da ranzinzice e a décima a da loucura e da quebradeira dos móveis."
O uso medicinal do vinho era largamente empregado pelos gregos e existem inúmeros registros disso. Hipócrates fez várias observações sobre as propriedades medicinais do vinho, que são citadas em textos de história da medicina.
Além dos aspectos comercial, medicinal e hedônico o vinho representava para os gregos um elemento místico, expresso no culto ao deus do vinho, Dionísio ou Baco ou Líber. Entre as várias lendas que cercam a sua existência, a mais conhecida é aquela contada na peça de Eurípides. Dionísio, nascido em Naxos, seria filho de Zeus (Júpiter), o pai dos deuses, que vivia no Monte Olimpo em Thessaly e da mortal Sêmele, a filha de Cadmus, o rei de Tebas. Semele, ainda no sexto mês de gravidez, morreu fulminada por um raio proveniente da intensa luminosidade de Zeus . Dionísio foi salvo pelo pai que o retirou do ventre da mãe e o costurou-o na própria coxa onde foi mantido até o final da gestação. Dionísio se confunde com vários outros deuses de várias civilizações, cujos cultos teriam origem há 9.000 anos. Originalmente, era apenas o deus da vegetação e da fertilidade e gradualmente foi se tornando o deus do vinho, como Baco deus originário da Lídia.
O vinho chegou no sul da Itália através dos gregos a partir de próximo de 800 a.C. No entanto, os etruscos, já viviam ao norte, na região da atual Toscana, e elaboravam vinhos e os comercializavam até na Gália e, provavelmente, na Borgonha. Não se sabe, no entanto se eles trouxeram as videiras de sua terra de origem (provavelmente da Ásia Menor ou da Fenícia) ou se cultivaram uvas nativas da Itália, onde já havia videiras desde a pré-história. Deste modo, não é possível dizer quem as usou primeiro para a elaboração de vinhos. A mais antiga ânfora de vinho encontrada na Itália é etrusca e data de 600 a.C.
O ponto crítico da história do vinho em Roma foi a vitória na longa guerra com o Império de Cartago no norte da África para controlar o Mediterrâneo Ocidental entre 264 e 146 a.C. Após as vitórias sobre o general Anibal e, a seguir, sobre os macedônios e os Sírios, houve mudanças importantes.
Os romanos começaram a investir na agricultura com seriedade e a vitivinicultura atingiu seu clímax. O primeiro a escrever sobre o tema foi o senador Catão em sua obra "De Agri Cultura". No entanto, irônicamente, o mais famoso manual foi escrito por um cartaginês, Mago, e traduzido para o latim e para o grego. O manual de Mago, mais do qualquer outro estudo, estimulava a plantação comercial de vinhedos a substituição de pequenas propriedades por outras maiores.
Uma data importante no progresso de Roma foi 171 a.C., quando foi aberta a primeira padaria da cidade, pois até então os romanos se alimentavam de mingau de cereais. Agora Roma comia pão e certamente a sêde por vinho iria aumentar. Começava uma nova era e apereciam os "primeiro-cultivo" vinhos de qualidade de vinhedos específicos, equivalentes aos "grands crus" de hoje. Na costa da Campania, mais exatamente na baía de Nápoles e na península de Sorriento estavam os melhore vinhedos. Dessa época é o maravilhoso "Opimiano" (em homenagem ao consul Opimius) safra de 121 a.C. do vinhedo Falernum que foi consumido, conforme registros históricos até125 anos depois. Ainda assim, os vinhos gregos ainda eram considerados pelos romanos os melhores.
No império de Augusto (276 a.C. - 14 d.C.) a indústria do vinho estava estabelecida em toda a extensão da Itália que já exportava vinhos para a Grécia, Macedônia e Dalmácia). Todos os "grands crus" vinham da região entre Roma e Pompéia, mas a região da costa adriática era também importante, em especial pelas exportações. Pompéia ocupava uma posição de destaque, podendo ser considerada a Bordeaux do Império Romano e era a maior fornecedora de vinhos para Roma . Após a destruição de Pompéia pela erupção do Vesúvio no ano 79 d.C., ocorreu uma louca corrida na plantação de vinhedos onde quer que fosse. Plantações de milho tornaram-se vinhedos, provocando um desequilíbrio do fornecimento a Roma, desvalorização das terras e do vinho.
No ano 92 d.C., o imperador Domiciano editou um decreto proibindo a plantação de novos vinhedos e de vinhedos pequenos e mandando destruir metade dos vinhedos nas províncias ultramarítimas. O decreto parece visar a proteção do vinho doméstico contra a competição do vinho das províncias e manter os preços para o produtor. O decreto permaneceu até 280 d.C., quando o imperador Probus o revogou.
Tudo que se queira saber sobre a vitivinicultura romana da época está no manual "De Re Rustica" (Sobre Temas do Campo), de aproximadamente 65 d.C, de autoria de um espanhol de Gades (hoje Cádiz), Lucius Columella. O manual chega a detalhes como: a produção por área plantada (que, surpreendentemente, é a mesma dos melhores vinhedos da França de hoje), a técnica de plantio em estacas com distância de dois passos entre elas (mais ou menos a mesma técnica usada hoje em vários vinhedos europeus), tipo de terreno, drenagem, colheita, prensagem, fermentação, etc
Quanto ao paladar, os romanos tinham predileção pelo vinho doce, daí fazerem a colheita o mais tardiamente possível, ou, conforme a técnica grega, colher o fruto um pouco imaturo e deixá-lo no sol para secar e concentrar o açúcar (vinhos chamados "Passum"). Outro modo de obter um vinho mais forte e doce era ferver, aumentando a concentração de açúcar (originando o chamado "Defrutum") ou ainda adicionar mel (originava o "Mulsum"). Preparavam também o "semper mustum" (mosto permanente), um mosto cuja fermentação era interrompida por submersão da ânfora em água fria e, portanto, contendo mais açúcar. Esse método é o precurssor do método de obtenção do "Süssreserve" das vinícolas alemãs.
Ainda no tocante ao paladar, é interessante lembrar que os romanos sempre tiveram predileção por temperos fortes na comida e também se excediam nas misturas com vinhos que eram fervidos em infusões ou macerações com hervas, especiarias, resinas e denominados "vinhos gregos" em virtude dos gregos raramente tomarem vinhos sem temperá-los. Plínio, Columella e Apícius descrevem receitas bastante exóticas.
Quanto a idade, alguns vinhos romanos se prestavam ao envelhecimento, os fortes e doces expostos ao ar livre e os mais fracos contidos em jarras enterrados no chão. Um recurso usado para envelhecer o vinho era o "fumarium", um quarto de defumaçào onde as ânforas com vinho eram colocadas em cima de uma lareira e o vinho defumado, tornando-se mais pálido, mais ácido e com cheiro de fumaça.
Galeno (131-201 d.C.), o famoso grego médico dos gladiadores e, posteriormente médico particular do imperador Marco Aurelio, escreveu um tratado denominado "De antidotos" sobre o uso de preparações à base de vinho e ervas, usadas como antídotos de venenos. Nesse tratado existem considerações perfeitas sobre os vinhos, tanto italianos como gregos, bebidos em Roma nessa época: como deveriam ser analisados, guardados e envelhecidos
A maneira de Galeno escolher o melhor era começar com vinhos de 20 anos, que se esperava serem amargos, e, então, provar as safras mais novas até chegar-se ao vinho mais velho sem amargor. Segundo Galeno, o vinho "Falerniano" era ainda nessa época o melhor (tão famoso que era falsificado com frequência) e o "Surrentino" o igualava em qualidade, embora mais duro e mais austero. A palavra "austero"é usada inúmeras vezes nas descrições de Galeno para a escolha dos vinhos e indica que o gosto de Roma estava se afastando dos vinhos espessos e doces que faziam da Campania a mais prestigiada região. Os vinhedos próximos a Roma, que anteriormente eram desprestigiados por causa de seu vinhos ásperos e ácidos, estavam entre os preferidos de Galeno. Ele descreveu os "grands crus" romanos, todos brancos, como fluídos, mas fortes e levemente adstringentes, variando entre encorpados e leves. Parece que o vinho tinto era a bebida do dia a dia nas tavernas.
Depois de Galeno não existem registros da evolução do paladar de Roma em relação aos vinhos. Certamente havia mercado para todos os gostos nessa metrópole que nessa época era a maior cidade do mundo Mediterrâneo e já possuía mais de um milhão de habitantes! É claro que a maior demanda era para o vinho barato que geralmente vinha de fora da península. É interessante notar que, desde a época de Galeno, o vinho da Espanha e da Gália começava a chegar em Roma. Um dos efeitos da expansão dos vinhedos nas províncias é que a produção em massa em regiões da Itália que abasteciam Roma tornou-se menos lucrativa e muitos vinhedos tornaram-se passatempo de nobres. Um desincentivo aos produtores italianos foi a criação, por volta de 250 d.C., de um imposto que consisitia em entregarem uma parte do vinho produzido ao governo (para as rações do exército e para distribuição à ralé que tinha a bebida subsidiada). Talvez para remediar esta situação, em 280 d.C. , o imperador Probus, revogou o já mencionado decreto editado (e amplamente ignorado!) por Domiciano em 92 d.C., proibindo o plantio de vinhedos. Probus inclusive colocou o exército para trabalhar no cultivo de novos vinhedos na Gália e ao longo do Danúbio. No entanto, foi inútil, pois o declínio do Império Romano estava começando.
Sobre a origem da vitivinicultura na França existe um verdadeira batalha entre os historiadores. Há os que acreditam nos registros dos Romanos e outros acham que os predecessores dos Celtas estabeleceram a elaboração de vinhos na França. Há ainda os que acreditam que os franceses da idade da pedra eram vinhateiros, pois no lago de Genebra foram encontradas sementes de uvas selvagens que indicam o seu uso há 12.000 anos ou mais. Segundo a "Escola Celta" os empreendimentos do ocidente são ignorados por não terem registros escritos. Os celtas da Gália foram ativos e agressivos. Eles dominaram quase toda a região dos Alpes, na época em que os atenienses dominavam a Grécia, invadindo a Lombardia na Itália (onde fundaram Milão) e alcançando Roma, chegaram à Ásia Menor, penetrando na Macedônia e alcançaram Delphi e fundaram um acampamento no Danúbio, em Belgrado,
Os gauleses antigos já tinham contato com os vinhos do Mediterrâneos por longo tempo e, como já foi dito, os gregos haviam fundado Marselha em 600 a.C., elaborando e comercializando vinhos com os nativos. Os celtas do interior da Gália ainda não tinham alcançado o sul da França nessa época; ali habitavam os ibéricos do norte da Itália e da Espanha. Se havia vinhedos celtas na Gália eles não chegaram ao mediterrâneo. É dificil acreditar que na França havia vinhedos, pois os chefes gaulêses pagavam um preço exorbitante pelos vinhos aos comerciantes romanos: um escravo por uma ânfora de vinho, isto é, trocavam o copo pelo copeiro. Marselha tornou-se parte do Império Romano por volta de 125 a.C., mas continuava sendo considerada uma cidade grega.
A primeira verdadeira colonia romana na França foi fundada anos mais tarde na costa a oeste em Narbo (hoje Narbonne) que se tornou a capital da província de Narbonensis e, de fato, de toda a chamada "Gália Transalpina". Com ponto de partida na Provence, os romanos subiram o vale do Rhône e mais tarde no reinado de César dirigiram-se a oeste e chegaram na região de Bordeaux. Bordeaux, Borgonha e Tréveris provavelmente surgiram como centros de importação de vinho, plantando a seguir as suas próprias videiras e obtendo vinhos que superaram os importados. No século II havia vinhedos na Borgonha; no século III , no vale do Loire; no século IV, nas regiões de Paris, Champagne, Mosela e Reno. Os vinhedos da Alsácia não tiveram origem romana e só surgiram no século IX.
Após a queda do Império Romano seguiu-se uma época de obscuridade em práticamente todas as áreas da criatividade humana e os vinhedos parecem ter permanecido em latência até que alguém os fizesse renascer.
Chegamos à Idade Média, época em que a Igreja Católica passa a ser a detentora das verdades humanas e divinas. Felizmente, o simbolismo do vinho na liturgia católica faz com que a Igreja desempenhe, nessa época, o papel mais importante do renascimento, desenvolvimento e aprimoramento dos vinhedos e do vinho. Assim, nos séculos que se seguiram, a Igreja foi proprietária de inúmeros vinhedos nos mosteiros das principais ordens religiosas da época, como os franciscanos, beneditinos e cistercienses (ordem de São Bernardo), que se espalharam por toda Europa, levando consigo a sabedoria da elaboração do vinho.
Dessa época são importantes tres mosteiros franceses. Dois situam-se na Borgonha: um beneditino em Cluny, próximo de Mâcon (fundado em 529) e um cisterciense em Citeaux, próximo de Beaunne (fundado em 1098). O terceiro, cisterciense, está em Clairvaux na região de Champagne. Também famoso é o mosteiro cisterciense de Eberbach, na região do Rheingau, na Alemanha. Esse mosteiro, construido em 1136 por 12 monges de Clairvaux, enviados por São Bernado, foi o maior estabelecimento vinícola do mundo durante os séculos XII e XIII e hoje abriga um excelente vinhedo estatal.
Os hospitais também foram centros de produção e distribuição de vinhos e, à época, cuidavam não apenas dos doentes, mas também recebiam pobres, viajantes, estudantes e peregrinos. Um dos mais famosos é o Hôtel-Dieu ou Hospice de Beaune, fundado em 1443, até hoje mantido pelas vendas de vinho.
Também as universidades tiveram seu papel na divulgação e no consumo do vinho durante a Idade Média. Numa forma primitiva de turismo, iniciada pela Universidade de Paris e propagada pela Europa, os estudantes recebiam salvo conduto e ajuda de custos para viagens de intercâmbio cultural com outras universidades. Curiosamente, os estudantes andarilhos gastavam mais tempo em tavernas do que em salas de aulas e, embora cultos, estavam mais interessados em mulheres, músicas e vinhos. Eles se denominavam a "Ordem dos Goliardos" e, conheciam, mais do que ninguém, os vinhos de toda a Europa.
É interessante observar que é da idade média, por volta do ano de 1.300, o primeiro livro impresso sobre o vinho:"Liber de Vinis". Escrito pelo espanhol ou catalão Arnaldus de Villanova, médico e professor da Universidade de Montpellier, o livro continha uma visão médica do vinho, provavelmente a primeira desde a escrita por Galeno. O livro cita as propriedades curativas de vinhos aromatizados com ervas em uma infinidade de doenças. Entre eles, o vinho aromatizado com arlequim teria "qualidades maravilhosas" tais como: "restabelecer o apetite e as energias, exaltar a alma, embelezar a face, promover o crescimento dos cabelos, limpar os dentes e manter a pessoa jovem". O autor também descreve aspectos interessantes como o costume fraudulento dos comerciantes oferecerem aos fregueses alcaçuz, nozes ou queijos salgados, antes que eles provassem seus vinhos, de modo a não perceberem o seu amargor e a acidez. Recomendava que os degustadores "poderiam safar-se de tal engodo degustando os vinhos pela manhã, após terem lavado a boca e comido algumas nacos de pão umedecidos em água, pois com o estômago totalmente vazio ou muito cheio estraga o paladar ". Arnaldus Villanova, falecido em 1311, era uma figura polêmica e acreditava na na segunda vinda do Messias no ano de 1378, o que lhe valeu uma longa rixa com os monges dominicanos que acabaram por queimar seu livro.
Da Europa , através das expedições colonizadoras, as vinhas chegaram a outros continentes, se aclimataram e passaram a fornecer bons vinhos, especialmente nas Américas do Norte (Estados Unidos) e do Sul (Argentina, Chile e Brasil) e na África (África do Sul). A uva foi trazida para as Américas por Cristóvão Colombo, na sua segunda viagem às Antilhas em 1493, e se espalhou, a seguir, para o México e sul dos Estados Unidos e às colônias espanholas da América do Sul. As videiras foram trazidas da Ilha da Madeira ao Brasil em 1532 por Martim Afonso de Souza e plantadas por Brás Cubas, inicialmente no litoral paulista e depois, em 1551, na região de Tatuapé.
É importante mencionar um fato importantíssimo e trágico na história da vitivinicultura, ocorrido da segunda metade do século passado, em especial na década de 1870, até o início deste século. Trata-se de uma doença parasitária das vinhas, provocada pelo inseto Phylloxera vastatrix, cuja larva ataca as raízes. A Phylloxera, trazida à Europa em vinhas americanas contaminadas, destruiu praticamente todas as videiras européias. A salvação para o grande mal foi a descoberta de que as raízes das videiras americanas eram resistentes ao inseto e passaram a ser usadas como porta-enxerto para vinhas européias. Desse modo, as videiras americanas foram o remédio para a desgraça que elas próprias causaram às vitis européias.
Finalmente, é imprescindível lembrarmos as descobertas sobre os microorganismos e a fermentação feitas por Louis de Pasteur (1822-1895) e publicadas na sua obra "Études sur le Vin". Essas descobertas constituem o marco fundamental para o desenvolvimento da enologia moderna.
A partir do século XX a elaboração dos vinhos tomou novos rumos com o desenvolvimento tecnológico na viticultura e da enologia, propiciando conquistas tais como o cruzamento genético de diferentes cepas de uvas e o desenvolvimento de cepas de leveduras selecionadas geneticamente, a colheita mecanizada, a fermentação "a frio" na elaboração dos vinhos brancos, etc. Ainda que pese o romantismo de muitos que consideram (ou supõem?) os vinhos dos séculos passados como mais artesanais, os vinhos deste século têm, certamente, um nível de qualidade bem melhor do que os de épocas passadas. Na verdade algumas conquistas tecnológicas, como as substituições da rolha e da cápsula por artefatos de plástico e da garrafa por caixinhas do tipo "tetra brik" são de indiscutível mau gosto e irritam os amantes do vinho.
Resta-nos esperar que os vinhos dos séculos vindouros melhorem ou, pelo menos, mantenham o nível de qualidade sem perder o charme dos grandes vinhos do século XX !
Fonte: Academia do Vinho

