terça-feira, 5 de julho de 2011

A História do Chá


 


“Fale pouco do que você sabe e nada do que você não sabe...”

Hoje vou transcrever uma história, que me parece bem necessária para nossa reflexão diante de tantas tolices e incongruências com que temos convivido. Histórias sempre nos ensinam alguma coisa, por isso são eternas. Leiam todos e aproveite quem puder!


“ Nos tempos antigos, o chá não era conhecido fora da China. Rumores de sua existência haviam chegado aos sábios e ignorantes de outro países, e cada um tratava de investigar o que era, de acordo com o que queria ou com o que pensava que era. O rei de um país mandou um embaixador com sua comitiva à China e o imperador chinês lhes deu chá. Mas, ao ver que os camponeses também o bebiam, chegaram à conclusão que não era digno de seu amo real e, além do mais, que o imperador chinês estava querendo enganá-los, fazendo passar outra substância pela bebida celestial, sobre a qual tanto haviam ouvido.

Um filósofo, o maior de outro país, recolheu toda informação que pode encontrar sobre o chá e chegou à conclusão de que devia ser uma substância raramente encontrada e que era diferente das que, até então, eram conhecidas. Pois, não se fazia referência à ela como uma erva, uma água verde, negra, às vezes amarga e às vezes doce?

Em outros países, durante séculos, as pessoas provaram todas as ervas que podiam encontrar. Muitos foram envenenados, todos estavam desiludidos, pois ninguém havia levado a planta do chá para suas terras e, portanto, não a podiam encontrar. Também, inutilmente, beberam todos os líquidos que puderam encontrar.
Em outro território, uma pequena bolsa contendo chá era levada continuamente em procissão, diante do público, enquanto caminhavam para os serviços religiosos. Ninguém pensava em prová-lo. Na verdade, ninguém sabia como fazê-lo ou o que se podia fazer, todos estavam convencidos de que o próprio chá possuía uma qualidade mágica. Um homem sábio lhes disse: - «Vertam água fervendo sobre a erva , homens ignorantes». Rapidamente foi preso e condenado à morte, porque fazer isso, de acordo com suas crenças, conduziria à destruição de seu chá. E isso mostrava que ele era um inimigo de sua fé.

Apesar disso, alguns, que o haviam escutado antes de morrer, puderam obter um pouco de chá e bebê-lo em segredo. Quando alguém lhes dizia: - «O que estão bebendo?», respondiam: - «É somente um remédio que tomamos para uma certa enfermidade».E assim acontecia em todo o mundo. O chá havia sido visto crescer por alguns que não o reconheciam. Havia sido dado à outros para beber, mas eles acreditavam que era a bebida de gente comum. Havia estado na posse de outros, que o veneravam, assim como ao seu recipiente. Fora da China, apenas poucos, em verdade, o bebiam e isto, somente ocultando-se.

Foi, então, que veio um homem de conhecimento profundo e disse aos vendedores de chá, aos que bebiam chá e aos outros: - «Aquele que prova sabe. Aquele que não prova, não sabe. Em vez de falar sobre a bebida celestial, não digam nada, mas ofereçam aos seus convidados. Aqueles que gostarem, pedirão mais; aqueles que não gostarem demonstrarão que não estão aptos para ser bebedores de chá. Fechem a tenda do argumento e do mistério. Abram a casa de chá da experiência».

Depois disso, o chá foi levado de um ponto a outro na rota da seda, e sempre que um mercador de jade, de pedras preciosas ou de seda parava para descansar, fazia chá e o oferecia à quem estivesse por perto, quer conhecesse o chá ou não. Este foi o princípio das Chaikhanas, as casas de chá que foram estabelecidas por todo o caminho, desde Pequin até Bokhara e Samarkanda; todos aqueles que provavam sabiam.

Note-se bem que, no princípio, eram somente os poderosos e os que pretendiam ser homens de conhecimento que buscavam a bebida celestial, os quais também diziam: - «Mas isto são apenas folhas secas!» ou - «Por que fervem água, quando a única coisa que quero é a bebida celestial?», «Como posso saber o que é isso? Comprovem-me. Além do mais, a cor do líquido não é da cor do ouro, mas ocre!».
Quando, finalmente, se soube a verdade e quando o chá foi trazido para que todos que quisessem o provassem, os papéis mudaram, e os únicos que diziam as coisas que haviam sido ditas pelos poderosos e pelos inteligentes, eram os tolos. E este é o caso até os nossos dias. “

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