História do Vinho

.A história do vinho, que remonta a mais de cinco mil anos antes de Cristo, é capaz de nos contar as delícias e as dores pelas quais passou a humanidade. Em inúmeras comemorações, de guerra ou de paz, lá estava ele. Historiadores apontam que a bebida já era degustada antes mesmo do surgimento da linguagem escrita. Os relatos de Noé, presentes na Bíblia, contam que ao sair da arca ele plantou uvas a fim de produzir vinho, com o qual se embriagou. Presente também na Santa Ceia, o vinho simboliza desde então o sangue de Jesus na cerimônia de Eucaristia.
Há indícios de que o vinho tenha surgido no sul da Ásia, mas, por razões religiosas, o cultivo de uvas fora abandonado em países como o Japão e China. A partir desta região, expandiu-se para a Europa e o Extremo Oriente. Durante a Idade Antiga, há registros de que no Império Romano se fez uso, pela primeira vez na história, de tonéis para o armazenamento e a conservação da bebida. Já na Grécia, onde o vinho é associado à mitologia, ao Deus Dionísio, a bebida era geralmente misturada à água antes de ser consumida e armazenada em recipientes como ânforas de barro de fraca vedação, o que permitia o contato da bebida com o ar.
Os egípcios também se dedicavam ao vinho, fato que fora comprovado em 1922 por estudiosos. Na tumba do jovem faraó Tutankamon (1371- 1352 a .C.) foram encontradas 36 ânforas de vinho. Algumas delas continham inscrições sobre a região onde fora produzido, a safra, nome do comerciante. Especialmente em uma havia até mesmo o seguinte comentário: "muito boa qualidade".
O período da Idade Média é marcado pela queda na produção e na qualidade dos vinhos, já que o cultivo das vinhas passa a ser voltado para os serviços religiosos. Mas já no final do século XVII, na Idade Moderna, esse contexto é modificado. Atribui-se ao empenho do francês D. Pierre Pérignon, conhecido também como o criador da champanhe, a adoção generalizada do uso de garrafas e rolhas para os vinhos. Seria o momento da retomada da bebida. No século seguinte, mais descobertas interessantes foram feitas, como o aproveitamento de uvas apodrecidas para produção de vinhos mais doces.
A partir dos séculos XVI e XVII, as Américas também participaram do processo de expansão da cultura vinícola pelo mundo, por meio da colonização ibérica. Logo os vinhedos passaram a cobrir amplas áreas do sul do continente. E, nos séculos XIX e XX, novos países somaram-se aos tradicionais produtores de vinho.
 
 
História do vinho
Um breve relato - da antiguidade ao mundo moderno
Quão antigo é o vinho? De onde proveio? Como se deu sua evolução ao longo dos séculos? São perguntas que podem vir à cabeça, entre uma taça e outra. Então, um pouco de história ajudará a consolidar nossa paixão.

Os primórdios
A história do vinho acompanha a própria história do mundo, evoluindo segundo as transformações por este vividas.
Existem evidências de que os primeiros vinhos foram produzidos por volta de 6000 AC, na Caucásia e na Mesopotâmia; o vinho se manteve privilégio de minorias.
Os egípcios e os fenícios iniciaram a produção de vinho cerca de 3000 AC. Os egípcios reportaram o cultivo da uva por gravações em placas de pedra e nas paredes de seus túmulos. Bebiam o vinho em cálices ou de uma jarra, por meio de um canudo, gostavam muito dele, e o que não podiam produzir era importado da Mesopotâmia e da Pérsia.
Pouco se sabe sobre o sabor dos vinhos do Antigo Egito, mas era apreciado pelas elites, enquanto a grande maioria das pessoas preferia a cerveja.
Parece, também, que os faraós eram amantes de vinhos, pois alguns eram enterrados junto com os seus, na esperança de que a jornada para uma outra vida fosse mais tolerável. Da mesma forma, reis eram enterrados com seus vinhos, para que eles os oferecessem aos amigos na vida pós-morte.
O vinho foi uma bebida socialmente muito importante no Antigo Egito, e muita atenção era dada à sua produção e ao seu consumo.  
O vinho na Antiga Grécia
Entre 1000 AC e 959 AC, os gregos cultivaram vinhas em suas ilhas e, mais longe ainda, na Espanha e na Itália.
Os vinhos da Antiga Grécia eram altamente louvados e imortalizados por seus poetas, historiadores e artistas; desempenhou papel importante na religião, tendo em Dionísio um ídolo venerado.
Os gregos comercializaram vinhos de suas diferentes ilhas, do Oriente Médio e do Egito. Cada ilha tinha seu sabor específico, as de Chio e Lesbos produziam os melhores de todos os vinhos gregos. O vinho de Chio era exportado para todas as partes do mundo então conhecidas, enquanto que Lesbos exportava um vinho à base de essências, muito raro e suave.
Como os egípcios, os gregos consideravam o vinho um privilégio das classes mais abastadas, e ele não era consumido pelo cidadão comum.
Hoje em dia, provavelmente, os vinhos da Antiga Grécia seriam considerados muito suaves para o nosso consumo.

Os romanos e seus vinhos
Os antigos romanos davam grande importância ao desenvolvimento e cultivo do vinho e tiveram papel importante na disseminação do vinho. Durante o apogeu do Império Romano, entre 50 AC e 500 DC, a produção de vinho se espalhou pela maior parte da Europa, incluindo França, Espanha, Itália e mesmo algumas partes da Bretanha. Neste período, o vinho também se tornou acessível às massas. Cidades como Pompéia chegaram a construir bares em quase todas as ruas para promover o vinho. As classes mais pobres, porém, bebiam vinagre misturado com água, a que davam o nome de Posca.
O culto de Baco gerou muitos seguidores. Se os gregos idolatravam Dionísio, os romanos cultuavam Baco, celebrado em muitos festivais.
O vinho romano, dizia-se, estava mais para suave que para seco. Acreditava-se que a aromatização era importante em um bom vinho, por isso adicionavam produtos como molho de peixe fermentado. Alguns vinhos eram às vezes misturados com absinto, pétalas de rosas, hortelã e pimenta. Vinhos tintos ou brancos puros eram quase impensáveis na antiga Roma e poderíamos hoje considerar muitos dos seus favoritos como altamente indesejáveis. 

História do vinho
Um breve relato - da antiguidade ao mundo moderno
Tempos negros para os vinhos
O período que se seguiu à queda do Império Romano, por volta de 500 DC, ficou conhecido como a Idade Média e marcou o fim da história antiga. Iniciaram-se, então, tempos tenebrosos para a Europa, com as pessoas privadas de seus direitos, até mesmo de ler e escrever; esses tempos ficaram conhecidos como "Dark Ages" (Eras Negras) e os efeitos sobre a produção de vinhos se fizeram sentir.
Mas alguns esforços foram feitos no sentido de evitar o colapso da produção de vinho.
Em 1224, o Rei da Fiança organizou um evento para comparar os vinhos das regiões norte e sul de seu país. O poeta Henry d´Andeli escreveu um poema intitulado "A Batalha dos Vinhos", para celebrar este evento. Os mais suaves e mais leves vinhos do norte ganharam esta "batalha", mas cem anos mais tarde foi a vez dos vinhos mais fortes e mais cheios do sul, então na moda.
O Imperador Carlos Magno também prestou a sua ajuda. Ele se fez conhecido por ser muito exigente e haver criado regras para aumentar a higiene na produção, como não mais amassar as uvas com os pés nem armazena-las em peles de animais.
Durante as Eras Negras, a produção de vinho se manteve às custas dos monastérios cristãos. Na medida em que a Igreja ampliou seus monastérios, estes começaram a desenvolver os primeiros vinhedos na Europa.
No período medieval, o vinho era ainda considerado o forte da dieta diária; isto porque a maior parte da Europa não dispunha de água potável de qualidade confiável. As pessoas também começaram a dar preferência aos vinhos mais fortes, mais pesados, em vez dos seus precursores romanos, mais suaves.
A Inglaterra começou a importar vinho da Alemanha, depois de perder Bordeaux para a França, no século XIV. Portugal também mandou vinho para a Inglaterra e isto ajudou a manter amistosas as relações entre os dois países.
 
A época de ouro de Shakespeare
Na era de Shakespeare (século XVI), o vinho era parte comum da dieta diária; a cerveja era a alternativa favorita ao vinho.
Nesta época, o vinho começou a se diversificar e as pessoas, a valorizar o conceito de variedade. Isso se revela nas palavras do francês Michel de Montaigne: “Precisamos de uma degustação menos exata e mais livre. Para ser um bom bebedor, não é necessário um paladar tão delicado”.
Outra observação registrada sobre o vinho é de Sir John Hannington: “Vinhos, mulheres, banhos, pela arte ou pela natureza quentes, usados ou abusados, são para os homens muito bons ou danosos”.
Com certeza, os cidadãos da era Shakespeare apreciavam o vinho e começaram a discutir suas virtudes com mais entusiasmo que nos séculos anteriores.
No final da vida de Shakespeare, falecido em 1616, Londres passou a contar, pela primeira vez, com um abundante suprimento de água potável e a indústria do vinho entrou em uma nova era.
  

Novos desafios para o vinho
O vinho não era mais necessário como parte da dieta diária. O século XVII assistiu a um breve declínio da indústria do vinho. A propaganda política e religiosa pouco fez para promover o consumo de vinho para o prazer. E o vinho também teve que enfrentar um rival: o fornecimento de água potável, límpida e facilmente disponível para o consumo.

O vinho ainda enfrentou outros rivais no século XVII: bebidas destiladas (incluindo Gin e Brandy), tabaco, cerveja, chocolate, café, chá, champanhe.
Ou o vinho competia com esses rivais ou estava fadado a desaparecer. No entanto, novos desenvolvimentos ajudaram a indústria do vinho a manter sua popularidade. A invenção de melhores métodos para a fabricação de vidro, a rolha e outros acessórios, assim como melhores métodos de produção, em muito ajudaram o vinho naquele século.
Foi um período em que o vinho sofreu muitas mudanças.
A Inglaterra não se beneficiou de muitos desses desenvolvimentos por causa de suas relações políticas com a França. Os ingleses ficaram sem uma maior fonte de suprimento de vinho, por causa desses estremecimentos políticos, e tiveram que se voltar para outros lados. E procuraram Portugal, Holanda e mesmo a África do Sul holandesa, para a importação de seus vinhos. Quando a Inglaterra tomou a África do Sul, nos começos de 1800, assumiu o controle de um suprimento regular de vinho. Lord Nelson, o comandante britânico durante as guerras napoleônicas, referiu-se a esta colônia como uma "imensa taberna".
Apesar das relações tumultuadas com os ingleses, a indústria do vinho francês decolou no século XVIII. Muitas pessoas consideram que esta foi a época em que o vinho de Bordeaux começou a florescer e ganhar popularidade. Os comerciantes que freqüentavam Bordeaux vinham de áreas tais como Holanda, Alemanha, Irlanda, e mesmo Escandinávia. Bordeaux estava apta para negociar vinho por café e outros produtos do Novo Mundo. Isto ajudou a reforçar o papel do vinho na nascente indústria do comércio mundial. 

O vinho no século XIX
Napoleão disse: "Na vitória, você merece champanhe; na derrota, você precisa dele".
No começo do século XIX, os ingleses gastaram muito de seu tempo com as guerras napoleônicas, operando de Portugal. Por causa dessas guerras, os ingleses se viram incapazes de manter um suprimento regular de vinho francês e, por isto, se voltaram para Portugal. O vinho do Porto se tornou o preferido na Inglaterra nesta época.
O champanhe também ganhou preferência na Europa do século XIX. A francesa Nicole-Barbe Clicquot-Ponsardin dinamizou a indústria do champanhe e fez dele o vinho celebridade do mundo. Ela descobriu maneiras mais fáceis de remover o sedimento do champanhe e substituiu esre sedimento por açúcar, vinho e brandy. Ela também organizou a produção de champanhe de modo que ele pudesse ser feito em uma linha de montagem, tornando essa bebida realmente "moderna".
Neste século, os vinhos do Novo Mundo começaram a desafiar osd do Velho Mundo. Na América, Thomas Jefferson estava convencido de que a falta de vinhos finos em seu país estava levando os americanos a beber muito mais licores pesados. Esta idéia se propagou após sua morte e influenciou a maneira como os americanos viam o vinho no futuro. Ohio foi a primeira região americana a cultivar uvas com sucesso. Sua glória foi curta e em pouco tempo a Califórnia tomou o seu lugar. Em 1889, vinhos deste estado ganharam 20 das 34 medalhas em uma competição internacional em Paris.
Na Austrália, um imigrante chamado James Busby iniciou a indústria do vinho no Vale dos Caçadores. Embora seus vinhos fossem de boa qualidade, não havia mercado para eles, que só vieram a ter aceitação internacional muitos anos depois.
Embora o século XIX tenha sido considerado a Era de Ouro dos vinhos de Bordeaux e de Bourgogne, ficou marcado por uma tragédia para essas regiões. Por volta de 1863, muitos vinhos franceses começaram a sofrer de misteriosa doença, que se descobriu ser resultante da Phylloxera (em grego, folha seca). Tratava-se de uma praga originária da América, um gênero de insetos muito pequenos e danosos às plantas. Descobriu-se, porém, que na América essa praga não atacava as raízes das videiras; então, os produtores usaram raízes americanas para enxertar suas videiras, reduzindo em parte a destruição. Mesmo assim, por causa da Phylloxera, muitas das vinhas francesas tiveram que ser replantadas ao final do século XIX.    

O vinho no mundo de hoje
Os últimos 90 anos assistiram a revolução industrial dos vinhos. O embasamento científico da fabricação de vinhos desenvolveu-se grandemente no século XX, permitindo que muitas coisas antes impossíveis fossem realizadas.
Um exemplo disto é a refrigeração. Antes de 1940, o vinho era fornecido às pessoas de acordo com sua localização geográfica. Com a disseminação da refrigeração, tornou-se fácil para as vinícolas controlar a temperatura de seus processos de fermentação. Isto permitiu fabricar vinhos de alta qualidade em climas quentes, algo antes não muito factível.
O avanço da ciência durante o último século contribuiu grandemente para o desenvolvimento da indústria do vinho.
A moderna fabricação pode alcançar controle físico total de cada estágio da produção. Por outro lado, esses mesmos avanços tecnológicos têm levado à tentação de produzir mais vinhos, em detrimento da qualidade. Os fabricantes enfrentam o desafio de produzir mais vinho para um mercado maior, sem perder o caráter local de seus produtos.
E aqui termina essa breve história do vinho. Ela serve paea nos mostrar como o vinho evoluiu, desde tempos tão remotos, passando por altos e baixos, servindo aos interesses de governantes, de poderosos e nobres, até chegar aos dias atuais, acessível a classes menos abastadas. Não podemos prever os caminhos que a Humanidade trilhará nos próximos séculos, mas arriscamo-nos a fazer uma previsão: o vinho continuará seguindo o seu papel de aglutinador social, aproximando as pessoas, fazendo com que, mesmo em fugazes momentos, se sintam mais
satisfeitas. E gostaríamos, também, de, num exercício de futurologia, imaginar que essa bebida famosa venha a fazer parte cada vez mais da mesa de diferentes classes sociais, o que seria um indício de um menor distanciamento entre elas.
Então, bebamos! E brindemos a todos, pela paz e prosperidade.

Fonte: O vinho e seus Prazeres

Vinho

Schwappender Wein.jpg
O vinho (do grego antigo οἶνος, transl. oínos, através do latim vīnum, que tanto podem significar "vinho" como "videira") é, genericamente, uma bebida alcoólica produzida por fermentação do sumo de uva.[1] Na União Europeia o vinho é legalmente definido como o produto obtido exclusivamente por fermentação parcial ou total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas ou de mostos;[2] no Brasil é considerado vinho a bebida obtida pela fermentação alcoólica de mosto de uva sã, fresca e madura, sendo proibida a aplicação do termo a produtos obtidos a partir de outras matérias-primas.[3]
A constituição química das uvas permite que estas fermentem sem que lhes sejam adicionados açúcares, ácidos, enzimas ou outros nutrientes.[4] Apesar de existirem outros frutos como a maçã ou algumas bagas que também podem ser fermentados, os "vinhos" resultantes são geralmente designados em função do fruto a partir do qual são obtidos (por exemplo vinho-de-maçã) e são genericamente conhecidos como vinhos de frutas.[5][6] O termo vinho (ou seus equivalentes em outras línguas) é definido por lei em muitos países.[7] A fermentação das uvas é feita por vários tipos de leveduras que consomem os açúcares presentes nas uvas transformando-os em álcool. Dependendo do tipo de vinho, podem ser utilizadas grandes variedades de uvas e de leveduras.[8]
O vinho possui uma longa história que remonta pelo menos a aproximadamente 6 000 a.C., pensando-se que tenha tido origem nos atuais territórios da Geórgia[9][10] ou do Irã.[11] Crê-se que o seu aparecimento na Europa ocorreu há aproximadamente 6500 anos, nas atuais Bulgária ou Grécia, e era muito comum na Grécia e Roma antigas. O vinho tem desempenhado um papel importante em várias religiões desde tempos antigos. O deus grego Dioniso e o deus romano Baco representavam o vinho, e ainda hoje o vinho tem um papel central em cerimônias religiosas cristãs e judaicas como a Eucaristia e o Kidush.

 

 

[editar] História


O moço do vinho num simpósio.
As evidências arqueológicas sugerem que a mais antiga produção de vinho teve lugar em vários locais da Geórgia, Irão e China entre 6 000 e 5 000 a.C..[9][12]
As evidências arqueológicas tornam-se mais claras, e apontam para a domesticação da videira, em sítios do Oriente Próximo, Suméria e Egipto, no início da Idade do Bronze, desde aproximadamente 3 000 a.C..[13]
As mais antigas evidências sugerindo a produção de vinho na Europa, e entre as mais antigas do mundo, são originárias de sítios arqueológicos na Grécia, datados de 6 500 a.C..[14][15][16] De facto, várias fontes gregas, bem como Plínio o Velho, descrevem como os antigos gregos utilizavam gesso parcialmente desidratado antes da fermentação e um tipo de cal após aquela com o propósito de diminuir a acidez. O escritor grego Teofrasto é a mais antiga fonte conhecida a descrever esta prática de vinificação entre os antigos gregos.[17][18]
No Antigo Egipto o vinho tornou-se parte da história registada, desempenhando um papel importante na vida cerimonial. O vinho teria sido introduzido no Egipto pelos gregos.[19] São também conhecidos vestígios de vinho na China, datados do segundo e primeiro milénios a.C..[20]
O vinho era comum na Grécia e Roma clássicas.[21] Os antigos gregos introduziram o cultivo de videiras, como a Vitis vinifera,[22] nas suas numerosas colónias na Itália,[23] Sicília,[24] Fraa meridional,[25] e Península Ibérica.[22] Dioniso era o deus grego do vinho e da diversão, e o vinho era frequentemente mencionado nos escritos de Homero e Esopo. Muitas das principais regiões vinhateiras da Europa Ocidental actual foram estabelecidas pelos romanos.[26] A tecnologia de fabrico do vinho melhorou consideravelmente durante o tempo do Império Romano. Eram já então conhecidas muitas variedades de uvas e de técnicas de cultivo, e foram criados os barris para a armazenagem e transporte do vinho.[26]
Desde o tempo dos romanos, pensava-se que o vinho (eventualmente misturado com ervas e minerais) tivesse também propriedades medicinais. Nesses tempos, não era invulgar dissolverem-se pérolas no vinho para conseguir mais saúde. Cleópatra criou a sua própria lenda ao prometer a Marco António que ela beberia o valor de uma província numa taça de vinho, após o que bebeu uma valiosa pérola com uma taça de vinho.[18]
Durante a Idade Média, a Igreja Cristã era uma firme apoiante do vinho, o qual era necessário para a celebração da missa católica. Em locais como a Alemanha, a cerveja foi banida e considerada pa e bárbara, enquanto que o consumo de vinho era visto como civilizado e como sinal de conversão.[27] O vinho era proibido pelo Islão, mas após os primeiros avanços de Geber e outros químicos muçulmanos sobre a destilação do vinho, este passou a ter outros usos, incluindo cosméticos e medicinais.[28] De facto, o cientista e filósofo persa do século X Al-Biruni descreveu várias receitas em que o vinho era misturado com ervas, minerais e até mesmo gemas, com fins medicinais. O vinho era tão venerado e o seu efeito tão temido que foram elaboradas teorias sobre qual seria a melhor gema para fabricar taças para contrariar os seus efeitos secundários considerados indesejáveis.[18] Muitos cientistas clássicos como Al-Biruni, Teofrasto, Georg Agricola, Albertus Magnus bem como autores mais recentes como George Frederick Kunz descrevem os muitos usos talismânicos e medicinais do vinho combinado com minerais

O processo de produção e fermentação

A vindima (colheita)

A qualidade da uva tem enorme influência sobre o sabor e qualidade do vinho, por isso a vindima deve ser realizada no tempo certo. Uma vindima antes do tempo resulta em um vinho aguado, com baixa concentração de açúcar e, consequentemente, de álcool. Se a uma vindima for tardia, a uva produzirá um vinho rico em álcool, mas com pouca acidez. Os fatores fundamentais que influem na vindima:
  • O clima - ensolado, temperatura, umidade, etc.
  • O fator terroir - solo mais microclima da região.

O esmagamento


Seleção de uvas para esmagamento na Domaine Romanée-Conti.

Lagar com o seu respetivo torno. Trabalho em cantaria que se encontra no Museu do Vinho dos Biscoitos, ilha Terceira, Açores.
Era feito com os pés, tradição mantida até hoje em algumas regiões. Hoje em dia o processo é mecanizado com pouco contato humano. O esmagamento da uva produzirá uma mistura de suco, cascas e bagas que será chamado de mosto.

A fermentação

É a parte mais complexa e importante do processo de fabricação do vinho. Nesta etapa é necessário um controlo rígido da temperatura bem como a presença correta de microrganismos responsáveis pela fermentação. Dentre eles o mais comum é uma levedura, a Saccharomyces cerevisae, e o controle da temperatura é fundamental para o crescimento e cultura das bactérias, não devendo exceder os 25 a 30 °C. O contato com o ar deve ser evitado, pois ocorreria a oxidação do vinho.
Existem várias etapas na fermentação:

Fermentação tumultuosa

Ela dura poucos dias, quando ocorrem um grande desprendimento do gás carbônico e o aumento da temperatura.

Fermentação lenta

Com o passar dos dias, a fermentação começa a diminuir de intensidade devido à diminuição da presença do açúcar. Nesta etapa, o líquido se separa da parte sólida (bagaço, cascas, etc) e são eliminados os últimos traços de glicose, que se transformam em álcool. São poucos os açúcares que ainda restam e, neste momento, o mosto já é o vinho propriamente dito.

Filtragem

Nesta etapa ocorre a filtração do vinho. Ele é clarificado com a retirada dos produtos e sedimentos que deixam o vinho turvo.

Envelhecimento

Passada a etapa de fermentação, o vinho passará para o envelhecimento em barris, em geral, de carvalho. O tempo de envelhecimento varia de uva para uva e, durante esse tempo, a acidez diminui e os vários componentes da uva passam a formar o corpo e a estrutura do vinho gerando a complexidade de seus odores e sabores.
Boa parte dos vinhos produzidos no mundo sofrem apenas dois anos de envelhecimento. Muitos vinhos considerados de guarda, são capazes de manter suas características por décadas.

Classificação dos vinhos


Um dos vinhos portugueses mais célebres e de grande exportação é o Vinho do Porto.
Existem cinco tipos distintos de vinhos: os vinhos tintos, os brancos, os rosés, os espumantes, e os vinhos fortificados. Em Portugal existe um tipo de vinho específico, o vinho verde, que pode ser tinto ou branco, mas devido à sua acentuada acidez pode ser considerado como uma categoria à parte. Os vinhos tintos podem ser obtidos através das uvas tintas ou das tintureiras (aquelas em que a polpa também possui pigmentos). Os vinhos brancos podem ser obtidos através de uvas brancas ou de uvas tintas desde que as cascas dessas uvas não entrem em contato com o mosto e que essas não sejam tintureiras. Já os vinhos rosés podem ser feitos de duas maneiras: misturando-se o vinho tinto com o branco ou diminuindo o tempo de maceração (contato do mosto com as cascas) durante a vinificação do vinho tinto[29]
O espumante é um vinho que passa por uma segunda fermentação alcoólica, que pode ser na garrafa, chamado de método tradicional ou champenoise, ou em auto-claves (tanques isobarométricos) chamados charmat. Ambas as formas de vinificação fazem a fermentação em recipiente fechado, incorporando assim dióxido de carbono (CO2) ao liquido e dando origem às borbulhas ou pérlage.

Tonéis na Domaine Romanée-Conti, produtora de alguns dos melhores vinhos do mundo.
Os vinhos fortificados são aqueles cuja fermentação alcoólica é interrompida pela adição de aguardente (~70% vol). De acordo com o momento da interrupção, e da uva que está sendo utilizada, ficará mais ou menos doce. O grau alcoólico final dos vinhos fortificados fica entre 19-22% vol. Os mais famosos são o Vinho do Porto (Portugal), o Vinho da Madeira (Portugal), o Xerez (Espanha) e o Marsala (Sicília).
Por conta de obras cinematográficas de parca pesquisa histórica, a maioria das pessoas julga que o consumo do vinho era comum no Egipto e há quem diga que é de lá sua obscura origem. Entretanto o vinho era mercadoria importada pelo Egipto, cuja bebida nacional era a cerveja, normalmente feita de restos de pães.
Cada país e cada região produtora possui uma classificação própria. Veja a classificação italiana em DOCG, a francesa em AOC e a da União Europeia em Denominação de Origem Protegida.
No Brasil os vinhos são assim classificados:

Quanto à classe

  • de mesa: graduação alcoólica de 10° a 13° G.L., possui as seguintes subdivisões:
  • leve: graduação alcoólica de 7° a 9,9° G.L., elaborado sempre com uvas viníferas.
  • Espumante: resultante unicamente de uma segunda fermentação alcoólica , possui alto nível de dióxido de carbono, resultando em borbulhas (graduação alcoólica de 10° a 13° G.L.).
    • champanhe - É um espumante feito essencialmente com as uvas Chardonnay e Pinot Noir, mundialmente conhecida, produzida exclusivamente na região homônima na Fraa. Champagne é uma denominação de origem.
  • licoroso: graduação alcoólica de 14° a 18° G.L. Adicionado, ou não, de álcool potável, caramelo, concentrado de mosto e sacarose.
  • composto ou fortificado: graduação alcoólica de 15° a 18° G.L., obtida pela adição ao vinho de plantas amargas ou aromáticas, substâncias de origem mineral ou animal.

Quanto à cor

  • tinto: produzido a partir de variedades de uvas tintas, com longo contato com a casca da fruta. A diferença de tonalidade depende de tipo de fruto, do tempo e do método de envelhecimento.
  • branco: produzido em sua maioria, a partir de uvas brancas. Quando produto de uvas tintas, a fermentação é feita com a ausência das cascas.
  • rosado, rosé ou clarete: com aparência intermediaria pode ser produzido de duas formas:
    • de uvas tintas: com breve contato com as cascas que dão a pigmentação ao vinho, que após são separadas.
    • por corte: obtém-se pela mistura, de um vinho branco com um vinho tinto.

Quanto ao teor de açúcar

Quanto à variedade da uva

Lista de variedades de uvas para a produção de vinhos - Vitis vinifera

Uvas para produção de vinho.
O vinho é geralmente produzido a partir de uvas das variedades (ou castas) da espécie Vitis vinifera. Quando uma destas variedades de uvas é utilizada como uva predominante (geralmente definido por lei, no mínimo 75 a 85 %), o resultado é um vinho varietal (também dito monocasta). No entanto, os vinhos produzidos a partir de misturas de duas ou mais variedades de uvas, não são em nada inferiores aos vinhos varietais; alguns dos melhores e mais caros vinhos são produzidos a partir de misturas de variedades de uvas, todas colhidas no mesmo ano.
Pode também ser produzido vinho a partir dos frutos de videiras de outras espécies ou de videiras híbridas, criadas pelo cruzamento genético de duas espécies. Vitis labrusca, Vitis aestivalis, Vitis rupestris, Vitis rotundifolia e Vitis riparia são espécies nativas da América do Norte, cujas uvas são geralmente consumidas como fruta, ou na forma de sumo ou doce de uva, e por vezes transformadas em vinho.
Não se deve confundir o termo híbridas com a prática da enxertia. A maioria das vinhas do mundo encontram-se plantadas com Vitis vinifera enxertadas em bacelos de espécies norte-americanas. Esta prática é comum, uma vez que as espécies da América do Norte são resistentes à filoxera, um insecto parasita das raízes da videira que eventualmente causa a sua morte. No final do século XIX as vinhas da Europa foram devastadas por este insecto, provocando a destruição maciça das vinhas então existentes bem como de eventuais replantações. A enxertia é feita em todos os países produtores de vinho, excepto o Chile e Argentina, ainda não expostos ao insecto.[30]
A variedade das uvas, a orientação das encostas, a elevação e a topografia da vinha, o tipo e a química do solo, o clima e as condições sazonais sob as quais as uvas crescem, e ainda as culturas de leveduras locais, todos juntos formam o conceito de terroir. O número de combinações possíveis faz com exista grande variedade entre os produtos vinícolas, a qual é ainda aumentada pelos processos de fermentação, acabamento e envelhecimento.
Porém, as diferenças de sabor não são desejáveis para os grandes produtores de vinho de mesa ou de outros vinhos mais baratos, nos quais a consistência é mais importante. Estes produtores tentaram minimizar as diferenças entre as uvas de várias proveniências utilizando tecnologias como a micro-oxigenação, filtração de taninos, a centrifugação, a micro e ultra-filtração, a osmose inversa, a evaporação, tratamentos térmicos, electrodiálise, a coluna de cone rotativo entre outras.[31]

Os vinhos biodinâmicos

Ainda que seja relativamente recente, a produção dos vinhos segundo os princípios da agricultura biodinâmica propagados por Rudolf Steiner tem sido vista com certo preconceito pelos peritos da vinicultura.
Isso porque a agricultura biodinâmica é uma forma de produzir sem utilizar produtos químicos ou agrotóxicos e considerando aspectos naturais e astronômicos como, por exemplo, o plantio e colheita segundo as fases da lua. Ainda segundo esses princípios a revitalização da terra é feita através da infusão de chás naturais, chifre de boi com cristais de quartzo, esterco de diversos animais, preparo da terra com uso de força animal e não mecânica e outras práticas pouco ortodoxas.
No início, essa prática estava restrita a alguns poucos produtores e os especialistas não se preocuparam muito com ela. Porém, o crescimento das áreas cultivadas seguindo as regras da biodinâmica levou grandes produtores como Chapoutier (da região do Rhône), Coulée-de-Serrant (do Vale do Loire) e a Lalou Bize-Leroy, este último pertencente nada menos do que à Domaine de La Romanée-Conti, a considerar mais seriamente essa maneira de produzir vinhos. Especialmente porque notou-se uma sensível melhora na qualidade dos vinhos assim produzidos como, por exemplo, mais corpo e mais intensidade de aromas.[32]

Vintage

Um vinho considerado vintage é feito com a totalidade ou maioria de uvas produzidas em determinado ano e rotulado dessa forma. Muitos países permitem que o vintage tenha uma pequena porção de uvas de outra safra. Variações nas características das uvas de ano para ano podem incluir profundas diferenças de sabor, cor, aromas, corpo e equilíbrio. Um bom vinho tinto pode melhorar muito suas características com o envelhecimento, desde que bem armazenado. Consequentemente, é comum que um apreciador ou mesmo o fabricante guarde algumas garrafas de seus melhores vinhos para consumo futuro.
Nos Estados Unidos, por exemplo, um vinho pode adquirir a denominação de vintage e rotulado com a região de produção (como o "Vale de Napa" na Califórnia) se ele tiver, pelo menos, 95% de seu volume produzido com uvas colhidas naquele ano. Os fatores climáticos podem ter um grande impacto nas características dos vinhos que podem se estender a diferentes safras do mesmo terroir. Eles podem variar dramaticamente em sabor, qualidade e equilíbrio.
Os vinhos não-vintage podem ser produzidos a partir da mistura de mais de uma safra, num processo que visa a manter a confiaa do mercado e manter uma certa qualidade mesmo em anos de safras ruins.
O "Corte" ou assemblage
Algumas variedades de uvas são comumente utilizadas para dar mais corpo e equilíbrio ao vinho.
Ao fazer isso, o enólogo usa o termo "corte". Um vinho produzido inicialmente com uvas merlot pode receber uma certa quantidade (corte) de uvas cabernet sauvignon, por exemplo.

Degustação


Mesa francesa para desgustação de vinhos.
A degustação é o ato de examinar e avaliar o vinho. Os vinhos podem ser classificados segundo o efeito que causam nas papilas gustativas. A doçura é determinada pela quantidade de açúcar residual do vinho após a fermentação. Veja acima a classificação do vinho quanto ao teor de açúcar.
É possível identificar sabores e aromas individuais graças ao complexo mix de moléculas que a uva e seu suco podem conter. A degustação frequentemente pode identificar as características de uma uva específica como também os sabores que resultaram da fabricação e maturação do vinho, seja intencional ou não. Os mais típicos elementos de sabor que são intencionalmente introduzidos no vinho são aqueles presentes nos barris de carvalho: chocolate, baunilha, ca, além de mato ou couro. Outras varidedades de minerais também são absorvidas pelo vinho.

O brinde

O brinde só se popularizou no século XVI, na Inglaterra. Em inglês, o termo significa "toast" (torrada), que vem do hábito de colocar pão torrado num cálice. Ao beber à saúde de alguém, era preciso beber todo o vinho para então alcaar a torrada embebida.[33]
Mas existem inúmeras explicações para a prática do brinde. Uma delas diz que o brinde é o costume de bater levemente os copos uns nos outros antes de beber. Diz a lenda que essa prática começou para "misturar" o conteúdo dos copos antes de bebê-lo. Se algum deles estiver com veneno, ele seria diluído nos demais copos e seus efeitos diminuídos.[34]
Hoje em dia essa questão é muito mais prosaica. O brinde é usado na celebração e em grandes acontecimentos em que o contato com os copos indica o desejo de união, paz e alegria entre os presentes. O brinde evoluiu a ponto de não se limitar apenas ao toque das taças. Diz-se que o brinde é uma oportunidade de reaar e reunir os cinco sentidos humanos nos do vinho:

Serviço do vinho

Abrir um vinho não é apenas o ato de remover a rolha. Alguns rótulos dos vinhos alertam para que ele seja aberto algumas horas antes para que ele possa "respirar" enquanto outros exigem ser bebidos imediatamente. No caso dos champanhes fazer a rolha estourar para sinalizar o início de uma celebração é uma atitude que deve ser evitada. Ao "estourar" a rolha, a pressão faz com que o líquido seja arremessado para fora bem como grande parte do gás carbônico ali presente desde a segunda fermentação (veja aqui). Com isso ele certamente perderá em qualidade.
Caso o vinho tenha borras ou sedimentos é necessário que se faça a decantação, ou seja, despejá-lo delicadamente em novo recipiente, o decanter, a fim de permitir melhor aeração e também de remover essas borras, ou depósitos sólidos provenientes da guarda por longo período.
O vinho deve ser degustado no copo ou cálice específico colocando-se apenas uma quantidade suficiente para dois ou três goles. Uma vez aprovado ele pode ser servido a atingir o máximo de 1/3 da altura do copo. Esse procedimento faz com que os aromas se concentrem dentro do copo além de permitir apreciar as cores do vinho em todas as suas tonalidades.
Temperaturas ideais para degustação do vinho[35]
  • Vinhos tintos - 17 a 18 °C
  • Vinho do Porto Vintage - 16 °C
  • Vinhos tintos novos e os verdes - 12 a 14 °C
  • Vinhos da Madeira e Porto comuns - 12 °C
  • Vinhos brancos incluindo da Madeira e Porto - 10 a 11 °C
  • Vinhos Rosé - 10 °C
  • Vinhos brancos novos - 8 a 10 °C
  • Vinhos espumantes - 6 a 8 °C

Culinária

O vinho é uma bebida popular e muito importante no acompanhamento de vários pratos da culinária mundial, desde a regional, mais simples e tradicional, a as mais sofisticadas e complexas. O vinho é importante na cozinha não apenas por ser uma bebida, mas como um agente que reaa os sabores da boa comida.
É muito importante que haja uma boa harmonia entre o vinho e a comida. Como regra geral as carnes e massas devem ser acompanhadas por vinhos tintos enquanto os peixes e frutos do mar ficam melhores com os vinhos brancos. Porém isso nem sempre é verdade. O que se deve levar em consideração ao escolher o vinho é a qualidade e o sabor dos ingredientes do prato que se vai degustar. Um alimento feito à base de temperos fortes, seja carne ou peixe, deve ser acompanhado com um vinho igualmente encorpado enquanto um prato mais leve merece um vinho leve. Essa boa combinação entre o prato e o vinho chama-se harmonização.

Copos e garrafas

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Taças diferentes para vinhos distintos: branco e tinto.
O copo ou taça, tem grande influência na degustação do vinho. Alguns dos grandes fabricantes de cristais (como a austríaca Riedel) produzem copos diferentes para cada tipo de vinho incuindo-se aí as uvas e as regiões onde são produzidas.
O único meio de produzir um copo específico para determinado vinho é experimentando-o. Utilizam-se vários tipos diferentes de taças - mais ou menos arredondadas, mais abertas, mais fechadas, mais estreitas, etc. - e faz-se a degustação com grande número de enólogos que irão determinar em qual tipo de copo o vinho ganha em qualidade. O formato escolhido passa a ser utilizado para aquele tipo de uva, vinho ou região específica. A Riedel costuma fazer esse tipo de degustação regularmente.
Um fato curioso é a presença de concavidade no fundo de várias garrafas de vinho, anedotalmente associada à sua qualidade. Embora seja comum ouvir a informação de que quanto maior a concavidade, melhor o vinho, não há fontes confiáveis que confirmem essa relação e pode-se ver facilmente vinhos bons e caros com concavidade menor que alguns de qualidade inferior ou, mesmo, sem concavidade alguma. Não há uma explicação consensual para o real propósito da concavidade, apesar de haver algumas mais comuns, como:
  • É um remanescente histórico da era em que as garrafas eram feitas artesanalmente, sopradas através de um cano. Essa técnica deixava uma ponta na base da garrafa, fazendo com que fosse necessária a concavidade para que essa ponta não arranhasse a mesa ou deixasse a garrafa instável (sem equilíbrio).
  • Teria a função de deixar a garrafa mais estável, já que uma pequena imperfeição na mesa seria suficiente para desestabilizar uma garrafa de fundo plano.
  • Consolida os sedimentos em um anel espesso no fundo da garrafa, diminuindo a quantidade de resíduos despejada nas taças, ao ser servido o vinho.
  • Aumenta a resistência das garrafas, permitindo que armazenem vinhos ou champanhe com pressão mais elevada.
  • Mantém as garrafas fixas em pinos de esteiras condutoras nas linhas de produção onde as garrafas são preenchidas.
  • Acomoda os dedos, facilidando o serviço do vinho.
  • De acordo com a lenda, a concavidade era usada pelos servos. Eles frequentemente sabiam mais que seus mestres sobre o que se passava na cidade e, com o dedo colocado na concavidade, sinalizavam caso o convidado não fosse confiável.
  • Disponibiliza uma melhor pegada manual para a produção tradicional de vinho espumante.
  • Diminui o volume real da garrafa, dando a falsa impressão de que se está levando mais vinho que a quantidade real.
  • As tavernas possuíam um pino de aço verticalmente fixado no bar, onde as garrafas vazias teriam seus fundos perfurados de modo a garantir que não seriam cheias novamente.
  • A concavidade age como uma lente, refratando a luz e tornando a cor do vinho mais chamativa.
  • Diminui a chance de a garrafa ressonar durante o transporte.
  • Permite o empilhamento mais fácil das garrafas.

Medidas

Copos e garrafas
  • Cálices, taças ou balões: 12,5 cl.
  • A flûte de Champanhe: 12,5 cl. (Também chamada de tulipa)
Garrafas
  • Mignon, 5 Cl.
  • Filette (vinhos do Vale do Loire) 37,5 Cl.
  • O pot (Region de Lion) aprox. 46 Cl. Ele tem um fundo estreito o que lhe dá uma certa estabilidade.
  • Clavelin, 62 Cl (Jura) usadas nosvinhos amarelos (AOC)
  • Meia-garrafa, 37,5 Cl (35 Cl nos vinhos do Rhone)
  • Garrafa comum de vidro com 75 Cl,
  • Wished, 50 Cl (Suíça)
  • Fiasque (Itália)

Garrafa de 75Cl, do vinho Chateau Margaux.
Outros tipos de garrafas
  • Magnum 1,5 L (2 garrafas)
  • Jeroboam, 3 L (4 garrafas)
  • Réhoboam, 4,5 L (6 garrafas)
  • Matusalem, 6 L (8 garrafas)
  • Salmanazar, 9 L (12 garrafas)
  • Baltazar, 12 L (16 garrafas)
  • Nabucodonosor, 15 L (20 garrafas)
  • Solomon, 18 L (24 garrafas)
  • Sovereign, 26,25 L (35 garrafas)
  • Primacy, 27 L (36 garrafas)
A maioria das embalagens para armazenar vinhos é fabricada em múltiplos ou divisões de 75Cl. A origem desse volume é objeto de debate entre os especialistas em pesos e medidas, surpresos com o uso dessa medida singular surgida no período pós-revolução francesa.
A medida "em garrafas" é uma medida genérica que veio dos campos de produção até o início do século XX. Os vinhos de qualidade em geral eram acondicionados em garrafas de 75Cl. É por essa razão que esse volume é utilizado ainda hoje como medida nos meios comerciais - um galão imperial corresponde a aproximadamente 4,5 l, ou seja, cerca de 6 garrafas. Uma compra de 12 garrafas de um bom vinho de Bordeaux corresponde a dois galões imperiais enquanto um barril de Bordeaux de 225 litros conrresponde a 50 galões imperiais do mesmo vinho.

Estocagem e armazenamento

A maioria dos vinhos é vendida em garrafas de vidro e seladas com rolhas de cortiça. Recentemente alguns produtores de vinho vem buscando alternativas como tampas atarrachantes ou rolhas sintéticas, não muito bem vistas pela maioria. É consenso entre os grandes produtores, leia-se "os melhores vinhos", o uso das rolhas de cortiça, especialmente as produzidas em Portugal, pois ainda é tido como o produto mais adequado.

Vinhos argentinos.
As adegas são os lugares designados especialmente para a guarda e a maturação do vinho. Numa adega climatizada, vários factores como temperatura e humidade são controlados por sistemas eletrônicos. Em contraste, as melhores adegas ainda são aquelas sob a terra, sem sistemas controladores, implantadas em locais cuidadosamente estudados. Estima-se que a Casa Moët & Chandon, de Champagne - Fraa, tenha cerca de 28 km de túneis onde descansam seus vinhos antes de ser comercializados.
O vinho é um alimento natural e perecível. Se deixado exposto ao calor, luz, vibrações ou flutuações de temperatura e umidade, para todos os tipos de vinho, ele certamente irá estragar. Quando devidamente armazenado o vinho não apenas mantém sua qualidade, mas também melhora e cresce em aroma, sabores e complexidade. Os experts aconselham a manter os vinhos entre 14 e 17 °C, em locais frescos com umidade de entre 60 e 70% e sem luz. Os vinhos devem estar deitados, para que a rolha não resseque.[35]

Profissões

As profissões ligadas ao vinho são basicamente:
  • Negociador: é o comerciante de vinhos que faz a intermediação entre os produtores e os distribuidores.
  • Distribuidores: são as lojas especializadas.
  • Viticultor: é o produtor de vinhos que controla a irrigação, pragas, etc.
  • Escanção/Sommelier: é a pessoa, no restaurante, responsável pela escolha, compra de vinhos e a formulação da carta de vinhos. Ele também opina no tipo de vinho que deve acompanhar cada prato.
  • Enólogo: é o estudante da química dos vinhos, de enologia.
  • Enófilo: é a pessoa tida como amante do vinho, que degusta, prova, aprecia e controla sua qualidade.

O vinho e a saúde

Os efeitos do vinho (e das bebidas alcoólicas em geral) sobre a saúde são objecto de intenso estudo.[36] Nos Estados Unidos verificou-se um aumento considerável do consumo de vinho tinto durante a década de 1990, na sequência da publicação de várias notícias sobre o chamado paradoxo francês. Este último refere-se à menor incidência de doença coronária na Fraa quando comparada com a existente nos Estados Unidos, apesar do consumo de quantidades elevadas de gorduras saturadas na dieta tradicional francesa. Os epidemiologistas suspeitam que esta diferença seja atribuível ao elevado consumo de vinhos pelos franceses, no entanto esta suspeita baseia-se em evidências científicas escassas.
Estudos populacionais mostram uma associação do tipo curva J entre o consumo de vinho e o risco de doença cardíaca.[37] Isto é, os abstémios e os grandes consumidores apresentam um risco elevado, enquanto os consumidores moderados apresentam um risco mais baixo.[38] Estes mesmos estudos mostram que o consumo moderado de outras bebidas alcoólicas pode ter também efeito cardioprotector, apesar de esta relação ser mais marcada no caso do vinho. Estes estudos encontraram este efeito protector relacionado tanto com o vinho tinto como com o branco, ainda que evidências laboratoriais pareçam sugerir que o vinho tinto terá um maior efeito protector incluindo na prevenção do cancro por o vinho tinto conter mais polifenóis que o vinho branco, devido ao processo de fabrico.[39]
Pensa-se que uma substância em particular, o resveratrol, será pelo menos parcialmente responsável pelos efeitos benéficos do vinho sobre a saúde, pois mostrou-se que é capaz de activar vários mecanismos cardioprotectores bem como quimioprotectores em animais.[40] O resveratrol é produzido naturalmente pela pele das uvas em resposta à infecção por fungos, incluindo a exposição às leveduras durante a fermentação. Como o vinho branco tem contacto limitado com as peles das uvas durante este processo, contém geralmente quantidades menores de resveratrol.[41] Outros compostos benéficos encontrados no vinho incluem outros polifenóis, antioxidantes e flavonóides.[42]
Um estudo publicado em 2007 descobriu que tanto o vinho tinto como o vinho branco são agentes antibacterianos eficazes contra estirpes de Streptococcus.[43] É interessante notar que tradicionalmente em várias partes do mundo o vinho é usado para tratar feridas.[44]
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas, vinho incluído, é causa de várias doenças, como a cirrose do fígado e o alcoolismo.[45]

Sulfitos

Os sulfitos encontram-se presentes em todos os vinhos e são formados naturalmente durante a fermentação. Adicionalmente, muitos produtores de vinho adicionam dióxido de enxofre para ajudar a conservação do vinho. A quantidade de sulfitos adicionada varia, e alguns vinhos são publicitados pelo seu baixo teor de sulfitos.[46] Os sulfitos não constituem um problema para a maioria das pessoas, apesar de algumas, sobretudo aquelas com asma, poderem experimentar reações adversas.

Vinho e câncer

O Instituto Nacional do Câncer, da Fraa, divulgou que o consumo diário de álcool poderia aumentar a incidência de câncer de boca, de faringe, laringe, esôfago, colo-retal, sangue e fígado. [47]

O vinho na religião


No Irã (Pérsia), o mei (vinho persa) foi o tema central da poesia e literatura durante milhares de anos, até que o álcool foi proibido pela Lei Islâmica.
O uso do vinho em cerimônias religiosas é comum em várias culturas e regiões. O deus Dionísio utilizava o vinho para induzir alterações na mente das pessoas.
O vinho é parte integral das tradições judaicas. O kidush é uma oração sobre o vinho recitada para santificar o Shabat ou um feriado judaico. Na Páscoa judaica, é obrigação de homens e mulheres beber quatro copos de vinho. No Tabernáculo - o Santuário de Deus dos hebreus durante a peregrinação destes pelo deserto - e no Templo em Jerusalém, a libação - derramamento de vinho ou de outro licor que os Antigos faziam em honra a D'us - era parte do sacrifício.
No Cristianismo o vinho é usado no sagrado rito da Eucaristia, quando Jesus compartilhou o pão e o vinho entre os discípulos (Lucas 22:19).
Crenças sobre a natureza da Eucaristia variam entre as denominações cristãs. Católicos Romanos, por exemplo, acreditam no milagre da transubstanciação, ou seja, na transformação do pão e do vinho na carne e sangue de Jesus. Evangélicos acreditam na consubstanciação, ou seja, o pão e o vinho já são o corpo e o sangue de Jesus.

O vinho na cultura

Museus dedicados ao vinho e sua história

Europa
  • Museu das Tradições Viníferas, em Vongnes (Ain), apresenta mais de 1.500 objetos relativos ao comércio e produção de vinhos.
  • Museu do Vinho e de Arqueologia, 13 avenue de Champagne, em Épernay.
  • Museu do Vinho da Borginha, Hotel des Ducs, em Beaune.
  • Museu Martini de História da Enologia, Pessione (Itália), apresenta a mais bela coleção de objetos sobre a vinha e o vinho no Egito dos Faraós.
  • Museu Arqueológico, Ostallee, 44, em Trier (Alemanha).
  • Núcleo Museológico do Vinho e da Vinha, em Palmela (Portugal).
  • Museu Rural e do Vinho do Cartaxo Portugal
  • Museu do Vinho dos Biscoitos, Terceira, Portugal
Brasil

O vinho no cinema

Festas

  • Festa do Vinho, realizada nos anos pares em homenagem a cultura vitivinícola italiana que acontece no município de Urussanga em Santa Catarina.
  • Festa da Uva, realizada desde 1931 em homenagem à uva e ao vinho, e que acontece a cada dois anos no município de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
  • Festa Nacional do Vinho, realizada desde 1967 em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
  • Festa do Vinho de Andradas, realizada desde 1954 em Andradas, no estado de Minas Gerais.
  • Festival Internacional do Vinho, exposição e degustação de vinhos de todo o mundo e vinhos locais, realizado em Domingos Martins, no estado do Espírito Santo.
  • Festa do Vinho, Frango e Polenta - realizada há 25 anos, sempre no mês de julho, na colônia italiana de Santa Felicidade (Curitiba/PR) em homenagem a cultura vinicola italiana e Festa da Uva, realizada há mais de 50 anos em homenagem à uva, acontece todo janeiro na colônia italiana de Santa Felicidade no município de Curitiba, Paraná.
  • Festa das Vindimas, realizada anualmente, no segundo fim-de-semana de Setembro em Lamas, Concelho de Miranda do Corvo, Portugal.
  • Festa do vinho, realizada em Catas Altas, MG desde 2000, acontece todos os anos no terceiro final de semana de maio.
  • Queijos & Vinhos, edição 2011 o vinho no cinema, realizado em Várzea das Moças - Niterói - RJ, na segunda semana de agosto, tendo como grand finale Queima da rolhas do passado.

Livros

  • Vinho e Guerra - Pete e Don Kladstrup, 2002 - Editora Jorge Zahar - Excelente livro sobre os vinhos roubados e escondidos por Hitler durante a segunda guerra.
  • Larousse do Vinho - Editora Larousse do Brasil - Enciclopédia sobre os vinhos de todo o mundo.
  • Robert Parker - O Imperador do Vinho, 2006 - Elin McCoy - Editora Campus - Histórias e biografia de um dos mais respeitados enólogos do mundo.
  • A História do Vinho - Hugh Johnson, 1999 - Editora Companhia das Letras.
  • Iniciação à enologia - Aristides de Oliveira Pacheco, 2006 - Editora Senac. - Histórias e informações básicas para iniciantes.

Consumo de vinho no mundo


Consumo anual de vinho por habitante:
██  menos de 1 litro.
██  de 1 a 7 litros.
██  de 7 a 15 litros.
██  de 15 a 30 litros.
██  Mais de 30 litros.
Os consumidores europeus têm se mostrado mais exigentes ao longo dos anos, mais seletivos e preocupados com a qualidade. Há também grande curiosidade quanto aos vinhos de outras regiões do mundo. Na América do Sul, Chile e Argentina são os grandes países produtores de vinhos de qualidade, o que levou todo o mercado do continente a também ser mais exigente.

Maiores produtores

Em 2005 os maiores produtores mundiais de uvas eram: Fraa, Itália, Espanha, Estados Unidos da América, Argentina, China, Austrália, África do Sul, Alemanha, Chile, Portugal, Roménia, Rússia, Hungria, Austria e Grécia. Em 2003 os líderes em volume de exportação por quota de mercado mundial eram: Fraa (22%), Itália (20%), Espanha (17%), Austrália (8%), Chile (6%), EUA (5%), Portugal (4%) e Alemanha (4%).
Em 2007, as 13 maiores nações produtoras de uvas foram: Itália, Fraa, China, Estados Unidos da América, Espanha, Argentina, Chile, África do Sul, Austrália, Brasil, Alemanha, Portugal e Grécia como mostra a tabela abaixo.


Producão de vinho por país em 2005 e 2007[50] (toneladas)
ClassificaçãoPaísProdução 2005Produção 2007
1 Itália5 056 6488 519 418
2 Fraa5 329 4496 500 000
3 China1 300 0006 250 000
4 Estados Unidos2 232 0006 105 000
5 Espanha3 934 1406 013 000
6 Argentina1 564.0002 900 000
7 Chile788 5512 350 000
8 África do Sul1 157 8951 600.000
9 Austrália1 274 0001 530 439
10 Brasil320 0001 341 806
11 Alemanha1 014 7001.300.000
12 Portugal576 5001 050 000
13 Grécia437 178950 000
14 Roménia575 000821 306
15 Moldávia230 000598 000
16 Hungria485 000543 400
17 Ucrânia240 000415 000
18 Áustria258 000329 825
19 Rússia512 000328 810
20 Croácia180 000180 000

Vinicultura e o aquecimento global

Com o provável aquecimento global, as principais zonas vinícolas poderão ser geograficamente deslocadas para latitudes mais extremas, ou se verem obrigadas a mudar o perfil de suas vinhas.
Com aumento médio de temperatura, previsto entre 1º a 4 °C, no período de crescimento das videiras, com extremos de chuva, enchentes e picos de calor, a produção de uva será influenciada e as faixas do globo favoráveis à vinicultura serão deslocadas aos polos.
Áreas tradicionais da produção de uva e vinho, impotentes em relação às mudaas climáticas, deverão alterar as variedades de uva cultivadas e aumentar a utilização de tecnologias como a irrigação e antecipar a colheita, o que não evitará produção de vinhos sem a tipicidade habitual.

Curiosidades



  • As melhores vinhas, plantações de uva, para a produção de vinhos de qualidade crescem quase exclusivamente nas latitudes entre os 30º e 40º N e entre os 30º a 40º Sul. As vinhas mais a Sul pertencem à Nova Zelândia, perto do paralelo 45 S. Isso porque nessas regiões as condições climáticas oferecem a quantidade perfeita de sol e chuva permitindo um bom amadurecimento da uva com os teores ideais de água e açúcar. Esse equilíbrio somado à qualidade da vinha e do solo (terroir) é que torna o vinho melhor que em outros lugares do mundo.
  • Na mitologia grega, Dionísio é conhecido como o deus do vinho, filho de Zeus e da princesa Sêmele, e é o único deus filho de uma mortal. Zeus, depois de conceder um pedido irracional a Sêmele, o qual levou-a à morte, entrega Dionísio às ninfas, que cuidam dele durante a infância. Ao se tornar homem, Dionísio se apaixona pela cultura da uva e descobre a arte de extrair o suco da fruta. Porém a inveja de Hera leva Dionísio a ficar louco e vagar por várias partes da Terra. Quando passa por Frígia, a deusa Réia o cura e o instrui em seus ritos religiosos. Curado, ele atravessa a Ásia ensinando a cultura da uva. Quis introduzir seu culto na Grécia depois de voltar triunfalmente da sua expedição à Índia, mas encontrou oposição de alguns príncipes receosos do alvoroço causado por ele. Por causa desta sua paixão pela cultura da uva, Dionísio após sua morte, passou a ser cultuado pelos gregos como sendo o deus do vinho.
  • Os vinhos de péssima qualidade são designados por "zurrapa".
  • Há uma lenda[51] interessante envolvendo os vinhos Chianti: em meados do século XVII, as disputas políticas envolvendo as cidades de Siena e Firenze (Florença) quanto à extensão territorial de cada uma alcaaram também a denominação dos vinhos Chianti. A fim de resolver essa questão, foi proposta a realização de uma prova para a delimitação das fronteiras. A prova, uma corrida, envolveria um cavaleiro de cada cidade que deveria sair em direção à outra assim que o galo cantasse na alvorada. A fronteira seria o ponto onde eles se encontrassem. Acertado isso, o povo de Siena elegeu um galo bonito, jovem, bem nutrido para cantar na alvorada enquanto que o povo de Firenze escolheu um galo negro, magro e mal alimentado. É claro que o galo de Firenze acordou mais cedo, pois tinha fome, e cantou antes do galo de Siena fazendo com o que o cavaleiro de Firenze tivesse boa vantagem. Essa vantagem fez com que os cavaleiros se encontrassem já bem perto de Siena e, em consequência, a cidade de Florença conquistou um território maior que a vizinha. Dizem que essa disputa também levou para Florença a exclusividade do nome Chianti que é representada nas garrafas por um galo negro.
  • O uso do vinho é proibido sob as Leis Islâmicas. O Irã chegou a ter uma indústria vinícola que desapareceu depois da Revolução Islâmica de 1979. Tal sucedeu também com outros países de maioria islâmica, antigas colónias europeias (principalmente francesas), tais como a Argélia. Contudo, o outro país de maioria muçulmana, o Líbano,[52] tem uma florescente indústria vinícola.
  • O vinho "estragado" é aquele que sofreu oxidação devido ao seu contato com o ar ou que não foi bem armazenado. Com o passar do tempo a oxidação do vinho altera a sua cor tendendo para o laranja ou âmbar, seja ele tinto ou branco.

Frases e citações sobre vinhos

"In vino, veritas" (No vinho, a verdade) (Plínio, o Velho)
"Nas vitórias, é merecido, mas nas derrotas é necessário" (Napoleão Bonaparte, sobre o Champanhe)
"Os vinhos são como os homens: com o tempo, os maus azedam e os bons apuram." (Cícero)
"O vinho é a prova constante de que Deus nos ama e nos deseja ver felizes." (Benjamin Franklin)
"O vinho revela os sentimentos." (Horácio)
"O vinho faz esquecer as maiores preocupações." (Sêneca)
"Com o vinho se alimentam as forças, o sangue e o calor dos homens." (Plínio, o velho)
"O bom vinho é um camarada bondoso e de confiaa, quando tomado com sabedoria." (William Shakespeare)
"O vinho e a música sempre foram para mim um magnífico saca-rolhas." (Anton Pavlovitch Tchékhov)
"O vinho é o amigo do moderado e o inimigo do beberrão." (Avicena)
"O vinho consola os tristes, rejuvenesce os velhos, inspira os jovens, alivia os deprimidos do peso das suas preocupações." (Lord Byron)
"O vinho que se bebe com medida jamais foi causa de dano algum." (Miguel de Cervantes)
"O vinho foi dado ao homem para acalmar suas fadigas." (Eurípedes)
"O vinho é composto de humor líquido e luz." (Galileu Galilei)
"Vence as preocupações com o vinho." (Petrônio)
"O vinho é o sangue da terra." (Plínio)
Fontes: Wikipédias

Agora vamos ver o que dá para fazer na Culinária com essa bebida tão maravilhosa, que é o Vinho.

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